OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O DRAMA DA ALMA

"Podemos considerar as repetidas encarnações da Alma divina nos mundos de manifestação externa como uma atividade especial do Ego, com o determinado propósito de adquirir o conhecimento que só desse modo lhe é possível. A tragédia se dá com a descida da consciência divina aos três corpos – físico, emocional e mental -, a verdadeira queda do homem na matéria, que é a causa de todo o subsequente sofrimento na peregrinação da alma. Assim é que o Ego ao infundir-se uma porção de si mesmo em cada um dos três corpos, identifica-se com o corpo em que se infunde; e, por essa identificação, percebe a si próprio como sendo o corpo destinado a servir-lhe de instrumento.

Ao identificar-se com os seus veículos, a consciência encarnada já não compartilha da oniabarcante consciência do divino Ser a que pertence, mas participa da separatividade dos corpos e se converte numa entidade dissociada dos demais seres e oposto a eles, isto é, numa personalidade. É a velha lenda de Narciso, que ao contemplar sua imagem refletida na água do lago anseia por abraçá-la; e ao fazer tal tentativa, morre submerso na água. Assim a consciência encarnada está submersa no mar da matéria; e, ao identificar-se com os distintos corpos, separa-se do Ser a que pertence e já não se reconhece como o que verdadeiramente é: um filho de Deus.

Então começa a longa tragédia da Alma exilada, que se esquece de sua divina herança e se degrada na inconsciente submissão aos corpos que deveriam ser instrumentos de sua Vontade. É o antigo mito gnóstico de Sophia: a Alma divina exilada vive entre ladrões e salteadores que a humilham e maltratam, até que Cristo a redime e restitui à sua divina morada.

Pode haver maior tragédia e mais profunda degradação que aquela onde a Alma divina, membro da suprema Nobreza, a própria divindade, esteja sujeita às humilhações e indignidades de uma existência na qual, esquecida de sua alta categoria, consente em escravizar-se à matéria?

Às vezes, quando vemos a humanidade em seu pior aspecto, horrenda em sua odiosidade, discordante em seu desvio da Natureza, grosseira e brutal ou estúpida e frívola, nos apercebemos dessa intensa tragédia da Alma exilada e temos pungente consciência da degradação sofrida pelo imortal Ser interno."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 18/19)

DESENVOLVER O DISCERNIMENTO PARA JULGAR (1ª PARTE)

"Quando a mente está tranquila, como é belo, rápido e suave o modo como se percebe tudo! Uma pessoa tranquila reflete quietude nos olhos, aguda inteligência no rosto e receptividade apropriada na mente. É homem de ações prontas e decisivas, mas não é levado por impulsos e desejos que subitamente lhe ocorram.

Sempre pense, primeiro, no que vai fazer, e no modo como isso o afetará. Agir por impulso não é liberdade, pois você ficará amarrado aos efeitos nefastos das más ações. No entanto, ser capaz de fazer coisas que o seu discernimento lhe diz serem boas para você, isso sim é ter liberdade plena. Essa espécie de ação guiada pela sabedoria resulta numa existência divina.

O homem não deve ser um autômato psicológico, como um animal, que age apenas movido pelo instinto. Não pensar é um grande pecado contra o Espírito que habita em você. Fomos feitos para ser conscientes do que fazemos. Devemos refletir antes de agir. Devemos aprender a usar a mente para que possamos evoluir e realizar a nossa unidade com o Criador. Tudo o que fazemos deveria ser o resultado de um pensamento premeditado.

Certa estudante cometera um erro grave. E se lamentava: 'Sempre cultivei bons hábitos. Parece incrível que essa desgraça me tenha acontecido.' 'Seu erro foi confiar demais nos bons hábitos e negligenciar o permanente exercício do juízo correto', disse-lhe Paramahansa Yogananda. 'Seus bons hábitos ajudam em circunstâncias comuns e conhecidas, mas podem não ser suficientes para guiá-la quando surge um problema novo. Aí, então, o discernimento é necessário. Pela meditação profunda você aprenderá a escolher o caminho certo, sempre, mesmo quando se confrontar com circunstâncias extraordinárias. 'O homem não é um autômato, Portanto, nem sempre pode viver de maneira sábia simplesmente guiando-se por regras fixas e preceitos morais rígidos. Na grande variedade de problemas e acontecimentos diários encontramos campo para desenvolver o bom discernimento.' (...)"

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 52/54)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A PROMESSA

"Havia dois monges: um professor e seu aluno. Para incentivar o aluno, o professor disse:

- Um dia desses, vamos sair e fazer um piquenique.

Mas, alguns dias depois, aquilo já estava esquecido. O aluno lembrou ao professor a promessa, mas o professor respondeu que estava ocupado demais naquele momento para fazer piqueniques.

Passou-se muito tempo, e nada de piquenique.

Quando o aluno mencionou o assunto uma segunda vez, o professor repetiu que estava muito ocupado. Um dia, o aluno viu um defundo sendo levado e, quando o professor lhe perguntou o que estava acontencendo, ele respondeu:

Aquele pobre coitado está indo para um piquenique!

Portanto, a menos que você reserve um tempo específico para os compromissos que assume, sempre terá outras obrigações que acabarão ocupando esse tempo."

(Dali-Lama - O Caminho da Tranquilidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 57

APARIGRAHA (PARTE FINAL)

"(...) Se você é político ou deseja fazer vida política precisa lembrar-se de que o poder político é um 'talento' que deve ser judiciosa e inegoisticamente usado para o bem-comum. Quem o utilizar em proveito próprio, e, consequentemente, prejudicando o bem social, estará desafiando a Lei do Karma que é infalível. O verdadeiro yogue, se tivesse medo de alguma coisa, temeria cometer erros no uso do poder econômico, político ou social emprestado por Deus.

O yogue é candidato à saúde e à paz de espirito, e por isso está sempre alerta para não se deixar corromper e, para isso o preventivo é aparigraha, a não cobiça.

A cobiça, mesmo que seja pelo céu, nos pertuba.

É fato comprovado por poucos homens felizes que, somente depois de aliviados da cobiça, vieram-lhes às mãos as coisas que até então haviam em vão perseguido.

As gemas parece que fogem da bateia do garimpeiro endoidecido pela cobiça.

Aparigraha, a não cobiça, tranquiliza a alma. E quando há tranquilidade, até os pântanos ganham o privilègio de refletir as nuvens.

Não tolde sua alma, amigo, com a agitação da cobiça. Não cobice nem sequer sua cura, para, assim, não a retardar."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 223)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A IGNORÂNCIA É A CAUSA

"A última coisa que o homem descobre é a si mesmo. É uma verdade singular, e contudo universal, a de que, no homem, a sede por conhecimento houvesse de começar pelo mais distante e terminar pelo mais próximo. O homem primitivo estudou o firmamento, mas somente o homem moderno começa a explorar os mistérios de sua própria Alma.

O seres humanos, em sua maioria, são mistérios para si próprios; e muitos ainda não se apercebem da existência do enigma. Se perguntássemos ao homem comum o que ele é em realidade, como ser vivente; que lhe sucede quando sente, pensa e age; qual é a causa da luta entre o bem e o mal de que é consciente em seu interior, ele não só seria incapaz de responder, como o próprio questionamento lhe pareceria estranho e novo. No entanto, não é ainda mais estranho que os indivíduos caminhem pela vida arcando com todas suas vicissitudes, passando pelos sofrimentos comuns a todos os homens, regozijando-se nos fugazes prazeres da vida, suportando sua incessante carga, e nunca perguntarem por quê?

Se deparássemos com um homem viajando com muito incômodo e fadiga, e ao lhe perguntarmos para onde estaria indo nos respondesse que nunca lhe havia ocorrido pensar em tal coisa, certamente o qualificaríamos de insano. Não obstante, é exatamente o caso da maioria dos indivíduos na vida trivial – seguem caminho, desde o nascimento até a morte, trabalhando arduamente durante todo o exaustivo trajeto da vida, e nunca perguntam por quê; ou, se o fazem, formulam a questão em termos superficiais, sem realmente tratar de encontrar a resposta.

Mas em sua longa peregrinação a cada Alma chega o tempo em que a vida se torna impossível a não ser que lhe conheça o motivo. É quando, desiludida do mundo circundante no qual o supremo contentamento jamais pode ser encontrado, a Alma abandona por um momento sua peregrinação frenética por ilusões e, em total exaustão, aquieta-se silenciosa e solitária. É nesse momento que nasce em seu interior a consciência de um novo mundo; é assim que, tendo desviado seu foco da fascinação do mundo circundante, a Alma descobre a permanente realidade do mundo interior, o mundo do Ser. Então, e só então, são respondidas as questões acerca da vida; porém, como disse Emerson, a Alma nunca responde verbalmente, mas pelo próprio objeto procurado."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 15/16)