OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 3 de agosto de 2021

NÃO JULGUEIS - E NÃO SEREIS 'JULGADOS!' - NÃO CONDENEIS - E NÃO SEREIS CONDENADOS!

"Com estas duas frases lapidares enuncia o divino Mestre a lei universal e infalível de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do 'karma'. Se os homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores sobre a face da terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus semelhantes é fazer mal a si mesmo, e, como ninguém quer ser objeto de um mal, ninguém seria autor do mal; cada um compreenderia que ser mau é fazer mal a si mesmo.

O universo é um 'kosmos', isto é, um sistema de ordem e harmonia, regido por uma lei que não admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo é a própria Lei Universal. Dentro desse sistema cósmico, a toda ação corresponde uma reação equivalente. Pode essa reação tardar, mas ela vem com absoluta infalibilidade.

Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do universo, embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbação. A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação do perturbado, e esses dois fatores, ação e reação, atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do Todo. A ação do perturbador chama-se culpa ou pecado, a reação do perturbado chama-se pena ou sofrimento. Ser autor de uma culpa é ser mau, ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por isso, é matematicamente impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si mesmo. Se tal coisa fosse possível, o malfeitor teria prevalecido contra o universo e ab-rogado a Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado o Himalaia com a cabeça.  

Compreender praticamente essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é deixar de ser mau ou pecador. Se todos os homens fossem sábios ou sapientes, não haveria mau sobre a face da terra. Mas os homens são maus porque são insipientes, ignorantes. 'Disse o insipiente no seu coração: Não há Deus!' Todas as vezes que os livros sacros se referem ao pecador, usam o termo 'insipiente', isto é, 'não sapiente', ou ignorante.

O grande ignorante é o pecador. O grande sábio é o santo.

Quem conhece experiencialmente a ordem cósmica não comete a loucura de querer destruí-la com seus atos maus, porque sabe que isto é tão impossível como querer derrubar o Himalaia com a cabeça ou apagar o sol com um sopro.

O verdadeiro homem santo é um sapiente. E sua sapiente santidade consiste em manter perfeita harmonia com a lei do universo. A própria palavra 'santo' quer dizer 'universal' ou 'total'. O homem santo é o homem univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma vantagem parcial contrária à ordem total."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 151/153)


terça-feira, 6 de abril de 2021

O UNIVERSO EVOLUI ATRAVÉS DE VOCÊ

"(...) É preciso uma ruptura que revele o quão valioso você realmente é. Quase ninguém acredita ser absolutamente necessário no grande esquema do universo. Você, no entanto, sendo a vanguarda da evolução, é precioso para o universo de um modo singular porque só você tem a experiência que a vida representa. Pertence a um plano que não pode existir sem você, embora seja bastante diferente daquilo que imagina: o plano não tem diretrizes rígidas, limites fixos nem final previsível. É construído à medida que avança , e esse é o motivo pelo qual depende da participação de cada um. 

Certa vez, ouvi um famoso guru indiano falando a respeito do plano cósmico - ou plano divino, como chamou. Ele falou do plano com as palavras mais inspiradoras, projetando um futuro abençoado com indescritível fartura e total ausência de sofrimento. A plateia era grande, composta em sua maioria por ocidentais. No salão, pude sentir um cabo de guerra emocional - as pessoas queriam acreditar no que tinham ouvido, mas não se atreviam. Finalmente, um membro da plateia levantou-se e perguntou:

- Esse plano divino está em execução exatamente agora? O mundo está tão caótico e violento. Cada vez menos gente acredita em Deus.

Sem hesitar, o guru respondeu:

- Acreditar em Deus não importa. O plano é eterno, estará sempre em execução. Ele não pode ser parado. - Fazendo um círculo com o braço, acrescentou: - Todos aqui deveriam aderir. Não há maior propósito na vida, e se você se juntar agora, irá colher as primeiras recompensas.

O ouvinte franziu as sobrancelhas. 

- E se eu não aderir? - perguntou: - O que pode acontecer? O rosto do guru permaneceu austero.

- Deus não é dependente de ninguém. O plano divino não precisa de você para prosseguir - ele se debruçou mais perto do microfone - mas, se você virar as costas, não irá se manifestar através de você. 

Definitivamente, creio que está é a resposta certa. Se tirarmos o 'divino' da equação e falarmos em termos de um universo em constante evolução, você pode aderir ao fluxo evolucionário ou não. A escolha é sua. Seja como for, a evolução acontecerá, mas se você optar por permanecer fora, ela não se manifestará através de você."

(Deepak Chopra - Reinventado o Corpo, Reanimando a Alma - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2010 - p.244/245)


quinta-feira, 2 de abril de 2020

ROUPAGEM DO HOMEM

Resultado de imagem para ROUPAGEM DO HOMEM espiritual"O Fragmento divino que no mundo dos seres viventes aparece como Espírito Imortal, atrai inteiramente a mente e os demais sentidos velados da matéria. A fim de ser um Espírito imortal no mundo dos viventes, deve revestir-se de matéria, e segundo nos ensinam os Puranas, a matéria de nosso 'Quíntuplo universo'⁴ é de cinco classes: etérea, aérea, ígnea, aquosa ou líquida e terrestre ou sólida.⁵  Entretanto existem no Universo divino dois graus de matéria mais sutil com os quais nada temos que ver no momento.

O grau mais denso de cada uma das mencionadas classes de matéria corresponde em nosso mundo físico ao que denominamos terra, água, fogo e éter ou ar, muito embora tenha sido reconhecida a triplicidade deste último. Todos estes graus ou estados de matéria compõem nossa terra, ou seja, o mundo de nossas relações quotidianas. Os outros quatro mundos, chamados nos Puranas de oceanos, interpenetram e envolvem o terrestre. Pondo de lado os símbolos e alegorias, são mundos compostos de outras classes de matéria, cada uma delas com suas diversas densidades, do mesmo modo que encontramos no mundo terrestre as modalidades de matéria física, nirvânica, búdica, mental, astral e terrestre.⁶ 

Na Antiguidade, chamavam-se 'elementos' os diversos graus de matéria. O nome era conveniente porque todas as densidades de cada elemento se distinguiam por uma característica comum; assim como a água, o leite, o azeite, a terebentina, o álcool, etc., têm distinta densidade, muito embora todos eles sejam líquidos pela característica comum de se derramarem em todas as direções quando em liberdade, e tomarem a forma da vasilha em que sejam colocados. 

A química moderna deu novo significado à palavra 'elemento' e assim não podemos empregá-la em sua antiga acepção⁷ muito embora seja um vocábulo muito adequado para distinguir os diferentes estados ou graus de matéria que possuam certas características comuns. 

A química só estuda as substâncias que encontra no mundo físico e as resultantes das suas combinações procedidas nos laboratórios, e sem qualquer preocupação aplica, a seu bel-prazer, os nomes antigos, dizendo depois com a maior sem cerimônia que os sábios de outrora não empregavam as palavras com acerto. A química esqueceu que veio muitos séculos mais tarde ao mundo, e deu novos significados às palavras usadas na Antiguidade. Conheciam os filósofos antigos a existência de outros mundos além do físico e empregavam vocabulário apropriado ao seu mais amplo conhecimento; e assim não se lhe pode vituperar de quem em uso de seus direitos classificassem a matéria do universo de conformidade com suas especiais características e designassem cada uma das classes com o nome de 'elemento'.⁸"

⁴ A autora escreve esta frase entre aspas para dar a entender que os hinduístas consideram quíntuplo nosso universo, apesar de sétuplo, porque prescindem por inexequíveis à compreensão humana dos dois planos superiores: o anupâdaha (segundo) e âdi (primeiro). (N. do T.)
⁵ Convém advertir que esta classificação não corresponde ao significado corrente das palavras que a expressam, e sim equivalem respectivamente à matéria nirvânica (etérea), búdica (aérea), mental (ígnea), aquosa (astral) e terrestre (física). Sem esta distinção entre as nomenclaturas purânicas e teosíficas, resultaria para o leitor amigo destes estudos lamentável confusão. (N. do T.)
⁶ Analogamente no mundo astral se encontram as modalidades astrais das matérias nirvânica, búdica e mental; no mundo mental, as modalidades mentais de matéria nirvânica e búdica; e no mundo búdico, a modalidade búdica da matéria nirvânica e assim indefinidamente. (N. do T.)
⁷ Muitos cientistas e eruditos modernos incorreram no grave erro de designar os antigos de ignorantes porque consideravem como elementos a terra, a água, o fogo e o ar. Se a ciência acadêmica não fosse tão presumida e pretensiosa, e em vez de papaguear nas cátedras, indagasse o verdadeiro espírito da antiga sabedoria, certamente compreenderia que a elementalidade da terra, água, fogo e ar, nada tem que ver com sua constituição química. (N. do T.)
⁸ Esta palavra não significava naquele tempo simplicidade de substância considerada, e sim diversidade de graus de condensação. (N. do T.)

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 15/17)

quinta-feira, 26 de março de 2020

QUE É O HOMEM

Resultado de imagem para o homem espiritual"Que é o homem - Uma inteligência espiritual, uma porção da Divindade revestida de matéria. Diz o Bhagavad-Gîtâ: 'Uma porção de Meu próprio Ser se transforma, no mundo da vida, no Espírito Imortal, e atrai inteiramente a mente e os demais sentidos velados na matéria.'  Tal é a sumária descrição do homem expressa no imortal Canto do Senhor. Demonstra que a natureza íntima do homem é um fragmento ou porção da Divindade, um Espírito imortal revestido de invólucros, de agregados de matéria, de corpos, ou como se queira chamar esta parte temporária e mutável, em contraste com sua eterna natureza dimanante do mesmo Deus.

Para compreendermos o que é o homem, devemos considerar a continuidade de sua vida, porque continuadamente está desenvolvendo sua Divindade íntima e modelando seus corpos mutáveis, de sorte que expressem sempre suas capacidades crescentes.

Na semente está potencialmente contida a árvore do futuro, e plantada na terra absorve do solo sua nutrição, ao passo que o sol, a chuva e o ar a nutrem, determinando pouco a pouco sua germinação, até que cheia de raízes, brota o talo e despontam as folhas, convertendo-se em rebentos que a cada estação vão crescendo e por fim alcançam a altura da árvore progenitora de onde procedeu a semente. No inverno caem as folhas e a árvore fica desnuda, para na primavera revestir-se de nova folhagem em sucessivas renovações, sem prejuísos e sim com grande proveito para a árvore. Tudo isto também ocorre com o homem, a divina semente plantada pela mão do Eterno na matriz da matéria, que desta absorve sua nutrição e se alimenta com o sol do júbilo, a chuva da tristeza e o ar do ambiente das circunstâncias. Em cada estação ou ciclo de vida, reveste-se de folhagem que lhe proporciona experiência e depois caem as folhas, enquanto a árvore vai crescendo até assemelhar-se ao seu pai e passar da humanidade à supra-humanidade, para viver em campos mais amplos, numa vida sempre crescente, mais plena, abundante e divina.

Portanto, que é o homem? Um fragmento divino; a Divindade latente em vias de atualização; a reiterada maravilha que o cristianismo simboliza no Deus feito homem, porque o filho do homem é verdadeiramente o Filho de Deus. O hinduísmo nos fala do sacrifício de Purusha, no Deus que se sacrifica para ser homem em benefício dos homens e do seu mundo. O processo desta atualização, os meios deste desenvolvimento, o segredo da evolução, chama-se transmigração se considerarmos o passo da inteligência espiritual de uma à outra forma, e chama-se palingenesia ou reencarnação se nos referirmos aos corpos mortais de que se reveste o espírito em cada ciclo ou período de vida."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 12/14)

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A ILUSÃO É PASSAGEIRA

"O homem pode usar equivocadamente seu livre-arbítrio por algum tempo, considerando-se mortal, mas essa ilusão passageira nunca conseguirá apagar em seu íntimo a marca da imortalidade e a imagem divina da perfeição. A morte prematura de uma criança talvez não lhe haja permitido usar seu livre-arbítrio para a virtude ou para o vício. Mas a Natureza trará sua alma de volta à Terra, dando-lhe a oportunidade de usar o livre-arbítrio a fim de redimir o karma passado, que a fez morrer tão jovem, e praticar as boas ações que propiciam a libertação.

Se uma alma imortal não conseguiu, ao longo de uma existência, eliminar as ilusões que a subjugam, precisa de mais períodos de aprendizado para tomar conhecimento de sua imortalidade inata. Só então poderá retornar ao estado de consciência cósmica. As almas comuns reencarnam compelidas por seus desejos mundanos; as almas superiores, ao contrário, apenas em parte vêm à Terra para cumprir o karma, pois seu principal objetivo é atuar como filhos nobres de Deus e apontar às criaturas perdidas o caminho para a morada celeste do Pai."

(Paramhansa Yogananda - Karma e Reencarnação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 16)


terça-feira, 23 de julho de 2019

CONTEMPLAÇÃO

"No verdadeiro trabalho espiritual, a realização intelectual por si só é inadequada. A mente deve tirar as suas conclusões do coração, o local das emoções. As emoções, por sua vez, devem produzir atos reais. 

O estudo das escrituras pode nos trazer tanto satisfação quanto humildade. A sublimidade das palavras da verdade trará prazer e inspiração para as nossas mentes e corações. Seremos estimulados a continuar com o nosso estudo. A humildade virá quando compreendermos as limitações inerentes à tentativa do intelecto de integrar e compreender totalmente a Natureza da Verdade. A Palavra pode ser uma amostra, mas humildemente compreendemos que a 'palavra' não é a coisa em si. Nossas mentes ficarão continuamente inspiradas, humildes e desabrocharão à medida que avançarmos em nossos estudos.

Quando nos concentrarmos, sempre nos concentraremos sobre um objeto produzido pela nossa própria mente. Contudo, quando uma pessoa for calma o suficiente e pura o suficiente, o ato da concentração pode, como diz Aldous Huxley, mergulhar no 'estado de abertura e passividade alerta no qual a verdadeira contemplação torna-se possível'. A verdadeira contemplação é a oração verdadeira, um estado de união com o divino. A contemplação em suas formas inferiores é um pensamento discursivo. Não se percam nas forma inferiores. (...)"

(Ram Dass - Caminhos para Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2006 - p. 295)


sábado, 31 de março de 2018

NOSSA NATUREZA É ILIMITADA (PARTE FINAL)

"(...) O pensamento racional e o tempo linear são apenas equipamentos de montanhismo que nos possibilitam escalar montanhas cada vez mais altas e descobrir horizontes cada vez mais distantes. São como a jangada com a qual cruzamos rios cada vez mais largos, ou o navio no qual nos aproximamos de praias desconhecidas. Mas quando compreendemos que esses horizontes estão apenas relativamente mais distantes, voltamo-nos para outra direção. Abandonamos nosso equipamento de montanhismo, nossa canoa ou navio - o pensamento e a noção de tempo linear -, e de repente estamos mesmo que apenas por um momento, no absolutamente novo.

Os horizontes apenas aparentemente novos, que estão sempre longe, mas jamais são alcançados, encontram-se no mundo do pensamento. Algo semelhante acontece com a pessoa religiosa em busca daquilo que ela chama de Deus.

O religioso pode encontrar seu Deus num objeto, uma estátua da Virgem ou um quadro de Krishna. Por que não? Com o tempo, no entanto, isso não vai mais satisfazê-lo. Ele aprende a buscar atrás ou além da imagem. Então, imagina um Deus que não é físico, mas ainda é limitado; é o seu Deus, em oposição a outros deuses de outras crenças. 

Pode ser então que ele descubra que Deus, para ser Deus, deve ser de todos os homens, adorado em todas as religiões. Essa descoberta pode levar a dificuldades. É preciso coragem para deixar o rebanho. 

Posteriormente ocorre um insight, talvez a princípio como um conceito teórico: Deus não está fora, mas dentro de sua criação, em toda parte, na terra, no céu, na natureza, em todos os seres animais e humanos, até mesmo naqueles que são capazes de cometer crimes. Não apenas está Ele neles, mas eles são Deus. Tudo é Deus, tudo é divino. 

Talvez não gostemos da palavra Deus. Essa palavra está ligada a tantas imagens que tudo que podemos fazer é rejeitá-la. Talvez seja melhor dizer que uma vida simples e sagrada está em todas as coisas e em todos os seres - ou é todas as coisas e todos os seres."

(Mary Anderson - Para alcançar um novo dia - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 28/29)


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A ORDEM CÓSMICA (PARTE FINAL)

"(...) Os olhos não veem senão um pouco, de vez em quando. Só as pessoas mais despertas veem as maravilhosas qualidades da natureza e também da consciência. H. P. Blavatsky, com seus extraordinários insights, via a bondade oculta em pessoas que pareciam grosseiras aos outros. Ela dizia que 'a combinação espiritual e psíquica do homem com a natureza' existe mesmo numa pessoa com falhas de caráter. É esse fator oculto, mas essencial, que devemos considerar, para saber qual será nosso futuro e o que a ordem cósmica nos revelará.

O físico David Bohm afirmou que ordem e unidade são parte da ordem implícita que constitui a realidade fundamental. O homem seria uma pessoa bem diferente se começasse a descobrir essa característica. Mas estamos tão preocupados com nossas ambições que não compreendemos o que verdadeiramente existe. Somente os seres iluminados compreendem isso plenamente; portanto, o mundo onde as pessoas estão destruindo tudo de acordo com seus gostos e aversões não é real. O mundo é maya.

Maya não se refere ao que compreendemos. O que percebemos não é uma ilusão total, mas uma vez que converte e dá significado a tudo, é ilusão. O que vemos não é o que existe. E, quando temos uma falsa compreensão de nós mesmos, tudo o mais que pensamos que sabemos também é falso. Tudo isso é meditação: saber que mesmo as pequeninas coisas resplandecem com um elemento de divindade que as torna iguais ao altíssimo, que a menor das coisas contém o elemento divino. A totalidade da ordem cósmica revela beleza, inteligência e amor. Cada um deve purificar e elevar sua natureza para ver isso.

Como buscadores da verdade, parte do nosso trabalho é perceber a natureza gloriosa que é onipresente. Como isso pode ser feito? Podemos discutir, mas antes de tudo devemos compreender, pelo menos intelectualmente, que em cada partícula de existência há o elemento divino."

(Radha Burnier - A ordem cósmica - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 33)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O EMPREGO DA VONTADE EM OCULTISMO (PARTE FINAL)

"(...) Uma vez reconhecido e experimentado esse genuíno poder da vontade, jamais poderemos falar de vontade fraca! Trata-se de um poder verdadeiramente divino. E ao menos que compreendamos sua função e seu significado em nossa vida, não poderemos cumprir nosso destino.

Assim, empreguemos o poder da vontade para menter em nossa consciência um único propósito: a perfeição para o bem do mundo. Tal deve ser nossa absorvente e dominante paixão, sem consentir que nada a contrarie. Não pensemos que se trate de um desejo egoísta. Se assim o pensarmos, não teremos penetrado o mundo do Ego e realizado a Unidade.

Somente quando compreendemos, quando reconhecemos que toda a criação é completa e indestrutivelmente una, é que percebemos a impossibilidade da salvação individual. Salvação ou perfeição significa união com a Vida divina presente em todas as coisas e, portanto, nunca pode ser individual e restringida a uns tantos eleitos. O êxito de um é o êxito de todos. Quando um ser humano conquista o Adeptado¹³, nele toda a humanidade, toda a criação triunfa. Um novo cordão vem ligar a humanidade de volta a Deus; surge um novo poder para aliviar a carga dos sofrimentos do mundo. Quando na Divina Comédia de Dante uma alma sai do Purgatório e entra no Paraíso, todo o Monte do Purgatório se estremece de júbilo. Isso é literalmente verdadeiro: o êxito de um ser humano é alegria para toda a criação, e nunca um êxito individual. O anelo de perfeição é o anseio de desvanecer a ilusão da separatividade e reconhecer a realidade da vida universal; portanto, egoísmo e perfeição são mutuamente excludentes.

Assim, procuremos empregar em benefício de todos os seres esse poder verdadeiramente divino que todos possuímos, e mantenhamos a consciência focada na ideia de perfeição; e que essa ideia predomine em tudo quanto fizermos. No princípio nos será um tanto difícil efetuar nossas tarefas cotidianas enquanto mantemos a consciência focada nos propósitos superiores; mas não tardaremos em adquirir esse hábito, e o anseio de perfeição será o fundo permanente sobre o qual o modelo de nossa vida diária será tecido."

¹³ Adeptado: estado de Adepto, do latim Adeptus, aquele que, após inúmeras reencarnações, alcançou a condição de Homem Perfeito, como é dito em Efésios IV;13, 'até que todos nós alcancemos a unidade da fé, o conhecimento do Filho de Deus, o estado de homem perfeito, a plena medida da estatura do Cristo'. (N.E.)

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 49/50)


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (PARTE FINAL)

"(...) Saí deste vale profundo onde só a muito custo débeis raios de sol vêm cair, mas tomai vosso rumo, que agora vedes descortinado ante vós, pois ele vos levará ao topo da montanha eternamente iluminada pelo sol espiritual. 

Não achareis dificultosa demais tal caminhada, pois o mesmo poder que vos permite ver a estrada vos tornará aptos para percorrer suas asperezas. Se puderdes verdadeiramente ver, podereis verdadeiramente andar nela. Não vos retardeis lamentando os companheiros que deixais para trás; encontrareis novos amantes e novos amigos que jamais vos deixarão. Não temais a solidão da empreitada espiritual, pois tendo posto vosso pé na estrada, daí em diante jamais estareis sozinhos. Guias humanos e angélicos andarão a passo convosco, vos avisarão dos perigos e vos conduzirão ao objetivo. 

Vinde, pois, à grande aventura, provai a vós mesmos que os gloriosos tempos dos cavaleiros andantes não se apagaram, que Galahad e Percival ainda vivem, que o Santo Graal não foi perdido, e que o Rei ainda preside àquela Távola Redonda que existe desde que o mundo começou. Não choreis pelo amor que deixais atrás; amor é o prêmio que vos aguarda ao fim de vossa trajetória. Não vos apegueis às lágrimas dos que vos choram a partida; o que eles agora perdem por um breve momento reencontrarão na eternidade. Laços terrenos e amizades, por sua própria natureza, se desfazem; vossos laços com aqueles com que doravante vos unireis nunca deverão se partir, pois são dum amor que é eterno. Vossos amigos e amantes verdadeiros vos aguardam no caminho, com eles devereis conhecer a perfeição de uma companhia que só é encontrada nos reinos espirituais. 

Eia, pois, direto ao topo! Aqueles que hoje abandonais um dia salvareis, quando entrardes na posse de vosso destino e vos tornardes o Amor Divino encarnado sobre a terra."

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (3ª PARTE)

"(...) Vós, que trilhais esta vereda, que sentis o chamado do amor, que anseiam curar, ensinar e salvar, deveis fazer vossa escolha. Estais dispostos a abandonar todas as felicidades que estivestes acostumados a tomar como amor, a renunciar à felicidade do amor correspondido? Sentindo uma compaixão crescente em vosso coração, cônscios de um poder de amar que aumenta cada dia, estai prontos para desatar todo laço humano, a fim de que vosso amor terreno possa ser transmutado em amor que é divino? A cela, a cova do ermitão, a floresta, a fenda na montanha, oferecem locais para vosso retiro, onde podereis, sozinhos, subjugar os demônios do desejo e romper as cadeias que vos mantêm ligados à servidão da carne; antes, nenhum retiro é necessário, a cela ou a gruta estão em vosso íntimo, e a não ser que o tenhais achado dentro de vós, nenhum outro lugar externo vos será de utilidade. Aprendei, pois, a encontrar o lugar da paz dentro de vós; retirai-vos para o  silêncio de vosso ser e lá, perfeitamente aparelhados de mente e coração, avaliareis a natureza da tarefa que tendes em mãos. Visualizai claramente a meta que desejais, e notai os obstáculos do caminho. Estas barreiras devem ser suplantadas uma a uma. Procurai transformar, antes que destruir; não matai a luxúria, antes retirai dela o amor, e deixai-a então perecer; não matai o desejo, antes retirai dele a vontade, e então abandonai-o à morte; não matai o mau pensamento, retirai dele a essência do pensar, e então deixai-o morrer.

Assim como deveis evitar o amor humano e tornar-vos um homem à parte, do mesmo modo deveis vos apartar do homem que considerastes vós próprios. Notai que a conquista se dá pelo retiro, e não pela morte. Retirai-vos, pois, de tudo o que se vos opõe; vosso caminho para a vitória não passa pela conquista de vossos oponentes, internos ou externos, mas pela salvação de todos eles. Cada antagonista que se volta contra vós deve ser conquistado para vós; de cada poder do mal que vos fizer frente no caminho extraí o bem, e deixai o resto perecer, até que em cada forma de vida aprendais a ver o bem, e, aprendendo a ver, aprendais a amar, até que, para vós, o mal já não exista. 

À luz de vosso amor crescente, o mal não passa do bem em germe – uma fase necessária na divina alquimia. 

Assim crescereis em sabedoria, força e conhecimento, componentes do amor salvífico que aspirais irradiar sobre o mundo. O amor será vossa rainha, e vós seu cavaleiro, ela vos dará um arnês invulnerável, pois nada, no céu ou na terra, prevalece contra o poder do amor. Montado no cavalo branco da verdade, dom de tal rainha, dissipareis toda escuridão, pois nenhuma sombra pode estar onde está a luz de tal amor que é divino. A radiância celestial iluminará vossa fronte, a rosa mística desabrochará em vosso peito, a beleza divina, radiosa como a manhã, fulgurará de vossa pessoa; vos tornareis como um novo Galahad, e se vos será dada a visão do Santo Graal. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sábado, 27 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (1ª PARTE)

"Aquele que trilhar o caminho do amor deve descobrir aquela alquimia espiritual que transmuta o amor mais baixo no mais alto; deve conhecer a ciência sagrada pela qual as piores qualidades da alma, passando pelo crivo do pensamento, possam ser sujeitadas pelo fogo ardente da vontade, para que sua essência possa ser destilada, gota a gota, e então colocado nas mãos do experimentador o tão almejado elixir da vida. Do vil obterá o puro; do imperfeito, a perfeição; do impermanente, o eterno. Até que essa ciência seja aprendida, e tudo o que for baixo tenha sido purificado, o homem não pode ser um salvador do mundo. 

Um salvador do mundo é aquele que se emancipou de toda fraqueza humana, caminhou pela estrada do amor e, caminhando, tornou-se divino. Os que vão passar por esta estrada, a qual atravessaram aqueles cujos pés sangraram, devem aprender a ciência que eles aprenderam; deve preparar a cruz do pensamento, deve acender em si mesmos o ígneo poder da vontade e, tomando cada vício, fazê-los objeto de experimento, e então transmutá-los, um a um, na virtude oposta, pois, acima de tudo, o amor deve ser puro. 

Assim como o lixo terrestre é destruído pelo fogo, o lixo da alma deve ser incinerado pelo fogo da vontade. Todo o vício, ainda que grande, esconde um precioso perfume que ele procura, cada fraqueza se revela fonte de uma força oculta, cada erro esconde uma verdade; vício, fraqueza, erro, estes são os equipamentos com os quais o homem começa a palmilhar a estrada do amor. A fim de que sejam transformados em seus opostos, o homem deve retirar-se para o laboratório de sua alma, e lá preparar os instrumentos de seu trabalho. Os instrumentos são: pensamento e vontade; estes dois, apenas, fornecem tudo de que necessita; de sua união uma criança nascerá; a criança é o amor. Os homens a conhecem como Hórus, ou como Cristo. 

Tendo-se retirado para a reclusão dos recessos mais íntimos de sua alma, aquele que um dia será um amante da humanidade deve estocar seus recursos, deve procurar em seu eu terreno as ervas das quais extrairá as essências procuradas. Distanciado de seus desejos, ele os cortará um por um do solo de sua natureza, onde tão firme deitaram raízes. Vício, sexualismo, sensualidade, impureza, egoísmo, crueldade, mentira, indiscrição, superstição, avareza, e ilusão, tais são os nomes das plantas que ele juntará na selva de sua natureza inferior, selva cujo dever seu é transformar no mais refinado jardim da terra. Cada planta que tiver arrancado ele porá sob a minuciosa lente de seu pensamento e provará ao fogo de sua vontade inquebrantável; este fogo não deverá abrandar-se, menos ainda extinguir-se, até que raízes, folhas e flores se tenham consumido. Então, no receptáculo espiritual, o veículo de seu Eu Imortal, no qual reside a imortalidade, o líquido precioso que destilou será recolhido, gota a gota. Lá será guardado até que a secreta farmácia de sua alma seja abastecida, prateleira após prateleira, com aquelas essências vitais das quais fluirá um dia a panacéia universal. Esta panacéia é o amor. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

UM IDEAL SUBLIME

"Este ideal presta-se ao escárnio, ao riso, ou à zombaria? Se ele for apenas um sonho, então é o sonho mais nobre que a humanidade já teve; o mais completo dos autossacrifícios e o mais inspirador dos ideais. Para alguns ele constitui um fato, um fato mais real do que a própria vida. Mas, para aqueles que não o consideram como um fato, ele pode ser um ideal; um ideal de autossacrifício, de conhecimento e de amor. Que tais Homens existem, alguns de nós já o sabemos. Contudo, ainda que vocês não acreditem neles, não há nada no ideal que não seja nobre e que não possa elevá-los ao pensar nele, aproximando-os cada vez mais da luz. 

O cristão possui o mesmo ideal em relação a seu Cristo, o budista, o mesmo ideal em relação a seu Buda. Todas as crenças possuem o mesmo ideal em relação ao Homem a quem consideram Divino. E nós somos testemunho de todas as religiões, afirmando que suas crenças são verdadeiras e não falsas, que seus Mestres são uma realidade e não um sonho, pois o Mestre constitui a concretização da esperança que há no discípulo, a concretização do ideal que exaltamos. E, para alguns de nós que sabemos de sua existência, estes Mestres Divinos são uma inspiração diária. Só podemos entrar em contato com eles na medida em que lutamos por purificar-nos. Só podemos aprender mais na medida em que exercitamos aquilo que eles já ensinaram. Assim, se a princípio falei a respeito da teoria, depois, sobre o passado histórico, mais tarde sobre o testemunho que lhes apresentamos no presente e, finalmente, sobre os passos que todos poderão dar, se assim o desejarem, foi com o único objetivo de resgatar o ideal do ridículo a que foi exposto, da lama que lhe foi atirada e da disputa provocada em torno dele. 

Censurem-nos, se assim o desejarem, mas não toquem nesse nobre ideal da perfeição humana. Riam de nós, se o desejarem, mas não riam do Homem Perfeito, do Homem que se tornou Deus, em quem, afinal, a maioria de vocês acredita. Vocês, que são cristãos, não sejam desleais com sua própria religião, considerando seu Cristo, como muitos de vocês o fazem, como um mero objeto de fé ao invés de uma realidade a ser vivida. E lembrem-se, qualquer que seja o nome, o ideal é o mesmo, qualquer que seja o título, o pensamento que lhe subjaz é idêntico. 

Aquilo que vocês pensam é aquilo que desenvolvem; gradualmente suas vidas se transformam segundo seus ideais, pois o pensamento possui um poder de transformação tal, que se os seus ideais forem materiais suas vidas serão materiais, e se os seus ideais forem insignificantes, suas vidas também serão insignificantes. Por isso, adotem aquele ideal e pensem a respeito, e sua pureza penetrará em suas vidas; vocês tornar-se-ão homens e mulheres mais nobres, pois ele se converte num objeto de seu pensamento e o pensamento os transforma exatamente à sua imagem. Não há dúvida de que os homens convertem-se naquilo que adoram e naquilo que pensam. Este ideal do Homem Perfeito encerra em si a esperança do futuro da raça humana. Por esse motivo, eu sugiro-o hoje a vocês e lhes aponto o Caminho pelo qual ele poderá transformar-se de um ideal numa realidade viva, de uma esperança, num Mestre vivo. Assim, o sublime ideal de aspiração passará a ser o Amigo e o Mestre a quem poderão entregar suas vidas." 

(Annie Besant - Os Mestres - p. 29/30


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O CORPO MENTAL - O LOCAL ESSENCIAL (PARTE FINAL)

"(...) A perfeição é a meta de nosso caminho evolutivo não pelo propósito egoísta de sermos perfeitos, mas porque, através de nós, pode ser um pouco aliviada a carga do mundo.Em vez de nos imaginarmos - como o fazemos inconsciente e involutariamente - sendo e fazendo o que em verdade não queremos ser ou fazer, devemos nos imaginar como o homem perfeito que almejamos ser e que seremos um dia. Pensemos com toda a nossa energia mental em nós mesmos como sendo divinos em amor, divinos em vontade, divinos em pensamento, palavra e ação; e ocupemos todo o nosso corpo mental com essa imagem, vigorizando-a com emoções de júbilo e amor, de consagração e aspiração. Essa imagem também se realizará por si mesma. A mesma lei é válida para ela como para as importunas imagens mentais que tanto nos atribulam.

Quando houvermos dominado conscientemente o poder da imaginação, não seremos mais seus escravos, não mais seremos usados por ele; mas nós é que nos valeremos dele. O mesmo poder que era nosso inimigo tornou-se agora nosso aliado.

Não há limites para os diferentes modos em que o poder criativo da imaginação pode ser usado construtivamente, em substituição às formas destrutivas. Quando tornamos nosso corpo mental um instrumento obediente e dócil, podemos usar esse ilimitado poder não só em nossa conduta e ações diárias, mas na obra que estamos realizando e na maneira como recriamos a nós mesmos.

Agora, retiremos também do corpo mental o centro da consciência e o mantenhamos responsivo ao Ser interno, tal qual mantemos os corpos emocional e físico. Assim possuiremos em servidão os três corpos nos três mundos de ilusão. São os três cavalos que puxam nossa carruagem nos mundos inferiores; e o Eu Superior é o divino cocheiro, que não mais permite aos cavalos irem por onde lhes aprazer, senão por onde Ele os dirigir. O Ego desprendeu sua consciência do emaranhamento com os três corpos e a restituiu ao mundo a que verdadeiramente pertence, de onde pode valer-se deles como dóceis servos."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 32/33

sábado, 2 de setembro de 2017

A RELIGIÃO DA BELEZA (PARTE FINAL)

"(...) A resposta à beleza transmuta a consciência. Quando vemos a luz do sol se derramando sobre as folhas ou sentimos a beleza do entardecer, algo se abre dentro de nós. Há um sentimento de alívio e deleite, pois a beleza nos libera, nos põe em contato com o eu, com a nossa natureza mais profunda, onde está o sujeito que não pode ser visto ou ouvido, mas que é todo percepção. A beleza é uma ponte entre o eu e a essência daquilo que vemos. A experiência da beleza nos transporta ao universal.

Tudo que é belo abre uma vereda para o sagrado e o santificado, porque é um fragmento manifestado das verdades divinas. Segundo Hugh l'Anson Fausset, 'pela visão espiritual daqueles que viram a beleza celestial, podemos descobrir a realidade à qual pertencemos e participar de seu mistério.'

Por isso, os Upanishades aconselham: aprenda a olhar, ouvir, penetrar em você mesmo e meditar, pois é assim que a consciência universal é conhecida. Krishnamurti também recomendou, com insistência, que as pessoas observassem e escutassem.

A verdade se mantém aberta a todas as formas de beleza. Beleza é ordem. Por isso há um sentimento de santidade na contemplação da ordem natural. Há uma beleza aterradora na progressão ordenada das estrelas e no crescimento de todas as coisas de acordo com sua natureza própria. Há uma grande beleza na ordem que não foi criada por nós. Isso cria uma sensação de confiança, de que tudo está bem; nos diz que existe justiça o tempo todo, porque a ordem celeste governa o universo."

(Radha Burnier - A religião da beleza - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 5/6)


quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A BELEZA DO EGO

"No mundo do Ego, não há formas e cores como conhecemos aqui, mas há algo que pode ser traduzido em termos de cor e forma. Assim, podemos falar da aparência do Ego, ainda que não se revele a nós como os objetos no mundo fenomênico. Portanto, não deve ser mal interpretado quando dizemos que o Ego se mostra em forma humana glorificada, e que nesse aspecto nos vemos como realmente somos. A forma humana em que ali nos vemos é também representativa de nosso verdadeiro tipo ou gênio, de nossa missão na magna Obra. Desse modo, um Ego que conheço apareceu como um jovem radiante, como um Apolo grego esculpido em reluzente mármore e, não obstante, imaterial, tendo a inspiração por sua característica básica. Outro Ego tinha a aparência da escultura de Demétrio no Museu Britânico: uma figura dignificada, serena e pacífica que, por assim dizer, pairava sobre o mundo, ao qual contribuía para nutrir e proteger. Portanto, cada Ego tem seu aspecto peculiar, radiante e formoso, que expressa sua missão ou temperamento.

Quando restituímos nossa consciência ao mundo do Ego e nos reconhecemos como tal, devemos procurar ver o aspecto que temos em nosso próprio mundo, e daí em diante pensar em nós mesmos unicamente dessa forma. Uma vez visto o que realmente somos, já não mais devemos nos permitir pensar em nós mesmos como a imagem que vemos quando nos contemplamos no espelho. Desde que reconheçamos que somos o divino Ser interno, não devemos nem por um momento ceder à velha ilusão de que somos o corpo físico e temos um Ser divino em algum plano superior. Desde então, fica invertida a posição. E ao falarmos de nós, falamos do radiante Ser que verdadeiramente somos, e não dos corpos através dos quais se manifesta temporariamente parte de nossa consciência."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 39/40)


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O MUNDO DO EGO (1ª PARTE)

"Quando a consciência se liberta dos três corpos em que estava aprisionada, reintegra-se naturalmente ao Ser que realmente é. 

Assim é que temos de restituir ao Ego a consciência; mais ainda, tratar de reconhecer sem sombra de dúvida que somos o Ego, uma Alma divina que estava em exílio. Temos de transferir a consciência para o mundo a que pertence, entrar no mundo que é realmente nosso; então nos reconheceremos como sendo o divino Ser interno, em unidade com o divino de todas as coisas. Daí em diante, já não poderemos mais questionar se somos o Eu Superior ou o eu inferior, nem haverá a exaustiva luta entre os dois polos opostos de nossa natureza, pois já não haverá dois - a consciência aprisionada e exilada se restituiu à consciência original de que se desviou, e novamente o homem é uno; é o divino Ser interno que se vale conscientemente dos três corpos como de seus instrumentos, sem estar subordinado a eles.

Não busquemos reintegrar a consciência ao Ego tão somente em pensamento; não concordemos por mera intelectualidade que somos o Ego. Temos de fazê-lo em realidade: ser o Ego e viver em seu próprio mundo. (...)"

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 35)


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) 7. A Renúncia aos Frutos da Ação. Aqui está a es­sência de toda a filosofia, encerrada numa casca de noz. É a Ação que nos mantém presos à Roda dos Nascimentos, Mortes e Renascimentos, porque Ação é Karma. Não importa que a ação seja física, moral ou mental; ela nos encadeia às esferas de atividades regidas pelo Karma. De­vemos, então, desistir de fazer alguma coisa, por causa disso? Não! Como, então, devemos agir sem deixar que a ação tenha qualquer força repressora sobre nós? Aqui está o segredo, e não há livro no mundo que exponha mais claramente a forma do que 'A Canção do Senhor', ou Bhagavad-Gitã. Ele nos ensina a trabalhar e a agir, ofe­recendo todas as ações ao Senhor Supremo e deixando as consequências para Ele. Se trabalharmos para ter recom­pensas na Terra, sim, mesmo que trabalhemos para ser­mos recompensados no Céu, os frutos amadurecerão onde a semente foi plantada. E a Terra e o Céu nos manterão fora do Nirvana, isto é, fora do que é imensamente maior do que o mais alto Céu — a União com o TODO-EU Su­premo. Céus, Terra e Infernos estão, todos, dentro da Roda da Existência, onde o Karma opera. 'Os que cul­tuam os deuses, vão para os Deuses, mas o que Me cul­tua, habitando em todos os seres, esse virá ter comigo, seja qual for a sua forma de existência' (Bhagavad-Gitã).

'Teu trabalho é só com a ação, nunca com os seus frutos. Portanto, não deixes que o fruto da ação seja o teu motivo, nem sejas ligado à inação' (ib.). 'Produze a ação, ficando em união com o Divino, renunciando a apegos, e equilibrando-te bem no sucesso como no fracasso' (ii, 47-48). 'Agindo sem apego, o homem alcança verdadei­ramente o Supremo' (iii, 19).

'O Eu disciplinado, movendo-se entre os objetos dos sentidos, com os sentidos livres de atração como de repulsão, dominado pelo EU, dirige-se para a Paz' (ii, 64). 'A afeição e a aversão pelos objetos dos sentidos residem nos sentidos. Que homem algum se deixe dominar por esses dois sentimentos, porque eles são seus adversários' (iii, 34).

'O que quer que faças, o que quer que ofereças, o que quer que dês, o que quer que faças com austeridade, faze como uma oferenda a Mim' (ix, 27). Como isto nos faz lembrar as palavras de São Paulo: 'Se, portanto, co­meres ou beberes, ou seja o que for que faças, faze tudo para a glória de Deus' (l Cor., x, 31).(...)

Nessas palavras inspiradas, a Voz do Mestre é ouvi­da, ensinando-nos o segredo da Ação e da Inação. E assim aprendemos quando as ações não têm força conectiva, e fugimos à teia Kármica para nos tornarmos 'unos com a Vida, embora sem viver'."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 40/41

terça-feira, 27 de junho de 2017

A PAZ NASCE DA MANSUETUDE

"O Chefe de Estado que obedece a Tao
Não tenta dominar com violência,
Porque sabe que toda a violência
Recai sobre o próprio violento.
Nos campos de batalha,
Só medram espinhos e cardos.
Guerras geram angústias e miséria.
Por isto, o sábio vive sem armas,
Não obriga ninguém com violência,
Não conhece ambição nem glória,
Não alimenta presunção alguma,
Nem aspira ao poder.
Faz o que deve fazer,
Mas sem forçar ninguém.
Ele conhece o ritmo da evolução,
Sabe que tudo falha
Quando contradiz às leis da vida,
Porque todas as ilusões
Depressa se dissipam.

EXPLICAÇÃO: (...) Uma guerra justa não é essencialmente melhor do que uma guerra injusta, porque ambas têm por base a egoidade humana, que em si mesma é um fator negativo.

Quando se trata da alternativa de 'matar ou morrer', o ego opta pela primeira e a justifica, porque, para ele, morrer é deixar de existir, ao passo que, para o Eu divino no homem, morrer não é deixar de existir, e morrer para não matar equivale a existir melhor e mais verdadeiramente.

Mas o ego, essencialmente ilusório, não pode compreender tão grande verdade. O ego só conhece 'o direito', que é sinônimo de egoísmo, ao passo que o Eu se guia pela 'justiça', homônimo de verdade e amor, incompatíveis com o direito, como a luz é incompatível com a treva."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 89/90)


quinta-feira, 15 de junho de 2017

VOTO DO SILÊNCIO

"Algumas pessoas avançadas adotam mounam, isto é, o voto do silêncio. Para que serve? O que é exatamente mounam?

A iluminação da alma é mounam. Como pode então haver mounam sem o Atma (Espírito Divino) estar iluminado? Sem isto, meramente manter a boca fechada não é silêncio. Alguns adotam o voto de silêncio, mas se comunicam por escrever em papel ou lousa ou por apontar para as letras do alfabeto sobre um cartão. Tudo isso é pseudo-mounam. É somente uma outra forma de falar sem interrupção! Não é preciso atingir o silêncio. Ele está sempre com você. O que você tem de fazer é somente remover tudo que o perturba.

Não é correto dizer que pessoas, que não abrem a boca para falar, cumprem uma disciplina inútil.

Se você não usa a língua, se permanece silente, visando a isolar-se dos obstáculos externos à disciplina (sadhana), certamente pode desenvolver seus pensamentos, pode desistir de criticar e perturbar os outros, pode obter concentração e evitar a seu cérebro desnecessárias cargas e, assim, melhorar muito. Tendo o cérebro em tais condições, pode praticar, da melhor maneira, a evocação e repetição do Nome do Senhor (namasmarana). Estas vantagens todas você lucrará praticando disciplina (sadhana)."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 174)