OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador princípios. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador princípios. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de novembro de 2019

UMA ÉTICA GLOBAL

Resultado de imagem para UMA ÉTICA GLOBAL"Em Chicago houve uma reunião do programa do Parlamento das Religiões do Mundo, com líderes religiosos e espirituais de muitas tradições. O objetivo era a declaração a respeito de 'Uma Ética Global', expressando a preocupação em estabelecer valores essenciais para a sobrevivência do mundo. Foi assinalado que, se as atuais políticas continuassem, o mundo no século XXI seria mais povoado, mais poluído, menos estável econômica e ecologicamente e mais vulnerável a uma ruptura violenta.

Os princípios éticos defendidos incluíam tratamento humanitário para todas as pessoas, uma cultura de não violência, justiça e tolerência, e o comprometimento com a igualdade. Afirmou-se que uma nova ordem global não pode ser impingida por leis e convenções apenas, mas nascer nos corações e nas mentes das pessoas.

Líderes religiosos e espirituais têm uma enorme responsabilidade. Eles podem inspirar seus seguidores e fazer com que suas tradições dsempenhem papel essencial na cura da Terra, pela promoção de atitudes de tolerância, amor e altruísmo, construíndo um futuro verdadeiramente benéfico para a humanidade.

Porém, devemos notar que a moralidade decai quando são erradas as suposições básicas a respeito da vida na mente das pessoas. Um ensinamento ético profundamente valioso já existe em todas as religiões - suficiente para elevar a consciência a um alto nível de harmonia interior e de sintonia com o mundo. Mas uma filosofia de vida válida e uma visão de mundo correta também devem ser ensinadas, juntamente com a reiteração de princípios éticos.

No momento atual, de fortes pressões e desafios (inclusive o enorme crescimento da população), é essencial uma perspectiva filosófica que apoie e racionalize a instrução ética. O ensinamento de Jesus - fazer aos outros o que gostaria que fizessem contigo - parece logicamente correto, à luz de uma filosofia fundamentada na indivisibilidade da existência.

É importante também que os ensinamentos morais sejam reforçados por conceitos corretos a respeito do que o ser humano é e como seu futuro será moldado. As religiões que ensinam que há apenas um curto período de vida para a pessoa provar que é virtuosa estão assentando a base para a desobediência. A crença numa única vida faz com que o homem médio viva de maneira gananciosa; o medo da morte e a ameaça da danação eterna inculcam uma feroz luta pela vida.  

Uma ética global com um padrão de conduta independente de filiações religiosas é necessário para evitar que o século XXI se torne pior que o século XX. Também é necessário ensinar às pessoas uma filosofia em que a ação ética se torne natural para o homem."

(Radha Burnier - Viver com ética - Revista Sophia, Ano 16, nº 74 - p. 14/15)


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O EMPREGO DA VONTADE EM OCULTISMO (1ª PARTE)

"Quando aplicamos tudo isso no emprego da vontade para chegar à meta da perfeição, vemos facilmente porque tão amiúde fracassamos. Determinamo-nos a alcançar o objetivo, atingir aquilo que é nosso destino espiritual. Ao fazê-lo, traçamos uma linha de conduta segundo certos princípios que consideramos essenciais. Pois bem; se apenas mantivermos a vontade focada nesse único propósito, com exclusão de tudo quanto ameace contrariá-lo, não depararemos com dificuldades nem conflitos. O que em realidade fazemos é que, quando se nos oferece ocasião de seguir a linha de conduta que nós traçamos, começamos a pensar nas vantagens e desvantagens, no agradável e no desagradável da ação particular que nos propusemos realizar. E uma vez criadas as imagens mentais ou formas-pensamento, como as chamamos, nós as fortalecemos com emoção ou desejo, de modo que se tornam obstáculos em nosso caminho quando tentamos cumprir nossa intenção original. Começa então a luta com todos os seus males adjacentes, com sofrimento próprio, fadiga dos corpos e do risco de fracassarmos no empreendimento. Tudo isso é apenas inadequado mas também dispensável.

Quando usamos a vontade como ela deve ser empregada, para abraçar um propósito e nada mais, não há dificuldade. Mas no momento em que permitirmos que a interferência ou influência de um pensamento entre em nossa consciência e requeira sua atenção, estaremos perdidos. Sem dúvida, devemos considerar as circunstâncias empregando sempre o bom senso e o julgamento deliberado, mas não devemos consentir que influências estranhas nos desviem de nossa linha de conduta.

Portanto, tratemos de realizar essa vontade em nosso interior; percebamos que ela ocupa nossa consciência tal qual uma deslumbrante luz branca; sintamos que ela é irresistível, com o poder de manter firme um propósito até atingi-lo. (...)"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 48/49)
www.editorateosofica.com.br


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

VERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Entre conhecimento e sabedoria existe uma diferença imensa, e é muito mais fácil obter conhecimento do que sabedoria. A sabedoria não depende nem um pouco do conhecimento, apesar de ambos serem, numa certa medida, até idênticos. A fonte da sabedoria está em Deus, a portanto no princípio das coisas primordiais (no Akasha), em todos os planos do mundo material denso, do astral a do mental.

Portanto, a sabedoria não depende da razão e da memória, mas, da maturidade, da pureza a da perfeição da personalidade de cada um. Poderíamos também considerar a sabedoria como uma condição da evolução do 'eu'. Em função disso a cognição chega a nós não só através da razão, mas principalmente através da intuição ou da inspiração. O grau de sabedoria determina portanto o grau de evolução da pessoa. Mas com isso não queremos dizer que se deve menosprezar o conhecimento; muito pelo contrário, o conhecimento e a sabedoria devem andar de mãos dadas. Por isso o iniciado deverá esforçar-se em evoluir, tanto no seu conhecimento quanto na sabedoria, pois nenhum dos dois deve ser negligenciado nesse processo. 

Se o conhecimento e a sabedoria andarem lado a lado no processo de evolução, então o iniciado terá a possibilidade de compreender, reconhecer a utilizar algumas leis do micro a do macrocosmo, não só do ponto de vista da sabedoria, mas também em seu aspecto intelectual, portanto dos dois pólos. 

Já tomamos conhecimento de uma dentre muitas dessas leis, a primeira chave principal, ou seja, o mistério do Tetragrammaton ou do magneto quadripolar, em todos os planos. Como se trata de uma chave universal, ele pode ser empregado na solução de todos os problemas, em todas as leis a verdades, em tudo enfim, sob o pressuposto de que o iniciado saberá usá-lo corretamente. Com o passar do tempo, à medida em que ele for evoluindo a se aperfeiçoando na ciência hermética, ele passará a conhecer outros aspectos dessa chave e a assimilá-los como leis imutáveis. Ele não terá que tatear na escuridão a no desconhecido, mas terá uma luz em suas mãos com a qual poderá romper todas as trevas da ignorância." 

(Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo - p. 31/32)

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS

"(...) 'UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS! Isto parece bastante fácil de dizer, e todos esperam ser saudados deste modo. No entanto, é mais difícil saber se o desejo será cumprido, mesmo que venha de um coração sincero, e ainda no caso dos poucos. De acordo com os nossos princípios teosóficos, cada homem e mulher tem uma potencialidade magnética maior ou menor, que, quando reforçada por uma vontade sincera e especialmente intensa e inquebrantável, é a mais eficaz das alavancas mágicas colocadas pela Natureza nas mãos humanas, para o bem ou para o mal. Que nós, teosofistas, usemos então esta vontade para mandar uma saudação sincera e um voto de boa sorte no Ano Novo a cada uma das criaturas sob o Sol - inclusive os inimigos e os traidores. Devemos ter um sentimento especialmente amável e inspirado pelo perdão em relação aos nossos inimigos e perseguidores, honestos ou desonestos, para evitar que alguns de nós mandem uma saudação com maus pensamentos, subconscientemente, ao invés de uma bênção.' 

Quando devemos fazer isso?

Desde o ponto de vista esotérico, o mais indicado não é necessariamente o dia primeiro de janeiro. O dia três de janeiro, por exemplo, era nos tempos antigos dedicado a Minerva-Atenas, a deusa da sabedoria.   E existe a data especial de 4 de janeiro:  

'… É o dia 4 de janeiro que deveria ser selecionado como Ano Novo pelos teosofistas - e entre eles especialmente os esoteristas. Janeiro está sob o signo de Capricórnio, o misterioso Makara dos místicos hindus. Os 'Kumaras', afirma-se, encarnaram na humanidade sob o décimo signo do Zodíaco. Durante eras, o dia quatro de janeiro tem sido sagrado para Mercúrio-Buda, ou Thot-Hermes. Assim, tudo se combina para fazer deste dia uma celebração a ser observada pelos estudantes da Sabedoria antiga.'

Seja qual for o dia exato da nossa escolha, cada Ano Novo nasce e termina sob o signo de Capricórnio, cujo regente é Saturno. Este é o planeta do Carma. É o mestre do tempo, que constrói, mantém, destrói, e reconstrói as estruturas materiais e sutis da vida. É o Senhor dos Anéis, e o corregente da era de Aquário que agora lentamente nasce."

 'Collected Writings', TPH, H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 67. Texto intitulado '1890! On the New Year’s Morrow'.
 'Collected Writings', H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 75.
 'Collected Writings', H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 76.

(Carlos Cardoso Aveline - Sobre o Natal e o Ano Novo, Como Se Cria Uma Atmosfera Correta para o Futuro)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

AS CHAVES DA FRATERNIDADE

 "Os quatro elos da cadeia dourada que deveria unir a humanidade, fazendo dela uma só família e uma fraternidade universal são: Unidade e Causalidade universais, Solidariedade humana, lei do Karma e Reencarnação. Como?

No estado atual da sociedade, particularmente nos países chamados civilizados, esbarramos continuamente com grandes massas que sofrem por efeito da miséria, da pobreza e das enfermidades. Suas condições físicas são miseráveis e suas faculdades mentais e espirituais frequentemente inativas. Por outro lado, muitas pessoas que ocupam o extremo oposto na escala social vivem indiferentes, entregues ao luxo material e à complacência egoísta. Nenhuma dessas formas de existência é fruto de pura causalidade, ambas são efeitos das condições que rodeiam aqueles que estão sujeitos a elas se o abandono do dever social por um lado tem relação muito íntima com o progresso interrompido do outro. Na Sociologia, como em todos os ramos da verdadeira ciência, a lei da Causalidade universal é exata, porém esta causalidade implica como consequência lógica à solidariedade humana, na qual muito insiste a Teosofia. Se a ação de uma pessoa provoca reflexos na vida de todas as demais e esta é a verdadeira ciência científica, então somente com a conversão de todos os homens em irmãos e praticando todos, diariamente, a verdadeira fraternidade é que se alcançará a solidariedade humana real em que se estriba e enraíza a perfeição da raça. Esta ação mútua, esta verdadeira fraternidade, em que cada um deve viver para todos e todos para um, consiste num dos princípios teosóficos fundamentais a que todo teósofo deveria obrigar-se não apenas a ensinar, mas a aplicar praticamente na vida."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 87/88)


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

UMA PROPRIEDADE DA MENTE (PARTE FINAL)

"(...) As crianças ficam à vontade com o tempo não linear; ao brincar, parecem abolir o relógio. Nós também podemos modificar nossas sensações sobre  o tempo e torná-lo mais lento. Com isso, os processos biológicos também ficam mais lentos e saudáveis. A 'doença da pressa' pode ser revertida através das chamadas 'terapias do tempo', de acordo com Dossey. Isso pode ser feito por meio de técnicas como biofeedback, meditação, hipnose, jogos criativos e visualização de fantasias.

Nessas experiências, passado, presente e futuro se fundem, o que libera as pressões do tempo e quebra momentaneamente o seu domínio sobre nossa vida. Essas práticas também tendem a modificar nosso conceito linear do tempo como algo que avança inexoravelmente para a frente. Podemos aprender a sair dessa prisão e viver um 'presente em fluxo eterno', sentindo a atemporalidade da duração.

Quando não estamos mais dominados pelo tempo linear, vivemos em harmonia os aspectos cíclicos do tempo. Para as pessoas que vivem mais próximas à natureza, os ciclos das estações, do dia e da noite, as fases da lua, o plantio e a colheita - e nossos ciclos internos, como vigília e sono, respiração, menstruação - desempenham um papel importante. O tempo, para essas pessoas, é moldado por eventos recorrentes; a vida se ordena de acordo com ritmos naturais, em vez da segmentação artificial dos relógios.

Para essas pessoas, o tempo é um processo dinâmico e interminável, que retorna continuamente - uma espiral, em vez de um rio. O ritmo do viver representa a preservação do princípio dos ciclos, que a teosofia e a filosofia oriental traduzem como uma espécie de movimento circular por toda a realidade manifestada. Viver em harmonia com os ciclos é estar em harmonia com o universo."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 16/17)


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

ÉTICA: A RESTAURAÇÃO DA HARMONIA (2ª PARTE FINAL)

"(...) O senso de separação é uma ilusão primitiva, que origina todos os comportamentos errados do homem. O remédio está em compreender a unidade da vida. Se o conceito da origem comum da humanidade, não apenas em nível físico, mas especialmente nos níveis da alma e do espírito, estiver 'profundamente enraizado em nossos corações, nos levará longe da estrada da verdadeira caridade e da boa vontade fraterna'.

O princípio da unidade pode parecer muito distante das nossas preocupações diárias. É necessário juntar a ele um outro princípio derivado, o da interdependência. A aparente multiplicidade do mundo manifestado é, na realidade, uma grande rede de interdependência, destinada a funcionar em perfeita harmonia. A ilusão de separação nascida da mente humana e os caprichos de independência desequilibram dolorosamente toda a rede.

Devido à Lei do Carma - outro importante princípio dos ensinamentos teosóficos -, todo desequilíbrio deve ser compensado para restaurar o equilíbrio, o que também pode ser doloroso. Assim, surgem e se perpetuam os problemas que afetam a humanidade e todo o universo.

A ética é um meio para restaurar o equilíbrio da natureza, colocando em prática os princípios fundamentais dos ensinamentos teosóficos: a unidade universal, a solidariedade humana, o carma e a reencarnação, que são, de acordo com H. P. Blavatsky, 'os quatro elos da corrente de ouro que deve unir toda a humanidade numa única família, uma fraternidade universal'.(...)"

(Danielle Audoin - Ética: a restauração da harmonia - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p.41)

domingo, 18 de junho de 2017

VIRTUDE

"Quando usamos a palavra 'virtude', qual é nosso conceito a seu respeito? Comumente ocorre-nos uma fórmula, princípio ou preceito ao qual precisamos adptar-nos. Ao procedermos desta maneira, sempre há uma lacuna entre aquela fórmula, que é o ideal, e a realidade, e isto passa a ser uma causa de conflito para a pessoa. O ideal pode ser verdadeiro, não apenas em palavras, mas também em conduta e pensamento. Se não se consegue alcançá-lo, a menos que se ame a verdade pelo que em si significa, sem um eu na busca do êxito, um sentido de realização e boa opinião de si mesmo, certamente haverá insatisfação, e isto poderá até mesmo ser transferido ao ideal. Tal insatisfação poderá conduzir a um questionamento do próprio ideal ou até mesmo resultar em uma revolta contra ele. Podemos notar este tipo de reação no caso de uma pessoa que deseja abrir mão de algo a que se sente fortemente vinculado, mas acha difícil fazê-lo. Depois de algum tempo, poderá até parecer-lhe que é bom entregar-se à fraqueza em determinada medida, pois alivia tensões, conduz a boas relações e assim por diante. 

A virtude pode ser considerada sob outro prisma, não como conformação a uma regra ou princípio que é colocado diante de nós e que aceitamos por uma ou outra razão, mas como a expressão espontânea e livre de uma natureza ou ser básico puro que se encontra em cada homem, uma natureza que é incorrupta e, de fato, incorruptível. Quando aquela natureza passa a agir, a forma pela qual age é em si mesma o caminho da virtude. É esta virtude que Lao-Tsé, o grande filósofo chinês, expõe em seu famoso clássico, mas ela requer um claro insight para que seja vista como um fato. Para nós a questão é a seguinte: Será que vislumbramos a existência de uma tal natureza em nós próprios como uma possibilidade? Se esta possibilidade existe, então, referindo-nos à virtude em geral ou às virtudes, todas elas são caminhos ou formas de ação assumidas pela energia que se origina daquela natureza pura, para sempre incondicionada, não modificada por qualquer influência exterior."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 42/43)


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POR QUE NÃO RECORDAMOS NOSSAS VIDAS PASSADAS?

"P: Já foram explicados os sete princípios: à luz deles, como se explica a completa falta de memória com relação às nossas vidas passadas?

T: Muito facilmente. Os 'princípios' que chamamos físicos² desintegram-se depois da morte, ao mesmo tempo que seus elementos constitutivos, e a memória junto com o cérebro. Essa memória desvanecida de um corpo que desapareceu não pode recordar nem registrar coisa alguma na posterior encarnação do Ego. Reencarnação significa que esse Ego deve ser dotado de um novo corpo, novo cérebro e nova memória. Seria tão absurdo esperar que essa memória se lembrasse daquilo  que nunca pode registrar, como resultaria inútil examinar no microscópio uma camisa de um assassino, em busca de manchas de sangue, se não era essa a roupa que ele vestia na ocasião do crime. Não é a camisa limpa a que deve  ser interrogada; mas, se a outra foi queimada e destruída, como encontrar a resposta?"

² A saber: o corpo, a vida, os instintos passionais e animais, e o fantasma astral - ou eidolon, de cada homem, seja percebido em pensamento, por nosso olho mental, ou objetivamente e separado do corpo físico; cujos princípios chamamos: Sthula sharira, Prana, Kama-rupa e Linga sharira. Nenhum desses princípios é negado pela ciência, embora os chame de modo diferente.

(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 130/131)


terça-feira, 15 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) As pessoas voltam-se para o ócio sob a alegação de que nada existe para fazerem, porque todo o curso de eventos cósmicos está estabelecido e não pode ser influenciado por suas ações.

Mas a incompreensão jaz no fato de que, uma vez que as sutilezas dos princípios cósmicos não se aplicam às atividades comuns da vida humana, o homem é incapaz de seguir esse princípio de não ação até que seja elevado ao estado de realização cósmica. Tal paradoxo aparente é semelhante à situação na esfera da física. As Leis do Movimento de Newton muito contribuíram para o conforto material, mas não conseguiram explicar os mistérios fundamentais da natureza. Com um insight mais profundo e com a ajuda da Teoria da Relatividade de Einstein, as imperfeições da Leis de Newton foram reveladas. Mas, de qualquer maneira, as descobertas técnicas, baseadas nas leis, retèm sua utilidade. Isso acontece porque, enquanto a Teoria da relatividade é essencial para o estudo da ultraestrutura da matéria, para os propósitos mais grosseiros como as explicações técnicas, as inexatidões das Leis de Newton podem ser ignoradas. 

De modo semelhante, para as atividades comuns à vida diária, a lei de ação produzindo frutos é bastante útil; muitos vivem por meio dessa máxima, ganhando dinheiro, alcançando a fama, e exercendo o poder. A imperfeição da lei mal é notada quando aplicada às atividades mundanas, mas é bastante óbvia quando se tenta segui-la na busca de objetivos mais elevados e mais nobres. Aqui, o princípio da não ação deve entrar em cena; mas, para aplicar esse princípio, a pessoa deve levantar o véu da ignorância. Com a combinação de razão e experiência espiritual, a pessoa pode começar a apreciar esse propósito cósmico altruístico. 'Seja feita a Vossa vontade, Ó Senhor', torna-se a aspiração constante da pessoa. E assim Krishna ensina a Arjuna, 'Dedicando todas as ações a mim, com teus pensamentos no Eu Supremo, livre das ambições e do egoísmo, e curado da febre mental, empenha-te na luta'.

Em todo nosso esforço para conseguir fama, poder, riqueza, ou eminência intelectual, estamos buscando a bem-aventurança. Mas essa bem-aventurança é um fim em si mesma. Somente a bem-aventurança que surge da iluminação é que deve tornar-se a meta de nossa vida. Convencidos de que essa bem-aventurança pode ser atingida através da ação, a questão é: 'Qual é a melhor ação? - a do sábio, a do guerreiro, a do artista, ou a do erudito?'."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21/22)


domingo, 13 de novembro de 2016

A SENDA DO EQUILÍBRIO

"Qual é a melhor maneira de viver? Em algum estágio de sua vida a pessoa tem que responder a essa pergunta por si mesma. Nesta sociedade cada vez mais caótica e em um mundo de crescente complexidade, a questão torna-se mais urgente e a resposta mais importante.

Uma outra questão no mesmo contexto, e igualmente desconcertante, diz respeito ao objetivo da pessoa na vida. Isso é um pouco mais complicado por causa dos princípios éticos aparentemente contraditórios que são propostos. Os sábios e os santos, cuja meta é a salvação, tentam levar uma vida de pureza espiritual. Eles veem a criação como uma peça da Divindade, onde todos os fenômenos são uma manifestação de Brahman, a Realidade Última. Eles disciplinam suas mentes para transcender a multiplicidade de coisas, e finalmente fundir-se com a realidade ao libertar-se de Maya, o mundo das aparências.

Por outro lado, os assim chamados homens práticos, para quem o mundo é a única realidade, têm por meta o acúmulo de posses materiais e a obtenção do poder mundano. Não são para eles as especulações filosóficas referentes à libertação espiritual, que consideram como uma ilusão baseada nas alucinações de mentes anormais.

Entre esses dois extremos existem outros grupos que têm como meta suprema na vida as aquisições no campo do conhecimento, seja artístico ou científico.

O homem comum, na busca de uma meta e uma ética para sua própria vida, fica desnorteado com todas essas visões conflitantes. Ele acha difícil fazer uma escolha, já que elas são diferentes e opostas entre si.

Porque não têm certeza em suas mentes quanto à meta que buscam, alguns desesperadamente adotam uma filosofia após outra, enquanto outros ainda se sentem levados a adotar uma atitude fatalista, abandonando todos os pontos de vista e ignorando todos os ensinamentos. Essa é uma doença mais comum e mais insidiosa, e é grandemente responsável pela atual doença da humanidade.

As escrituras antigas ofereciam respostas para isso, mas, com tristeza, elas são invariavelmente mal interpretadas e consequentemente mostram-se mais danosas do que úteis, tirando a humanidade do caminho e levando-a para mais distante da meta por ela almejada." 

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 20)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

LEIS IDEAIS DA VIDA CONJUGAL

"As pessoas que planejam casar-se devem averiguar honestamente se suas naturezas se harmonizam ou não e se seu amor conseguirá sobreviver a quaisquer condições em quaisquer circunstâncias sociais. Devem descobrir se seu amor se baseia numa cooperação real em torno de um ideal comum. Procure um parceiro que esteja em sintonia com seus princípios éticos, hábitos hereditários e atuais, objetivos financeiros, gostos, tendências e aspirações místicas. 

Antes do casamento, ponha o futuro cônjuge a par de seus negócios e de sua vida social, informalmente, e descubra se ele é capaz de adaptar-se a seus hábitos e ideais. Do mesmo modo, determine se você mesmo poderá aceitar as ambições, temperamento e ideais do parceiro.

O grande segredo para preservar o matrimônio reside na arte do autocontrole. Aprenda a amar seu cônjuge mais no plano espiritual e trate-o como um amigo íntimo, sem insistir exageradamente no plano físico. Se puder fazer isso, vencerá a maior das batalhas; manter seu cônjuge fiel, respeitoso e afetuoso. De quando em quando, una-se fisicamente a ele e considere esse acontecimento um privilégio; sinta como se o estivesse encontrando após muito tempo de separação. Que os dois se unam por inteiro, atentos e corteses. Quando a dedicação começa a arrefecer, é tempo de parar."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 54/55)


domingo, 4 de setembro de 2016

CARACTERÍSTICAS DO SÁBIO

"O homem precisa saber que os sábios compreendem e usam a responsabilidade como uma dessas forças humanas invisíveis, como a força de vontade. A responsabilidade intensifica a vida do homem quando este a possui. Ele apreende a pôr em prática o conhecimento, que é importante qualidade da autorresponsabilidade. Ele compreende que os princípios éticos básicos deverão ser postos em prática. Ele compreende que, ser sábio, significa conservar a vida, promover a vida e dar maior valor à vida em desenvolvimento. Ele compreende que é insensato destruir a vida, ferir a vida, afastar a vida do seu verdadeiro desenvolvimento. Na vida atual, ele não está nem contente nem zangado com a sua sorte.

Ele compreende que os problemas que hoje enfrenta são os pequenos desafios de ontem que pretendeu ignorar. Ele sabe que, se não enfrentar um desafio quando ele surge, mais tarde terá de fazer face ao problema 'aumentado', tal como se ignorarmos um filhote de leão, um dia teremos de enfrentar o leão adulto. Ao aceitar a responsabilidade, ele cria valores subjetivos e estabelece códigos morais ao mesmo tempo em que firma contatos sociais. Ele é capaz de aprender e de compreender não só mediante experiências, como também pela observação dos outros. Não precisa passar por experiências, mas pode tornar suas as experiências dos outros. É essa qualidade de percepção que determina a qualidade da sua perspectiva e a estrutura dos valores. Põe em prática o conhecimento e, à medida que aplica a sua inteligência, sensibilidade e perceptividade, começa a sua caminhada da não inteligência para a inteligência, do egoísmo para o altruísmo e, naturalmente, outras pessoas o seguirão porque o altruísmo e a generosidade são as suas qualidades radiantes. A sua vida é uma vida de humildade, de observação e escuta generosa. Trata todos da mesma forma, não têm favoritos. É uma criança entre crianças, um jovem entre adultos e um idoso entre os idosos, corajoso entre os corajosos, partilhando o sofrimento com os miseráveis. Então, como podemos nos tornar sábios? Está claro que se trata de uma caminhada de animalidade para a Divindade."

(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - TheoSophia - Ano 101 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 14/15)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


quarta-feira, 8 de junho de 2016

O PLANO DIVINO (1ª PARTE)

"Para toda a Natureza existe um plano básico que poderíamos chamar de o Plano Divino, consistindo de ideias que são os arquétipos de todas as coisas aqui embaixo. O esforço nos níveis inferiores é para construir essas ideias, desenvolver formas corporificando-as, moldando as formas gradualmente, do caos primevo ao padrão arquetípico. A evolução ocorre a partir do caos - Natureza homogênea - através de padrões cada vez mais complexos, até uma ordem perfeita que reflita a plenitude do desenvolvimento possível e a simplicidade de uma síntese perfeita. Há uma síntese em cada estágio formando um elo na cadeia de sínteses ou de arranjos. 

Os Manus¹, da tradição hindu, são os mestres de obra em diferentes níveis. Podemos imaginá-los como círculos de diferentes tamanhos e curvaturas tocando um ponto, que é o princípio, correspondendo ao Adi-Buda na linha paralela do Bodhisattva. Cada um deles baixa os arquétipos do seu nível mais elevado para um nível inferior. Atrair para baixo as ideias ou energias mentais do Logos é, de um determinado ponto de vista, uma descida mas, de outro, a mais elevada intelecção no nível que deve atingir. 

Pela expansão da mente e da vontade do Manu, ele evoca a efusão de ideias divinas, que o homem então busca reter e corporificar. (A derivação do termo Manu, a mesma do termo homem, seu derivado, no senso mais estrito, procede da raiz sânscrita man, pensar). A mente é o princípio descendente e o quinto dos sete princípios humanos, embora exista e esteja ativa em cada nível. Ela é elevada até Buddhi e Ãtmã, e refletida mais embaixo em emoção e consciência física. (...)"

¹ 'Aquele que existe por si mesmo', e é, portanto, o Logos, o progenitor da humanidade e o grande legislador hindu. Glossário Teosófico, Ed. Ground, 1995. (N.E.)

(N. Sri Ram - o Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 103/104)


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

OS PASSOS CIENTÍFICOS PARA MEDITAR COM ÊXITO

"Existem princípios científicos definidos a serem aplicados na busca por Deus. São os princípios da yoga, que na Índia foram pesquisados, praticados e provados por muitos séculos. (...) A ciência da religião baseia-se em leis imutáveis.

Algumas pessoas já me perguntaram: 'Por que a minha relação com Deus deve ser governada por tantas regras? Não posso simplesmente ser guiado por minha própria intuição no caminho espiritual?' Eu respondo: 'Sem dúvida alguma, use a intuição para guiar você, mas primeiro tenha certeza de que é uma intuição verdadeira (a qual provém da sintonia com Deus), e não apenas o seu desejo subconsciente de fazer o que quer'.

A autodeterminação errada é uma cilada para muitas pessoas. Primeiro, siga a ciência; aprenda a perceber Deus com a aplicação adequada dos métodos da yoga. Quando você O conhecer acima de qualquer dúvida - quando você conseguir ter a mente tão tranquila que, em todas as experiências da vida, puder manter uma atitude de beatífica devoção a Deus, de autoentrega constante a Seus pés - então há a possibilidade de seus esforços espirituais serem guiados pela intuição, e não antes. 

Os grandes mestres têm mostrado os passos que eles mesmos deram para chegar à realização divina. Qualquer pessoa de bom senso seguirá esses passos, em vez de tentar forjar o próprio caminho. Para que 'reinventar a roda'? Você tem liberdade, é claro; mas não seria mais lógico seguir o caminho que já se comprovou que leva a Deus, em vez de passar anos, talvez encarnações, tentando encontrar o seu próprio caminho por meio de laboriosas experiências de tentativa e erro?

As leis são conhecidas; a profundidade da meditação provém da aplicação paciente e firme dessas leis. É como aprender a tocar piano. O êxito provavelmente não virá de tentativas não científicas, a esmo. Antes de poder tocar um concerto de Rachmaninoff no piano, você precisa saber quais são as teclas certas e então, gradualmente, ganhar habilidade com a diligente prática diária. O mesmo ocorre com a meditação - ela requer a aplicação dos passos científicos de yama, niyama, asana e a contínua determinação de perseverar na prática das técnicas de pranayama, até que os pensamentos se aquietem completamente. Por meio de Hong-Só, a mente e a respiração sincronizam-se perfeitamente; é como se tivessem sido forjadas numa só espada afiadíssima que repentinamente corta os grilhões internos que nos aprisionam. A mente fica livre e clara. Você sente dentro de si a presença de Deus por trás desta forma física, além de toda a vida. Estas percepções maravilhosas e estimulantes surgem quando praticamos a ciência da meditação."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 41/43)


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

REVERÊNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Reverência é uma qualidade interna, não uma atitude externa. Em geral é transformada numa postura de solenidade, uma subjugação de espíritos, restrição, desvalorização de si, onde não envolve um quase esquivar-se de longe da força com a qual o objeto de reverência magneticamente atrai e imprime sua autoridade. Muitas vezes é como a timidez de um flerte, simulado e artificial, pronto, logo que o gelo é quebrado, para se tornar uma liberdade que beira a licenciosidade e é essencialmente desordenada. 

Reverência envolve uma apreciação, ou pelo menos algum vago senso da majestade e sacralidade do objeto de reverência, sua elevação, profundeza, força e delicadeza. É totalmente compatível com a intimidade, mas é um freio sobre os possíveis excessos de liberdade. Nenhum amor que não seja tocado por um profundo senso de beleza, ternura ou sublimidade - corporificado no objeto desse amor ou envolvendo-o - pode ser duradouro ou alcançar o ápice.

O genuíno princípio da vida, que está em tudo e em todos, exige tratamento reverente. É uma coisa delicada e preciosa que deve ser tratada com cuidado. Os grandes instrutores têm respeito por cada um de nós que estamos tão abaixo deles. Certamente, aqueles que tratam os outros que são seus iguais ou inferiores com pouco respeito, segundo nossa classificação, não conseguem mostrar respeito a seus superiores."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 72)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

AS 4 LEIS DO CÓDIGO DE DEUS (3ª PARTE)

"A terceira Lei Básica de Deus é a Lei de Ahankara ou Lei da Contraposição. Essa Lei Básica de Deus não surgiu com o Homem. Ela sempre existiu, aplicada ao princípio natural de Deus Primordial, mas foi com o advento do Homem e a aplicação ao seu comportamento que ela ganhou Universalidade. Na primeira versão, a velha árvore da floresta era contestada pelo meio em que se situava, pois já não produzia frutos, não oferecia sombras. O solo em que estava começou a se contrapor - Lei de Ahankara - tornando-se ácido. Os micro-organismos tentaram destruí-la, até que ela tombou e foi totalmente devorada pelas criaturinhas do chão e do húmus. Ao apodrecer, transformou-se em mais húmus para servir de alimento às futuras plantas que ali medrassem. Em seu lugar surgiram árvores novas, produtoras, úteis. Aplicou-se, assim, no princípio natural, o lado positivo da Lei de Ahankara. Destruir para construir melhor. Se contrapor para não estagnar e portanto melhorar. Constrói-se um prédio novo, após termos derrubado um velho. Anula-se uma velha lei humana já sem aplicação e em seu lugar edita-se uma nova e moderna para facilitar o progresso. 

A Lei de Ahankara é a responsável pelo movimento pendular. O pêndulo da existência terá que continuar, pois se cessar a vida se acaba. Voltaríamos àquele estado anterior à grande explosão. Só a Lei de Ahankara consegue manter o meio social em constante progresso, pois com ela não existe acomodação. Não existe aceitação em primeira mão. A lei da Ahankara seria o princípio social da esquerda política sem que a direita política venha a significar razão, pois a direita também obedece a Lei de Ahankara. A Lei de Ahankara é a explosão que se manifesta pela mistura inadequada de partículas químicas antagônicas. A Lei de Ahankara é o galho que se quebra sob o peso de quem não devia lá estar. É a Lei do inconformismo. É a Lei do movimento incansável. É a Lei do querer sempre mais. É a Lei que catalisa os fatores que promove o Progresso. É a Lei que agasalha o mal para este se contrapor ao Bem. É a Lei que se faz de Diabo para os desprovidos do Conhecimento. É a Lei que promove a guerra e esta colabora no equilíbrio populacional. (...)

Foi pelo impulso ocasionado por essa Lei Divina que os governantes resolveram criar as Constituições de suas pátrias, as mesmas contra as quais Jesus Cristo se rebelou por se revestirem de injustas normas do judaísmo e por isso se valeu de sua missão messiânica, reformadora. E os governantes se deram conta de que as Constituições seriam, por natureza e estrutura, o lado inflexível das disposições que se desejam rígidas para nortear o estabelecimento de seu Poder Ahanakara, portanto de feições eterna ou quase eternas.

E, após o exemplo de Cristo, o mundo praticamente se calou diante do império da Vontade pessoal, do interesse dos congressistas, como os do mundo moderno. Estes não sabem ou ignoram de propósito que a Constituição deve nortear o espírito das leis e aperfeiçoar a qualidade do Estado. Ignoram de propósito que as leis devem, uma vez norteadas pela Constituição, ser flexíveis e revogáveis para atender às necessidades do povo e aos objetivos da Nação. (...)"

(Sagy H. Yunna - Um Iogue na Senda de Brian Weiss - WB Editores, São Paulo - p. 34/35)


sábado, 29 de agosto de 2015

O QUE É O AMOR (1ª PARTE)

"Se para o cientista o mundo é a corporificação da sobrevivência do mais forte, para o homem comum ele é - e em igual extensão, senão maior - a corporificação do princípio do amor. Encontramos o amor em toda parte: no ninho do pássaro, na toca da fera, no lar do homem. O amor é, na verdade, a emoção que guia o coração dos seres sencientes. Se a sobrevivência do mais forte significa a destruição do fraco, o amor significa criação e proteção. 

Muitos já falaram e escreveram a respeito do amor. Ele foi descrito de várias formas: amor pelo superior, cuja melhor expressão é o amor filial; amor pelo igual, cuja melhor expressão é o amor conjugal; e amor pelo inferior, cuja melhor expressão é o amor paternal. Supõe-se que a natureza e a qualidade do sentimento sejam diferentes em cada caso. (...)

O primeiro aspecto do amor é a atração de um ser por outro e o desejo de maior proximidade - física, mental e espiritual. Esse fator é inseparável do amor, quer seja de uma criança por seus pais, de um discípulo por seu guru, de um amigo ou de um cônjuge por outro. Parece que, sem essa atração natural - para a qual não se pode atribuir qualquer razão - não existe o verdadeiro amor. O mesmo vale para a relação entre homens e animais. Podemos encontrar milhares de exemplos da mais fervoroso ligação entre eles, o ser que ama e o ser amado sendo atraídos um pelo outro, irresistivelmente e por razões inexplicáveis. 

A atração traz consigo o inevitável desejo de estar fisicamente tão próximos quanto possível; de, mentalmente, não ter segredos; e de, espiritualmente, ter aspirações e empenhos comuns. A separação traz tristeza, e agir sem consultar o outro parece impróprio; ter aspirações e esperanças diferentes parece um sacrilégio. Isso ocorre sempre que existe um forte amor, seja a pessoa amada superior, igual, ou inferior à pessoa que ama. 

Esse princípio se aplica também ao caso da criança e do animal. Queremos estar juntos de uma criança muito amada, mesmo que ela ainda não saiba se expressar; queremos estar próximos de nossos animais de estimação, embora não nos deem qualquer resposta inteligível. (...) O forte amor - até onde diz respeito à emoção - nos impele em direção a sentimento semelhante. Sua expressão externa, no entanto, é diferente em diferentes casos: um bebê toca seus pais; um amigo pode dar um vigoroso aperto de mão; o marido pode abraçar a esposa; o dono pode dar tapinhas em seu cão. Em todos os casos, vemos que o desejo de se aproximar tanto quanto possível do ser amado é um fator sempre crescente. O desejo de proximidade é inseparável da afeição. Vemos, porém, que existe fundamentalmente apenas um tipo de amor e que sua natureza é a mesma, qualquer que seja o objeto do amor. (...)"

(Sri Prakasa - O que é o amor - Revista Sophia, Ano 13, nº 54 - p. 13/14)


domingo, 23 de agosto de 2015

MEU KARMA SOU EU MESMO (PARTE FINAL)

"(...) 'Consta em Luz no Caminho que 'Nenhum homem é seu inimigo; nenhum homem é seu amigo. Todos são igualmente instrutores'. Mas esses instrutores, tanto amigos quanto inimigos, são ele mesmo; e, na realidade, é ele, por meio da instrumentalidade desses seres, que está ensinando a si mesmo os princípios da Unidade. O primeiro lampejo da verdadeira unidade de toda a existência surge quando o 'fora' e o 'dentro' são compreendidos como os dois lados de uma mesma moeda, sempre inseparáveis na unidade, embora cada um possa ser observado separadamente.

'Há um belo exemplo dessa verdade numa história narrada sobre um iogue hindu que viveu na época do Motim da Índia. Sua meditação constante era verdadeiramente para compreender a Unidade ou Deus. Um dia ele estava meditando num certo local, e à sua volta, aconteciam os eventos violentos do Motim. Os soldados ingleses que estavam combatendo os rebeldes chegaram até esse homem sagrado, mas não reconheceram que ele era um homem sagrado, alguém que estava tentando compreender a natureza de Deus, e não um dos rebeldes. A história conta que um dos soldados correu até ele e enfiou-lhe a baioneta. Contudo, enquanto o soldado corria em sua direção, o iogue olhou para ele calmamente e murmurou para si mesmo: 'Mesmo tu és Ele', Ele tinha esperado durante muito tempo pela chegado do Senhor, e o Senhor chegou à sua maneira.

'É este mesmo ensinamento da Unidade que temos na nossa Cadeia de União: 'Há uma Paz que ultrapassa o entendimento; mora no coração daqueles que vivem no eterno. Há um Poder que renova todas as coisas; vive e atua naqueles que conhecem o Eu como Uno'. O aspirante só começa a viver esse ensinamento em sua própria vida quando põe em prática a verdade subjacente às palavras: 'Mesmo tu és Ele'. Cada evento na vida, agradável ou desagradável, cada dor, cada fracasso, em suma tudo que consideramos como o não eu, deve, de alguma maneira misteriosa, ser compreendido como o Eu.

Porém, ainda mais do que isso, cada objeto e cada evento deve ser compreendido, mesmo que no início apenas em imaginação, como ele mesmo. As diversidades da manifestação são corporificações da Unidade, e, para aquele 'que vê', não existe separação entre ele mesmo e a Unidade. 'Eu sou Ele' deve não apenas significar que o homem e o Divino são um e não dois; deve significar também que 'eu' sou o mineral, o vegetal, o animal, o pecador, o santo, cada evento diário em minha vida e na vida do mundo. Deve significar, especialmente, já que somos homens e temos limitações humanas, que aquilo a que os homens fazem objeção como sendo 'desagradável' - luta, dor, desapontamento, fracasso - é também a Unidade, e assim 'eu mesmo'.'"

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - Revista TheoSophia, ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9/10)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


sábado, 22 de agosto de 2015

MEU KARMA SOU EU MESMO (1ª PARTE)

"O karma de cada pessoa é a parte de um karma maior que é o karma do mundo, como indica o que está mais abaixo; todo o processo é único. O karma não é algo que tem origem externa, mas algo que nós mesmos criamos. Portanto, cada um de nós deve fazer o que é correto a partir de um ponto de vista mais amplo, como assinalam as palavras do senhor Jinarajadasa. O karma que criamos não é a expressão de alguma força ou de alguma pessoa, senão de nós mesmos. Portanto, a todo momento devemos tentar fazer o que é correto.

É verdadeiro o ditado que diz que tudo na vida que pareça bom e também não tão bom é responsabilidade nossa. Como nos dizem todos os instrutores, cada um de nós deve aprender o princípio da Unidade. O trecho incluso dos ensinamentos do irmão Jinarajadasa enfatiza que devemos compreender o karma em plenitude e vivê-lo, que é a dificuldade que enfrentamos. Tudo parece estar fora, diferente da própria pessoa. Esta lição é difícil de ser aceita completamente, mas isso tem de acontecer. (...) É inútil dizermos que algum outro homem cometeu um equívoco ou que está causando mais malefício do que nós mesmos. O que é preciso é que cada pessoa compreenda o imenso trabalho que tem para empreender e a lição que tem de aprender. Esperamos que a passagem seguinte não seja apenas para uma leitura rápida, mas algo que, sendo plantado internamente, cresça e subordine tudo que é menos importante:

'Temos como axioma o fato de que o Divino e o homem são um. Mas é também um axioma, embora pouco compreendido, que o homem e todo o processo de evolução, no qual ele é um fator, também são um. Normalmente, à medida que o indivíduo sente a pressão da evolução, ele está apto a considerar o processo como algo que lhe é imposto de fora. Assim, é natural para ele sentir que todas as dificuldades da vida - doença, pobreza, limitação de todo tipo - são ajustes de seu karma arranjados para ele pelos Senhores do Karma para ajudar em seu crescimento. Essa é a plena verdade. Mas a verdade mais profunda é que todos esses arranjos são realmente operações de sua própria vontade. Ele deve compreender que, de algum modo misterioso, os ajustes feitos pelos Senhores do Karma são ajustes feitos por ele mesmo, e decretados por sua própria vontade. Cada evento que lhe acontece, particularmente aqueles de natureza dolorosa, devem ser reconhecidos por ele, não apenas como resultado de seu próprio karma e portanto por seu próprio decreto, e ainda como expressão de seu próprio eu. 'O meu Pai e eu somos um' não deve permanecer apenas um intelectualismo; pois a Unidade existe não apenas no reino do Espírito, mas também no da matéria. (...)"

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - Revista TheoSophia, ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/