OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

CARACTERÍSTICAS DA PERFEIÇÃO

1. Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis com isso mais que os outros? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (MATEUS, 5:44, 46 a 48.) 

2. Visto que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: 'Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial', tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela se tornaria igual a este, o que é inadmissível. Mas os homem a quem Jesus falava não compreenderiam essa nuança. Jesus se limita a lhes apresentar um modelo e a dizer-lhes que se esforcem para alcançá-lo.

Aquelas palavras devem, pois, ser entendidas no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: em 'amarmos os nosso inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem'. Mostra, desse modo, que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.

Com efeito, se observarmos os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos simples defeitos, reconheceremos não haver nenhum que não altere mais ou menos o sentimento da caridade, porque todos têm o seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes são a negação, já que tudo que superexcita o sentimento da personalidade destrói, ou, pelo menos enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. Não podendo o amor do próximo, levado até o amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é, por isso mesmo, sempre indício de maior ou menor superioridade moral, donde resulta que o grau de perfeição está na razão direta da sua extensão. Foi isso que Jesus, depois de ter dado a seus discípulos as regras da caridade, no que tem de mais sublime, lhes disse: 'Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai celestial'."

Extraído do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo" de Allan Kardec, Editara Feb, Brasília, 2018, p. 225/226.
Imagem: Pinterest.  


terça-feira, 24 de março de 2020

O HOMEM E SUA ROUPAGEM

Resultado de imagem para três corpos do homem"As palavras nascimento e morte significam tão somente as portas onde o homem passa de um mundo para o outro. Em realidade não nasce e nem morre e sim vive sempre. Porém quando deixa um mundo, os habitantes do mesmo, dizem: 'Morreu', enquanto os habitantes do mundo em que acaba de ingressar por sua vez exclamam: 'Nasceu'. Em verdade, é o mesmo homem que vai de mundo em mundo aprendendo as lições que em cada um o ambiente lhe oferece, permanecendo a maior parte do tempo em que percorre este ciclo¹ na pura felicidade das mansões celestes. O homem é semelhante à ave que tendo o seu ninho na adorável beleza de um bosque, ao sentir fome, deixa sua ditosa morada e voando para o lago vizinho, em suas águas busca com o bico o alimento, regressando ao seu silvestre retiro logo que satisfaça sua necessidade, a fim de ali consumir o alimento encontrado. Assim o homem vive normalmente no mundo celeste;  consome ali o alimento que levou consigo e, quando sente fome,² bate as suas asas para o lago que chamamos mundo físico onde reúne as experiências que lhe servem de alimento, voltanto a seguir para a sua primitiva morada, onde vai assimilar convenientemente, alcançando deste modo o crescimento que pouco a pouco lhe dará a envergadura do homem perfeito. 

A fim de compreender como vive o homem nos três mundos, necessário se torna conhecer sua constituição, isto é, em sua natureza e em suas roupagens ou invólucro, pois do contrário temerosos e confundidos ficaríamos quanto à clareza sobre esta matéria de todo imprescindível."

¹ Este ciclo ou período é computado pelo tempo gasto entre um nascimento e o seguinte renascimento no mundo físico, ou seja: dois nascimentos sucessivos na terra.
² Necessidade latente em todo o homem de alcançar o progresso.

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 11/12)


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

CONHEÇA-SE A SI MESMO (2ª PARTE)

"(...) Muitas pessoas, com toda sinceridade, esforçam-se para encontrar Deus. Contudo, caso lhes perguntassem o que exatamente querem dizer com isso, como imaginam que aconteça, seria difícil para eles dar uma resposta significativa. Porém, naturalmente, existe esse desejo de 'encontrar a Deus'. Na verdade é um processo bastante concreto, não existindo nada nebuloso, irreal ou ilusório a respeito dele.

Encontrar Deus quer dizer realmente encontrar ou Eu Verdadeiro. Se encontrar a si mesmo em algum grau, você está em relativa harmonia, percebendo e compreendendo as leis do Universo. Você é capaz de relacionar-se, de amar e de experimentar alegria. É realmente responsável por si mesmo. Você tem a integridade e a coragem para ser você mesmo, mesmo ao preço de abrir mão da aprovação dos outros. Tudo isso significa que você encontrou Deus - não importa o nome pelo qual esse processo possa ser designado. Ele também pode ser denominado de retorno da autoalienação.

O único modo de achar a felicidade é encontrando Deus, e ela pode ser achada aqui e agora mesmo. 'Como?', você poderia perguntar. Meus amigos, com muita frequência as pessoas imaginam que Deus está incomensuravelmente distante no Universo, e é impossível de se alcançar. Isso está longe de ser verdade. O Universo inteiro está no interior de cada pessoa; cada criatura viva tem uma parte de Deus dentro de si. O único modo de alcançar essa parte divina lá dentro é pelo caminho íngreme e estreito do autodesenvolvimento. O objetivo é a perfeição. A base para isso é conhecer-se a si mesmo!

Conhecer-se a si mesmo é realmente difícil, pois significa encarar muitas características pouco lisonjeiras. Significa uma busca contínua, infinita: 'O que eu sou? O que realmente significam as minhas reações - e não apenas os meus atos e pensamentos? Será que minhas ações são apoiadas pelos meus sentimento, ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem? Tenho sido honesto para comigo mesmo até aqui? Quais são os meus erros?' (...)"

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p. 24)

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (1ª PARTE)

"A compaixão é a base para se viver como um verdadeiro ser humano. O que geralmente consideramos viver é apenas uma parte mecânica da vida, que deve ser entendida como um terreno onde a compaixão nasça, é nutrida e floresce, levando o ser humano à plenitude de seu potencial.

A palavra compaixão sugere um sentimento apaixonado por aquilo com que se entra em contato. Mas o que quer dizer um sentimento apaixonado? Ele sugere a unidade de que falamos ao contemplar a Teosofia. Essa unidade não é apenas mental, nem apenas sentimental, por mais profunda que possa parecer. É, na verdade, uma percepção que inclui tudo, que faz a pessoa compreender as necessidades do outro, mesmo que o outro não compreenda a sua própria vida. É uma paixão, não simplesmente um sentimento. Os sentimentos podem ser superficiais e mudar de tempos em tempos: essa é a sua natureza. Mas a paixão que trabalha por todas as pessoas e coisas, e através delas, é algo que nunca muda. Ela busca o progresso e a perfeição de todos os seres.

Progresso e perfeição têm a ver não apenas com o lado físico e mecânico de um indivíduo, mas com o senso de unidade que surge das profundezas e exige que todos desfrutem de felicidade e beatitude. Portanto, a compaixão busca não apenas a satisfação das necessidades físicas, emocionais e intelectuais, mas exige uma visão ampla e clara do crescimento de cada pessoa. Em conformidade com essa visão, cada indivíduo crescerá e florescerá segundo sua própria natureza, mas em unidade com a natureza dos outros. Certamente isso torna o todo muito maior do que suas partes. O todo é imaginavelmente belo, mostrando diferentes facetas em diferentes momentos. O atingimento dessa unidade é parte do destino humano. Quando ela é alcançada, do ponto de vista da evolução, o homem verdadeiramente se torna o que deve ser.

Antes de chegar a esse ponto, temos que aprender muito. O processo ocorre lentamente. São necessárias muitas encarnações antes que cada pessoa passe por experiências suficientes e finalmente chegue ao conhecimento interior que começa a lançar luz sobre as experiências. Esse processo, visto por olhos ignorantes, parece não existir, ou essa experiência não parece ocorrer como imaginada, e cada encarnação parece não ter sentido. Mas mesmo então, a alma - um termo que usamos por falta de outro melhor - reconhece alguns aspectos da verdade, sem conhecê-la no nível externo.

O valor de uma encarnação após uma longa jornada é que a pessoa chega ao ponto onde começa a compreender o que tem que aprender. Ela então aprende muitas coisas a respeito da vida do plano físico. Entende que tem que aprender, mesmo quando não sabe o que é realmente importante no aprendizado.

Uma das coisas que ela começa a aprender é a compaixão, através de sofrimentos de vários tipos. Ela compreende que, quando a atitude da pessoa não tem a qualidade compassiva, é provável que venha o sofrimento. Quando está presente, a compaixão planta as sementes da paz e da compreensão, e permite que elas cresçam. Esse processo leva muito tempo. As sementes ficam sob o solo e não são vistas. Elas podem ter que passar um período sob a terra inculta antes de germinar, brotando do solo do desconhecido. Da mesma forma, o resultado de se praticar a compaixão pode permanecer oculto, para um dia emergir do desconhecido e se tornar visível. A pessoa compreende que esse é o único caminho para a verdadeira paz entre as pessoas de características diferentes. Podem dizer que esse é o início de um novo padrão. (...)"

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 21/22)


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A ILUSÃO É PASSAGEIRA

"O homem pode usar equivocadamente seu livre-arbítrio por algum tempo, considerando-se mortal, mas essa ilusão passageira nunca conseguirá apagar em seu íntimo a marca da imortalidade e a imagem divina da perfeição. A morte prematura de uma criança talvez não lhe haja permitido usar seu livre-arbítrio para a virtude ou para o vício. Mas a Natureza trará sua alma de volta à Terra, dando-lhe a oportunidade de usar o livre-arbítrio a fim de redimir o karma passado, que a fez morrer tão jovem, e praticar as boas ações que propiciam a libertação.

Se uma alma imortal não conseguiu, ao longo de uma existência, eliminar as ilusões que a subjugam, precisa de mais períodos de aprendizado para tomar conhecimento de sua imortalidade inata. Só então poderá retornar ao estado de consciência cósmica. As almas comuns reencarnam compelidas por seus desejos mundanos; as almas superiores, ao contrário, apenas em parte vêm à Terra para cumprir o karma, pois seu principal objetivo é atuar como filhos nobres de Deus e apontar às criaturas perdidas o caminho para a morada celeste do Pai."

(Paramhansa Yogananda - Karma e Reencarnação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 16)


quinta-feira, 13 de junho de 2019

O HOMEM PERFEITO

"Quando um homem é perfeito, ele vê a perfeição nos outros. Quando vê a imperfeição, é sua própria mente que ele projeta. Como pode ver a imperfeição a não ser que ele próprio a tenha dentro de si? É por isso que o jnani não se preocupa com perfeição; é algo que não existe para ele. Assim que se torna livre, não vê o bem nem o mal. Quem vê o bem ou o mal? Quem os têm em si mesmo. Quem vê o corpo? Quem pensa que é o corpo. No momento em que se livra da ideia de que é o corpo, você não mais vê esse mundo, que desaparece para sempre. O jnani procura livrar-se dos laços que o prendem à matéria, pela força da convicção intelectual. Percorre o caminho negativo - neti, neti - 'isto não, isto não.'"

*Jnani - é aquele que atingiu a liberação enquanto vivo, aqui e agora. (Ramana Maharshi)

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 145)


segunda-feira, 26 de março de 2018

SEU CORPO ESTÁ CONSTANTEMENTE MUDANDO

"O homem é um ser rítmico, sempre pulsando. Nossos corpos estão tão sujeitos às leis rítmicas quanto tudo o mais no universo. Os antigos diziam: 'Cada átomo no espaço dança ao ritmo dos deuses.' O universo (um verso) é simplesmente uma nota ou tom em Deus; mas há um número infinito de tons ou índices de vibração dentro de um só. Tudo o que vemos é vibração, não existe coisa alguma em repouso absoluto na natureza. (...) A natureza é o nascimento ou atividade de Deus, o Único se manifestando em incontáveis maneiras. No momento em que aparecem no mundo, as formas começam a mudar; e delas derivam outras formas, ad infinitum

As formas são simplesmente aparências, vêm e vão. Da mesma forma, o corpo de um homem está constantemente mudando. A ciência nos diz que o homem tem um corpo novo a cada 11 meses. As células do corpo estáo constantemente morrendo, sendo substituídas por novas células. Se o homem espiritualiza seus pensamentos, as células do corpo assumirão uma nova harmonia espiritual; todo o seu ser será transformado em vitalidade e perfeição.

Há uma mudança quase completa na química do corpo numa questão de segundos e minutos, a tal ponto que praticamente nenhum átomo ou eléctron de seu corpo estará presente dentro de alguns meses. Tudo é vibração e a mudança constante impregna o universo. As batidas de seu coração obedecem a um determinado ritmo; o mesmo também acontece com o fluxo e refluxo das marés."

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 86/87)


quinta-feira, 1 de março de 2018

CORAGEM: UMA QUALIDADE INATA DA ALMA

"Sucesso, saúde e sabedoria são atributos naturais da alma. A Identificação com pensamentos e hábitos debilitantes, bem como a falta de concentração, perseverança e coragem, são responsáveis pelas tribulações devidas à pobreza, à má saúde etc.

Você paralisa sua faculdade de buscar o sucesso com pensamentos de medo. O sucesso e a perfeição tanto da mente quanto do corpo são qualidades inerentes ao homem porque ele foi feito à imagem e semelhança de Deus. Para reivindicar esse direito de nascença, porém, devemos primeiro nos livrar da ilusão de nossas próprias limitações.

Deus possui tudo. Saiba, pois, em qualquer situação, que como filho de Deus você possui tudo que pertence ao Pai. Sinta-se sempre contente e satisfeito sabendo que tem acesso a todas as posses do Pai. Seu quinhão natural é a perfeição e a prosperidade, mas você prefere ser imperfeito e pobre. A consciência de possuir tudo deve ser um hábito de cada pessoa."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 13/14)
www.editorapensamento.com.br


domingo, 25 de fevereiro de 2018

A ORDEM CÓSMICA (1ª PARTE)

"Muitas pessoas, ao verem gradualmente o corpo material se deteriorar, têm medo de que isso seja o verdadeiro fim. Mas na verdade temos nos ocupado apenas de uma pequena parcela da vida. Nossos pensamentos sobre o que se passou e o que está por vir (sofrimento e dor, talvez) fazem-nos compreender o que é preciso para ter tranquilidade e paz na esfera física. Os pensamentos podem nos tornar um pouco mais perceptivos, especialmente agora que o ser humano tem mais conhecimento à disposição.

Há surpresas por todo lado na esfera natural. Ver isso, e agir de acordo face a um mundo pleno de belezas, maravilhas e possibilidades, é incrível. Existe tanto sobre o que se pensar. As coisas do dia a dia importam muito pouco: o importante é ver além do corpo físico e crescer internamente.

No Bhagavad-Gita, Krishna assinala que está no coração de todas as coisas e que não há fim para o seu ser: 'O que quer que seja glorioso, belo e poderoso procede de um fragmento de meu esplendor.' As qualidades mencionadas por Sri Krishna existem em toda parte, tanto em forma quanto em consciência. Há uma crescente perfeição e uma infinita variedade nas formas que d'Ele emanam. Os seres humanos podem conhecer parte dessa perfeição e da ordem cósmica por meio das revelações de beleza, inteligência, amor e outras qualidades divinas.

Há pessoas que não hesitam em transformar a Terra em material para promover ganhos financeiros. Esta é uma das principais razões por que tantas espécies foram dizimadas. Esse tipo de atitude não é espiritual. Espiritual é ver a beleza em toda parte. Em toda parte, no deserto e na floresta, transparecem o esplendor e a luz do divino. Mas precisamos ter olhos para ver. (...)"

(Radha Burnier - A ordem cósmica - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 33)


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O EMPREGO DA VONTADE EM OCULTISMO (PARTE FINAL)

"(...) Uma vez reconhecido e experimentado esse genuíno poder da vontade, jamais poderemos falar de vontade fraca! Trata-se de um poder verdadeiramente divino. E ao menos que compreendamos sua função e seu significado em nossa vida, não poderemos cumprir nosso destino.

Assim, empreguemos o poder da vontade para menter em nossa consciência um único propósito: a perfeição para o bem do mundo. Tal deve ser nossa absorvente e dominante paixão, sem consentir que nada a contrarie. Não pensemos que se trate de um desejo egoísta. Se assim o pensarmos, não teremos penetrado o mundo do Ego e realizado a Unidade.

Somente quando compreendemos, quando reconhecemos que toda a criação é completa e indestrutivelmente una, é que percebemos a impossibilidade da salvação individual. Salvação ou perfeição significa união com a Vida divina presente em todas as coisas e, portanto, nunca pode ser individual e restringida a uns tantos eleitos. O êxito de um é o êxito de todos. Quando um ser humano conquista o Adeptado¹³, nele toda a humanidade, toda a criação triunfa. Um novo cordão vem ligar a humanidade de volta a Deus; surge um novo poder para aliviar a carga dos sofrimentos do mundo. Quando na Divina Comédia de Dante uma alma sai do Purgatório e entra no Paraíso, todo o Monte do Purgatório se estremece de júbilo. Isso é literalmente verdadeiro: o êxito de um ser humano é alegria para toda a criação, e nunca um êxito individual. O anelo de perfeição é o anseio de desvanecer a ilusão da separatividade e reconhecer a realidade da vida universal; portanto, egoísmo e perfeição são mutuamente excludentes.

Assim, procuremos empregar em benefício de todos os seres esse poder verdadeiramente divino que todos possuímos, e mantenhamos a consciência focada na ideia de perfeição; e que essa ideia predomine em tudo quanto fizermos. No princípio nos será um tanto difícil efetuar nossas tarefas cotidianas enquanto mantemos a consciência focada nos propósitos superiores; mas não tardaremos em adquirir esse hábito, e o anseio de perfeição será o fundo permanente sobre o qual o modelo de nossa vida diária será tecido."

¹³ Adeptado: estado de Adepto, do latim Adeptus, aquele que, após inúmeras reencarnações, alcançou a condição de Homem Perfeito, como é dito em Efésios IV;13, 'até que todos nós alcancemos a unidade da fé, o conhecimento do Filho de Deus, o estado de homem perfeito, a plena medida da estatura do Cristo'. (N.E.)

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 49/50)


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O EMPREGO DA VONTADE EM OCULTISMO (1ª PARTE)

"Quando aplicamos tudo isso no emprego da vontade para chegar à meta da perfeição, vemos facilmente porque tão amiúde fracassamos. Determinamo-nos a alcançar o objetivo, atingir aquilo que é nosso destino espiritual. Ao fazê-lo, traçamos uma linha de conduta segundo certos princípios que consideramos essenciais. Pois bem; se apenas mantivermos a vontade focada nesse único propósito, com exclusão de tudo quanto ameace contrariá-lo, não depararemos com dificuldades nem conflitos. O que em realidade fazemos é que, quando se nos oferece ocasião de seguir a linha de conduta que nós traçamos, começamos a pensar nas vantagens e desvantagens, no agradável e no desagradável da ação particular que nos propusemos realizar. E uma vez criadas as imagens mentais ou formas-pensamento, como as chamamos, nós as fortalecemos com emoção ou desejo, de modo que se tornam obstáculos em nosso caminho quando tentamos cumprir nossa intenção original. Começa então a luta com todos os seus males adjacentes, com sofrimento próprio, fadiga dos corpos e do risco de fracassarmos no empreendimento. Tudo isso é apenas inadequado mas também dispensável.

Quando usamos a vontade como ela deve ser empregada, para abraçar um propósito e nada mais, não há dificuldade. Mas no momento em que permitirmos que a interferência ou influência de um pensamento entre em nossa consciência e requeira sua atenção, estaremos perdidos. Sem dúvida, devemos considerar as circunstâncias empregando sempre o bom senso e o julgamento deliberado, mas não devemos consentir que influências estranhas nos desviem de nossa linha de conduta.

Portanto, tratemos de realizar essa vontade em nosso interior; percebamos que ela ocupa nossa consciência tal qual uma deslumbrante luz branca; sintamos que ela é irresistível, com o poder de manter firme um propósito até atingi-lo. (...)"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 48/49)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (PARTE FINAL)

"(...) Saí deste vale profundo onde só a muito custo débeis raios de sol vêm cair, mas tomai vosso rumo, que agora vedes descortinado ante vós, pois ele vos levará ao topo da montanha eternamente iluminada pelo sol espiritual. 

Não achareis dificultosa demais tal caminhada, pois o mesmo poder que vos permite ver a estrada vos tornará aptos para percorrer suas asperezas. Se puderdes verdadeiramente ver, podereis verdadeiramente andar nela. Não vos retardeis lamentando os companheiros que deixais para trás; encontrareis novos amantes e novos amigos que jamais vos deixarão. Não temais a solidão da empreitada espiritual, pois tendo posto vosso pé na estrada, daí em diante jamais estareis sozinhos. Guias humanos e angélicos andarão a passo convosco, vos avisarão dos perigos e vos conduzirão ao objetivo. 

Vinde, pois, à grande aventura, provai a vós mesmos que os gloriosos tempos dos cavaleiros andantes não se apagaram, que Galahad e Percival ainda vivem, que o Santo Graal não foi perdido, e que o Rei ainda preside àquela Távola Redonda que existe desde que o mundo começou. Não choreis pelo amor que deixais atrás; amor é o prêmio que vos aguarda ao fim de vossa trajetória. Não vos apegueis às lágrimas dos que vos choram a partida; o que eles agora perdem por um breve momento reencontrarão na eternidade. Laços terrenos e amizades, por sua própria natureza, se desfazem; vossos laços com aqueles com que doravante vos unireis nunca deverão se partir, pois são dum amor que é eterno. Vossos amigos e amantes verdadeiros vos aguardam no caminho, com eles devereis conhecer a perfeição de uma companhia que só é encontrada nos reinos espirituais. 

Eia, pois, direto ao topo! Aqueles que hoje abandonais um dia salvareis, quando entrardes na posse de vosso destino e vos tornardes o Amor Divino encarnado sobre a terra."

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



sábado, 27 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (1ª PARTE)

"Aquele que trilhar o caminho do amor deve descobrir aquela alquimia espiritual que transmuta o amor mais baixo no mais alto; deve conhecer a ciência sagrada pela qual as piores qualidades da alma, passando pelo crivo do pensamento, possam ser sujeitadas pelo fogo ardente da vontade, para que sua essência possa ser destilada, gota a gota, e então colocado nas mãos do experimentador o tão almejado elixir da vida. Do vil obterá o puro; do imperfeito, a perfeição; do impermanente, o eterno. Até que essa ciência seja aprendida, e tudo o que for baixo tenha sido purificado, o homem não pode ser um salvador do mundo. 

Um salvador do mundo é aquele que se emancipou de toda fraqueza humana, caminhou pela estrada do amor e, caminhando, tornou-se divino. Os que vão passar por esta estrada, a qual atravessaram aqueles cujos pés sangraram, devem aprender a ciência que eles aprenderam; deve preparar a cruz do pensamento, deve acender em si mesmos o ígneo poder da vontade e, tomando cada vício, fazê-los objeto de experimento, e então transmutá-los, um a um, na virtude oposta, pois, acima de tudo, o amor deve ser puro. 

Assim como o lixo terrestre é destruído pelo fogo, o lixo da alma deve ser incinerado pelo fogo da vontade. Todo o vício, ainda que grande, esconde um precioso perfume que ele procura, cada fraqueza se revela fonte de uma força oculta, cada erro esconde uma verdade; vício, fraqueza, erro, estes são os equipamentos com os quais o homem começa a palmilhar a estrada do amor. A fim de que sejam transformados em seus opostos, o homem deve retirar-se para o laboratório de sua alma, e lá preparar os instrumentos de seu trabalho. Os instrumentos são: pensamento e vontade; estes dois, apenas, fornecem tudo de que necessita; de sua união uma criança nascerá; a criança é o amor. Os homens a conhecem como Hórus, ou como Cristo. 

Tendo-se retirado para a reclusão dos recessos mais íntimos de sua alma, aquele que um dia será um amante da humanidade deve estocar seus recursos, deve procurar em seu eu terreno as ervas das quais extrairá as essências procuradas. Distanciado de seus desejos, ele os cortará um por um do solo de sua natureza, onde tão firme deitaram raízes. Vício, sexualismo, sensualidade, impureza, egoísmo, crueldade, mentira, indiscrição, superstição, avareza, e ilusão, tais são os nomes das plantas que ele juntará na selva de sua natureza inferior, selva cujo dever seu é transformar no mais refinado jardim da terra. Cada planta que tiver arrancado ele porá sob a minuciosa lente de seu pensamento e provará ao fogo de sua vontade inquebrantável; este fogo não deverá abrandar-se, menos ainda extinguir-se, até que raízes, folhas e flores se tenham consumido. Então, no receptáculo espiritual, o veículo de seu Eu Imortal, no qual reside a imortalidade, o líquido precioso que destilou será recolhido, gota a gota. Lá será guardado até que a secreta farmácia de sua alma seja abastecida, prateleira após prateleira, com aquelas essências vitais das quais fluirá um dia a panacéia universal. Esta panacéia é o amor. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



domingo, 14 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) O Ocultista - o homem ou a mulher que almeja a perfeita aptidão espiritual - deve transcender o anelo de qualquer que seja o tipo, toda fraqueza que exija autoindulgência, e atingir um estado de autodomínio espiritual. Seu amor é doação de si mesmo em abundância, de si mesmo em sua pura natureza, na realidade nada mais possuindo. É a neutralização do veneno do senso de eu e a libertação do prisioneiro movimento de vida de suas limitações de tempo na eternidade.

Os direitos de posse, de asserção de si próprio e de ilimitada autoindulgência são em toda parte os mais desmedidos fenômenos da vida moderna e aos quais se devem a maioria de nossas dificuldades. Nenhuma pessoa sensível pode esperar uma perfeição impossível no atual estágio, nem fará bem algum pregar o ideal do sannyasi - renunciante indiano - ao homem do mundo. Não existe disciplina modeladora, não existe uma vida verdadeiramente espiritual nos dias de hoje que possa ser praticada pelo homem do mundo. O mérito dos ashramas (estágios de vida), na Índia antiga, era que os deveres designados para cada estágio - juventude, virilidade, maturidade e o período anterior à temporária libertação do corpo - eram calculados para preparar o indivíduo para os estágios seguintes e torná-lo cônscio o tempo todo de um propósito profundamente espiritual na vida. 

O ideal do amor, na vida prática do dia a dia, deve significar o serviço de cada um a tudo dentro de sua esfera, consideração dos direitos dos outros, autocontrole, e particularmente cessação de crueldade e luxúria. Pode haver uma medida de liberdade espiritual para cada um se as condições de vida forem organizadas com base nisso. 

Cada um deve descobrir em si próprio aquilo que é capaz de uma bela expansão, que será uma proteção e uma bênção aos outros e o meio de libertar a luz em si próprio. Nessa luz e expansão está a mais pura felicidade.

Há momentos, que raramente nos ocorrem, quando sentimos a bem-aventurança de um temporário autoesquecimento, seja através da devoção, do amor humano, ou do auxílio altruísta ao outro, e nesses momentos atingimos uma certa centelha que pode transformar-se numa chama brilhante. Quando esse estado for atingido, seremos homens e mulheres libertos."

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 39/40


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

UM IDEAL SUBLIME

"Este ideal presta-se ao escárnio, ao riso, ou à zombaria? Se ele for apenas um sonho, então é o sonho mais nobre que a humanidade já teve; o mais completo dos autossacrifícios e o mais inspirador dos ideais. Para alguns ele constitui um fato, um fato mais real do que a própria vida. Mas, para aqueles que não o consideram como um fato, ele pode ser um ideal; um ideal de autossacrifício, de conhecimento e de amor. Que tais Homens existem, alguns de nós já o sabemos. Contudo, ainda que vocês não acreditem neles, não há nada no ideal que não seja nobre e que não possa elevá-los ao pensar nele, aproximando-os cada vez mais da luz. 

O cristão possui o mesmo ideal em relação a seu Cristo, o budista, o mesmo ideal em relação a seu Buda. Todas as crenças possuem o mesmo ideal em relação ao Homem a quem consideram Divino. E nós somos testemunho de todas as religiões, afirmando que suas crenças são verdadeiras e não falsas, que seus Mestres são uma realidade e não um sonho, pois o Mestre constitui a concretização da esperança que há no discípulo, a concretização do ideal que exaltamos. E, para alguns de nós que sabemos de sua existência, estes Mestres Divinos são uma inspiração diária. Só podemos entrar em contato com eles na medida em que lutamos por purificar-nos. Só podemos aprender mais na medida em que exercitamos aquilo que eles já ensinaram. Assim, se a princípio falei a respeito da teoria, depois, sobre o passado histórico, mais tarde sobre o testemunho que lhes apresentamos no presente e, finalmente, sobre os passos que todos poderão dar, se assim o desejarem, foi com o único objetivo de resgatar o ideal do ridículo a que foi exposto, da lama que lhe foi atirada e da disputa provocada em torno dele. 

Censurem-nos, se assim o desejarem, mas não toquem nesse nobre ideal da perfeição humana. Riam de nós, se o desejarem, mas não riam do Homem Perfeito, do Homem que se tornou Deus, em quem, afinal, a maioria de vocês acredita. Vocês, que são cristãos, não sejam desleais com sua própria religião, considerando seu Cristo, como muitos de vocês o fazem, como um mero objeto de fé ao invés de uma realidade a ser vivida. E lembrem-se, qualquer que seja o nome, o ideal é o mesmo, qualquer que seja o título, o pensamento que lhe subjaz é idêntico. 

Aquilo que vocês pensam é aquilo que desenvolvem; gradualmente suas vidas se transformam segundo seus ideais, pois o pensamento possui um poder de transformação tal, que se os seus ideais forem materiais suas vidas serão materiais, e se os seus ideais forem insignificantes, suas vidas também serão insignificantes. Por isso, adotem aquele ideal e pensem a respeito, e sua pureza penetrará em suas vidas; vocês tornar-se-ão homens e mulheres mais nobres, pois ele se converte num objeto de seu pensamento e o pensamento os transforma exatamente à sua imagem. Não há dúvida de que os homens convertem-se naquilo que adoram e naquilo que pensam. Este ideal do Homem Perfeito encerra em si a esperança do futuro da raça humana. Por esse motivo, eu sugiro-o hoje a vocês e lhes aponto o Caminho pelo qual ele poderá transformar-se de um ideal numa realidade viva, de uma esperança, num Mestre vivo. Assim, o sublime ideal de aspiração passará a ser o Amigo e o Mestre a quem poderão entregar suas vidas." 

(Annie Besant - Os Mestres - p. 29/30


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O CORPO MENTAL - O LOCAL ESSENCIAL (PARTE FINAL)

"(...) A perfeição é a meta de nosso caminho evolutivo não pelo propósito egoísta de sermos perfeitos, mas porque, através de nós, pode ser um pouco aliviada a carga do mundo.Em vez de nos imaginarmos - como o fazemos inconsciente e involutariamente - sendo e fazendo o que em verdade não queremos ser ou fazer, devemos nos imaginar como o homem perfeito que almejamos ser e que seremos um dia. Pensemos com toda a nossa energia mental em nós mesmos como sendo divinos em amor, divinos em vontade, divinos em pensamento, palavra e ação; e ocupemos todo o nosso corpo mental com essa imagem, vigorizando-a com emoções de júbilo e amor, de consagração e aspiração. Essa imagem também se realizará por si mesma. A mesma lei é válida para ela como para as importunas imagens mentais que tanto nos atribulam.

Quando houvermos dominado conscientemente o poder da imaginação, não seremos mais seus escravos, não mais seremos usados por ele; mas nós é que nos valeremos dele. O mesmo poder que era nosso inimigo tornou-se agora nosso aliado.

Não há limites para os diferentes modos em que o poder criativo da imaginação pode ser usado construtivamente, em substituição às formas destrutivas. Quando tornamos nosso corpo mental um instrumento obediente e dócil, podemos usar esse ilimitado poder não só em nossa conduta e ações diárias, mas na obra que estamos realizando e na maneira como recriamos a nós mesmos.

Agora, retiremos também do corpo mental o centro da consciência e o mantenhamos responsivo ao Ser interno, tal qual mantemos os corpos emocional e físico. Assim possuiremos em servidão os três corpos nos três mundos de ilusão. São os três cavalos que puxam nossa carruagem nos mundos inferiores; e o Eu Superior é o divino cocheiro, que não mais permite aos cavalos irem por onde lhes aprazer, senão por onde Ele os dirigir. O Ego desprendeu sua consciência do emaranhamento com os três corpos e a restituiu ao mundo a que verdadeiramente pertence, de onde pode valer-se deles como dóceis servos."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 32/33

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

RELIGIÃO

"Dizer 'minha religião é a única que presta, e todas as outras são de Satanás' é uma das formas mais condenáveis de agressão, e uma prova de lamentável ignorância, ou, muitas vezes, é apenas um sinal de que se está fazendo o jogo maroto de um falso líder de uma seita qualquer, que vive a aumentar sua conta de banco à custa das oferendas em dinheiro, que seus ingênuos e subservientes sectários são conduzidos a fazer.

Religião, a única que realmente vale, é aquela em que, cada um, dentro de si mesmo, no altar do coração, no sublime silêncio da mente, em devotamento extremo, cultua a Luz Radiosa que lá se encontra. Chame-o de Pai, o Ser, Deus, Brahman..., é no coração da gente que Ele se encontra, e é ali que Ele nos espera. 

Religião é essencialmente a religação de cada um com o Deus Uno, resplandecendo dentro de cada um.

É somente entre você e o Pai que o fenômeno religioso acontece.

Sou uno com meu Pai, 
sou portanto perfeito."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 102)


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

CORAGEM: UMA QUALIDADE INATA DA ALMA

"Aquele que busca com sinceridade, na prática, ao contrário daquele que 'busca' na poltrona e desperdiça a vida ruminando teorias intelectuais, entusiasma-se ao pensar na dura tarefa que tem pela frente. O guerreiro autêntico, mesmo que sinta medo, atira-se corajosamente à batalha quando a força do braço se torna necessária. O alpinista de verdade, embora apreensivo diante da encosta íngreme que deverá escalar, prepara-se resolutamente para conquistá-la. E o homem sincero na busca da verdade diz a si mesmo: 'Sei que alcançar a perfeição é uma tarefa árdua, mas farei de tudo para alcançá-la. (...)' Meditando incansavelmente dia após dia, ele finalmente toma consciência do corpo e recupera a percepção da divina bênção interior, que há muito perdera.

Ânimo, devoto! Não importa quão árido, duro e ressequido tenha se tornado o solo de seu coração durante os anos de fome da indulgência sensual, do fracasso e do desapontamento, ele pode ser regado e fertilizado novamente pelas águas vivificantes da comunhão interior. Seu entusiasmo espiritual, há muito arrefecido, pode ganhar vida nova. Basta que você beba de novo o vinho antigo da comunhão com Deus. No campo do empreendimento espiritual fervoroso, lance novamente à terra macia das percepções renovadas da alma as sementes do sucesso espiritual e veja-as transformar-se numa seara de alegrias divinas. 

Em vez de se sentir vencido e desencorajado diante daquilo que supõe ser uma tribulação, agradeça a Deus a oportunidade de descobrir o que precisa aprender, e de juntar forças e sabedoria para enfrentar o desafio."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 17/18


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A RELIGIÃO E O YOGA

"Uma religião que seja igualmente aceitável por todas as mentes é o que desejo propagar. Deve ser igualmente filosófica, emocional, mística e conducente à ação. Essa será a combinação ideal, a analogia mais próxima a uma religião universal. Quisera Deus que, na mente de todos os homens, essas características estivessem igualmente presentes em plenitude! Esse é o meu ideal do homem perfeito. Considero parcial a pessoa que tenha apenas um ou dois desses traços característicos; o mundo está repleto de indivíduos sectários, conhecedores somente desse caminho único que trilham; tudo o mais para eles é perigoso e terrível. Encontrar um equilíbrio harmonioso entre esses quatro caminhos é o meu ideal de religião.

Essa religião é alcançável pelo que se denomina na Índia yoga, união. Para o homem de ação, é a união entre os homens e toda a humanidade: para o místico, entre seu Self inferior e superior; para o amante, entre ele e o Deus de amor; para o filósofo, é a união com toda a existência. Esse é o significado do termo sânscrito yoga. Todas as quatro divisões da yoga têm, em sânscrito, diferentes nomes. Iogue é o homem que procura um destes caminhos de união. O que busca a união pela ação é o karma iogue; o que busca a união pelo amor é o bhakti iogue; o que busca a união pelo misticismo é o raja iogue e o que a busca pela filosofia é o jnana iogue. A palavra iogue abrange todos. 

Nesse país, a palavra yoga está associada a toda sorte de entidades fantásticas. Lamento, mas devo dizer que yoga nada tem a ver com isso. Nenhuma dessas yogas abdica do raciocínio; nenhuma lhe pede que seja ingênuo ou que entregue sua capacidade de raciocinar nas mãos de sacerdotes de qualquer tipo. Nenhuma o obriga a ser fiel a algum mensageiro sobrenatural. Cada uma o incentiva a aferrar-se à razão, a ater-se a ela."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 34/35)

domingo, 30 de julho de 2017

AMOR, CORAGEM E CONFIANÇA (1ª PARTE)

"Soube de um grupo de bombeiros que, ao combater um grande incêndio, experimentou um sentimento de grande unidade que eliminou todo o medo de perigo pessoal. Situações assim são frequentes. Numa crise súbita a pessoa pode esquecer de si mesma, deixar de defender sua posição autocentrada e mostrar uma extraordinária coragem. Mas nem sempre é assim. Quando ameaçadas de escassez, elas tendem a comprar provisões em quantidades ridiculamente grandes, porque a mente teve tempo para reagir e ocupar seu central.

Retirar-se do centro deve ser como uma surpresa, de algum modo iludindo o tempo. Isso não pode ser planejado de antemão. Mas há condições para essa retirada. Frequentemente menciona-se as virtudes. Podemos escolher algumas e nos examinar para ver se as desenvolvemos. Mas assim podemos fortalecer a posição autocentrada e nos afastar ainda mais da unidade, rumo a mais separatividade.

Ao examinar nossas virtudes, devemos atentar para todas elas, porque nenhuma pode florescer à custa das demais. Se isso ocorrer será um exagero que pode se tornar um vício. A virtude está na moderação.

Não pode haver regras rígidas e inalteráveis; cada um deve, como um bom mestre-cuca, juntar a quantidade certa de cada ingrediente. Isso significa que certas virtudes num determinado caso, devem ceder lugar a outras. Ao educar os filhos, tem-se que decidir quando o amor deve ceder à justiça e vice-versa. Todas as virtudes levadas à perfeição tornam-se uma só virtude. O amor perfeito expressa-se também como sabedoria perfeita.

A chave para manifestar as virtudes está na auto-observação e no autoconhecimento. Paradoxalmente, a preparação para deixar o centro pode ocorrer melhor de maneira inconsciente, ou pelo menos natural e espontânea. Todas as virtudes são expressões de uma atitude - e essa atitude nada tem a ver com estar no centro. Para ser virtuosa a pessoa precisa deixar o centro. (...)"

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 40
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