OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 15 de setembro de 2020

AMOR E BONDADE: DESCERRANDO O MANANCIAL

AMOR OU BONDADE? | Deus ainda fala!"Quando acreditamos que não existe em nós amor suficiente, há um método para descobri-lo e invocá-lo. Recue na mente e recrie, quase visualize, um amor que alguém lhe deu e que realmente o tocou, talvez na infância. Tradicionalmente, você é ensinado a pensar em sua mãe e na devoção que ela tem por você por toda a vida, mas se isso lhe parece problemático pense na sua avó, no seu avô ou ainda em alguém que tenha sido profundamente bondoso e dedicado a você em sua vida. Lembre-se de um instante particular em que você foi amado e sentiu esse amor vividamente.

Deixe agora que aquela sensação surja outra vez em seu coração, infundindo gratidão em você. À medida que faz isso, seu amor irá naturalmente para a pessoa evocada. Verá então que, embora nem sempre sinta que foi suficientemente amado, você o foi de fato. Saber disso fará com que de novo se sinta digno do amor e realmente amado, como aquela pessoa o fez sentir-se.

Permita que seu coração se abra agora, e deixe que dele flua o amor; estenda-o então a todos os seres vivos. Comece pelos que lhe estão mais próximos, e depois leve-o aos amigos e conhecidos, aos vizinhos, a estranhos, àqueles de quem não gosta ou com quem tem dificuldades, mesmo os que considera seus 'inimigos', e finalmente estenda-o a todo o universo. Deixe que esse amor se torne cada vez mais sem fronteiras. A equanimidade é, juntamente com o amor, a compaixão e a alegria, um dos quatro aspectos essenciais daquilo que, segundo os ensinamentos, constitui a aspiração da compaixão na sua totalidade. A visão todo abrangente e sem preconceito da equanimidade é o ponto de partida e o fundamento do caminho da compaixão.

Você verá que essa prática descerra uma fonte de amor e essa revelação da bondade amorosa em você inspirará o nascimento da compaixão. Como disse Maitreya num dos seus ensinamentos a Asanga: 'A água da compaixão flui pelo canal da bondade amorosa'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 251/252)

terça-feira, 30 de agosto de 2016

NOSSA VIDA TERRENA

"Quando, em estado de Egos conscientes, pensamos em nossa vida terrena, na vida que nos parece tão importante quando nos achamos em estado de simples consciência de vigília, essa vida terrena nos parece irreal, quase como um sonho, e certamente sem a importância que geralmente lhe atribuímos. Como Egos, consideramos a vida terrena tal qual uma tarefa que temos de executar, uma lição que deve ser aprendida e que talvez possa ser mais bem expressa como 'autorrealização'. É somente nesses mundos de matéria densa que há resitência e separatividade, necessárias para desenvolver o sentido de individualidade e da consciência do 'eu', que é depois trazida de volta à Unidade superior.

Ao observarmos nossa vida terrena a partir do mundo do Ego, adquirimos maior equanimidade na existência que temos de viver na Terra, pois é uma profunda verdade que nada na vida terrena significa muito e que a maior parte dos eventos carece de importância. Quando uma vez tivermos nos reconhecido na plenitude de nossa glória como Egos, a vida terrena nos parecerá uma atividade subsidiária, à qual temos de lançar um pouco de nossa consciência, um pouco de nossa atenção, da mesma maneira que o estadista atarefado numa magna obra deve conceder uma pequena parte de sua atenção a alguma atividade pessoal secundária em que esteja interessado."

(J.J. Van der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 39)


domingo, 27 de março de 2016

O REMÉDIO E A DIETA

"O egoísmo virá a ser destruído se você constantemente disser a si mesmo: 'Ele; não eu'; 'Ele é a força; eu não sou mais que o instrumento.' Conserve o Nome d'Ele em sua língua. Contemple Sua Glória onde quer que escute ou veja algo belo e magnífico. Na forma de cada um veja o próprio Senhor a mover-se. Acate toda oportunidade de ajudar os outros. Console-os. Encoraje-os ao longo do caminho espiritual. Não fale mal deles, mas neles veja somente o bem. Seja humilde. Não se orgulhe de sua riqueza, de seu status, de sua erudição e de sua casta.

Todos os dezoito puranas¹, compostos por Vyasa, podem ser resumidos em dois preceitos: Faça bem aos outros; e evite causar-lhes mal². Fazer o bem é o remédio, e evitar fazer o mal é a dieta que deve acompanhar o tratamento. Tal é a terapia para a permanente alternância - alegria e tristeza, honra e desonra, prosperidade e adversidade, que duplamente incomoda o homem e o priva da equanimidade."

¹ Purunas - escrituras hindus contendo narrações lendárias da criação, destruição e renovação do universo, explicando a genealogia dos deuses e patriarcas.
² 'Tudo quanto, pois, quereis que os homens façam; assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei, e os profetas' (Mateus 7:12). O termo sânscrito puruna literalmente significa antigo. A antiga Lei e os antigos profetas resumem-se em fazer aos demais aquilo que para nós desejamos, conforme Jesus Cristo ensinou e exemplificou.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1993 - p. 143/144)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A CONTEMPLAÇÃO DA UNIDADE

"O desejo é uma borrasca. A cobiça, um turbilhão. O orgulho, um precipício. O apego, uma avalanche. O egoísmo, um vulcão. Mantenha distante tais coisas, tanto que, quando praticar japa (repetição de um mantra) ou dhyana (meditação), não lhe perturbem a equanimidade.

O atmavichara¹ é o melhor de tudo que se encontra nos Upanishads². Exatamente como o fluxo de um rio é regulado por controles, e as águas são dirigidas para o mar, os Upanishads regulam a restrição aos sentidos, à mente e ao intelecto, e ajudam a atingir o mar e a mergulhar a individualidade no Absoluto. O Upanishads e a Gita são apenas mapas e manuais de instruções. Tenha diante de você a Forma do Senhor, quando, quietamente, sentar-se no lugar de meditação; e tenha também seu Nome (seja qual for) quando na prática de japam (repetição de um mantra). A Forma divina escutará e responderá. (...)

O segredo é que você deve 'estar' como dormindo, quando se achar desperto e imerso dentro de si mesmo - isto é o que você é. Somente o sono está envolto em maya ou ilusão. Desperte deste maya, mas penetre neste sono - tal é o real samadhi³. Japam e dhyanam (respectivamente, repetição do Nome e meditação sobre a Forma) são os meios pelos quais você consegue até mesmo compelir a concretização da Divina Graça na Forma e Nome que você busca. (...)

Voando aqui e acolá, cada vez mais alto, o pássaro, por fim, tem de empoleirar-se numa árvore, para descansar. Acontece o mesmo com o homem mais rico e mais poderoso - ele também anda em busca de repouso (santhi). Carente de santhi (repouso, paz, equanimidade), a vida lhe é um pesadelo. Somente em uma loja podemos adquirir santhi - esta loja é a nossa realidade interna. Os sentidos podem arrastar você à lama, numa submersão cada vez mais profunda na dualidade de alegria e de aflição, e isso significa prolongado descontentamento.

Somente a contemplação da Unidade tem o poder de remover o medo, a rivalidade, a inveja, a ambição, o desejo, ou seja, todos os sentimentos que geram descontentamento ou inviabilizam a paz imperturbável. Todas as outras vias somente podem conduzir ao pseudocontentamento."

¹ Atmavichara - Atma (a Centelha Divina); vichara (busca, inquérito).
² Upanishads - A parte conclusiva dos Vedas; o fundamento do Vedanta.
³ Samadhi - êxtase; iluminação; a comunhão com o Divino.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 138/139)


quinta-feira, 9 de abril de 2015

ISHVARAPRANIDHANA (1ª PARTE)

"Fecundo preceito da moral terapêutica do yoga, ishvarapranidhana, considero o número um em capacidade de dar paz, saúde e equanimidade imediatas. Consiste em entregar-se definitiva e incondicionalmente a Deus. Milhões de pessoas dizem diariamente em oração 'seja feita a vossa vontade' e desses milhões raríssimos entendem e cumprem o que estão dizendo. O importante não é dizer, não é falar. O que realmente vale é viver. É aceitar a sábia vontade de Deus, que é Lei Universal. Não seja você como a imensa maioria que, ao mesmo tempo que diz que fará a viagem ou casará no dia tal, 'se Deus quiser', mentalmente diz 'se Ele não quiser eu me zango e fico decepcionado com Ele'.

Quem se arrependerá de entregar-se todo e entregar tudo ao Onipotente, Onipresente e Onisciente?!

Quase todos cometemos a infantilidade de entristecer-nos com o encontrar fechada a porta que desejávamos aberta. E no entanto, a porta que estava fechada poderia ser a porta de nossa perdição. Quase todos nós somos incapazes de dar 'graças a Deus', com autêntica alegria, por termos perdido o avião. Ao contrário, somos impulsionados a crispar os dedos amaldiçoando o tráfego que nos atrasou a chegada ao aeroporto.

Quem de nós é capaz de receber como graça de Deus a perda de uma propriedade, uma amizade, ou qualquer coisa a que damos muito valor? Sem relutância, no entanto, pagamos um pequena fortuna para o cirurgião amputar-nos uma perna gangrenada.

Deus - diz o verdadeiro cristão (yoguin) - sabe muito mais do que eu aquilo que convém. 'Eu não entendo por que, mas sei que a enchente que me estragou os móveis não é outra coisa que manifestação de Deus.' (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 238/239)


sábado, 7 de março de 2015

CANÇÃO UNIVERSAL

"Cantar a Canção Universal exige muito, o que o ser vulgar não decide nem tem tido força para fazer.

Palavras como equanimidade soam bem, mas nada ou pouco significam para o homem incapaz de reduzir o ritmo com que procura adquirir as coisas do mundo.

Ecumenismo é também muito sonoro. Mas, quais os que realmente transcendem os fossos a separar credos, doutrinas, partidos, times, pigmentação, ideologias, paróquias, cercas, muros...?

Desapego, para você e para mim, para a imensa maioria é árduo, parecendo mesmo impraticável.

Renúncia, quem a ela está disposto?

Devoção a Deus, no serviço a nosso irmão, é outra coisa praticamente estranha, inexistente.

Como estamos desafinados para a Canção Universal."

(Hermógenes – Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 24/25)


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

EQUANIMIDADE

"Thithiksha equanimidade em face dos opostos, suportando serenamente a dualidade. É o privilégio do forte e o tesouro do bravo. Os fracos serão tão agitados como as penas de um pavão; estão sempre inquietos, sem um minuto de estabilidade. Oscilam feito pêndulo, de um lado a outro: numa hora, alegria; no instante próximo, tristeza.

Thithiksha não é a mesma coisa que sahana¹, pois sahana significa suportar, tolerar, aguentar uma coisa somente porque não se tem outro jeito. Se você tem capaciade para vencê-la, mas, ainda assim, nega-lhe atenção, isto sim, é disciplina espiritual. Conviver pacientemente com o mundo externo da dualidade, combinando isso com uma vivência de equanimidade e paz internas, é o caminho da Libertação. Levar tudo com analítica discriminação é o tipo de sahana que conduzirá a bom resultado."

¹ Sahana - fortaleza, paciência.

(Sathya Sai Baba - Palavras de Ouro - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 116)


SEXO E VIDA (PARTE FINAL)

"(...) Para terminar, eu diria que seu bem-estar e saúde psicossomática serão muito beneficiados se, sexualmente, você se comportar com pureza e castidade. Seja casto. Para isso, aprenda a amar integralmente, a partir do plano espiritual. Faça do ato sexual apenas uma parte do amor divinizado e divinizante. Seja natural. Atenda aos impulsos salutares e normais. Evite o artificial, o antinatural. Defenda-se contra a dissipação engendrada pela erotização industrializada de nosso tempo. Não caia na dependência erótica. (...)

Quando você e o ser amado se extasiarem mutuamente num olhar cheio de divina ternura e apenas com isso se sentirem plenamente satisfeitos, não pensem em impotência. Ao contrário, exultem, pois estão alcançando, na vida sexual, um plano inacessível aos animais e aos imaturos.

Sendo você um praticante de yoga, nem de leve receie impotência. A impotência ou frieza pode ter causa anatômica ou fisiológica. Quanto à primeira, às vezes só o trabalho cirúrgico. Quanto à segunda, o yoga resolve, quer se trate de anormalidade funcional, quer seja causada por desnutrição ou envelhecimento endócrino, quer seja de origem psíquica.

A prática do yoga proporciona muita energia sexual, mas, ao mesmo tempo, tranquilizando e reequilibrando a mente, vai corrigindo as causas psíquicas da genitomania.

O yoguim é rico em potencial, mas tem a tranquilidade sóbria de quem é soberano. A soberania nasce da equanimidade."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 236/237)
www.record.com.br


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SAMA BHAVA (PARTE FINAL)

"(...) O caçador de prazeres, de conpensações, de fortuna, de posições, de aplausos, de lucros, de tudo que julga desejável, é em geral um débil, pois, na mesma medida com que se alegra com a conquista daquilo que busca, desespera-se, sente-se desamparado e perdido diante dos menores vetos e negativas que o destino lhe impõe. Quase sempre sente medo de perder o que tem ou o que pensa que é, e adoece de medo diante das ameaças a ele ou a seu patrimônio. Ao primeiro prenúncio de dor de cabeça, se acovarda e, assim, a agrava.

Quem faz da equanimidade sua fortaleza interna é inexpugnável. Não teme perder nem se perturba na ansiedade de conquistar. Equânime não é a pessoa fria, indiferente e inconsequente. Embora se apercebendo da significação de ser favorecido ou desfavorecido, embora participe ativamente dos fatos, consegue um sadio isolamento emocional, colocando-se acima deles. Na estratosfera do espírito reside sua tranquilidade. Tufões e muita chuva só perturbam as camadas inferiores da atmosfera da mente e da matéria.

Aprenda a ser equânime, amigo, e se torne invencível. Para isso, procure fazer uma noção exata do mundo que o cerca. Aprenda a tomar as coisas como vêm. Liberte-se dos óculos escuros do pessimismo e igualmente dos óculos azuis do otimismo. Contemple com isenção os dois polos perenes da realidade. Vício e virtude, bom e mau, bem e mal, fácil e difícil, verso e reverso, junções e separações, queda e ascensão, estão aí e aqui, estiveram e sempre estarão em toda a parte, quer você goste, quer não, quer lucre ou perca, sofra ou goze. Na obra do Absoluto 'tudo é necessário' e em nossa vida 'nada é imprescindível' a não ser o amor de Deus. Aprenda a aceitar com equanimidade o que a vida lhe der. Só assim poderá seguir o que o Epíteto ensinou: 'Não faça sua felicidade depender daquilo que não depende de você.'

Quando a ansiedade lhe impedir o sono ou estiver querendo impacientar-se na fila de atendimento; quando o patrão disser que não lhe vai conceder o aumento ou a chuva estragar seu domingo na praia; quando sua úlcera começar a dar sinais. quando sentir ímpetos de desespero, de desânimo ou outra emoção perniciosa, diga a si mesmo: 'Devo aproveitar esta oportundade que a vida me apresenta e aprender a ser equânime. Vou fazer tapas, isto é, austeridade; vou aceitar sem reclamar, sem me sentir vítima da má sorte; vou colocar-me acima das circunstâncias. Não vou perder a paz de Deus dentro de mim por causa desse aborrecimento temporário.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 210/213)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

SAMA BHAVA (1ª PARTE)

"Alguém que diga que não pode passar sem isso e que tem horror àquilo é um joguete das circunstâncias. Quando possui ou desfruta as coisas que 'adora', está feliz. Quando lhe faltam, fica triste e ansioso. Quando consegue estar distante e protegido contra aquelas coisas que 'detesta', se sente bem. Quando não, adoece. Uma pessoa assim, só conquistará sua mente e se sentirá realizado, quando desenvolver sama bhava (bhava, atitude psíquica; sama, igual). Só assim conhecerá satisfação, contentamento, equilíbiro e equidistância dos opostos da existência. É condição de maturidade. e, reciprocamente, gera maturidade. À medida que, por outros meios, a mente vai sendo conquistada, o homem vai deixando de ser um vinculado e um frágil, vai atingindo sama bhava ou equanimidade; vai triunfando sobre a dança das circunstâncias externas e ficando invulnerável, imperturbável, independente, incondicionado aos acontecimentos que lhe escapam ao controle.

O homem vulgar em sua imaturidade adoece dos nervos, porque é extremado tanto no sofrimento como no gozo. Quando as coisas são favoráveis, o sol brilha, o mundo sorri, os amigos o estimam, há aplausos, lucros, saúde, tudo vai de 'vento à feição', ele exulta, goza, festeja, dança, ri e chega até a ficar generoso e confiante.

Quando, no entanto, sobrevém o desfavor da sorte, quando há chuva miúda ou cerração escondendo o sol, se os amigos se afastam ou falham, quando recebe críticas e censuras e sabe de calúnias, se o filho vai mal na escola ou o movimento da bolsa é ruim, entrega-se ou ao abatimento ou à revolta; o desalento então cava-lhe rugas na testa e 'brechas na alma'. A personalidade imatura não  conhece meio-termo entre gargalhadas e lágrimas, desvarios de prazer e gemidos de dor, satisfações de orgasmo e pranto de desespero. Pessoas assim, levadas ao sabor das tempestades emocionais, precisam aprender a equanimidade dos sábios, que não se perturbam quando o destino lhes tira dos lábios a taça de mel e, em troca, dá uma de fel. O sábio sabe que na vida há noites frias e quentes, dias trágicos e venturosos, sins e nãos, saciedades e fomes, berços e esquifes, vitórias e derrotas, lucros e perdas, portas que fecham e portas que se abrem. O sábio não se deixa perturbar nem pelo dulçor nem pelo amargor dos frutos que lhe são dados. Não chora demais nem ri sem medidas. É sereno. É equânime. É igual. É invulnerável aos opostos. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 210/211)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Uma das principais vias do yoga ou união é o desidentificar-se com o mundo de Deus para identificar-se com Deus do mundo. Esse caminhar é libertação pelos resultados e iluminação quanto ao processo psicológico.

À medida que avança nessa desidentificação, o homem vai se tornando cada vez mais invulnerável aos acontecimentos, às coisas, aos fatos e às pessoas.

Um imaturo vai ao cinema e goza e sofre, respectivamente, com as vitórias e derrotas do herói ao qual se identifica. Seus nervos, glândulas e vísceras são sacudidos pelos acontecimentos do mundo mítico criado pela fita. Uma pessoa de espírito crítico e amadurecido, conhecedora da técnica e arte cinematográficas, sabe 'dar o desconto', e assiste ao filme, dizendo para si mesmo: 'não é comigo'; 'eu não sou aquele personagem'; 'tudo isso é ilusão'.

O mundo que nos rodeia só é realidade na medida em que nos identificamos com ele, pois nos impõe dor ou prazer, pesar ou alegria, confiança ou medo... Desde que conheçamos o que é realmente o mundo, começaremos a sentir a equanimidade do espectador de mentalidade evoluída, sem sofrer nem gozar, sem tentar fugir ou buscar, sem medo, sem ódio e sem tédio."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 159/160)

sábado, 20 de julho de 2013

SEJA IMPARCIAL

"Não se preocupe como as pessoas o tratam; preocupe-se apenas como você se comporta. Esse ideal foi ensinado por Jesus, por Paramahansa Yogananda e por todos os grandes mestres. Existe uma forma correta de reagir a cada situação na vida, em relação às pessoas que nos amam e às que não nos amam; e Senhor Krishna quis dizer isso quando louvou a equanimidade como uma virtude essencial. "Ó Arjuna, aquele a quem esses (contatos dos sentidos com seus objetos) não podem agitar, que é tranquilo e imparcial na dor e no prazer, somente ele está apto para alcançar a perenidade!" Ele não disse: "Seja tranquilo quando as pessoas são gentis e amáveis com você". Isso é fácil de fazer. Ele ensinou que precisamos manifestar equanimidade em todas as circunstâncias. Quando você pratica isso, vê que surgem resultados positivos. 

Gurudeva era como um espelho cristalino, sem mácula. Toda pessoa que ficasse diante desse espelho via a si mesmo exatamente como era, sem qualquer distorção ou racionalização; ela via seu pequeno eu ego em detalhes devastadores. Paramahansaji conhecia as fraquezas de cada um de nós. E não fugia do seu dever de nos treinar! Não que gostasse dessa responsabilidade - lembro-me de um dia ele me dizer: "Eu não gosto de disciplinar. Em minha próxima vida, não vou disciplinar ninguém. Entretanto, o dever do guru é encontrar os defeitos na natureza das pessoas que buscam sua ajuda espiritual e, com o bisturi de sua sabedoria intuitiva, lancetar os furúnculos psicológicos para que elas possam se curar."

É assim que a autodisciplina também funciona. Ela nos ensina a usar o discernimento, que é simplesmente a habilidade de fazer o que devemos fazer, no momento em que devemos fazê-lo. Entretanto, a menos e até que saibamos quais são nossas fraquezas, não podemos mudá-las. Mesmo quando conhecemos nossas fraquezas, muitas vezes falta-nos o desejo suficientemente forte para superá-las. Quando, porém, nosso desejo de melhorar a nós mesmos for sincero, seremos conduzidos a alguém, um amigo divino tal como nosso Guru, que poderá apontar nossas falhas e nos ajudar a corrigi-las. Os resultados de nossas associações diárias com outras pessoas também podem ser esclarecedores para deslindar nossos pontos fracos. Você reconhecerá muitos de seus traços indesejáveis se analisar sua reação diante de outras pessoas e do comportamento delas.

Cada ser humano atraiu para si toda particularidade de seu ambiente, incluindo as pessoas a seu redor. As experiências resultantes são essenciais para seu crescimento espiritual. O devoto pode reagir positivamente e beneficiar-se de seu ambiente, ou pode reagir negativamente e ser arruinado por ele. Sempre temos essa escolha, porque possuímos livre-arbítrio. Porém, em última análise, Deus colocou cada um de nós onde estamos, por meio da operação de Suas leis cósmicas, em resposta a nossas próprias ações."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p.63/65


terça-feira, 9 de julho de 2013

SER EQUÂNIME EM TODOS OS MOMENTOS

"(...) qual a melhor forma de lidarmos com as adversidades e insultos do mundo? Respondo que somente por meio da autêntica equanimidade. Para melhor expressar o significado dessa palavra, nada melhor que uma história. (...)
- Pois bem... Em certa cidade no sul da Índia, vivia um santo muito piedoso com seu único discípulo. Esse discípulo fiel e prestativo costumava servir ao Mestre em tudo. Realizava qualquer tarefa sem questionar a sabedoria de seu Guru. Aliás, esse é o verdadeiro procedimento do homem que deseja realizar-se em Deus. Ouvir as palavras do Mestre e segui-las com perfeita confiança segurando firmemente em sua destra é a atitude do discípulo ideal, assim como o fez Milarepa.
- Esse Mestre a que me refiro e seu único e fiel discípulo levavam uma vida simples, em singela completude. Certo dia, enquanto passeava livremente pela cidade, o chela sofreu um grave insulto que o deixou profundamente magoado. Chocado com o ultraje, recorreu ao Mestre pedindo orientações sobre como deveria agir em tal situação.
- O Mestre o ouviu atentamente, então, pediu ao obediente chela que fosse até o cemitério e, ali, diante dos túmulos, dirigisse todo tipo de elogio. Ao fazer isso, deveria retornar e contar o que observou.
- O obediente discípulo foi ao cemitério sem questionar o estranho pedido do Mestre e fez, no silencioso dormitório dos mortos, todo tipo de elogio aos frios e emudecidos túmulos. Voltando ao Mestre, este lhe perguntou: 
"E, então, o que disseram os mortos?"
"Nada senhor."
"Neste caso, volte lá e faça todo tipo de insulto aos mortos. Lança uma série de impropério sobre eles e, depois, volte aqui e me conte o que aconteceu."
- Cumprindo, mais uma vez, o desejo do Mestre, o fiel discípulo retornou ao cemitério e lançou sobre os túmulos todo tipo de insultos. Ao retornar ao Mestre, este lhe perguntou:
"E, então, o que fizeste?"
"Tal como o senhor me pediu, lancei sobre os mortos todo o tipo de insultos, mas nenhuma resposta obtive."  
- Respondeu o Mestre:
"Da mesma forma como os mortos não se envaidecem com os elogios e não se ofendem com os impropérios, tu, ó, chela, se desejas alcançar a realização interior, deves ser equânime em todos os momentos, seja na alegria, seja na tristeza, diante da glória e da injúria, diante da vida e da morte, da saúde e da doença, da vitória e da derrota.
Que nada neste mundo possa feri-lo, nenhum insulto atirado pela pólvora da ira ou da inveja do homem ignorante. Que nada possa abalar sua postura diante da vida, que ninguém seja capaz de provocar dano em tua conduta.
Teu ser imortal não é o corpo, nem a mente, nem os ossos do corpo, nem o sangue rubro correndo nas veias, nem teus pensamentos ou sentimentos, nem teus estados de ânimo, nem tuas vitórias ou derrotas. Teu ser imortal não pode ser ferido, manchado pelo pecado ou destruído por arma alguma.
Teu ser imortal é o Espírito eterno e onipresente. E, se tua natureza mais íntima é o Espírito, ó Shishya, quem pode ferir-lo? Quem pode insultar-te?"
- Após leve pausa, concluiu o Mestre:
"Aquele que recebe elogio hoje, pode ser insultado amanhã. Portanto, não sejas como a folha solta à mercê dos ventos dos elogios inúteis, bem como dos insultos. 
Elogios não nos garantem o céu. Insultos não nos levam para o inferno. Mas a equanimidade, esta sim, é prova de verdadeira realização espiritual, portanto, permanece na beatífica paz da equanimidade que está muito além das equivocadas opiniões alheias. Ainda que o mundo inteiro esteja contra ti, se Deus e o teu Guru estiverem ao teu lado, és o ser mais feliz deste mundo. 
Tudo é transitório e ilusório, portanto, ancora teu ser na imortalidade, a única que não fenece. (...)"

(Alexandre Campelo - O Encantador de Pessoas - Chiado Editora - p. 339/341)


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A EXPRESSÃO DO ABSOLUTO


"Aquela jovem, linhas bonitas e sorrisos fáceis, vida-promessa, é uma expressão do Absoluto.

Este velho, pobre resto de vida, escombro de gente, em sua miséria fétida, com sua feiura e dor, também é expressão do Absoluto.

Os iludidos limitam o Infinito, e acham que está em alguns, noutros não; que está em certos lugares e não noutros.

Os iludidos não conhecem o milagre da equanimidade.

Os “que têm olhos de ver” veem o Invisível sob todas as aparências, sejam atraentes, sejam repelentes. É por isso que as perdas não os deprimem nem os lucros os corrompem."

(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 107)


domingo, 24 de fevereiro de 2013

TITIKSHA: A ARTE DA RESISTÊNCIA MENTAL

"Nenhuma sensação ou tortura mental poderá afetar você se sua mente se dissociar de se ancorar na paz e na alegria de Deus.

A capacidade de suportar tudo com equanimidade se denomina titiksha em sânscrito. Tenho praticado essa neutralidade mental. Já meditei uma noite inteira no meio da água gelada, no mais frio dos invernos. E também meditei da manhã à noite, sentado nas areias escaldantes da Índia. Com isso, adquiri grande força mental. Quando você pratica esse tipo de autodisciplina, a mente fica imune a qualquer circunstância perturbadora. Se você acha que não vai conseguir fazer alguma coisa é porque sua mente está escravizada. Liberte-se.

Não estou dizendo que você deve ser imprudente. Procure colocar-se, pouco a pouco, acima das perturbações. Resistência é o que você precisa ter. Seja qual for o problema, faça o supremo esforço de remediá-lo sem preocupação; e enquanto não for resolvido, pratique titiksha. Não é isso uma sabedoria prática? Se você é jovem e forte, à medida que fortalecer a mente e a vontade poderá praticar métodos mais rigorosos de autodisciplina, como eu fiz. 

Se você pensar que o inverno está chegando e que provavelmente ficará resfriado, não está desenvolvendo força mental, mas sim se comprometendo com certa debilidade. Quando achar que pode pegar um resfriado, resista mentalmente: "Vá embora! Estou seguindo precauções sensatas; não permitirei que a preocupação abra caminho para a doença por ter enfraquecido minha mente." Esta é a atitude mental correta. Do fundo do coração, sinceramente, faça sempre o melhor possível, mas sem ansiedade. A preocupação só serve para paralisar seus esforços. Se fizer o melhor, Deus estenderá a mão para ajudá-lo. (...)

Lembre-se de que a mente não pode sofrer nenhuma dor, a menos que aceite a sugestão de dor. A mente não pode sofrer pobreza nem qualquer outra coisa, a menos que aceita o dissabor da condição. Jesus foi tratado duramente - a vida dele foi cheia de problemas, obstáculos e incertezas - mas ele não se preocupou. Lembre-se você também é filho de Deus. Pode ser abandonado por todos, mas não será abandonado por Deus, porque Ele o ama. Não se preocupe nunca, pois Deus o fez à Sua imagem invencível.

Perceba que a presença infinita do Pai Celestial está sempre dentro de você. Diga a Ele: "Na vida e na morte, na saúde e na doença, não me preocupo, ó Senhor, pois sou Teu filho para todo o sempre." 

(Paramahansa Yogananda - Viva sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 36/38)


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O CAMINHO


“Alguns se deleitam nos jardins do caminho.

Outros desistem de andar, batidos e abatidos pelas agruras da estrada.

Enfeitiçados pelo agradável ou amedrontados pelos fantasmas do dissabor, quase todos ficam por aí, presos pelos aparentes.

Aos que gozam, a sugestão – prossigam.

Aos que sofrem, o conselho – continuem andando.

Persistência e equanimidade é que desvelam o Real.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p. 211/212)


terça-feira, 20 de novembro de 2012

APARÊNCIA


“O mundo que nos rodeia só é realidade na medida em que nos identificamos com ele, pois é ele que nos impinge dor ou prazer, alegria ou pesar, doçura ou amor, segurança ou medo, euforia ou tédio.


Desde que vamos podendo desmascarar as ilusões, vamos chegando à equanimidade do espectador amadurecido, que vê a novela, mas não se deixa por ela afetar.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 101/102)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

EQUANIMIDADE




“A prova da sabedoria de uma pessoa é sua equanimidade. As pedrinhas que são jogadas no lago da consciência não devem fazer com que todo o lago entre em comoção.”

(Paramahansa Yogananda – Paz Interior - 118)

sábado, 17 de novembro de 2012

CANÇÃO UNIVERSAL


“Cantar a Canção Universal exige muito, o que o ser vulgar não decide nem tem tido força para fazer.

Palavras como equanimidade soam bem, mas nada ou pouco significam para o homem incapaz de reduzir o ritmo com que procura adquirir as coisas do mundo.

Ecumenismo é também muito sonoro. Mas, quais os que realmente transcendem os fossos a separar credos, doutrinas, partidos, times, pigmentação, ideologias, paróquias, cercas, muros...?

Desapego, para você e para mim, para a imensa maioria é árduo, parecendo mesmo impraticável.

Renúncia, quem a ela está disposto?

Devoção a Deus, no serviço a nosso irmão, é outra coisa praticamente estranha, inexistente.

Como estamos desafinados para a Canção Universal.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 24/25)