OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador renovação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador renovação. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DESAFIOS DA VIDA (1ª PARTE)

"Provavelmente não fazemos a menor ideia da carga do passado em nossas vidas. Cada dia que nasce é uma oportunidade de renovação. Mas não aproveitamos, continuando a arrastar o dia de ontem, impedindo sistematicamente o surgimento do novo. Nossas ações, pensamentos e sentimentos continuam tão velhos quanto eram dez anos atrás.

Você pode dizer: 'Como é possível? Estou fazendo coisas que não fiz ontem.' As oportunidades podem ser novas, mas nossa forma de lidar com elas é a mesma, seguindo a trilha que os velhos hábitos criaram em nós, modelados pela energia do pensamento. Assim, qualitativamente o resultado é sempre o mesmo, mesmo que o conteúdo varie. Nosso olhar não mudou; ele envelhece instantaneamente aquilo que chega.

Diante disso, quais são as nossas chances de crescimento real? Nada se pode acrescentar à mente ocupada pelo passado, ao copo que está cheio. Crescimento é ampliação de consciência, ampliação da vida, dando mais domínio sobre as limitações impostas pela matéria. A fonte da consciência é o espírito - Deus pessoal - mas ela chega ao corpo permeada pela mente. Se a mente se encontra entulhada, o que vai acontecer?

A vida espiritual não está separada da material. Quando estamos caminhando, trabalhando ou namorando, o ator verdadeiro é o espírito, agindo sob a casca do ego. Assim, a vida espiritual fica subordinada àquilo que a casca permite, ampliando-se na medida em que predomina o ser, colocando ética e veracidade nas relações.

A mente carregada de 'pré-ocupações' - apego, temor, ansiedade - fecha-se para oportunidades de mudança e também para as pessoas, que desfilam como bonecos em nosso 'sonhar de olhos abertos', subitamente convertendo-se em monstros, porém, se passam a representar ameaças, tornando o sonho um pesadelo. Então, além de estressante, a vida se torna vazia de significado - de vida mesmo - pois ela 'só acontece no agora', como afirma Eckhart Tolle em seu livro O Poder do Agora. Fora disso, é o ninho da tristeza e da insconsciência. (...)"

(Walter S. Barbosa - Desafios da vida - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 12)


domingo, 31 de dezembro de 2017

A MAGIA DO FINAL DE ANO

"O tempo é circular. Tudo o que ocorre ao longo dele é cíclico. Cada final traz um novo começo, e o modo como terminamos um ano das nossas vidas ajuda a definir como será, para nós, o ano seguinte. 

Um breve momento é resultado, e semente, de processos imensamente longos. Segundo a filosofia esotérica, também cada ano que passa é um resumo de toda a nossa vida. O final de cada ciclo é oportuno para refletir sobre nossas vitórias e dificuldades, fazer um balanço – e renovar a decisão de viver de maneira sábia. 

As quatro estações do ano correspondem às quatro grandes etapas de uma vida humana. A segunda metade do inverno é a infância, que prepara a primavera da juventude. Por enquanto, tudo parece ajudar o nosso desenvolvimento pessoal: somos protegidos e  educados, e as tendências da natureza conspiram a nosso favor.  Na primavera e no verão, que correspondem ao período que vai da juventude à meia-idade, ocorrem os grandes desafios e as principais realizações. Depois vem o outono, a primeira parte da velhice, quando é hora de recolher-se ao fundamental e de substituir com a sabedoria acumulada a  força que falha cada dia mais. 

O ciclo termina com a primeira metade do inverno, a  parte final da velhice. Esta é a época da grande renúncia, da travessia de volta para o todo universal de onde um dia viemos, e de onde no futuro poderemos emergir novamente  para  outra forma de existência, sem nada lembrar  da encarnação anterior.

O que permite distinguir cada uma das quatro estações é o ciclo anual da distribuição da energia solar. O sol é a grande fonte de vida material e espiritual em nosso planeta. O futuro de cada força vital depende diretamente da sua relação com ele. Muito mais que uma estrela física, o sol é na verdade o logos solar, a fonte espiritual de tudo o que ocorre em cada um dos seus planetas. Assim, o ciclo da luz solar em nosso planeta constitui um mapa da longa jornada de cada alma humana, com seus períodos de expansão e retração, crescimento e decadência, morte e ressurreição."

(Carlos Cardoso Aveline - A Magia do Final de Ano)


segunda-feira, 29 de maio de 2017

O AMOR UNIVERSAL

"O amor é abordado pelas grandes tradições religiosas do mundo. São sublimes os comentários de São Paulo sobre o amor, na Bíblia: 'Ainda que eu falasse línguas, a dos homens e a dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine (...) Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria.'

Paulo comentou a fala, que é um poder. As palavras são extraordinariamente potentes e suas vibrações possuem efeito muito maior do que podemos imaginar. Muitas palavras são ditas descuidadamente porque vêm de uma consciência caracterizada pelo egoísmo. De nossa parte, sem uma conexão fundamental com toda a vida, elas talvez não queiram dizer muita coisa. Até que o amor universal crie raízes em nós e comece a crescer, seremos incapazes de expressar nossa humanidade mais plenamente.

Talvez seja interessante dizer que geralmente só conhecemos uma versão limitada do amor. Podemos sentir uma afeição profunda por outra pessoa, mas o que chamamos de amor pode ainda ter em si uma mancha de egoísmo.

O relacionamento encontra sua mais elevada expressão quando existe amor genuíno. Uma máxima encontrada em várias tradições religiosas apresenta o princípio fundamental do correto relacionamento: tratar os outros exatamente como gostaríamos que nos tratassem. Essa é conhecida como 'a regra de ouro'.

É inevitável que a humanidade desenvolva um relacionamento autêntico e significativo com o espírito. Muitas pessoas sentem esse relacionamento, quer pertençam ou não a uma tradição religiosa. Os santos e sábios, ao longo da história, e alguns indivíduos inspirados dessa era, dão testemunho quanto à nobreza do espírito humano. Dentro de nós há renovação, se ousarmos olhar para nós próprios inteligentemente, e se ousarmos aquietar-nos, o que muitas pessoas têm medo de fazer. Com a renovação surge uma ética natural que se derrama em nossas atividades e relacionamentos. No relacionamento significativo há renovação. A renovação de uma massa crítica da humanidade, refletida no correto relacionamento, pode agir como uma parteira que algum dia auxiliará o parto de um renascimento espiritual na sociedade."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 35
www.revistasophia.com.br

domingo, 28 de maio de 2017

A AUTÊNTICA ESPIRITUALIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Podemos também abordar o tema da espiritualidade considerando a polaridade fundamental da vida, que se encontra nos ensinamentos da sabedoria e é Purusha-Prakriti, ou espírito-matéria. Não estamos divididos em espírito e matéria, mas somos espírito-matéria unidos. O polo espiritual de nossa natureza revela-se gradualmente à medida que evoluímos, como uma flor que se abre. 

Entramos agora no reino da renovação. O apóstolo Paulo disse:'Não permiti que o presente empurre-vos para dentro de seu molde. Em vez disso, transformai-vos pela renovação de vossas mentes.' Ele aludia àquela renovação mental que nasce naturalmente quando nosso condicionamento é posto de lado. Uma renovação assim não pode surgir quando a mente está cheia de coisas terrenas; ocorre quando entramos na quietude não terrena. Quando silenciamos, mesmo por um curto espaço de tempo, os espaços dentro dos recessos mais elevados de nossa mente revelam-se inevitavelmente.

Associada a isso há a perda do senso do espaço físico, um tipo de leveza. Os espaços internos de nossa consciência são desatravancados e demonstram grande vitalidade. Estando mais próximos do polo espiritual de nossa natureza, eles contêm uma energia que consegue filtrar-se através de toda a nossa consciência do dia a dia, ajudando a expressar o que há de melhor em nós, da latência à potência. Os momentos de silêncio mental podem trazer clareza e liberação de energia, ajudando-nos a navegar mais facilmente através da vida, assim como de súbito o relâmpago clareia o céu escuro."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 34/35)


segunda-feira, 9 de maio de 2016

QUEM É DA VERDADE ESCUTA A MINHA VOZ (Jo 18:37)

"A inspirada estória, assim interpretada, serve para descrever não só os processos de evolução cósmica e as experiências dos indivíduos altamente desenvolvidos no estágio final de evolução para o adeptado. Ela descreve também a vida de cada ser humano, pois, como sugerido anteriormente, todos os homens experimentarão algum dia o despertar espiritual, interior, ou 'nascimento'. Há momentos na vida da maioria das pessoas em que elas se sentem insatisfeitas consigo mesmas, quando experimentam o que tem sido descrito como uma inexprimível nostalgia do infinito, um divino descontentamento. Essa experiência humana quase universal corresponde à natividade de Cristo. A maioria das pessoas tem seu batismo nas águas da tristeza, quando a aflição, dor e desespero podem subjugá-las, da mesma forma como as águas do Jordão cobriram Jesus. Se, como ele, as pessoas permanecem imperturbáveis, emergirão mais fortes, mais sábias e capacitadas a curar as dores alheias. As tentações no deserto, estados de consciência quando a espiritualidade parece muito distante, também assediam a humanidade. A natureza inferior induz o homem a abandonar o superior por motivos de ganho pessoal, prestígio e poder. Novamente, aqueles que vencem e usam corretamente seus poderes, como fez Nosso Senhor, provocarão uma renovação do impulso espiritual. Algumas vezes esse é tão forte que pode transformar o caráter e a vida das pessoas, da mesma forma como Nosso Senhor transfigurou-se no monte."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 162)


domingo, 13 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (PARTE FINAL)

"(...) Enquanto a humanidade for pecadora, haverá sofredores, ainda que inocentes.

O Apocalipse fala da abolição de todo o sofrimento - mas isto só acontecerá quando houver 'um novo céu e uma nova terra', e quando 'o reino dos céus for proclamado sobre a face da terra', isto é, quando não houver mais uma humanidade pecadora, então deixará de haver sofrimento individual.

Há quem julgue que uma grande espiritualidade possa diminuir ou mesmo abolir o sofrimento. Mas é experiência universal que são precisamente os homens espirituais, os santos, os iniciados, os que mais sofrem. Por quê? Porque, quando o homem já não tem débito próprio, se torna ele um sofredor ideal por débito alheio. É esta a razão por que os santos e os iniciados costumam sofrer serenamente, por que se sentem como pecadores de débitos alheios.

Sofrer por débito próprio é vergonhoso - sofrer por débito alheio é honroso.

Enquanto a nossa humanidade for adâmica, vigorará este lei de solidariedade. Somente uma humanidade cósmica, como a de Jesus, não teria sofrimento compulsório; nesta nova humanidade, o homem poderia dizer: 'Ninguém me tira a vida; eu é que deponho a minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero'. Assim fala o 'Filho do Homem', mas nós somos 'filhos de mulher'.

A alergia ao sofrimento é da humanidade adâmica - a imunidade é da humanidade cósmica. Na humanidade cósmica, do Cristo e dos grandes avatares, não há o sofrimento e morte compulsórios, embora possa haver sofrimento e morte voluntários. Neste humanidade impera absoluta libertação e liberdade.

Enquanto vivermos na humanidade adâmica, haverá sofrimento, tanto de culpados como de inocentes. E, durante este vivência, a sabedoria do sofredor consiste em sofrer serenamente. Quem puder dizer como Paulo de Tarso: 'Eu exulto de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', esse atingiu elevado grau de evolução humana."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 27/28)


sexta-feira, 13 de junho de 2014

BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO, PORQUE ELES VERÃO A DEUS (1ª PARTE)

"Encontramos em qualquer religião dois princípios básicos: o ideal de realização e o método para realizar-se. Qualquer escritura do mundo tem proclamado a verdade de que Deus existe e de que a finalidade da vida do homem é conhecê-Lo. Todo grande mestre espiritual tem ensinado que o homem precisa conhecer Deus e renascer em espírito. No Sermão da Montanha, a realização desse objetivo vem expressa como a perfeição em Deus: 'Sede perfeitos como vosso Pai que está nos céus é perfeito.' E o método de realização que Cristo ensina é a purificação do coração que leva a essa perfeição.

Qual é essa pureza que precisamos ter antes que Deus se revele a nós: Todos nós conhecemos pessoas que poderíamos descrever como puras - no sentido ético - mas que não têm visto Deus. Por quê? A vida ética, a prática decidida das virtudes morais, se faz necessária como preparação para uma vida espíritual, sendo portanto, ensinamento fundamental de qualquer religião. Todavia, isso não nos habilita a que vejamos a Deus. É como o alicerce de uma casa; não é a estrutura superior.

Como testar a pureza? Procure pensar em Deus, exatamente neste momento. O que você encontra? O pensamento da presença dele passa por nossa mente, talvez como um relâmpago. Seguem-se depois muitas distrações. Você acaba pensando em tudo o mais que há no universo, menos em Deus. Tais distrações evidenciam que a mente é ainda impura e que não está preparada  para receber a visão de Deus. As impurezas consistem em diferentes impressões que a mente foi acumulando através de sucessivos nascimentos. As impressões foram criadas e armazenadas no inconsciente da mente, como consequência de ações e pensamentos individuais, representando em sua totalidade o caráter da mente. Importa dissolver por completo essas impressões antes que se possa considerar a mente purificada. São Paulo refere-se a essa revisão mental em sua Epístola aos Romanos, ao dizer: '...busquem transformar-se através da renovação da mente'. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta -Ed. Pensamento, São Paulo - p.29/30)
www.pensamento-cultrix.com.br


quinta-feira, 3 de abril de 2014

O RUGIR DA TEMPESTADE (PARTE FINAL)

"(...) Temos de provocar tormentas e perturbações a fim de criar o entusiasmo de viver?  Este remédio parece ser pior que a doença! Afinal de contas o que é uma tormenta ou uma perturbação? Obviamente é um desafio da vida. Devido a estes desafios, ficamos perturbados. Mas como no rio da vida correm novas águas a todo momento, a vida é um desafio incessante. Não há momentos em que não exista o desafio da vida. Por que não ficamos em estado de alerta, embora o desafio deva tornar a pessoa alerta e vigilante? Se vivermos cercados por desafios e não estamos alertas e vigilantes, será que não estamos nos resguardando, sob uma falsa segurança?

Não há dúvida de que a vida está constantemente enviando, de maneira incessante, desafios de todos os lados e em diversos níveis. Porém, a mente, através de suas respostas, emanadas das esferas de sua memória, trabalha como um 'amortecedor de choques', em relação a estes desafios. É esta atividade da mente que nos leva a passividade. Somos, então, impedidos de enfrentar os desafios da vida, devido à intervenção da mente. A mente está interessada em agir como intermediária, porque só assim pode manter sua continuidade. Devido a essa mediação, nós nem mesmo nos tornamos conscientes dos desafios da vida. Algumas vezes, as suas fortificações desmoronam devido à natureza esmagadora do desafio, porém tais circunstâncias raramente acontecem na vida de uma pessoa comum. a pessoa não percebe os contínuos desafios da vida, devido às barreiras colocadas pela mente entre ela e o seu ambiente. Dessa forma a mente a mantém afastada de um contato direto com a vida. A maioria de nós está circunscrita a uma existência estagnada. Como haver entusiasmo numa existência assim?

Se a mente pudesse receber os desafios da vida, sem emitir qualquer resposta de seus centros de memória, permaneceria viçosa e vital. Da mesma forma como a naturezaa é purificada pela tormente que ruge, assim o será a mente humana pelos desafios da vida. Recebê-los, porém não reagir a ele, a partir dos centros de memória, é 'ficar impassível' no meio da tempestade, é ficar quieto onde se está, porque qualquer movimento da mente nesta hora de tormenta, conduzirá o peregrino espiritual a uma confusão cada vez maior.

Mas permenecer impassível numa tormenta requer tremenda coragem. Não resistir à tormenta, nem fugir dela implica em receber em cheio o impacto da tormenta. E ao receber este impacto, o homem fica absolutamente só. O desafio sem resposta é um estado de solidão. Quando uma tempestade ruge na Natureza, cada árvore está sozinha, pois tem que se apoiar em sua própria resistência. Porém naquela solidão, se a árvore não resiste, torna-se mais leve devido à queda das folhas e galhos mortos. Da mesma forma, se a pessoa puder permanecer quieta, sozinha e renovada. E na renovação subjetiva, as dificuldades do ambiente objetivo se dissolverão na atmosfera. A solidão criada pela tormenta está cheia de tremendas possibilidades espirituais."

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 19/21)

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O RUGIR DA TEMPESTADE (5ª PARTE)

"(...) Diz LUZ NO CAMINHO:
'Procura pela flor que desabrocha durante o silêncio que segue à tormenta: não antes.
Ela crescerá, se desenvolverá, lançará ramos e folhas, formará botões enquanto a tempestade prosseguir, enquanto perdurar a batalha. Porém, só quando toda a personalidade do homem estiver dissolvida e desvanecida - só quando for mantida pelo divino fragmento que a criou como mero instrumento de experimentação e experiência - só quando toda a natureza houver cedido e sido submetida ao seu Eu Superior, é que o botão pode se abrir'.
O desabrochar da flor é a profunda experiência espiritual que advém após o terrível estrondo da tormenta. É na tormenta que se cria a profundeza do silêncio. A limpeza da Natureza pela tormenta é certamente a criação do espaço. O silêncio que se segue à tormenta é da mais alta significação. A tormenta revolve tão profundamente a natureza, que todas as coisas mortas são lançadas fora e o fardo do passado alijado. 

Da mesma forma, a mente humana poderá ser renovada, se o fardo do seu passado for descarregado e tornado mais leve e maleável. O silêncio profundo pode advir à mente, desde que ela tenha sido profundamente revolvida. A mente plácida, indiferente, despreocupada, impassível jamais pode experimentar as profundezas e, portanto, não pode conhecer o que seja renovação. Tal mente pode excitar-se, mas não entusiasmar-se. A capacidade de ser revolvida, remexida é uma precondição necessária para despertar o interesse e o entusiasmo. Se nada altera uma pessoa, então há nela algo de fundamentalmente errado! Felizmente há sempre alguma coisa que nos incomoda. Isso constitui a graça salvadora de nossa vida! Demonstra que não estamos mortos, embora possamos estar adormecidos.

Mas, se alterações convêm às nossas vidas e se tormentas rugem em nosso íntimo, por que é que não se criam profundidades em nossas consciências? Por que não limpam nossas mentes? Por que não ficamos renovados após tormentas mentais e emocionais? É porque resistimos às tormentas. Interferimos em seus movimentos, queremos controlá-las. Temos receio de permitir à tormenta que opere através de nós. Sentimos que seremos destruídos ao seu impacto, sentimos que seremos varridos por seu poderoso influxo. E assim, quando as tormentas psicológicas rugem em nós, resistimos à sua aproximação e, quando chegam, procuramos abrir nosso caminho, através delas.

Mas corre-se graves perigos ao procurar abrir caminho através de uma tormenta ou de uma perturbação. Quando uma tormenta ruge, a gente se sente confusa. Se não houvesse confusão, também não haveria tormenta! Em uma tormenta, levantam-se nuvens de pós e há a agitação de árvores e plantas. Naturalmente, se fica confuso no meio desta agitação e, assim, quaisquer passos dados, neste momento de confusão, tendem a levar-nos a uma confusão maior. Em tormentas e perturbações a gente precisa 'estar alerta', como se cada movimento da mente confusa possibilitasse o extravio do peregrino espiritual. Se deixarmos a tormenta operar sozinha e não houver resistência, haverá então uma completa limpeza da mente. A mente será refrescada e renovada. Um novo caminho e uma nova abordagem se abrirão a uma mente assim. E um novo caminho sempre  evoca entusiasmo no fundo do coração de cada ser humano. (...)"

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 16/19)

segunda-feira, 31 de março de 2014

RUGIR DA TEMPESTADE (3ª PARTE)

"(...) Kabir, um grande místico indiano, disse que é quando o sono não vem que a pessoa se apoquenta com a arrumação da cama e o arranjo dos travesseiros. Somente a dançarina que não sente a dança em si é a que se queixa do palco, do soalho e da decoração. É quando a vida interna feneceu que as dificuldades objetivas parecem intransponíveis. Assim, é a falta de interesse profundo que arrefece o entusiasmo humano. O ser humano está ressequido por dentro e procura renovação de fora! Nenhuma mudança na condição objetiva, nenhuma alteração na disposição do Karma lhe trará renovação, enquanto não penetrar nas reais profundezas de seu próprio ser.

É possível ao ser humano cultivar um interesse profundo pela vida? Pode o interesse ser criado - ou é tão somente um dom do Karma? É a vida espiritual assunto de mero subjetivismo, negando toda a realidade às condições objetivas? Não tem o ser espiritual que trabalhar na mudança das circunstâncias objetivas? As condições objetivas visam servir de áreas de expressão para o ser humano. Portanto, necessitam ser mudadas e alteradas de tempos em tempos, de forma a não causarem restrição às suas necessidades de expressão. Em outras palavras, as circunstâncias objetivas são instrumentos de expressão. Pode-se alterar um instrumento, decorá-lo, porém, se não houver a música dentro do coração, que utilidade terá aquele instrumento? Assim, a música do coração deve preceder todas as atividades de mudança e polimento do instrumento. A mudança de condições objetivas deve seguir - não preceder - o despertar do interesse profundo. Se esperarmos que o interesse desperte como um resultado de mudanças objetivas, estamos então completamente enganados. Podemos ser colocados em uma nova situação pelos Senhores do Karma e nem assim serão vistas as belezas do novo ambiente, se a mente for obtusa e insensível. Se há profundo interesse, as mudanças no meio objetivo, quando necessárias, se produzirão de maneira silenciosa e suave. Mesmo que a situação não possa ser mudada, o homem de profundo interesse e entusiasmo verterá nova vida e vitalidade nas velhas formas do meio ambiente. Quando há a dança interna, a dançarina bailará em qualquer lugar e transmitirá frescor à situação antes lânguida e decadente. Não é o que faz o poeta com a linguagem que lhe é dada? 

A experiência  de todos os místicos espirituais é de que as dificuldades objetivas são varridas pelo impacto do entusiasmo nascido do interesse profundo. Entusiasmo e interesse profundo são fenômenos conjugados, ou então podemos também dizer que um é a expressão e o outro a fonte. O entusiasmo surge somente num estado de interesse profundo intrinsicamente presente, não de forma relativa, porém absolutamente presente no indivíduo. Realmente significa que o interesse não é por alguma coisa, nem em relação a algo particular. É somente o estado de puro interesse que serve de base para o verdadeiro entusiasmo. O interesse por alguma coisa só produz superficialidade, porque constitui entrave para a mente. Uma sensibilidade apenas por alguma coisa não é de modo algum sensibilidade, porque pelo processo inconsciente da resistência, ela torna a mente insensível a outras coisas. A mente aberta unicamente a uma coisa é uma mente fechada. Assim, a condição de puro interesse é que é essencial para o despertar do entusiasmo. (...)"

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 12/14)


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O PRANTO





“O pranto, às vezes, é como a chuva tão esperada pela semente escondida no leito de humo.

Dele a vida pode brotar.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 65)

sábado, 17 de novembro de 2012

RENOVAÇÃO




“Sentindo dilaceradas suas carnes e a queda de seus membros, a mangueira agradecia ao homem que a podava. Agradecia aquela dor necessária ao esplendor de sua floração, à fartura de sua safra.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 197)