OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 25 de outubro de 2022

FRUTOS DA AÇÃO

"2:47  O agir (nesta esfera de vibração) é um dever, mas que o teu ego não cobice os frutos da ação. Não te apegues nem à ação nem à inação.

"Sejamos como uma cotovia divina, que canta por prazer sem tentar impressionar nem obter coisa alguma de ninguém. Os que agem movidos pelo ego são enredados na teia de maya. O universo passou a existir graças ao poder da Vibração Cósmica, o grande som de AUM. Enquanto a pessoa vive na esfera da manifestação e não se abisma no Espirito, acha impossível não agir de alguma maneira. O importante é agir corretamente.

Para atingir a consciência divina, é necessário desapegar-se da ideia do 'eu' e do 'meu'. A consciência infinita parece finita no ego, como no átomo. Mas isso não passa de aparência. O átomo não pode impedir-se de girar em sua realidade minúscula, mas o ego, por ser consciente, pode aspirar a livrar-se da manifestação vibratória. Como escreveu Patanjali, 'Yogas chitta vritti nirodha' ('O Yoga é a neutralização dos redemoinhos de paixão na consciência'). O dever espiritual de todo ego é interromper o movimento que gera libertando-se de pensamentos 'redemoinhantes' como 'O que quer que eu faça, faço-o em beneficio próprio!' Ser escravo da ilusão nada mais é que referir constantemente aquilo que se faz (ou pensa, ou goza, ou sofre) ao próprio eu. Não só a ação, mas também todos os prazeres do mundo e os padecimentos, são contaminados pela ideia: 'Sou eu quem faz, sou eu quem goza, sou eu quem sofre.' E depois pela pergunta indignada: 'Mas por que sou eu o sofredor?'

A solução não é impedir-se de agir. Algumas pessoas - eremitas, por exemplo - pensam evoluir espiritualmente sem nada fazer. Essa ideia é outra ilusão. Se temos de respirar, pensar e andar, como haveremos de ficar realmente inativos? O yogue que se senta imóvel e com o fôlego contido em samadhi já é outra coisa. Para ir além da ação, precisamos mesclar nossa consciência ao Som Cósmico de AUM, permitindo-lhe agir em nós e a volta de nós até nos confundirmos com essa vibração infinita e depois, ultrapassando-a, nos diluirmos na serena consciência do Espirito Supremo. Mas, na medida em que formos conscientes de nosso corpo, apenas nos ludibriaremos caso tentemos alcançar o estado de inação sem agir. Seremos apenas preguiçosos embotados!

Para chegar a Deus, é necessário primeiro agir sem motivos egoístas: por Deus, não por recompensa pessoal. Com efeito, cumpre estarmos sempre ativos a serviço de Deus para desenvolver essa percepção aguçada que, só ela, nos alça à supraconsciência. Os ociosos não encontrarão Deus!

No entanto, em tudo o que fizermos, convém ter em mente que Deus atua por nosso intermédio. Lave o corpo, alimente-o, dê-lhe descanso - faça o que for preciso para mantê-lo saudável e cheio de energia -, mas pense sempre: 'É a Deus que estou servindo por meio desse instrumento físico.' Até o gozo de um prato saboroso, de uma bela paisagem e das outras boas coisas da vida tem de ser ofertado a Deus. Partilhe esses momentos com Deus em vez de privar-se deles. O que se deve pôr de lado são os pensamentos 'Estou fazendo', 'Estou desfrutando'" e mesmo 'Sou eu quem sofre'.

Também na meditação é importante não levar em conta resultados. A fim de eliminar a tensão e o esforço que sobrevém quando tentamos nos concentrar, eliminemos antes o pensamento 'Estou meditando'. Pensemos, de preferência: 'A Vibração Cósmica está reafirmando, através de mim, sua realidade. Através de mim, o amor cósmico anseia pelo amor de Deus. Através de mim a alegria cósmica se rejubila em nosso Infinito Bem-amado'".

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 113/114)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

AS CAUSAS GERADORAS DO CARMA (PARTE FINAL)

"O desejo dos frutos das ações, a recompensa que esperamos por tudo o que fazemos, desperta a alma a cada instante à atividade, embora forjando novas cadeias kármicas. 

No início da nossa evolução o desejo e a ambição representam o papel de aguilhões que nos conduzem à atividade.

Todos nós sabemos a história de Fernão Dias Paes Leme, o heróico paulista, o destemido bandeirante que, abandonando a família, conforto, tranquilidade, penetrou pelo interior do Brasil heróicamente em busca das sonhadas esmeraldas. Anos, muitos anos, levou desbravando sertões incultos, florestas virgens, lutando com o índio bravio, vadeando rios caudalosos, dominando sedições da própria gente, vendo dia a dia seus companheiros dizimados pelas febres, devorados pelas feras, mas sempre embalado pelo sonho verde das esmeraldas. 

Nada conseguiu depois de muitos anos; mas uma coisa ficou de sua louca ambição: o conhecimento do nosso sertão. Foi ele o semeador de cidades, o grande povoador dos nossos sertões. Assim, impelido por um móvel egoísta e subalterno, ele cooperou no entanto na grande obra da civilização brasileira.

Podemos conceder o papel preponderante que o aguilhão do desejo representa na evolução das qualidades mentais. A luta, estimulada pelo desejo, e pela ambição, desenvolve a perseverança, a destreza, a calma, o golpe de vista. Mas, quando o homem já atingiu certo grau da evolução, o desejo deve ser vencido, embora aquelas qualidades já tenham se incorporado ao corpo causal.

Por isso, quando o homem aspira libertar-se dos liames do desejo, e procura elevar seu pensamento a mais nobres ideais, sente necessidade da renúncia aos frutos da ação, e assim muda sua atitude mental, modifica as intenções que o conduzem à ação.

Mas, esta atitude não impede que continuemos a trabalhar, dispendendo o mesmo esforço anterior. Todo o Teosofista tem o dever de conhecer o célebre aforismo da 'Luz do Caminho': 'Mata a ambição, mas trabalha como trabalham os que são ambiciosos'.

Há somente uma diferença entre as duas atitudes: o homem vulgar trabalha pensando em si; o homem evoluído esquece-se de si, trabalhando por amor da própria obra sem pensar nos resultados finais.(...)"

(E. Nicoll, A Lei da Ação e Reação (Karma), Sociedade Teosófica no Brasil, São Paulo, 3ª edição, 1960, pg. 37/39)


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

EM SINTONIA COM A FONTE DO SUCESSO

"Pouquíssimas pessoas percebem que a lei divina governa todas as ações e determina os efeitos dessa ação. Assim, o destino de cada um não é regido pela sorte, mas pelas causas que o próprio indivíduo colocou em movimento. Por meio da percepção espiritual, cada circunstância da vida de uma pessoa pode ser cientificamente rastreada até sua causa ou um padrão específico de causas. Mas como a pessoa comum não percebe a lei de ação e reação que governa a sua vida, ela acredita que o que lhe ocorre é em grande parte uma questão de coincidência e destino. É comum as pessoas dizerem 'tive sorte' ou 'foi meu infortúnio'. Não há sorte que não tenha sido criada antes, nesta ou em outra encarnação, e não há destino infeliz, exceto o que já tenha sido 'predestinado' por nossos próprios atos no presente ou num passado distante - às vezes até muitas vidas antes de adentrarmos os portais da vida atual. Essas causas autocriadas são o motivo de algumas pessoas nascerem pobres e outras ricas; algumas doentes e outras saudáveis, e assim por diante. Do contrário, onde estaria a justiça de Deus se Ele criasse todos iguais - mas depois destinasse alguns a viver em circunstâncias favoráveis e outros a suportar condições desfavoráveis?

A lei de causa e efeito que governa nossa vida é o que chamamos de karma. Karma significa ação; e também os frutos e efeitos de nossas ações. São esses efeitos, bons ou maus, que tornam as mudanças tão difíceis para algumas pessoas - mudanças pessoais ou das circunstâncias. Não há outra forma de explicar as desigualdades entre os seres humanos que não negue a justiça de Deus. E sem justiça eu diria que não vale a pena viver.

Então, se sucessos ou fracassos são mais ou menos determinados por você mesmo no passado, não haveria remédio para alterar as condições atuais? Sim, há. Você é dotado de razão e vontade. Não há dificuldade que não possa ser resolvida, desde que você acredite que tem mais poder do que dificuldades e que use esse poder para pulverizar os seus impedimentos. Faça o esforço científico necessário para ter êxito."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship, 2014 - p. 65/66)
http://www.omnisciencia.com.br/jornada-para-a-autorrealizacao/p


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (PARTE FINAL)

"(...) O nosso planeta conturbado, onde permeiam as guerras, os homicídios, os roubos, as chacinas, as invasões, a ganância, entre outras mazelas, é consequência da luta desenfreada pelo poder, pelo ter, o que desencadeia dores e sofrimentos. 

Até a própria natureza tem respondido às agressões com reações implacáveis, como os maremotos, ciclones, terremotos, entre outros, que culminam com extermínio de milhares de pessoas.

É chegado o momento de todos nós nos conscientizarmos de que, se deixarmos o Deus que habita nosso interior fluir, o mundo será diferente. Cada um de nós é responsável pela mudança desse estado de coisas que envolvem nossa sociedade de hoje.

Assim como o certo e o errado só existem na mente do julgador, a vida que estamos vivendo é a que escolhemos e, se seus frutos são bons ou maus, simplesmente depende de nossas atitudes. Urge que mudemos nossos atos.

A humanidade está excessivamente voltada para uma vida repleta de realizações exteriores; é preciso, no entanto, refletir que estas realizações são resultantes da formação interior que possuímos. Como o planeta, e até a própria vida que estamos vivendo, estão bem próximos do caos, é chegado o momento de cada ser se transformar interiormente.

É preciso entender que o realinhamento do Universo depende das nossas ações, da prática do Amor, de atos voltados para o bem comum, da irradiação da Luz, que permitirá vermos nossa Terra iluminada, como sendo o próprio Paraíso. 

Se cada um procurar se transformar a si próprio, o mundo estará transformado."

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 74/76)


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) 7. A Renúncia aos Frutos da Ação. Aqui está a es­sência de toda a filosofia, encerrada numa casca de noz. É a Ação que nos mantém presos à Roda dos Nascimentos, Mortes e Renascimentos, porque Ação é Karma. Não importa que a ação seja física, moral ou mental; ela nos encadeia às esferas de atividades regidas pelo Karma. De­vemos, então, desistir de fazer alguma coisa, por causa disso? Não! Como, então, devemos agir sem deixar que a ação tenha qualquer força repressora sobre nós? Aqui está o segredo, e não há livro no mundo que exponha mais claramente a forma do que 'A Canção do Senhor', ou Bhagavad-Gitã. Ele nos ensina a trabalhar e a agir, ofe­recendo todas as ações ao Senhor Supremo e deixando as consequências para Ele. Se trabalharmos para ter recom­pensas na Terra, sim, mesmo que trabalhemos para ser­mos recompensados no Céu, os frutos amadurecerão onde a semente foi plantada. E a Terra e o Céu nos manterão fora do Nirvana, isto é, fora do que é imensamente maior do que o mais alto Céu — a União com o TODO-EU Su­premo. Céus, Terra e Infernos estão, todos, dentro da Roda da Existência, onde o Karma opera. 'Os que cul­tuam os deuses, vão para os Deuses, mas o que Me cul­tua, habitando em todos os seres, esse virá ter comigo, seja qual for a sua forma de existência' (Bhagavad-Gitã).

'Teu trabalho é só com a ação, nunca com os seus frutos. Portanto, não deixes que o fruto da ação seja o teu motivo, nem sejas ligado à inação' (ib.). 'Produze a ação, ficando em união com o Divino, renunciando a apegos, e equilibrando-te bem no sucesso como no fracasso' (ii, 47-48). 'Agindo sem apego, o homem alcança verdadei­ramente o Supremo' (iii, 19).

'O Eu disciplinado, movendo-se entre os objetos dos sentidos, com os sentidos livres de atração como de repulsão, dominado pelo EU, dirige-se para a Paz' (ii, 64). 'A afeição e a aversão pelos objetos dos sentidos residem nos sentidos. Que homem algum se deixe dominar por esses dois sentimentos, porque eles são seus adversários' (iii, 34).

'O que quer que faças, o que quer que ofereças, o que quer que dês, o que quer que faças com austeridade, faze como uma oferenda a Mim' (ix, 27). Como isto nos faz lembrar as palavras de São Paulo: 'Se, portanto, co­meres ou beberes, ou seja o que for que faças, faze tudo para a glória de Deus' (l Cor., x, 31).(...)

Nessas palavras inspiradas, a Voz do Mestre é ouvi­da, ensinando-nos o segredo da Ação e da Inação. E assim aprendemos quando as ações não têm força conectiva, e fugimos à teia Kármica para nos tornarmos 'unos com a Vida, embora sem viver'."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 40/41

domingo, 16 de abril de 2017

RETO AGIR

"Se você já descobriu que um dos caminhos mais eficientes que nos re-ligam a Deus é ajudar, servir, amparar, proteger... aqueles que precisam, comece agora mesmo.

Mas pondere:

(1) não o faça pretendendo com isto receber algo de volta, e nem mesmo se envaideça como o autor da ação benemérita;

(2) não se deixe abater pelos muitos obstáculos do caminho, nem pelos resultados frustradores;

(3) ofereça a Deus todos os frutos que vier a colher.

Sirva, sabendo porém que a você só corresponde fazer o esforço.

Os resultados são de Deus.

Só assim se é feliz ao ajudar.

Só esta forma de servir conduz a Deus.

Tú és o Trabalhador.
Que seja eu Teu instrumento."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 101)


quinta-feira, 23 de março de 2017

O BOM CORAÇÃO (1ª PARTE)

"O tipo de nascimento que teremos na próxima vida é determinado então pela natureza das nossas ações nesta vida. E é importante não esquecer nunca que o efeito das nossas ações depende inteiramente da intenção ou motivação que está por trás delas, e não da sua magnitude.

No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada 'Confiando na Alegria'. Ela observava os reis, príncipes e povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas ao fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha. Levou-a ao mercador para tentar trocá-la por algum óleo, mas ele lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu-se de pena e deu-lhe o óleo que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu uma lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido: 'Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a lâmpada da sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los à iluminação'.

Durante a noite, o óleo de todas as outras lâmpadas se acabou. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana, o discípulo do Buda, chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquele única ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: 'Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia', e tentou apagá-la. Mas ela continuou queimando. Tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda o observava há algum tempo, e disse: 'Maudgalyayana, você quer apagar essa lâmpada? Não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir essa chama. Por que não? Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e mente. E nessa motivação produziu um enorme benefício'. Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um perfeito buda, conhecido como 'Luz da Lâmpada'.

É a nossa motivação, portanto, seja ela boa ou má, que determina os frutos da nossa ação. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 130/131)


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (2ª PARTE)

"(...) Já que afetamos uns aos outros, uma pessoa piedosa irá 'transferir' ou fazer um 'parivarta' de seus méritos em benefício de todos os seres. E isso virá do amor que tem a todos, e do seu desejo de ajudar a salvação da raça. 'Todo o bem que fazemos é absorvido no depósito uni­versal de méritos, que é nada menos do que o Dharma-kâya (Deus). Cada ato de amorosa bondade é concebido no Seio de Tathâgata (Seio do Senhor Universal) e ali é nutrido e amadurecido, vindo a ser trazido de novo a este mundo do Karma para dar seus frutos' (ib.). A dou­trina, aqui, é lindamente exposta, e com muita clareza, mas é preciso notar que o que ela diz sobre a região do Karma não estar no Mundo Social aplica-se ao bem moral e aos maus frutos, pois em outra parte ela diz que o Kar­ma também é Social, isto é, Coletivo.

Pugnar pelo bem-estar da Humanidade é o nosso mais sagrado trabalho, e 'transferir' nossos méritos, tanto quanto possível, para a salvação dos outros, é ajudar os Salvadores em Seu Trabalho, aqueles que por amor e com­ paixão para com a Humanidade renunciaram à sua entra­da final no Nirvana enquanto houver alguém do lado de fora de suas portas. 'Trabalhar pela Humanidade é o pri­meiro passo', diz a A voz do silêncio, e não há serviço de Deus que não se resolva em serviço para com a Huma­nidade. As doçuras das altas regiões são para todos, e devemos trazer para baixo, para os mortais, o incenso celestial. (...)
        
Aqueles que não veem o divino objetivo de toda a Vida, os que se separam dos outros, aqueles cujos pensa­mentos são para as alegrias que podem ser obtidas para si — esses são os filhos de Mâra, o Mal, que prejudica o progresso da Humanidade, tal como o saibro paralisa as rodas de uma máquina, prejudicando-a em seu trabalho. Mesmo assim, não nos devemos afastar deles, porque são exatamente os que precisam de luz e de ajuda. 'Conside­ro o bem-estar de toda a gente como algo pelo qual devo trabalhar', diz o piedoso e nobre Imperador Asoka em seu sexto Édito. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (PARTE FINAL)


"(...) Existe uma historinha sobre dois jardineiros. Ambos possuíam algumas macieiras. O primeiro queria que as árvores produzissem muitas maçãs. E assim ele as regava constantemente e colocava muito adubo. Mas as árvores não se tornavam mais fortes; elas se tornavam mais fracas. Ele não notava isso. Em sua ganância em ter muitas maçãs, ele lhes dava água e adubo em demasia.

Quando chegou a hora, as árvores produziram algumas maçãs, mas não tantas quanto o esperado - apenas dez cestos. Ele começou a pensar: 'Não há tantas maçãs, mas irei vendê-las a preços elevados'. E assim ele seguiu para o mercado. Lá encontrou o outro jardineiro que era um homem muito pacífico e humilde, que trouxera cinquenta cestos cheios de maçãs saudáveis e bonitas. Ele ficou surpreso e invejoso.

Ele perguntou ao outro: 'Estas maçãs são todas de seu jardim?'. 'Sim, são', respondeu o outro, com voz humilde e gentil. 'Mas como pode você ter tantas? O que você fez? Usou um método especial?'. Nenhum método especial, apenas cuidei das árvores por amor às próprias árvores e não por causa das maçãs', respondeu o outro jardineiro.

A sabedoria dessa história nos ensina que, se fizermos nosso trabalho com amor, os frutos virão naturalmente. Existe uma Lei divina operando por trás de todas as nossas ações e o verdadeiro praticante da Doutrina do Coração, que é a verdadeira Teosofia, não se preocupa com os resultados. Se trabalharmos de maneira altruísta para o próximo, quer seja para os minerais, vegetais, animais e seres humanos, tornamo-nos uma força benevolente na Natureza. (...)

Como disse o Mestre ao jovem Krishnamurti: 'Aquele que age sem apego esquece-se totalmente de si próprio e se torna uma caneta na mão de Deus'."

(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 36/37)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


terça-feira, 15 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) As pessoas voltam-se para o ócio sob a alegação de que nada existe para fazerem, porque todo o curso de eventos cósmicos está estabelecido e não pode ser influenciado por suas ações.

Mas a incompreensão jaz no fato de que, uma vez que as sutilezas dos princípios cósmicos não se aplicam às atividades comuns da vida humana, o homem é incapaz de seguir esse princípio de não ação até que seja elevado ao estado de realização cósmica. Tal paradoxo aparente é semelhante à situação na esfera da física. As Leis do Movimento de Newton muito contribuíram para o conforto material, mas não conseguiram explicar os mistérios fundamentais da natureza. Com um insight mais profundo e com a ajuda da Teoria da Relatividade de Einstein, as imperfeições da Leis de Newton foram reveladas. Mas, de qualquer maneira, as descobertas técnicas, baseadas nas leis, retèm sua utilidade. Isso acontece porque, enquanto a Teoria da relatividade é essencial para o estudo da ultraestrutura da matéria, para os propósitos mais grosseiros como as explicações técnicas, as inexatidões das Leis de Newton podem ser ignoradas. 

De modo semelhante, para as atividades comuns à vida diária, a lei de ação produzindo frutos é bastante útil; muitos vivem por meio dessa máxima, ganhando dinheiro, alcançando a fama, e exercendo o poder. A imperfeição da lei mal é notada quando aplicada às atividades mundanas, mas é bastante óbvia quando se tenta segui-la na busca de objetivos mais elevados e mais nobres. Aqui, o princípio da não ação deve entrar em cena; mas, para aplicar esse princípio, a pessoa deve levantar o véu da ignorância. Com a combinação de razão e experiência espiritual, a pessoa pode começar a apreciar esse propósito cósmico altruístico. 'Seja feita a Vossa vontade, Ó Senhor', torna-se a aspiração constante da pessoa. E assim Krishna ensina a Arjuna, 'Dedicando todas as ações a mim, com teus pensamentos no Eu Supremo, livre das ambições e do egoísmo, e curado da febre mental, empenha-te na luta'.

Em todo nosso esforço para conseguir fama, poder, riqueza, ou eminência intelectual, estamos buscando a bem-aventurança. Mas essa bem-aventurança é um fim em si mesma. Somente a bem-aventurança que surge da iluminação é que deve tornar-se a meta de nossa vida. Convencidos de que essa bem-aventurança pode ser atingida através da ação, a questão é: 'Qual é a melhor ação? - a do sábio, a do guerreiro, a do artista, ou a do erudito?'."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21/22)


domingo, 18 de setembro de 2016

KARMA ATIVO E KARMA PASSIVO

"Karma Ativo, ou Karmabhava, é o Karma que esta­mos formando agora com os nossos pensamentos, ações e nossa vida em geral, bem como o que nela há de bom ou de mau. Isso produzirá o que vai ser o Karma Passivo da próxima vida, isto é, seu ambiente e condições. Da mes­ma maneira, o Karma Ativo da existência passada produ­ziu o Karma Passivo desta vida.

Karma Passivo, ou como é chamado tecnicamente, Upapattibhava, refere-se ao ambiente, às condições e ao caráter com os quais nascemos: todas essas coisas que nos dão, na vida, a impressão de que exercemos controle sobre elas, levando-nos a cogitar porque temos tal ambiente e tais obstáculos ao nosso progresso. Há, no Mahâbhârata, uma estranha passagem que merece consideração, em­bora, recordem bem, não se trate de doutrina autorizada, mas de certas palavras ditas por Bhishma a Yudhisthira, para explicar que o fruto de um ato aparecerá no período correspondente da vida, na próxima existência. Pode haver, e provavelmente há, muita verdade nessa declaração, e é muito possível que ações bastante sérias e fortes tenham seu efeito da maneira assim exposta. É possível atribuir isso a acontecimentos inquietantes e inesperados de nossa vida? É possível contra-arrestar esses efeitos? Alguns en­tre nós andam sob uma nuvem durante anos, quando, de repente, a nuvem sobe e as coisas parecem tomar novo caminho e novo aspecto. Tudo pode ser atribuído a al­gum Karma passado e poderoso demais para ser anulado enquanto não se esgote completamente.

Há, aqui, um outro ponto. Seria de se julgar que o lado passivo de nossas vidas é bem projetado previamente (pelas nossas próprias ações, naturalmente) e que a Fata­lidade, o Destino, a Predestinação mostram-se, em parte ou na totalidade, verdadeiros. Se considerarmos melhor, todavia, vemos que não é assim, mas que o que quer que nos aconteça só acontece porque nós próprios o trouxe­mos para nós. Se o nosso Karma é poderoso demais para ser afastado, nós o chamamos de Destino. Quanto à Sorte, ela está, esteve e estará em nossas próprias mãos. Certa passagem do Vaishnava Dharmasastra, ou Sutra de Vishnu, vem-me à mente, agora. Ela diz: 'Um homem não morre­rá enquanto não chegar o seu tempo, mesmo que tenha sido traspassado por um milhar de flechas. Não viverá depois que seu tempo chegar, mesmo que tenha sido toca­do apenas por uma haste da era Kusa.' Isso precisa ser explicado. Embora seja verdade que a nossa vida, sen­do produto de causas passadas, deve ser 'fixada', certa­mente, como resultado lógico dessas causas passadas, ou 'projetada' em seus aspectos principais, ainda assim, devemos ter em mente que possuímos, a cada dia, o po­der de modificar ou mudar a chamada Sorte, ou 'Desti­no', que é nosso. Na prática, entretanto, deve ser muito raro, se é que chega a acontecer, que alguém viva a exata extensão de tempo que elaborou para si mesmo. O mes­mo livro diz: 'Quando expiram os efeitos das ações de alguém em existências passadas, e que levaram sua pre­sente existência a ser o que é, a morte arrebata essa pes­soa, energicamente.' Em conexão com isso, é bom recordar que um homem pode alterar a sua sorte, e se a ex­tensão dos dias forem resultado nítido de Karma passado, é bastante seguro dizer-se que novo Karma pode ser gera­do nesta vida, com o efeito de contra-arrestar os efeitos do Karma passado. Podemos fazer uma pedra rolar por uma colina abaixo e, pela lei do Karma, ela deve atingir o fundo. Todavia, ela poderá ser detida se corrermos à frente, se a segurarmos e lançarmos para um lado. O Ver­dadeiro Eu Imortal Interior é Senhor do Karma, e, pal­milhando o Caminho da União com esse Um Oculto, po­demos dominar o Destino, ou Sorte, ou, pelo menos, mo­dificá-lo. De outra maneira, ele nos dominará. Recorde­mos, portanto, estas palavras de Shu-King (Livro dos Anais): 'Não é o céu que corta cedo a vida dos homens; eles a conduzem ao fim por si próprios.' (IV, ix, I.)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 14/15)
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DIVISÕES DO CARMA

"Denominemos, segundo os hindus:

Carma total ou Sanchita, o mal e o bem acumulados de todas as vidas passadas.

Carma parcial ou inicial ou Prarabda, a quantidade de sofrimento e de prazer destinados a uma vida física.

Carma final ou futuro ou Agami ou Kryiamana, a relação entre o bem e o mal praticados na vida atual. É o Carma que estamos formando, para ser descontado futuramente, nesta ou em outras encarnações.

A diferença entre o Carma final e o inicial, dará um saldo a favor do indivíduo, e será descontado do Carma total.

Em cada vida física o indivíduo procura descontar certa porção de Carma.

No fim de numerosas existências, terá pago todas as suas dívidas cármicas.

Esgotado o mau Carma total, o indivíduo terminou sua evolução humana.

A vida do indivíduo é coisa por demais complexa, para poder-se descer à análise de todos os seus atos, pensamentos e sentimentos.

Muita coisa resolve-se dentro do próprio mecanismo da natureza, porém o resultado global dos atos do indivíduo tem de passar pelo controle dos Senhores do Carma.

Há ações que produzem resultados imediatos, porém outras só permitirão a colheita de frutos em novas vidas.

Então intervêm os Auxiliares Superiores, distribuindo para cada existência terrena a quantidade de bom e mau carma, criando o ambiente, as circunstâncias em que a pessoa vai viver e lutar."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62)


sexta-feira, 27 de maio de 2016

O PODER DO PENSAMENTO (1ª PARTE)

"Uma das mais antigas escrituras budistas, o Dhammapada, afirma em seus versos de abertura que o homem é fruto de seus pensamentos, e que se ele fala ou age com coração impuro, o sofrimento irá segui-lo com tanta certeza quanto a carroça segue a pata do boi; mas se ele fala ou age com coração puro, a felicidade irá persegui-lo até o fim, como uma sombra. 

Todo o nosso futuro, portanto, depende da qualidade dos nossos pensamentos e desejos, pois por mais que o ambiente afete nossas vidas, no final são os nossos pensamentos e as nossas motivações que exercerão a influência mais duradoura sobre nosso caráter. Encontramos essa mesma ideia em todas as literaturas sagradas do mundo, e com não menos ênfase nas escrituras cristãs, como testemunham as palavras desafiadoras de Jesus aos fariseus: 'Ou fazei com que a árvore seja boa, e seus frutos bons; ou fazei com que a árvore seja ruim, e seus frutos ruins; pois a árvore é conhecida por seu frutos. Ó geração de víboras, como podeis, sendo maus, falar de coisas boas? Pois é da abundância do coração que fala a boca. O homem bom, do bom tesouro do coração produz coisas boas: e o homem mau, do mau tesouro produz coisas más.' (Mateus 12:33-5)

Há toda uma filosofia de 'correto viver': da abundância do coração - não necessariamente da mente - o homem fala e age. Mas o que são os pensamentos, e de onde vêm? Aqui tocamos o âmago do mistério da criação, da evolução de todas as coisas, do universo aos átomos. O nosso mundo, o próprio universo, não é fruto do acaso, mas foi criado por um pensamento divino.

O que é um ser humano, uma planta, um animal ou o cosmo? Os mitos da criação de todos os povos antigos contam a mesma história: somente as trevas preenchiam a infinitude ilimitada do espaço enquanto 'o universo ainda estava oculto no pensamento divino e no divino seio' (A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky). Então, quando a luz varou as trevas do vazio, a inteligência cósmica produziu, 'pelo pensamento', o universo, com todas as suas famílias de entidades. (...)"

(James A. Long - O poder do pensamento - Revista Sophia, Ano 12, nº 47 - p. 30)


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

JUSTIÇA PUNITIVA

"Crime dá dinheiro sim. Com o dinheiro se pode comprar gozo material e até altas posições na sociedade e na política.

É o que se tem visto.

Mas, chegará a dar paz verdadeira, verdadeira segurança, amor autêntico?...

A ação cruel e injusta acarreta dívidas com a Lei Maior, aquela que não erra, e da qual ninguém escapa.

Só os que insistem em ficar na ilusão da posse e do gozo dos frutos imediatos, e supondo que podem fugir às penas da Lei, isto é, à dor infalível que algum dia os alcançará, optam pela ação criminosa.

Tenho compaixão de todos os iludidos, que, ou ignoram a Lei Divina, ou ainda acreditam que são bastante espertos a ponto de se esconderem, fugindo do ajuste de contas."

Quero apenas, Senhor, aquilo que Tua Graça de concede."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 103/104)


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

CRESCIMENTO ATRAVÉS DA DOR

"Embora os frutos da vida espiritual sejam a alegria, o amor, a paz e a harmonia, temos também de enfrentar provações e desafios e vencer tentações internas e externas. De que outra forma poderíamos desenvolver nossas fibras espirituais se não as utilizarmos?

A dor constitui um maravilhoso mecanismo de regeneração proporcionado pelo universo. A dor o informa de que existe algum desequilíbrio em sua vida, e o obriga a fazer as alterações necessárias para restabelecer este equilíbrio.

A dor, além disso, o ajuda a criar uma relação mais íntima com Deus. Ouvi dizer na Associação dos Alcoólicos Anônimos, que alguém precisa chegar até o fundo do poço antes de estar pronto para ser ajudado. Essa observação também vale para você. Em momentos de desespero, quando se dá conta de que seus próprios esforços já não conseguem mais ajudá-lo, você se torna receptivo para pedir socorro àquela força Suprema. E é nesses momentos que ouve a voz interior responder: ‘Estou sempre aqui ao seu lado, até o final dos tempos.’

Lembre-se dos momentos mais dolorosos, mais difíceis de sua vida. Recorde os momentos de maior sofrimento ou privação. Reflita no que aprendeu com esses acontecimentos; avalie o seu grau de crescimento. Não se considera uma pessoa mais compassiva, sábia e compreensiva em consequência do sofrimento por que passou?

Compare tudo isso com um período em que tudo andava bem, em que suas sensações de dor estavam reduzidas ao mínimo. Qual das experiências produziu mais crescimento e transformação em sua vida?

Invariavelmente, terá sido a situação ‘dolorosa’ que de fato lhe proporcionou uma bênção, abriu seu coração e fez de você um ser humano mais amoroso."

(Douglas Bloch - Palavras que Curam - Editora Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 66)
www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

DISCERNIMENTO

"Tenho tido pena de milhares de pessoas que facilmente passaram a acreditar em 'falsos mestres' em 'sacerdotes ou santos de coisa nenhuma', em 'fraternidades ocultistas', em 'esdrúxulas terapias', em 'multinacionais de meditação e libertação', em 'novas arcas de Noé'.

Lembro-me de um adágio que diz: 'Triste dos espertalhões se não existissem os tolos, que neles acreditam e compram suas intrujices.'

Hoje, com a eficiência mágica dos processos de persuasão, os charlatães têm muito maior facilidade para iludir e manipular, e os tolos estão muito mais expostos e ameaçados.

Para o seu bem, para preservar sua felicidade, para continuar livre e disponível para Deus, ligue um 'desconfiômetro', mesmo para aqueles que falam de Deus e estão empolgando multidões incautas.

Acautele-se, para não cair no 'conto da nova salvação'.

'Por seus frutos os conhecereis.' "

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 200)


domingo, 18 de outubro de 2015

KARMA PASSADO

"D: Os Upanishads admitem o karma  passado no texto: 'Enquanto o karma passado não for exaurido, o sábio não pode abandonar o corpo e haverá atividades ilusórias para ele.'

M: Você não está certo. As atividades e experiências dos frutos da ação e do mundo parecem ilusórias ao praticante da Sabedoria, mas desaparecem completamente para o sábio realizado. O praticante pratica assim: 'Eu sou a testemunha; os objetos e as atividades são vistos e conhecidos por mim. Permaneço consciente e estas coisas são inanimadas. Só Brahman é real; tudo mais é irreal.' A prática termina na realização de que tudo é inanimado, consistindo de nomes e formas, e que nada pode existir no passado, no presente ou no futuro; portanto, essas coisas desaparecem. Não havendo nada a testemunhar, o ato de testemunhar acaba por fundir-se em Brahman. Agora só permanece o Ser, enquanto Brahman. Para o sábio consciente apenas do ser, só pode permanecer Brahman, e nenhum pensamento de karma ou de atividades mundanas."  

(Advaita Bodha Deepika - A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 165/166


sábado, 10 de outubro de 2015

A AÇÃO E SUA RECOMPENSA

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles: do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está nos céus.
Quando, pois, deres esmola, não toques uma trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam sua recompensa.
Mas, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
Que a tua esmola seja dada em segredo: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará publicamente.

Jesus fala aqui da ação e da sua recompensa, fala de causa e efeito, que no Vedanta é anunciado como a lei do karma. Afirma a lei do karma que, se eu fizer uma boa ação para alguém, receberei minha recompensa. Pouco importa se esse alguém me dê ou não essa recompensa. Se eu fizer o bem, receberei o bem em troca. Se fizer algo de mal, o mal voltará para mim. Essa é a lei. (São Paulo diz na Epístola aos Gálatas: '... tudo o que o homem semear, isso também colherá.') Mas, para que possamos alcançar a perfeição precisamos libertar-nos de todos os apegos, de todo o desejo pelos frutos da ação. Precisamos libertar a mente de todo tipo de impressão e tendência - boa ou má, porque as boas ações também geram karma. Se quisermos transcender o karma, ensina-nos o Gita, carecemos de aprender a oferecer os frutos de nosso trabalho a Deus. Isto é karma ioga - a via de união com Deus através da ação dedicada a Deus. 

Na karma ioga, a vida toda do devoto se converte num ritual contínuo, já que cada ação é executada, não com a esperança de ganho ou de vantagem pessoal, mas como uma adoração. Dedicar os frutos do trabalho a Deus é trabalhar sem apegos. Importa que não demos azo ao orgulho e à vaidade, se os resultados de nosso trabalho forem favoráveis e ganharem elogio público. Por outro lado, havendo feito o melhor, não nos devemos desesperar, caso nosso trabalho produza resultados decepcionantes, ou seja criticado asperamente, ou totalmente desprezado. Muitos homens e mulheres talvez empenhem o melhor de suas qualificações, e com a maior das dedicações; mas, se o seu ideal carece da união com Deus, ser-lhes-á quase impossível não caírem no desespero, caso percebam perdida a sua causa, e que toda a sua vida resultou em nada. Só o devoto de Deus não precisa jamais desesperar-se por haver renunciado aos frutos da ação. Ele tem a sua recompensa - o próprio Deus. 

Para muitas pessoas, desapego significa indiferença, preguiça, fatalismo. Na verdade, desapego é o extremo oposto da indiferença. É uma virtude positiva, nascida do apego a Deus. De fato, o seguidor da karma ioga precisa estar intensamente apegado ao seu trabalho enquanto o executa. Toda a sua mente precisa estar concentrada em cumpri-lo perfeitamente, uma vez que ele há de ser oferecido como adoração. Entretanto, ele precisa estar apto a desapegar-se a qualquer momento. Pela prática do desapego e do serviço desinteressado, o devoto se liberta da roda da causa e efeito, da ação e recompensa - e ganha o Infinito."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 84/86)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DA LAGARTA À BORBOLETA (1ª PARTE)

"A lagarta, ou taturana, é bem o símbolo do homem profano. A borboleta é comparável ao homem iniciado. 

A lagarta rasteja pesadamente nas baixadas. O seu corpo desgracioso não é senão boca e estômago.

Para que a lagarta possa tornar-se borboleta, é indispensável que passe por uma espécie de morte, a crisálida, ou o casulo. No fim do seu período de lagarta, deixa ela de comer, retira-se a um lugar solitário e lá se metamorfoseia. Não sabemos se ela sofre com esta metamorfose. E, se sofre, também aceitaria de boa vontade esse sofrimento, porque, instintivamente, a lagarta sabe que o seu verdadeiro estado é o de borboleta alada. Nesse último estado é o inseto completamente diferente da lagarta: com quatro asas velatíneas, meia dúzia de pernas elegantes e flexíveis, dois olhos de opala com milhares de facetas visuais; dispõe de uma língua em forma de espiral contráctil, com a qual suga o néctar das flores. Em vez de rastejar pesadamente pela terra, a borboleta voa elegantemente pelos espaços ensolarados, donde só desce, de tempos a tempos, para se alimentar duma gotinha de néctar sugado do perfumoso cálice das flores. 

Há um contraste frisante entre toda a vida da lagarta e a da borboleta. E toda essa modificação se deu durante a morte da lagarta e o nascimento da borboleta, que é a crisálida, que pode ser comparada com uma meditação profunda.

Durante a verdadeira e completa meditação, o homem fica como morto, imóvel, silencioso, totalmente ensimesmado na consciência espiritual, sem o funcionamento dos sentidos e da mente. A meditação, foi comparada pelos mestres espirituais como e egocídio, ou morte voluntária e temporária do nosso ego físico-mental, mas em plena vigília do Eu espiritual. Paulo de Tarso, referindo-se a esse estado, escreve: 'Eu morro todos os dias, e é por isso que eu vivo - mas já não sou eu quem vivo, o Cristo é que vive em mim'.

E o próprio Cristo diz: 'Se o grão de trigo não cair em terra e morrer, ficará estéril; mas se morrer, produzirá muito fruto'. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 63/64)


sábado, 20 de junho de 2015

MANTENHA-SE FLEXÍVEL E RECEPTIVO A NOVAS ORIENTAÇÕES

"(...) Pela sua persistência ao orar por orientação e sua calma receptividade, um sentido interior lhe indicará o melhor modo de proceder. Quando isso acontecer, siga adiante com fé total, mas permaneça flexível o tempo todo: 'Parece-me que este é o curso certo a seguir. Mas se a qualquer hora me mostrares que fiz a escolha errada, Senhor, eu retrocederei; aceitarei a Tua correção.'

Às vezes nós nos enamoramos tanto de nossas próprias ideias ou do jeito habitual de fazermos as coisas que nos ressentimos profundamente com a mínima sugestão de outro caminho que possa ser melhor ou igualmente aceitável. Digamos que no seu emprego você se esforce muito para preparar um projeto e suas ideias sejam rejeitadas. O indivíduo limitado pelo ego ficará aborrecido com tal tratamento. Mas essa não é a atitude certa. Não seja o tipo de pessoa irracionalmente apegada às próprias ideias, tipo 'a ideia é minha e é melhor usá-la, senão...' Isso se chama cegueira emocional. Apegar-se teimosamente a uma ideia só porque é 'nossa' impede que reconheçamos as oportunidades que surgem para expandir nossa percepção e entendimento. 

Lembro-me das muitas vezes em que Paramahansaji entregava o mesmo projeto a dois ou três diferentes discípulos para que trabalhassem independentemente um do outro. Eu me perguntava por que ele fazia aquilo, uma vez que obviamente ele pretendia utilizar-se do produto final de apenas um discípulo. Mas gradualmente passei a perceber o seu propósito duplo: fazer os discípulos pensar e usar a mente de modo criativo para desenvolver projetos; e assim ele também os treinava a se desapegar daquilo que realizavam. 

O que quer seja, faça-o com entusiasmo, com alegria - mas pense assim: 'Eu fiz para Ti, meu Deus. Entrego os frutos deste trabalho a Ti.' No começo, no meio e no fim do trabalho, entregue mentalmente os seus esforços; ofereça suas ações aos pés de Deus. É assim que vencemos o ego e desenvolvemos receptividade à orientação e à vontade divina. Sem isso somos continuamente desviados por sutis mas persuasivas compulsões egocêntricas, que aparentemente são 'sábias' porque estão em concordância com tendências e desejos muito arraigados."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 21/23)