OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 25 de outubro de 2022

FRUTOS DA AÇÃO

"2:47  O agir (nesta esfera de vibração) é um dever, mas que o teu ego não cobice os frutos da ação. Não te apegues nem à ação nem à inação.

"Sejamos como uma cotovia divina, que canta por prazer sem tentar impressionar nem obter coisa alguma de ninguém. Os que agem movidos pelo ego são enredados na teia de maya. O universo passou a existir graças ao poder da Vibração Cósmica, o grande som de AUM. Enquanto a pessoa vive na esfera da manifestação e não se abisma no Espirito, acha impossível não agir de alguma maneira. O importante é agir corretamente.

Para atingir a consciência divina, é necessário desapegar-se da ideia do 'eu' e do 'meu'. A consciência infinita parece finita no ego, como no átomo. Mas isso não passa de aparência. O átomo não pode impedir-se de girar em sua realidade minúscula, mas o ego, por ser consciente, pode aspirar a livrar-se da manifestação vibratória. Como escreveu Patanjali, 'Yogas chitta vritti nirodha' ('O Yoga é a neutralização dos redemoinhos de paixão na consciência'). O dever espiritual de todo ego é interromper o movimento que gera libertando-se de pensamentos 'redemoinhantes' como 'O que quer que eu faça, faço-o em beneficio próprio!' Ser escravo da ilusão nada mais é que referir constantemente aquilo que se faz (ou pensa, ou goza, ou sofre) ao próprio eu. Não só a ação, mas também todos os prazeres do mundo e os padecimentos, são contaminados pela ideia: 'Sou eu quem faz, sou eu quem goza, sou eu quem sofre.' E depois pela pergunta indignada: 'Mas por que sou eu o sofredor?'

A solução não é impedir-se de agir. Algumas pessoas - eremitas, por exemplo - pensam evoluir espiritualmente sem nada fazer. Essa ideia é outra ilusão. Se temos de respirar, pensar e andar, como haveremos de ficar realmente inativos? O yogue que se senta imóvel e com o fôlego contido em samadhi já é outra coisa. Para ir além da ação, precisamos mesclar nossa consciência ao Som Cósmico de AUM, permitindo-lhe agir em nós e a volta de nós até nos confundirmos com essa vibração infinita e depois, ultrapassando-a, nos diluirmos na serena consciência do Espirito Supremo. Mas, na medida em que formos conscientes de nosso corpo, apenas nos ludibriaremos caso tentemos alcançar o estado de inação sem agir. Seremos apenas preguiçosos embotados!

Para chegar a Deus, é necessário primeiro agir sem motivos egoístas: por Deus, não por recompensa pessoal. Com efeito, cumpre estarmos sempre ativos a serviço de Deus para desenvolver essa percepção aguçada que, só ela, nos alça à supraconsciência. Os ociosos não encontrarão Deus!

No entanto, em tudo o que fizermos, convém ter em mente que Deus atua por nosso intermédio. Lave o corpo, alimente-o, dê-lhe descanso - faça o que for preciso para mantê-lo saudável e cheio de energia -, mas pense sempre: 'É a Deus que estou servindo por meio desse instrumento físico.' Até o gozo de um prato saboroso, de uma bela paisagem e das outras boas coisas da vida tem de ser ofertado a Deus. Partilhe esses momentos com Deus em vez de privar-se deles. O que se deve pôr de lado são os pensamentos 'Estou fazendo', 'Estou desfrutando'" e mesmo 'Sou eu quem sofre'.

Também na meditação é importante não levar em conta resultados. A fim de eliminar a tensão e o esforço que sobrevém quando tentamos nos concentrar, eliminemos antes o pensamento 'Estou meditando'. Pensemos, de preferência: 'A Vibração Cósmica está reafirmando, através de mim, sua realidade. Através de mim, o amor cósmico anseia pelo amor de Deus. Através de mim a alegria cósmica se rejubila em nosso Infinito Bem-amado'".

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 113/114)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 28 de julho de 2022

O QUE É O EU INFERIOR

"O eu inferior é o centro criador de nossas atitudes e sentimentos negativos, que se voltam contra nós mesmos e contra os outros, e que decorrem de nossa separação egocêntrica em relação à totalidade da vida. É a nossa defesa contra a dor, a nossa insensibilidade ao sentimento, o nosso desligamento de nós e dos outros. E é o negativismo que manifestamos como resultado dessa insensibilidade. 

Nós projetamos nos outros a imagem do 'inimigo', o que nos permite tratá-los tão mal, forçando-os a desempenhar um papel em nossos melodramas ocultos, em vez de respeitar a integridade que Deus lhe concedeu. O eu inferior deriva da falsa crença de que o nosso corpo/mente separado pode viver uma vida à parte do tecido constituído por todos os outros seres vivos, e do qual somos, na verdade, apenas um fio entrelaçado aos demais. A essência do eu inferior é a intenção negativa de ficar ao largo da totalidade da vida, e depois tornar grandiosa essa separação. 

O eu inferior se manifesta em diferentes níveis de consciência. No nível do ego, temos determinadas falhas crônicas de personalidade - por exemplo, competitividade, tendência à maledicência, tendência à crítica. No nível da criança interior, temos falsos conceitos e negatividade defensiva resultante das mágoas da infância. Ao sondar mais fundo, encontramos inclinações negativas da alma - para a vingança, a amargura ou o desespero, por exemplo - que se manifestam por meio de arraigados problemas da vida. Esses são aspectos do eu inferior que trazemos conosco para a encarnação atual, com a finalidade de purificá-los, Mais fundo ainda, o eu inferior se manifesta com o nosso apego coletivo ao controle e à separação. Em úlima análise, o eu inferior é tudo aquilo que em nós impede o fluxo livre e focalizado da energia divina - do amor e da verdade - através do nosso ser. 

Todo ser humano que vive na dualidade do plano terrestre resiste, em alguma medida, à entrega total a Deus. Resistimos à identificação plena com a nossa essência divina, com o fluxo de energia divina que é a nossa verdadeira natureza. A escolha da identificação com a resistência e com o ego separado cria a nossa capacidade para o mal." 

(Susan Thesenga - O Eu Sem Defesas - Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2015 - p. 143)
Imagem: Pinterest. 


terça-feira, 5 de abril de 2022

O FIM DA ILUSÃO

"Haverá um caminho para pôr fim às distorções? Uma verdade distorcida é uma falsidade. Estamos completamente enredados em nosso passado ou será possível nos libertarmos dele, o mínimo que seja? Se não fosse possível, seríamos como computadores programados, entidades mecânicas, sem possibilidade de mudança. Mas obviamente os seres humanos mudam, não apenas externamente, com a idade, mas também internamente, porque algumas ilusões ficaram pelo caminho.

Como termina a ilusão? Eu posso, por exemplo, vir de uma família onde os filhos são castigados fisicamente, e crescer com a ideia de que isso é certo. Há muitas ilusões desse tipo, em vários níveis; nós as consideramos verdadeiras e agimos baseados nisso. Existem superstições; é possível nos livrarmos delas com investigação intelectual. Há as ilusões psicológicas - mágoas, inimizades, lisonjas, preconceitos resultantes da dor. Finalmente, há a ilusão de que somos indivíduos separados, como assinalaram tantos sábios. Suas palavras podem não soar verdadeiras para nós, mas é preciso lembrar quantas ilusões consideramos verdadeiras. Algo que achamos tremendamente importante pode não ser. Quando a mente, com todas as ilusões, interpreta as experiências e os fenômenos que observa, o que então assegura que ela veja a verdade e não um preconceito? Como ocorre o crescimento da sabedoria?

Toda vez que a consciência humana tem um insight, por menor que seja, uma parte de suas ilusões desaparece e há uma verdadeira transformação da consciência. Isso pode não ser iluminação, mas é uma real mudança no modo como a consciência responde a fenômenos externos. Se a pessoa, por exemplo, concluiu por si mesmo que comparar-se a outra é uma doença da mente que leva a todo tipo de complicações, já que dá origem ao ciúme, à inveja, sentimentos de superioridade ou inferioridade, à culpa, rivalidade e competição; se ela vê a verdade disso, não de maneira lógica ou intelectual, mas efetivamente, através de sua própria percepção, a comparação cessa. Então ocorre uma verdadeira transformação. Se a pessoa deixa de se comparar ao vizinho que tem um carro novo, então pode continuar feliz andando de bicicleta. Ela se liberta de uma ilusão e do correspondente desperdício de energia. Todos nós temos essa possibilidade de insight profundo, quando a percepção da verdade age sobre a consciência. 

Para compreender o significado do caminho, deve-se entender como essa aprendizagem ocorre - não apenas a aprendizagem na escola ou através da leitura, que é aumento de conhecimento, mas a aprendizagem que é o discernimento entre o verdadeiro e o falso. Com a percepção da verdade, o falso desaparece sem esforço. Aprendizado, nesse sentido, é a mente religiosa. Se eu não tiver a capacidade de aprender, o caminho oferecerá apenas experiências - de meditação, de yoga, de adoração em um templo, de realizar um ritual. A experiência, por si mesma, não ensina. Se ensinasse, todas as pessoas idosas seriam sábias, mas os idosos podem ser extremamente preconceituosos.

Um dos fatores que bloqueiam o insight ou causam distorção na percepção é o que chamamos de ego. Precisamos entender como ele surge e opera. O ego não está no mundo físico. Também não existe na natureza. As árvores não têm ego: as tempestades sopram, os ciclones chegam, mas não têm motivação para destruir. O ego só é encontrado na consciência humana. Isso significa que criamos com ele o que obtivemos através da evolução, ou seja, a capacidade de pensar, lembrar e imaginar. É preciso descobrir se aprendi a usar essa capacidade corretamente ou se estou bloqueando o meu próprio aprendizado. O 'eu' pode ser o maior bloqueio à percepção da verdade.  

 O ego não é algo distante; todos nós o conhecemos e percebemos. Quando dizemos às crianças que é importante jogar um jogo sem dar tanta importância a ganhar ou perder, estamos pedindo que não joguem de maneira egoísta. O Bhagavad Gita fala sobre agir sem preocupação com recompensa ou resultado. Nossa preocupação deve ser com a própria ação. Se isso é possível num jogo, porque não na vida diária?"

(P. Krishna - Um caminho para a verdade - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 22/23)
Imagem: Pinterest. 


terça-feira, 30 de novembro de 2021

O MEDO DA ENTREGA (PARTE FINAL)

"Ao contrário do devoto, o ser humano comum cria inúmeras imagens fantasiosas de Deus. Deus está além de todos os nossos modelos, imagens e imaginação. Ele é referido pelos cabalistas e discípulos Iniciados como O INCOGNOSCÍVEL, A FONTE, O TODO, O UNO. Assim, para chegar mais perto de Deus, é preciso abandonar todas as nossas fantasias e representações sobre a Divindade. A imagem que temos do Pai Celestial geralmente corresponde à projeção que fazemos de nosso pai terreno. Aqueles que tiveram um pai presente, amoroso e compreensivo, projetam essa imagem num Deus amoroso. Porém, muitas pessoas tiveram um pai disciplinador, sem sempre presente e, por isso, propenso a mentir, fazer barganhas e manipulações para conseguir ser aceito e obedecido.   

Aqueles que têm uma imagem de Deus, como sendo um pai amoroso estão mais propensos a se entregar a Deus. Porém, aqueles que têm uma imagem de Deus como disciplinador, sujeito a acessos de ira e propensos a fazer barganhas, terão medo de Deus. Consequentemente terão dificuldade para realmente se entregar a Deus. Portanto, a mudança em nossa crença de um Deus de medo para um Deus de amor é um dos requisitos essenciais para a vida espiritual, em geral, e para a entrega, em particular. 

Infelizmente, grande parte dos cristãos, sejam eles católicos ou evangélicos, é condicionada a crer em um Deus do medo. As pregações nessas igrejas enfatizam reiteradamente que todo pecador será castigado no inferno por toda a eternidade. Não é de se estranhar que os fiéis e crentes desenvolvam um 'temor' a Deus em vez de um 'amor' a Deus. A entrega a Deus, nesse caso, passa a ser um ato temerário.

Assim que entendermos, sem a menor dúvida, que a vontade de Deus, que é Amor e tudo Sabe (porque vive em nós mesmos), é que sejamos verdadeiramente felizes, não vamos sentir mais a necessidade de pedir qualquer outra coisa além de que Sua vontade seja feita. Nesse caso, ao pedir que seja feita a Vontade de Deus, instruímos nossas mentes a focar na beleza da vida, a ver todas as razões que temos para celebrar e repousar na certeza de que estamos protegidos e no caminho certo, em vez de lamentar.

Mas, ainda assim, o poder do ego é tão forte que temos receio de deixar tudo inteiramente nas mãos de Deus porque não temos certeza se Ele vai cuidar de todos nossos interesses e projetos. Essa atitude demonstra que nossos principais interesses ainda estão neste mundo. Como dizia o Mestre: 'Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração'. Nesse caso, a pessoa que ainda não está pronta para dar o grande passo da entrega, pois não confia em Deus."

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 114/115)


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O MEDO DA ENTREGA (1ª PARTE)

"Além da insegurança criada pelo ego, outra importante razão para não nos entregarmos a Deus é o temor doentio de que talvez Deus não saiba realmente o que precisamos para ser feliz. Esse temor é um corolário de nosso apego à vida deste mundo, na forma de uma racionalização para justificar nossa insistência em fazer o que nossa personalidade quer. Temos uma série de desejos e anseios, na maior parte fantasias de gratificação dos sentidos e também de nos tornarmos importantes e poderosos, incitando a admiração e respeito das pessoas (o sonho do ego). Portanto, ainda estamos presos a este mundo. Por essa razão, nossa mente nos diz (corretamente) que uma possível entrega a Deus nos levará pra longe dos devaneios do ego.

O que significa na prática, nos entregarmos à vontade de Deus? Talvez seja mais proveitoso começarmos perguntando quem se entrega a quem? Essa questão vem recebendo a atenção dos sábios da humanidade desde tempos imemoriais: quem sou eu? Vivemos numa identificação errônea com o corpo e o ego. Num sentido prático, somos dois seres em um: por um lado nosso Ser verdadeiro e eterno, que é divino, é Cristo em nós e, por outro, o nosso ser impermanente e ilusório que é o ego que se identifica com o corpo. Falando sobre a natureza humana, Paulo afirmou em coríntios: Se há um corpo psíquico, há também um corpo espiritual'. Paulo também disse: 'Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?' Por muitos milhares, na verdade, milhões de anos nos identificamos com aquele ser que percebemos com nossos sentidos, o corpo governado pelo ego. 

O processo de entrega é a renúncia a este mundo, em que vivemos para a gratificação dos sentidos e do ego, para nos identificar com o Cristo interior e viver de acordo com a Vontade do Pai Celestial. Mas, qual é a vontade de Deus para conosco? Como somente os verdadeiros devotos têm total certeza sobre a beneficência da vontade de Deus para conosco, temos a tendência a criar fantasias sobre o que pode ser a vontade de Deus dependendo da imagem que temos Dele. 

Nesse ponto, será útil uma definição. Usamos várias vezes o termo 'devoto'. O que significa ser um devoto? É ser inteiramente devotado ou dedicado a um projeto, a uma causa, a uma missão ou a uma figura religiosa. Ele pode ser um místico, um herói nacional, um grande empresário, um verdadeiro artista ou um atleta olímpico. Eles sacrificam tudo por seu ideal. Num sentido, eles são verdadeiros obcecados. Para termos uma ideia da extensão desta 'devoção', o grande campeão de natação, Michael Phelps,  queimava 12.000 kcal/dia²⁹ em seus exercícios, só tirava um dia de folga por ano e treinava cerca de cinco horas por dia na piscina, além dos exercícios de musculação e o estudo dos mínimos detalhes de seu desempenho em vídeos. Portanto, os devotos vivem de acordo com as duas máximas ensinadas por Jesus: 'Ninguém pode servir a dois senhores' e 'Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração'.

A questão da dedicação na vida espiritual é tão importante que um Mestre instruindo um aspirante ao discipulado afirmou:

'Como você sabe, existem certas palavras em nosso vocabulário mais oculto que têm graus de significado em geral de acordo com a pessoa que usa essas palavras e, mais especificamente, a quem são aplicadas. A palavra 'dedicado' é um exemplo. Em seu significado pleno, para todos nós, ser dedicado a um ideal, a realização de uma meta e a seguir um modo de vida apropriado, significa aceitação total e exclusiva do objetivo e de trabalhar e viver para ele; nada mais tem realmente qualquer importância, em comparação. Caso um assunto associado esteja envolvido, então seu significado e o fato de ser desejável ou não seriam imediatamente julgados de acordo com o ideal e, reitero, exclusivamente. Tal, no significado mais elevado da palavra, é dedicação. Porém, as pessoas podem ser dedicadas em vários graus, não é verdade? Ou, o cumprimento que dão ao ideal pode ser somente parcial, hesitante ou algo nesse sentido. Elas também podem ser consideradas como, num sentido menor da palavra, dedicadas e assim respeitadas  por fazerem o melhor que podem, considerando sua evolução, posição espiritual, karma e outros interesses.'³⁰" ...continua

²⁹ Kcal/d é abreviação para quilocaloria por dia. Caloria é uma unidade de medição de energia. A caloria é geralmente usada para definir o valor energético dos alimentos. Os cientistas sugerem que a necessidade energética do ser humano depende do sexo, altura e intensidade de atividade. Por exemplo, um homem com 1,80m, pouco ativo, precisa de 2350 kcal/d, se for ativo de 2900 kcal/d e muito ativo de 3500 kcal/d. 
³⁰ Luz do Santuário - O diário Oculto, op. cit., p. 346.

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 111/113)


terça-feira, 23 de novembro de 2021

A ENTREGA A DEUS (PARTE FINAL)

"(...) As tentativas de encontrar um meio termo entre esses dois mundos não dão certo. Apesar do alerta de Jesus, os seres humanos insistem em tentar servir a Deus e aos interesses materiais ao mesmo tempo (referidos nos Evangelhos como Mamon, ou o dinheiro). A razão para isso é a infantil crendice das pessoas nas promessas do ego. No entanto, verificamos, ao custo de muita dor, que não se pode confiar nas promessas do nosso inimigo sedutor, tais como: 'a vida é curta, vamos aproveitar as boas coisas da vida enquanto somos jovens e deixar a vida espiritual para quando ficarmos velhos'; 'essa coisa de ética é uma bobagem - vou aproveitar agora que ninguém está vendo e, além do mais, o que eu quero não faz mal a ninguém'; e muitas outras propagandas enganosas do nosso inimigo interior.

Uma escolha clara e firme tem que ser feita por quem almeja progredir na senda. O progresso acelerado só ocorre quando voltarmos as costas para o mundo. O ensinamento de Jesus ainda reverbera depois de dois milênios:

'Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. E poucos são os que o encontram'.

Apesar de saber que precisamos viver no mundo material, ainda é válido o alerta de Paulo de que 'devemos estar no mundo sem ser do mundo.' Como é possível viver no mundo sem estarmos envolvidos nos valores e nos costumes deste mundo? Os místicos descobriram como resolver esse aparente impasse: entregando-se a Deus. Jesus já havia ensinado essa solução na parte mais espiritual da oração que ele mesmo nos ensinou: 'Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU'. No céu, ou seja, na consciência da unidade que reina nos planos superiores, a Vontade de Deus ocorre naturalmente como se fosse o alento eterno dos Logos. Mas na Terra, tudo deve ser feito de acordo com as decisões do ser humano, em virtude do seu livre-arbítrio: ele decide e colhe as consequência de suas escolhas. 

Jesus deu seu próprio exemplo no Getsêmani, quando ciente do sofrimento que o aguardava, mas movido pelo senso do dever, disse: 'Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres'.

Por que os 'buscadores espirituais' não seguem esta recomendação e insistem em fazer as coisas pela metade? Existem várias razões  para isso. A primeira é o poder limitante de nossos condicionamentos. Ao longo da vida desenvolvemos uma série de crenças que passam a agir em nós como um programa de computador. Elas tornam-se comandos automáticos e inconscientes para nossa mente. Passamos a agir como se nossa vida estivesse programada e depois, quando as coisas não dão certo, racionalizamos que aquilo realmente tinha que ser feito. Nosso desafio é quebrar esses condicionamentos negativos.

A tradição hinduísta dá grande importância à entrega a Deus . Nos Yoga-Sütras, um dos deveres ou observância (miyama) é referido como entrega a Deus (Ishvara-pranidhãna) ou, como preferem alguns autores, como Aspiração ao Alto, ou seja, a constante orientação para a meta escolhida."

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 101/103)


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A ENTREGA A DEUS (1ª PARTE)

"A pessoa madura é consciente de que deve assumir a responsabilidade por construir a sua vida, sem sonhar e esperar que seus problemas sejam resolvidos por uma fonte externa. No entanto, um dos pilares da vida espiritual é a entrega a Deus. Será que estamos diante de mais um paradoxo da vida oculta? Esse não é o caso. As duas proposições são verdadeiras concomitantemente, pois Deus não é uma fonte externa, mas sim o âmago de nossa natureza interior. Na verdade somos uma expressão de Cristo, somos o Filho de Deus, mas a maior parte da humanidade ainda não tem consciência desta verdade profunda e eterna. 

Nosso progresso na Senda espiritual torna-se acelerado quando fazemos uma sincera entrega a Deus ou, como alguns estudiosos preferem dizer, uma entrega à nossa natureza divina. Com isso transferimos o centro de decisões de nossa vida, do ego, com suas limitações de todos os tipos, para nossa natureza superior, com seu amor, sabedoria e total comprometimento com nossa felicidade última. Com isso estaremos desativando o atual agente controlador de nossa vida, que não busca o nosso verdadeiro interesse, e entregando o controle para nosso Pai/Mãe Celestial, cujo propósito é a nossa libertação do sofrimento e Iluminação, ou seja, o nosso 'passaporte' para que, como filhos pródigos que somos, possamos retornar par a Casa do Pai.

Quando realmente nos entregamos a Deus sentimos que não estamos mais sozinhos. Passamos a ter acesso a toda a sabedoria e poder que SERÃO NECESSÁRIOS para superarmos as dificuldades e os desafios que todo aspirante enfrenta no caminho que leva à Verdade que nos liberta. Vista sob outro ângulo, a entrega a Deus acelera nosso progresso na Senda, justamente porque o objetivo da vida espiritual é alcançar a consciência da unidade com Deus. 

Sabemos, por experiência própria, que tudo conspira contra as mudanças necessárias na vida espiritual. As tentações vivem nos fazendo tropeçar. Os apegos dificultam nosso progresso. O ego usa de mil artimanhas para garantir a manutenção do status-quo, sendo uma das mais importantes, no mundo cristão, a crença errônea de que somos 'vis pecadores'. Essas dificuldades afetam buscadores novatos e avançados indistintamente, como indica a famosa passagem do Apóstolo Paulo:

'Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance; não, porém, o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado (o ego) que habita em mim'.

Esse impasse também foi aludido por Jesus no Sermão da Montanha quando ele declarou: 'Ninguém pode servir a dois Senhores'. Temos que decidir se queremos tomar o caminho que nos levará às alturas espirituais ou permanecer nos vales sombrios deste mundo de ilusões, sofrendo sob o jugo do ego. Neste caso permaneceremos sujeitos às inesperadas virados do destino com suas amargas surpresas e desilusões. Nossas experiências são equiparadas a sonhos. Esses sonhos são de nossa criação. Como eles são a nossa percepção errônea da realidade, podemos mudá-los a qualquer momento. Temos o poder de criar o inferno e o poder de criar o céu. Por que não usar a nossa mente, nossa imaginação, nossas emoções e nossa determinação para criar o céu? Com isso passamos a perceber a paz, o amor e a alegria à nossa volta em tudo e em todos.(...)" ...continua.

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 99/101)


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

QUALIDADES DO DEVOTO QUE CATIVAM A DEUS (CAPÍTULO XII)

"Aquele que está livre de ódio a todas as criaturas, é amigável e benevolente para com todos, é desprovido de possessividade e da consciência do 'eu', é equânime no sofrimento e na alegria, tudo perdoa e está sempre contente, que pratica yoga com regularidade, buscando o tempo todo conhecer o Eu e unir-se ao Espírito por meio da yoga, que é dotado de firme determinação, com a mente e o discernimento entregues a Mim, esse é Meu devoto e Me é querido. 13-14

Aquele que não perturba o mundo e que não pode ser perturbado pelo mundo, que está livre de exultação, ciúme, receio e preocupação, ele também Me é querido. 15 

Aquele que está livre de expectativas mundanas, que é puro de corpo e mente, que está sempre pronto para agir, que permanece sem se tornar preocupado ou ser afligido pelas circunstâncias, que abandonou todos os empreendimentos motivados pelo desejo e originado no ego, esse é Meu devoto e Me é querido. 16

Aquele que não sente regozijo nem aversão em relação ao que é alegre ou triste (nos aspectos fenomênicos da vida), que está livre da mágoa e dos desejos, que expulsou a consciência relativa de bem e mal, e que é atentamente devotado, esse Me é querido. 17

Aquele que é igualmente sereno diante de amigos e adversários, em face da adoração e da ofensa e diante das experiências de calor e frio, prazer e sofrimento; que renunciou ao apego, e considera iguais a censura e o elogio; que é calmo e se contenta com facilidade, não é apegado à vida doméstica e tem disposição tranquila e piedosa, esse Me é querido. 18-19

Mas aqueles que se mantêm, com amor e veneração, nesta religião (dharma) imortal, revelada até aqui, impregnados de devoção, supremamente absortos em Mim, tais devotos Me são extremamente queridos." 20

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 140/141)

  

terça-feira, 13 de julho de 2021

O SERMÃO DA MONTANHA

"Antes de iniciar a sua vida pública, fez Jesus 40 dias de silêncio e meditação no deserto.

E a primeira mensagem que, logo no princípio, dirigiu ao povo é o chamado 'Sermão da Montanha', proferido nas colinas de Kurun Hattin, ao sudoeste do lago Genesaré.

Estas palavras podem ser consideradas como a 'plataforma do Reino de Deus', como diríamos em linguagem política. Representam o programa da mística divina e da ética humana, visando a total autorrealização do homem.

Logo de início, vêm as oito beatitudes, onde o Mestre proclama felizes precisamente aqueles que o mundo considera infelizes: os pobres, os puros, os mansos, os sofredores, os perseguidos, etc. Esta distinção entre felicidade e gozo, entre infelicidade e sofrimento vai através de todo o Evangelho do Cristo, e só pode ser compreendida por aqueles que despertaram para a Realidade do seu Eu espiritual.

O Sermão da Montanha representa o mais violento contraste entre os padrões do homem profano e o ideal do homem iniciado. Para compreender tão excelsa sabedoria deve o homem ultrapassar os ditames do seu intelecto analítico e abrir a alma para uma experiência intuitiva. O homem profano acha absurdo amar os que nos odeiam, fazer bem aos nossos malfeitores, ceder a túnica à quem nos roubou a capa, sofrer mais uma injustiça  em vez de revidar a que já recebeu - e da perspectiva do homem mental tem ele razão. Mas a mensagem do Mestre é um convite para o homem se transmentalizar e entrar numa nova dimensão de consciência, inédita e inaudita, paradozalmente grandiosa.

Não adiana analisar esse documento máximo da experiência crística. Só o compreende quem o viveu e vivenciou.

E, para preludiar o advento do reino de Deus sobre a face da terra, é necessário que cada homem individual realize dentro de si mesmo esse reino; que reserve cada dia, de manhã cedo, meia hora para se interiorizar totalmente no seu Eu Divino, no seu Cristo Interno, pela chamada meditação.

Durante a meditação, o homem se esvazia de todos os conteúdos de seu ego humano sem nada sentir, nada pensar, nada querer, expondo-se incondicionalmente à invasão da plenitude divina. Onde há uma vacuidade acontece uma plenitude. O homem vazio de si é plenificado por Deus.

Mas, não se iluda! Quem vive 24 horas plenificado pelas coisas do ego - ganâncias, egoísmos, luxúrias, divertimentos profanos - não pode esvaizar-se, desegoficar-se, em meia hora de meditação; esse se ilude e mistifica a si mesmo por um misticismo estéril. É indispensável que o homem que queira fazer uma meditação fecunda e eficiente, viva habitualmente desapegado das coisas supérfluas e se sirva somente das coisas necessárias para uma vida decentemente humana. Luxo e luxúria são lixo e tornam impossível uma vida em harmonia com o espírito do Cristo e do Evangelho. 

O homem que queira ser crístico, não apenas cristão, necessita de viver uma vida 100% sincera consigo mesmo, e não seiludir com paliativos e camuflagens que lhe encubram a verdade sobre si mesmo.

Vai, leitor, conhece-te a ti mesmo! Realiza-te a ti mesmo! e serás profundamente feliz."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 13/15)



terça-feira, 4 de maio de 2021

EM SUA VIDA: PARTICIPAÇÃO ÍNTIMA (4ª PARTE)

"(...) Espere até que sua intenção fique clara. Inúmeras pessoas procuram por motivação nos lugares errados. Elas procuram aumentar sua energia e vigor. Querem a mais alta recompensa. Ficam à espera de uma ideia luminosa que lhes revele a próxima grande invenção ou um novo negócio para ganhar dinheiro. A fonte real da motivação não é nada disso. O tipo de motivação que faz ideias embrionárias desabrocharem com energia e paixão vem de uma intenção clara. Saber exatamente o que você quer, com resoluta convicção, é a centelha que gera tudo o mais, inclusive as grandes ideias e as grandes recompensas. Confusão e incerteza dividem o fluxo da vida em canais fracos e separados. Em razão de a intenção clara não poder ser imposta, muita gente nunca encontra uma. Elas se dedicam um pouco a meia dúzia de áreas em suas vidas. No entanto, não existe segredo para se encontrar uma intenção clara; basta, simplesmente, esperar.
Esperar não é um ato passivo, apenas parece passivo. O modo certo de esperar envolve discriminação: você está selecionando em seu íntimo o que parece certo do que não parece. Você permite que fantasias confusas e esquemas idealistas se desenrolem - aquelas fora de propósito se dissolvem a tempo. Você ainda se fixa em uma centelha que se recusa a apagar. Há muito mais em questão - a busca ansiosa, a luta da dúvida interior, a sedução de grandiosas ambições e o desejo de caprichos impossíveis. Ao fim, uma intenção clara surgirá, e uma vez que isso aconteça, as forças invisíveis ancoradas na alma virão em seu auxílio. Para muita gente, esperar por uma intenção clara é tão cansativo que elas só o fazem poucas vezes, geralmente naqueles anos de indefinição, quando o jovem adulto se sente impelido a iniciar uma carreira. Na procura, sentem-se pressionadas e sem um objetivo concreto; ficam paradas, observando enquanto os colegas mais motivados as vão deixando para trás no mercado de trabalho.
Pode-se notar, porém, que os indivíduos que esperaram até que uma clara intenção fosse revelada foram os que tiveram mais sorte. Apesar do estresse, pressão dos colegas e dúvidas, eles tiveram uma força interior para confiar que 'alguma coisa melhor ainda estava para acontecer'. Trata-se de um potencial oculto que precisou ser cuidadosamente extraído da complicada estrutura psíquica. O melhor que você pode fazer é passar por esse processo tantes vezes quanto possível. A névoa que encobre sua alma pode ser densa, mas ela se dissipará, se você quiser, por mais longo que seja o processo.

Compreenda que nada é pessoal - o universo está agindo através de você. Pode parecer estranho ouvir que você não deveria considerar sua vida em caráter pessoal. O que poderia haver de mais pessoal? Ainda assim, o plano do universo é composto inteiramente de forças impessoais, Elas se aplicam igualmente a qualquer objeto, qualquer acontecimento. Elas não são elaboradas contra você ou para você, mais do que é a própria gravidade. Encontrar sua alma é o mesmo que encontrar o eu impessoal, porque a alma tem acesso direto às forças invisíveis que sustentam o cosmos. A inteligência é impessoal, assim como a criatividade e a evolução. Elas são descobertas somente em seu estado de mais profunda consciência. Par que tenho o melhor aproveitamento delas, considere a vida como uma escola, e a consciência como seu currículo.
O ego toma tudo pessoalmente, o que acaba sendo um grande obstáculo; a experiência está acontecendo para 'mim'. O budismo dispende muito tempo tentando dissipar a ideia de que esse 'mim' tenha algum direito a reivindicar a experiência. Em vez disso, dizem os budistas, a experiência se desenrola por si própria, e você, como experimentador, é somente um canal. Dessa forma produzimos formulação do tipo 'o pensamento é o pensamento em si'. Pode ser desconcertante desenredar as complexidades de uma afirmação tão simples como 'ser é' ou 'o dançarino é a dança'. Ainda assim, o ponto essencial é prático: quanto menos você tomar sua vida pessoalmente, maior a facilidade com que ela fluirá através de você. Aguardar com tranquilidade funciona. Aguardar com ansiedade não funciona. Nem tampouco assumindo que cada experiência o eleva ou derruba. O fluxo da vida não seleciona em colunas de mais e menos. Tudo tem seu próprio valor intrínseco, medido em energia, criatividade, inteligência e amor. Para encontrar esses valores, a pessoa deve para de inquirir 'que bem isso pode me fazer?'. Em vez disso, você atesta o que acontece, deslumbrando-se com tudo." ...continua 

(Deepak Chopra - Reinventando o Corpo, Reanimando a Alma - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2010 - p. 250/262)


terça-feira, 27 de abril de 2021

EM SUA VIDA: PARTICIPAÇÃO ÍNTIMA (2ª PARTE)

"(...) Deixe a consciência fazer o trabalho. Pessoas que seguem essa diretriz são altamente subjetivas, mas sua subjetividade não é voluntária, elas não se alteram com cada mudança de humor. Em vez disso, são autoconscientes, o que significa que sabem quando estão em posição desconfortável em uma situação e não avançam até que se sintam bem. Seus corpos enviam sinais de estresse e tensão que são levados a sério. Tais pessoas confiam em si mesmas, um estado inteiramente subjetivo, embora extremamente poderoso. Confiar em um 'eu' enraizado no ego seria insensatez, mas quando você verdadeiramente sabe quem é, pode confiar em si mesmo no nível da alma. Nesse nível, a consciência não é meramente subjetiva. Ela flui através do universo, da alma da mente e do corpo. Deixar a consciência fazer o trabalho significa render-se a um princípio organizador mais amplo que você, amplo o suficiente para manter toda a realidade concentrada. 

Não interfira no fluxo. Existe uma profunda doutrina budista que fala de um grande rio que flui por toda a realidade. Uma vez que você encontra a si próprio, deixa de haver motivo para ação. O rio pega e o arrasta para todo o sempre. Em outras palavras, o esforço pessoal, o tipo de esforço a que todos nós estamos acostumados na vida cotidiana, torna-se sem sentido depois de um certo ponto. Aí se inclui o esforço mental. Uma vez autoconsciente, você percebe que o fluxo da vida não precisa de análise ou controle, porque tudo é você. O grande rio apenas parece pegá-lo. Na verdade, foi você que pegou a si próprio - não como uma pessoa isolada, mas como um fenômeno do cosmos. Ninguém lhe deu a função de dirigir o rio. Você pode apreciar o passeio e observar a paisagem.
Aprender a evitar suas falsas responsabilidades significa desistir de seu impulso para controlar, defender, proteger e prevenir-se contra riscos. Tudo isso é falsa responsabilidade. À medida que abre mão, você para de interferir no fluxo. À medida que você se agarra, a vida continuará a lhe trazer ainda mais coisas para controlar e se defender. Riscos aparecerão por toda parte. A questão não é que o destino esteja contra você. Você está simplesmente testemunhando reflexos de suas convicções mais profundas, à medida que a consciência desdobra, o drama preparado antecipadamente em sua cabeça. É a tarefa do universo desdobrar a realidade; a sua é de apenas plantar a semente.

Enxergue a todos como uma extensão de você. Quando alguém entra no caminho espiritual, geralmente se sente mal compreendido. A acusação (quando não é pelas costas) é de que ficam centrados em si mesmos. A insinuação é 'você não é o centro do universo'. Se esse 'você' representar o ego isolado, então é totalmente verdade. Mas no nível da alma, o eu muda. Perdendo seus limites, ele se mescla ao fluxo da vida. No caminho espiritual, você passa a sentir o fluxo e desejosamente integrar-se nele. Depois então - e somente depois - todos se tornarão um extensão de você. Como pode saber que chegou a esse ponto? Em primeiro lugar, você não tem inimigos. Em segundo, sente a dor de uma outra pessoa como se fosse sua. Em terceiro, descobre que uma empatia comum une a todos. 
À medida que essas três verdades despontam, é sinal de que a realidade está mudando. Você está reivindicando seu novo lar na paisagem infinita do espírito. Mas antes mesmo que isso se realiza, você está conectado com todas as demais pessoas. Nada o impede de viver essa verdade. Sempre haverá diferenças de personalidade. O que muda é o interesse próprio. Em vez de ser sobre 'eu', começa a ser sobre 'nós', a consciência coletiva que une a todos. Na prática, significa buscar entendimento, consenso e reconciliação. Esses são os objetivos essenciais para quem vive no fluxo." ...continua

(Deepak Chopra - Reinventando o Corpo, Reanimando a Alma - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2010 - p. 257/258)


quinta-feira, 4 de março de 2021

A AMOROSIDADE DE UM 'NÃO' (PARTE FINAL)

"(...) O ego geralmente busca a 'gratificação instantânea', enquanto a mente superior, com sabedoria e equilíbrio, leva em consideração não só os benefícios de curto prazo, mas também as consequências em longo prazo de todas as nossas ações, palavras e pensamentos. Com isso, o verdadeiro amor/sabedoria de nosso Ser Interior, ciente das futuras consequências negativas da ação proposta, como procura fazer o bem ao próximo, deverá expressar esse amor com um 'não' à solicitação que foi feita. É óbvio que o 'não' amoroso deve ser expresso sem raiva ou agressividade, mas sim de forma suave e paciente, porém firme, explicando a razão da negativa.

Essa questão é particularmente importante para os pais que, desde cedo na vida dos filhos, verificam todos os dias que os filhos seguidamente solicitam coisas ou desejam fazer algo que implica em perigo para as crianças. Como os pais amam seus filhos, obviamente precisam dizer NÃO para essas exigências. Sabemos, porém, que as crianças podem ser geniosas e insistentes na tentativa de conseguir o que desejam. Choro, manha, birra e até mesmo atos de rebeldia são empregados na tentativa de manipular os pais e fazê-los ceder. Alguns pais acabam cedendo à pressão e manipulação dos filhos. Esse é um clássico exemplo de DESAMOR AOS FILHOS. Estão ensinando a eles que tudo pode ser obtido com suficiente pressão ou manipulação. Os filhos rapidamente aprendem essa lição e crescem com esse hábito. O resultado é que, mais cedo ou mais tarde, vão entrar em conflito com as figuras de autoridade que encontrarem pela frente, sejam elas seus professores, chefes ou autoridades civis ou policiais. Vale lembrar que os principais condicionamentos e traços da personalidade são formados nos primeiros sete anos de vida da criança.

A estrutura familiar de muitos casais, em que tanto o pai como a mãe trabalham fora e têm pouco tempo à noite para dedicar aos filhos, faz com que estes sintam necessidade de atenção e procurem obtê-la dos pais por todos os meios, inclusive da rebeldia, já que acreditam que com bom comportamento e carinho não estão conseguindo a atenção que desejam. Os pais, sentindo-se culpados por não dar aos filhos a atenção que gostariam, acabam cedendo às impertinências deles, procurando reparar seus sentimentos de culpa dando demasiados presentes caros como um meio de compensá-los pelo pouco tempo que lhes dedicam. Além disso, sentem que não devem insistir na disciplina com os deveres escolares, as tarefas domésticas e o comportamento familiar e social, para não afastar mais ainda seus filhos.

O resultado desta falta de disciplina com os filhos será para eles um processo de “deseducação”. Eles não estarão preparados para interagir de forma construtiva com as pessoas na sociedade. Isso será visto bem cedo. Inicialmente na forma de um comportamento agressivo, mostrando rebeldia com toda figura de autoridade, com uma atitude de egoísmo com seus colegas de escola e amigos. As reclamações vão aparecer, mas os pais, já devidamente 'treinados' pelos filhos, vão defender seus rebentos e aceitar a versão deles. Na adolescência os desvios comportamentais provavelmente serão mais dramáticos. Os pais só vão dar conta da extensão do problema quando forem chamados pela polícia ou pelo hospital para serem notificados das ocorrências envolvendo seus filhos.

Mais tarde vão verificar que os filhos têm dificuldade de manter um emprego, pois não aceitam autoridade e não conseguem manter uma rotina de disciplina. Quem sabe se os jovens conseguirão despertar para as regras de bom convívio na sociedade quando conhecerem uma pessoa que faça seu coração “derreter”. O amor tudo pode, e um verdadeiro relacionamento amoroso pode mudar uma pessoa.

Até mesmo para a vida espiritual, a disciplina é absolutamente indispensável. Só é possível meditar com a disciplina da mente, dos horários, das sequências das práticas, etc. Os budistas apresentam a disciplina (shīla) como a segunda grande virtude que precisa ser desenvolvida na vida espiritual. Na seção sobre a Auto-Observação, será apresentada uma das práticas mais efetivas para nossa mudança interior: a sistemática auto-observação ao longo do dia. Será visto que devemos observar todas as nossas reações às situações que enfrentamos na vida diária, pois essas situações são colheitas kármicas. A pessoa mimada ao longo da infância terá grande dificuldade para aceitar os 'espinhos' de suas colheitas kármicas. Podem até tentar manipular a Deus ou os Senhores do Karma, com suas óbvias frustrações. No capítulo sobre a purificação, será dito que a verdadeira purificação não é do corpo, mas sim da mente. Ela envolve dizer 'não' às exigências do ego, que não são poucas. Aprender a dizer e a ouvir 'não' é imprescindível, tanto para a vida mundana como para a espiritual."

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 74/76)


terça-feira, 2 de março de 2021

A AMOROSIDADE DE UM 'NÃO' (1ª PARTE)

"Pode parecer uma incoerência dizer que um 'não' pode ser sinal de amorosidade. Se o verdadeiro amor requer a aceitação, a nós e ao nosso próximo, como pode haver amorosidade em dizer um não? A razão para isso é que os relacionamentos humanos ocorrem sempre dentro de um contexto. Para dar um exemplo radical, cortar a perna de nosso próximo pode ser um ato de tremenda crueldade ou de grande amor. Um torturador estará cometendo crueldade desumana, mas um médico pode estar demonstrando sabedoria e compaixão em amputar a perna gangrenada de um paciente.

Sendo assim, qual o contexto em que estaremos sendo amorosos em dizer um 'não'? A resposta é simples, quando a experiência (no caso dos pais lidando com os filhos) ou o discernimento (em se tratando de adultos) nos diz que o 'não' trará um bem muito maior a nós ou ao nosso próximo do que a frustração momentânea da negação para o ego. Esse é um dos assuntos mais delicados dos relacionamentos, culminando com a questão de nossa próxima seção, o amor às pessoas difíceis.

É importante lembrar que as qualidades divinas de todos os seres são unificadas e interdependentes. Esse parece ser um conceito difícil. 'Nossas' qualidades divinas, na verdade, são as qualidades de Cristo em nós. Luz, Paz, Amor, Beleza, Harmonia e Alegria são experimentadas simultaneamente como um todo pelo ser humano que alcança um samādhi ou êxtase. A experiência é também uma demonstração da Unidade, ou seja, que o divino é vivenciado como um Todo. A conclusão prática para nós principiantes é que qualquer uma das qualidades mencionadas deverá se manifestar em sintonia com todas as outras. Por isso, o verdadeiro amor só está sendo demonstrado quando ele expressa sabedoria e traz paz, harmonia e alegria a nós e ao nosso próximo, não só no momento presente, mas principalmente quando for o tempo de colheita do resultado de nossas ações.

Por exemplo, o respeito a si mesmo nos leva a respeitar o outro. Uma pessoa equilibrada e consciente não aceita ser vítima nem algoz. Para que o relacionamento seja real e equilibrado torna-se necessária uma comunicação honesta, mas não agressiva, de nossos sentimentos.¹⁸ O diálogo e o entendimento devem ser baseados na autenticidade, sendo todo o processo de comunicação baseado na regra de ouro. Mas ocorrerão situações em que, mesmo com toda paciência e uma hábil comunicação não violenta, uma das partes envolvidas poderá concluir que dizer não para a continuação daquele relacionamento é um ato de amor a si mesmo ou ao outro, ou mesmo aos dois.

Um amor verdadeiro é baseado no respeito mútuo. Ele não procura amarrar, controlar e muito menos escravizar o parceiro. Ao contrário, procura abrir os horizontes da pessoa amada, conferir poder e libertar os outros para que encontrem suas próprias verdades e seu próprio caminho. Nossa atitude, porém, depende do conteúdo de nossa mente. Se minha mente estiver cheia de dúvida, medo, insegurança e conflito são esses sentimentos que projetarei fora de mim, e são eles que condicionarão minha vivência. Se minha mente estiver repleta de amor, paz e bem-estar são esses sentimentos que expandirei à minha volta e é o que viverei. Nesse caso, um verdadeiro amor maduro pode se expressar com um 'não' para algumas exigências de nosso parceiro, se tivermos certeza de que as consequências da demanda feita por ele(a) trarão dissabores e sofrimento às pessoas envolvidas. (...)"

¹⁸.ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta, São Paulo: Ed. Ágora, 2006. 

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 74/76)


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

A ALMA E DEUS

"'Deus é o oceano do Espírito, e os seres humanos são como as ondas que se levantam e se quebram na superfície do oceano.

'Vistas de um barco a remo, as ondas parecem infinitamente variadas. Algumas são grandes e ameaçadoras; outras pequenas, e é fácil remar sobre elas; porém, quando a pessoa está num avião, tudo o que se vê é o oceano, não as ondas na superfície. 

'Ainda assim, a alguém que está absorto na encenação de maya - à pessoa ligada ao sucesso e receosa do fracasso; preocupada com a saúde e com medo da doença; presa à existência terrena e com medo da morte - as ondas da experiência humana parecem reais e infinitamente variadas. Ao homem do desapego, entretanto, tudo é Brahama: Tudo é Deus.

'Quanto maior a tempestade, mais elevadas as ondas do oceano. Ainda assim, quanto mais violenta a tempestade da ilusão na mente da pessoa, mais essa pessoa se exalta com relação aos outros, e mais afirma a própria independência, tanto do homem como também de Deus.

'Poderá alguém escapar de seu Criador? Todos fazemos parte de Deus, da mesma forma que as ondas fazem parte do oceano. Nossa separação de Deus não passa de simples aparência.

'Quando as pessoas afirmam sua individualidade, e, por isso, se engrandecem na vaidade e no orgulho, elas se chocam agressivamente contra outras ondas do ego, instigadas todas elas pela tempestade de ilusão. Assim como as ondas do aceano numa tormenta, elas ondulam e se encapelam em toda parte, às vezes conquistando, às vezes sendo conquistadas, num frenesi sem fim de conflitos e rivalidades.

'Numa tempestade, a superfície do oceano ignora a paz. De modo semelhante, enquanto a tormenta da ilusão ruge na mente humana, uma pessoa não sabe o que é ter paz, mas só conhece a tensão e a ansiedade.

'A paz chega quando a tempestade se aquieta, quer externamente, na natureza, quer internamente, na consciência da pessoa. Quando se amaina a tempestade de maya, as ondas do ego se amainam também. Quando o ego do devoto diminui, ele relaxa e aceita uma vez mais sua ligação com o Espírito infinito.

'Pessoas espiritualmente desenvolvidas não disputam entre si, porém mergulham na água alegremente, em feliz harmonia umas com as outras, com a natureza e com Deus."

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., 2012 - p. 36/37)


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

LIBERDADE E MORAL (PARTE FINAL)

"Para refletirmos sobre a liberdade, Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga Sutras de Patañjali (Yoga, Arte de Integração, Ed. Teosófica), faz uma distinção entre o esforço humano e a expressão espontânea da experiência espiritual. Ele diz: 'Neste ponto o Yoga difere completamente da vida considerada no sentido do empenho moral ou religioso. Em uma vida religiosa, construída sob princípios morais, o esforço humano é o começo e a finalidade.' Por outro lado, ele afirma: 'O homem espiritual possui uma moralidade de natureza elevada e profunda. É natural e espontânea. Não é uma moralidade onde o pensamento busca ser traduzido em ação. Ao invés disso, é uma moralidade que se encontra na natureza de uma expressão da experiência profundamente sentida.'

A reflexão de Mehta mostra que a moral social, mesmo sendo necessária, é provisória e pode tornar-se mecânica e opressiva quando não é oxigenada como um caminho que leva a uma experiência real do ser espiritual, o verdadeiro Eu. Nesse caminho, as regras servem como o mapa da viagem e nos indicam a direção, mas não nos prendem em sua forma, e o seu conteúdo se atualiza e se aprofunda conforme crescemos em consciência ao nos aproximarmos do Ser. Segundo a visão do Yoga, as pessoas são mais ou menos morais conforme mais espessa ou mais fina for a camada egoica que as separam do seu Eu espiritual. O propósito do Yoga é eliminar essa camada egoica, e a ética funciona como uma ferramenta para isso. Depois da realização do ser, no entanto, a moral espiritual é a expressão livre, natural e autêntica daquele que não fará mal ao outro porque sente que o outro é ele mesmo. 

Enfim, a outra via do problema da moral é: conhece-te a ti mesmo. Pois o verdadeiro Eu é o Ser que habita todas as coisas; aquele que, por não querer ferir o seu eu, não será capaz de ferir ninguém, independentemente de regras externas. Da mesma forma isso se dá com o fazer o bem, e ilustra as palavras de Jesus, que se sentia uno com toda a criação: 'Todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer."

(Cristiane Szynwelski - Liberdade e moral - Revista Sophia, Ano 18, nº 86 - p. 22)


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

EXPERIÊNCIAS DE ALÉM-TÚMULO

A AUTOANÁLISE COMO REQUISITO PARA A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL ..."Segundo já dissemos o homem ao morrer se desprende do corpo físico denso e continua vivendo nos demais corpos. Aos poucos deixa também o duplo etéreo e subsiste nos outros. O físico denso e o duplo etéreo se desintegram, ficando assim o ego livre de uma roupagem de que não mais pode servir-se para sua ulterior evolução. A memória de tudo quanto lhe sucedeu na vida física queda, por assim dizer, armazenada em sua contínua consciência de ego, readquirindo-a quando atua em seus corpos permanentes, porém, não quando atua em seus corpos transitórios. Mercê desta admirável ordem o ego aproveita quantas experiências tenha adquirido; e não obstante, queda 'puro e limpo', como dizia Goethe, para entrar em cada nova vida mortal sem os entorpecimentos e as remordedoras memórias de um passado turbulento. Tudo quanto de valor existiu nas passadas experiências se transmuda em faculdades, caráter e temperamento, e renasce em aperfeiçoados corpos mental, astral e físico, convenientes para a ulterior evolução do ego. O que atualmente lhe sucede é proveitoso em todo tempo para sua consciência superior, e o será também para tudo quanto no transcurso de sua evolução, consiga a ampla madureza humana."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 105/106)

terça-feira, 18 de agosto de 2020

OS CORPOS EM SEU ASPECTO DE PONTES

Semeando Luz: 21 Verdades sobre evolução espiritual"Durante largo tempo, o ego utiliza seus corpos astral e mental como se fossem pontes para chegar ao mundo físico, e não como instrumentos para se relacionar com os mundos aos quais respectivamente pertençam devido à sua constituição.

A consciência do ego flui e reflui através de suas roupagens astral e mental, e as vibrações da matéria que acompanham as permutas de consciência em cada uma das ditas roupagens se transmitem de uma a outra até atingir a física.

Convém ter presente que as três classes de matéria se interpenetram mutuamente, como sucede com os sólidos, líquidos e gases no corpo físico; e assim a vibração de uma delas provoca a vibração nas outras duas, Os contatos do mundo físico levantam na matéria do corpo físico vibrações que, transmitidas pelos corpos astral e mental, chamam a atenção do ego, afetando sua consciência de modo a perceber algo exterior a ela.

Os órgãos sensoriais do corpo físico vão se aperfeiçoando durante a idade de evolução, e a faculdade perceptiva do ego se aproveita destes órgãos para indagar a causa da comoção. Seus primeiros esforços mentais relacionam a comoção de seus corpos com a causa que a reproduz no mundo físico.

A comoção do corpo astral é umas vezes prazenteira e outras penosa, determinando no primeiro caso o desejo de reiteração e no segundo o de evitação. O corpo físico se aproxima então ou se afasta do objeto causador do prazer ou da dor. Assim começa a educação do ego em seu contato com o mundo físico. Estimulam esta educação homens altamente evoluídos em mundos passados, que lhe ensinam a ordenação em que nasceu a pessoa e com a qual deve conformar-se se quiser evitar a dor. O homem conhece por experiência que é  verdade quanto lhe ensinam seus mestres, pois sofre ou goza segundo o advertiram, e assim vai adquirindo experiência. Enquanto sua percepção do mundo externo se resume ao físico, onde fixa sua atenção, a constante transferência de ondas vibratórias ao corpo mental, através do físico e do astral, assim como as respectivas vibrações do corpo mental, transferidas pelo astral, organizam os corpos astral e mental de modo que, sem cessar, estão evolucionando e se dispondo a perceber mais adiante seus respectivos mundos. Depois, são evoluídos notavelmente por experiências de além-túmulo. Somente é consciência física o que se manifesta no cérebro físico por transmissão dos corpos mental e astral."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 104/105)

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

EVOLUÇÃO

21 Verdades sobre evolução espiritual – Portal Arco Íris-Núcleo de ..."Vimos que a consciência vigílica do homem é, em termos gerais, a que, segundo vai desenvolvendo suas faculdades e correlacionando-as com seus corpos, atua no mundo que mais estreitamente a limita. 

Já descremos no terceiro capítulo as sucessivas roupagens em que se vai limitando a consciência do ego, que só percebe o mundo correspondente à matéria do corpo que pouco a pouco modela e aperfeiçoa.

O corpo mental é durante muitos nascimentos uma nuvem informe, e muito pouco pode expressar pela sua conduta. A consciência no corpo mental é entretanto cega, muda, surda e paralítica sobre o que diz respeito ao mundo mental.

Também o corpo astral, durante muitas encarnações, é uma massa de buliçosa, turbulenta e agitada matéria, conveniente para expressar apetites e paixões animais que instigam o corpo físico a violentas ações. A consciência do ego está dominada pela matéria astral e governa uma forma humana. 

O corpo físico é a primeira escola do ego em sua evolução humana, e há de ser durante muitíssimas encarnações a principal expressão de sua consciência. O corpo físico tem mui limitados contatos com o mundo físico; porém são definidos, porque possui órgãos para distinguir as diferenças e semelhanças dentro de seu restrito campo, e oferece ao ego imensas possibilidades de evolução."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 103/104)

quinta-feira, 30 de julho de 2020

A CONSCIÊNCIA VIGÍLICA (1ª PARTE)

Estados Alterados de Consciência, Xamanismo, Misticismo e ..."Estamos agora em condições de compreender como a vida do homem já 'desperto' prossegue dia após dia nos três mundos: físico, astral e mental. Vive ativamente em três corpos: o mental, o astral e o físico, o que quer dizer, num corpo composto das três classes de matéria física, astral e mental, correspondentes na nomenclatura hinduísta à terra, à água e ao fogo. Estes corpos são a roupagem do ego, o verdadeiro homem. 

Na ordinária roupagem pode o corpo de uma pessoa estar coberto por três peças: a jaqueta de lã, a camisa de linho e a camiseta de algodão, que são tiradas e postas sem detrimento de sua pessoa. Da mesma forma o homem verdadeiro pode despojar-se de seu corpos sem deixar de ser o mesmo homem.

Porém, ainda que continuadamente viva nos três mundos, somente se põe em contato direto com aquele em que sua consciência atua vigilicamente no corpo que contém a mesma classe de matéria que o respectivo mundo. Contudo, a percepção deste mundo pode ser tão somente parcial se a consciência não está completamente desperta; e assim temos que a maioria dos habitantes da terra somente conhece uma parte do mundo físico em que sua consciência atua vigilicamente. 

Assim explicado, podemos agora classificar os sucessos com que mais ou menos estamos familiarizados, e reconhecer que são naturais, ainda que raras vezes ocorram em nossas experiências diárias.(...)"   

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 95/96)