OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 13 de agosto de 2019

A PAZ DINÂMICA (1ª PARTE)

"O século 20 caracterizou-se por guerras cruéis, mais do que qualquer outro período da história. As pessoas anseiam pela paz. Mas o que querem dizer com paz?

Podemos pensar na paz como ausência de guerra. Mas será apenas isso? O conflito pode existir separadamente da guerra. Nos chamados 'tempos de paz' também existem conflito e violência nas ruas, nos lares, nas escolas, nos escritórios. Existem crime e perseguições, depressão e outros problemas que levam até mesmo ao suicídio.

Portanto, as pessoas anseiam por não apenas estar livres de guerras, mas de violência sob qualquer forma. E acima de tudo anseiam pela paz interior, sem conflitos internos.

Frequentemente há conflito em nós, sob muitas formas. Às vezes estamos em guerra contra nós mesmos. Pode ser uma luta entre nossos desejos e deveres, ou entre desejos conflitantes ou deveres conflitantes; ou contradição entre a realidade e nossa imagem das coisas.

Krishnamurti indagou: 'O que ocorre quando se presta total atenção àquilo que chamamos de violência? Quando se está prestando total atenção existe cuidado, e não se consegue cuidar se não há amor. E quando na atenção existe amor, será que haverá violência?'

Atenção significa ver as coisas como são, sem justificá-las ou rejeitá-las. Mas se rejeitamos a violência, o conflito continua; ele segue 'pelo subsolo' e algum dia pode entrar em erupção como um vulcão.

Portanto, o conflito interno é um problema. Mas por outro lado, pode levar a uma ação necessária e promover a solidariedade. Somos impelidos à atividade como medida defensiva ou nos aproximamos de outros em oposição a um inimigo comum'. A atividade e a solidariedade em situações de conflito podem ser necessárias e úteis. 

A paz que desejamos é a ausência de conflito. Mas poderá ser algo positivo, envolvendo harmonia, amor e criatividade? A paz não é apenas um estado externo, mas também interno, e não apenas passiva, mas dinâmica. Ela depende de condições internas. O espírito está em paz e é livre em quaisquer que sejam as circunstâncias externas: 'Muralhas de pedra não fazem uma prisão, barras de ferro também não.' (...)"

(Mary Anderson - A paz dinâmica - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 14/15)


terça-feira, 6 de agosto de 2019

OFEREÇA SEUS DONS ESPECIAIS A DEUS

"(18:46) Atinge a perfeição o homem que oferece seus dons especiais Áquele que permeia todo (o universo) e por meio do qual todos os seres se manifestam.

Qualquer que seja o dom especial de uma pessoa, ela evoluirá mais se ofertar espiritualmente esse dom a Deus. Este, de seu lado, aprimorará o dom e ajudará a pessoa a sair-se bem em tudo o que faça. Também a ajudará, pois que a vê ansiar pela verdade, a avançar na direção da liberdade interior. 

Vemos aqui, recapitulado, o conselho de Krishna a Arjuna para agir e não tentar chegar a Deus renunciando a toda atividade. A única restrição a esse ensinamento é: 'Se um dever conflitar com outro, de tipo superior, deixará de ser um dever.' Em outras palavras, havendo diversas coisas que ele faça bem, o homem se concentrará naquela que lhe expanda os bons sentimentos e lhe exalte a consciência. 

Muitos comentadores afirmaram que Krishna, nessa passagem, recomenda seguir a vocação tradicional na família. Estão enganados. Numa sociedade estável (não em transição como a nossa no mundo inteiro), esse conselho talvez pudesse ser aceito de um modo geral (embora não se saiba, então, como alguém que o seguisse iria se tornar um sannyasi!). Entretanto, numa época em que a própria sociedade não pára de modificar-se, tal conselho seria ruinoso! Em verdade, neste mundo, cada qual é cada qual. Aparece em sua família como um convidado. Sendo transitório, nada que está fora poderá definir quem ou o que ele é. Todo homem deve seguir sua própria estrela. Quanto mais subir rumo à liberdade interior, mais imperativo se tornará para ele esse conselho."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 494/495)
www.pensamento-cultrix.com.br



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

CLAREZA DE VISÃO (2ª PARTE)

"(...) Nós decidimos nosso destino através das escolhas e de como lidamos com as coisas. Essas escolhas refletem-se como oportunidades de crescimento na infalível lei do karma. O crescimento espiritual não é algo que somos compelidos a aceitar pelas circunstâncias. Ele deve vir como um ato de escolha, e o desenvolvimento posterior da nossa natureza só pode ser alcançado pelo esforço pessoal. Quando o véu da personalidade é reduzido, a escolha é feita por um aspecto mais profundo de nós mesmos.

Lembremos que o significado de responsabilidade é 'dever'. No livro A Chave para a Teosofia (Ed. Teosófica), Blavatsky fala do dever em termos amplos e bastante duros: 'O dever é aquilo que é devido à humanidade, ao nosso próximo, nossos vizinhos, à família, e especialmente aquilo que devemos a todos aqueles que são mais pobres e mais impotentes. Esse é um débito que, se não for saldado durante a vida, deixa-nos espiritualmente insolventes e moralmente falidos na nossa próxima encarnação.'

Não se trata do tipo de dever restrito e opressivo contra o qual o eu pessoal poderia lutar. Ele é de uma cor diferente, porque se origina do aspecto de nossa natureza capaz de discernir nossas conexões universais com a vida. O dever ou responsabilidade, no seu sentido mais amplo, refere-se à nossa responsabilidade em relação à vida, um mandado sagrado para o indivíduo no caminho espiritual. Isso inclui cuidar de plantas e animais, envolver-se em assuntos éticos e assumir uma série de responsalidades para com a humanidade e a vida. 

No século XXI, quando a tecnologia torna nossas vidas tão mais fáceis, noções como esforço e dever não são muito palatáveis. Todavia, quando tivermos tocado nossa verdadeira individualidade, mesmo que uma única vez, de maneira pequenina, os esforços não parecerão tão pesados.

O autor contemporâneo Ken Wilber, que escreve sobre a Sabedoria Perene, explica como a agitação do eu relaxa durante a meditação ou a contemplação não dual. Certamente ele se refere à meditação autêntica, não a outras atividades comumente confundidas com práticas meditativas. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 14/15)


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O CAMINHO SAGRADO DO AMOR E DA VERDADE

"O Karma, como foi ensinado no Gita e no Yoga Vasishta, significa atos e volições que procedem de Vanasa, ou desejo. É deixado bem claro naqueles códigos de ética que nada que é feito com um puro senso de dever, nada que é empreendido com um sentimento de 'obrigação', como se diria, pode macular a natureza moral daquele que o faz, mesmo que ele esteja equivocado em sua concepção de dever e adequação. O erro, é claro, deve ser expiado com sofrimento, que deve se proporcional às consequências do erro; mas certamente não pode degradar o caráter ou macular o Jivatma (o Eu Individualizado).

É bom usarmos todos os eventos da vida como lições a serem transformadas em vantagens, e a dor causada pela separação de amigos que amamos pode ser usada assim. O que são espaço e tempo no plano do Espírito? Ilusões do cérebro, meros nadas, que adquirem aspecto de realidade pela impotência da mente, o invólucro que aprisiona o Jivatma. O sofrimento meramente nos dá um impulso novo e mais potente de vivermos completamente no Espírito. No fim, da dor virá boa vontade para todos nós, de modo que não devemos resmungar. Antes, sabendo que para os discípulos não pode acontecer nada que não seja da vontade de seus Senhores, devemos olhar para cada incidente doloroso como um passo em direção ao progresso espiritual, como um meio para aquele desenvolvimento interno que nos capacita a servi-Los, e com isso à Humanidade, de um modo melhor. 

Se apenas pudermos servi-Los, se através de todas as tormentas e conflagrações nossas Almas se voltarem para os seus Pés de Lótus, o que importam a dor e os sofrimentos que elas impõem à nossa casca temporária? Entendamos um pouco o significado interno destes sofrimentos, destas vicissitudes das circunstâncias externas - entendamos como tamanha dor suportada significa muito mau Karma esgotado, muito poder de serviço adquirido, quão boa lição aprendida - não serão estes pensamentos suficientes para nos sustentar através de qualquer quantidade destas misérias ilusórias? Quão doce é sofrer quando se sabe e se tem fé! Quão diferente da miséria do ignorante, do cético, e do descrente. Quase poderíamos desejar que todo o sofrimento e miséria do mundo fossem nossos a fim de que o restante de nossa raça pudesse ser livre e feliz. A crucificação de Jesus simboliza esta fase na mente do discípulo. Você não pensa o mesmo? Somente esteja sempre firme na fé e na devoção, e não se desvie do caminho sagrado do Amor e da Verdade. Esta é a sua parte - o resto será feito por você pelos Senhores Misericordiosos a quem você serve. Você já sabe de tudo isso, e se eu falo sobre isso é apenas para fortalecê-lo em seu conhecimento; pois amiúde esquecemos de nossas melhores lições, e em tempos de aflição o dever de um amigo é mais o de lembrar a você suas próprias palavras, antes do que introduzir novas verdades. Foi assim que Draupadi frequentemente consolou seu sábio esposo Yudhisthira, quando terrível infortúnio por um momento abalava sua usual serenidade, e assim também o próprio Vasishtha teve de ser acalmado e confortado quando assolado pela dor da morte de seus filhos. Não é verdadeiramente inexplicável o lado Maya deste mundo? (...)"

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 7)
www.editorateosofica.com.br


sábado, 28 de outubro de 2017

OS ARTISTAS DO DESTINO (1ª PARTE)

"Frequentemente descrevemos nossa vida em termos de habilidades, realizações, carreira, família, lazer, preocupações, compromissos, etc. Nós nos tornamos especialistas em dividir o tempo em compartimentos, mas é triste ver que a atenção dispensada ao lado espiritual frequentemente está em último lugar entre as tantas áreas que compõem a jornada passageira que conhecemos como vida.

É possível abordar a vida de uma maneira mais holística, integrando nossas várias experiências e incluindo as espirituais, de modo que haja uma consistência de respostas que não seja determinada pelo 'chapéu' que por acaso estejamos usando numa determinada situação. Em outras palavras, podemos agir a partir de quem verdadeiramente somos, e não de acordo com os ditames das circunstâncias. Podemos usar a metáfora da pessoa como um artista, que pode revelar seu eu interior mais íntimo, e no entanto mais universal.

Muitas pessoas acham que não têm habilidades artísticas. Porém, cada um de nós é um artista, mesmo sem saber - um artista do nosso próprio desenvolvimento e destino. Para ser um pintor é preciso treinar e desenvolver habilidades básicas com pincéis e tintas; são necessários telas, palhetas de tinta, cavaletes para sustentar as telas. Porém, há muito mais coisas envolvidas, pois o artista tem algum tipo de visão daquilo a que dará vida na tela, cujo esboço pode ser feito de antemão. É provável que essa visão seja refinada no processo resultante. As mais sutis sensibilidades do artista precisam ser despertadas para dar à luz a criação incipiente. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 13)

segunda-feira, 1 de maio de 2017

DEVERES E DIREITOS

"Que adianta extinguir grandes ódios,
Quando ficam ressentimentos?
Como remediar isto?
Cumpre teu dever e esquece teus direitos.
Quem se guia pela voz da consciência,
Só atende à voz do dever,
E não insiste em seus direito.
Os poderes eternos não têm favoritos,
Mas favorecem sempre os bons.

EXPLICAÇÃO: O direito é sinônimo de egoísmo - o dever é homônimo de amor. Enquanto o homem insiste nos seus direitos, tudo está torto; mas quando renuncia a seus direito, tudo se endireita.

No frontespício do Forum de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, se acham quatro palavras em latim: SUMMUM IUS - SUMMA INIURIA, que quer dizer O sumo direito é a suma injustiça. São palavras de um código do Império Romano, que já reconheceu e proclamou que o direito é o contrário da justiça.

Nesse sentido disse o Evangelho 'Por Moisés foi dada a lei (o direito) - pelo Cristo veio a verdade, veio a graça (a justiça)'. 

A sociedade humana é regida pelo direito - mas a consciência obedece à justiça.

Por isto o sábio dá mais importância aos seus deveres do que aos seus direitos, obedece mais aos ditames do seu Eu divino do que à política do seu ego humano."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 193/194)


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (1ª PARTE)

"Encontramos exemplo disso na condição de Arjuna no campo de Kurukshetra. Totalmente perplexo com a visão de seus parentes em formação militar em ambos os lados do campo de batalha, ele não consegue decidir sobre o curso de ação a tomar. E em desespero grita: 'Se achais que o conhecimento é superior à ação, por que Vós, Ó Kesheva, me ordenais praticar esta terrível ação? Dize-me com certeza o caminho pelo qual chegarei à bem-aventurança?'

Ao que Krishna responde: 'Sem apego e constantemente executando a ação que é o dever, pois pela execução da ação sem apego o homem verdadeiramente alcança o Supremo.'

Essa resposta dada a Arjuna é válida para nós até mesmo hoje em dia. A verdade é que a pessoa só pode atingir a bem-aventurança pelo cumprimento do seu próprio dever; chega-se à libertação através da ação. Mas, como temos visto, a ação deve ser sem apego. Essa atitude de desapego é estranha à mente humana porque os homens acham difícil compreender que toda a Criação, com todos os seus eventos, é uma peça de Brahman - uma manifestação inumerável da Realidade Última na qual o homem é, por assim dizer, um mediador para que a ação possa de fato acontecer.

O homem plenamente realizado, então, jamais age com apego, pois ele sabe que nem a ação nem suas consequências são atribuíveis a ele mesmo. Quando a mente desperta, passa a compreender a unidade de todas as coisas e de todos os seres no fluxo cósmico dos eventos, a considerar suas próprias ações, juntamente com os resultados, como sendo parte daquele mesmo fluxo cósmico. (...)"

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21)

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A DEVOÇÃO DEVE SER COMPLETA (1ª PARTE)

"Nesta Senda não pode haver meias medidas. Muitos se acham na atitude reservada em que se colocaram Ananias e Safira, que se esquivaram de declarar o que possuíam em bens terrenos, não precisamente com o intento de enganar, mas porque não estavam seguros do êxito da nova religião cristã. Eram muito entusiastas e dispostos a dar tudo o que possuíam; mas conjeturaram que seria prudente reservarem para si algo, no caso de fracassar o movimento. Não mereciam que os vituperassem por esta circunstância, porém o malicioso e falaz foi que, sabendo que haviam reservado algo, dissessem que haviam entregue tudo. Muitos há atualmente que lhes seguem o mau exemplo; espero que o relato não seja verídico, pois o Apóstolo se mostrou certamente um tanto severo com eles.

Tampouco entregamos nós tudo quanto temos, pois nos reservamos algo de nós mesmos, não precisamente dinheiro nem bens materiais, senão sentimentos pessoais, que nos afastam dos pés do Mestre. Em ocultismo não cabem essas coisas. Devemos seguir o Mestre sem reservas. Não digamos: 'Seguirei o Mestre, enquanto não me fizer trabalhar com tal ou qual pessoa; ou seguirei o Mestre, com a condição de que publique nos jornais tudo quanto faço.' Não nos cabe estabelecer condições; mas também não devemos descurar nossos deveres no plano físico. O necessário é que ponhamos todo o nosso ser à disposição do Mestre. Temos de preparar-nos para renunciar tudo, ceder tudo e ir aonde convenha, não como uma prova, mas porque nosso amor à obra é a maior coisa de nossas vidas. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 76/77

domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


sexta-feira, 20 de maio de 2016

A TRAGÉDIA DE SER DESONESTO

"Indivíduos que levam uma vida de falsidade, tirando proveito da hipocrisia, utilizando-se da mentira, aplicando golpes, insistindo em faturar mais, mas naquela base - 'Se ninguém vê, se posso esconder e disfarçar, se consigo fraudar, por que ser honesto, cumprir com meu dever? Por que não aproveitar?' - se iludem supondo que vivem bem com o produto de seus crimes. 

Na verdade, vivem vítimas do medo, castigados pelo estresse, assustados com a possibilidade de virem a ser descobertos e terem de pagar por seus delitos...

Isso é vida? Vale a pena ficar sempre em alerta, sem sossego, esperando o golpe da justiça?

E a dívida que fazem com a Lei Divina?!!!

É preciso ser muito estúpido para continuar corrupto, farsante, hipócrita, desonesto!

Como é bom poder viver sem ter de me esconder dos outros. Como é bom estar contigo, Senhor!"

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 120)


quinta-feira, 10 de março de 2016

BUSCAI PRIMEIRO O REINO DE DEUS

"Para muitas pessoas, convém primeiro alcançar a prosperidade e depois pensar em Deus. Para você, no entanto, Deus deve vir antes. Quem fez o grande contato com Ele terá a prosperidade do universo a seus pés. Nunca se esqueça de que Deus é o seu provedor.

Não importa quais sejam as suas falhas, estará sempre com Deus caso dirija para Ele, para o Silêncio, toda a sua consciência. E alcançará sempre a felicidade espiritual se desempenhar alegremente os deveres da vida, sem jamais permitir que coisa alguma o abale.

Você vive pelo poder direto de Deus. Suponha que Ele, de repente, altere o clima do seu país. Que lhe aconteceria? Onde haveria de encontrar o que comer? Deus é quem sustenta a vida, não se esqueça. Você a recebeu dele. Embora a existência dependa de alimento, quem o proporciona é Deus. Ele é a Causa de tudo, de modo que, se você perder contato com Deus, sofrerá. 

Os yogues aprendem que Deus nunca pode ser encontrado fora deles mesmos. Quando mergulhamos fundo em nossa alma, no templo de Deus, podemos dizer: 'Ninguém no mundo se preocupa tanto com minha saúde, prosperidade e felicidade quanto meu Pai. Ele está sempre comigo'. 

Não dependa mais dos homens para enriquecer, pois Deus é a fonte da riqueza, saúde, poder e imortalidade. O yogue diz: 'Sê livre por dentro. Aceita Deus como teu provedor e ignora a consciência da pobreza'.

A verdadeira prosperidade é alcançada quando compreendemos que Deus é o nosso provedor e que dependemos inteiramente dele. Quando adquirimos essa consciência, não nos preocupamos mais com o que acontece porque estamos no regaço imortal do Criador. Jesus não tinha dinheiro e, no entanto, era o homem mais feliz do mundo. Tinha Deus e sabia que Deus atendia a todas as suas necessidades."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Alcançar o Sucesso - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 95/96)


terça-feira, 10 de novembro de 2015

A EXPERIÊNCIA DE DEUS (PARTE FINAL)

"(...) Sadhu Vaswani não apenas sentia 'compaixão' pelos pobres; ele verdadeiramente sofria as dores deles como se fossem suas dores. Frequentemente chorava ao ver uma pessoa em aflição. 'Não existe morte', ele nos ensinou certa manhã: 'a morte é uma ilusão, e devemos aprender a transcendê-la'. Mais tarde, nesse mesmo dia, ele foi chamado a permanecer ao lado de uma mãe idosa que havia perdido seu único filho num acidente aéreo. Ela chorava amargamente, e os olhos dele marejavam. Posteriormente nós o questionamos: 'Esta manhã você nos ensinou que a morte é uma ilusão. Qual, então foi a razão das suas lágrimas?' E ele respondeu: 'Quando estava sentado ao lado da velha mãe, senti que eu era ela.' Terá sido também esta a razão pela qual Jesus chorou quando sentou ao lado da irmã de Lázaro? 

Para todos os grandes seres, ajudar o próximo não era um dever, nem era, sequer, uma virtude: era uma pulsação da existência. Para eles, viver era amar e servir os pobres e necessitados. Para eles, os pobres eram retratos de Deus, e servi-los era adorar a Deus.

Deus está além do conhecimento. Contudo, Ele é conhecido na medida em que nós O amamos. Aqueles que amam a Deus encontram repouso somente em Deus. Eles O observam no templo do coração, e também nos corações  de todas as outras pessoas, pois todos estão em Deus, e Deus está em todos. Amando a Deus, eles vão em frente servindo os pobres, os desamparados e os abandonados. É para esse serviço desinteressado e amoroso que todos os grandes seres verdadeiramente nos chamam. Quantos ouvirão o chamado?"

(J.P. Vaswani - A experiência de Deus - Revista Sophia, Ano 13, nª 56 - Ed. Teosófica - p. 43)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

QUE É SER FELIZ? (1ª PARTE)


"Felicidade - é este o clamor de toda a creatura.

Todo o resto é meio - somente a felicidade é um fim.

Ninguém deseja ser feliz para algo - quer ser feliz para ser feliz.

A felicidade é a suprema autorrealização do ser.

Que é ser feliz?

Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do Universo, seja consciente, seja inconscientemente.

A natureza extra-hominal é inconscientemente feliz, porque está sempre, automaticamente, em harmonia com o Universo.

Aqui na terra, somente o homem pode ser conscientemente feliz - e também conscientemente infeliz.

A natureza possui, por assim dizer, uma felicidade neutra, ou inconsciente - o homem pode possuir uma felicidade positiva ou uma infelicidade negativa. Com o homem começa a bifurcação da linha única da natureza; começa o estranho fenômeno da liberdade no meio da universal necessidade.

A natureza só conhece um dever compulsório.

O homem conhece um querer espontâneo, seja rumo ao positivo, seja rumo ao negativo. (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 17/18)


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A RENÚNCIA (2ª PARTE)

"(...) Por que os seus deveres ou ocupações na vida deveriam atrapalhar o seu esforço espiritual? Por exemplo, há uma diferença entre suas atividades em casa e no trabalho. No trabalho você está desapegado: você apenas cumpre o seu dever e não se importa com o que vai acontecer, não está preocupado com o ganho ou a perda do seu chefe ou empregador. Os seus deveres com a família, por outro lado, são desempenhados com apego: você está sempre preocupado se as suas ações vão trazer benefício a você e sua família. Mas é possível desempenhar todas as atividades da vida com desapego e ver apenas o Ser como real. É errado pensar que se você permanecer fixado interiormente no Eu Real as obrigações da vida não serão bem desempenhadas. É como um ator no palco: vestido do personagem, ele age como tal e até sente que é parte da peça, mas na verdade sabe que na vida real não é o personagem, mas outra pessoa. Da mesma maneira, por que deveria a consciência do corpo ou o sentimento 'eu-sou-o-corpo' lhe perturbar, uma vez que você saiba que na verdade você não é o corpo mas sim o Eu Real? Nada que o corpo faça deve afastá-lo da permanência como Eu Real. Permanecer fixado no Eu Real não irá interferir com o desempenho adequado e efetivo de quaisquer deveres que o corpo tenha, assim como o fato de o ator saber a sua verdadeira identidade não interfere no personagem que ele representa no palco.

A renúncia está sempre na mente, não em ir para a floresta ou locais solitários, ou em desistir de nossas obrigações. O importante é que a mente não se volte para fora, mas para dentro. Não compete ao homem decidir ir para este ou aquele lugar, abandonar ou não as suas obrigações. Tudo isso acontece de acordo com o destino. 

Todas as atividades que o corpo deve vivenciar foram determinadas no momento em que ele veio à existência. Não cabe a você aceitá-las ou rejeitá-las. A única liberdade que você tem é voltar-se para dentro e aí renunciar às atividades. Ninguém pode dizer por que essa é a única liberdade deixada ao homem. Assim é o plano Divino. (...)"

(Pérolas de Sabedoria: Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – Ed. Teosófica, Brasília, 2010 - p. 72/73)www.editorateosofica.com.br/loja


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

PURIFIQUE A MENTE DA PREOCUPAÇÃO, DO MEDO E DO NERVOSISMO (1ª PARTE)

"As preocupações são, frequentemente, o resultado da ânsia de fazer muita coisa com excessiva rapidez. Não 'engula' seus deveres mentais, procure mastigá-los bem, um de cada vez, com os dentes da atenção, dissolvendo-os na saliva do reto julgamento. Assim, não terá uma indigestão de preocupações.

Não nutra sua mente com os venenos mentais das preocupações. Aprenda a remover as causas dessas preocupações sem permitir que elas o atormentem. Se você sofre de 'má saúde' mental, faça um jejum mental. Um jejum mental sadio limpará sua mente e a purificará das toxinas mentais acumuladas em consequência de uma dieta mental descuidada. 

Faça jejuns de preocupações. Três vezes por dia, livre-se delas. Às 7 horas da manhã, diga a si mesmo: 'Todas as minhas angústias noturnas se foram e, das 7 às 8 horas, não me permitirei ficar inquieto ainda que as piores tribulações me aguardem. Estou fazendo jejum de preocupações.' Do meio-dia às 13 horas, diga: 'Sinto-me contente, não vou me aborrecer.' À noite, entre as 18 e 21 horas, em companhia de seu cônjuge, parentes ou amigos de convívio difícil, tome esta firme resolução mental: 'Pelas próximas três horas, não terei preocupações. Não ficarei irritado, mesmo que me provoquem. Por mais tentador que seja ceder ao aborrecimento, resistirei à tentação. Não sabotarei minha paz interior com explosões de inquietude. Não me permitirei ficar preocupado: estou em jujum de preocupações.' 

Depois de conseguir fazer jejuns de preocupações durante algumas horas por dia, tente fazê-los por uma ou duas semanas de cada vez. Em seguida, procure evitar inteiramente o acúmulo de preocupações tóxicas em seu sistema. (...)"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 53/54)


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

AÇÃO SEM DESEJO

"O ensinamento do Gita é ação sem desejo pelos seus frutos. Se você não deseja o fruto de sua ação, nem mesmo o seu êxito, então por que a ação deveria ser realizada, qual é o impulso ou o motivo por trás disto? Deve ser a ação pelo que significa em si mesma, porque você considera certo realizá-la; a sua realização tem o seu valor próprio; não importa se é coroada de êxito imediato ou não. É um indivíduo extremamente raro aquele que pode agir com grande intensidade, força e entusiasmo sem nada desejar para si próprio, nem dinheiro, posição, elogio, nem mesmo qualquer gratificação secreta que se pode sentir como uma reação interna à habilidade demonstrada.

O desempenho da ação, por ser certo, bom e desejável, implica presença de um sentido interior que guia a pessoa em sua direção. A sabedoria é então necessária para guiar a pessoa. Alguém pode dizer com alguma satisfação ‘eu faço isto como meu dever.’ Mas será realmente o seu dever, ou apenas uma noção convencional que tem daquilo que deveria fazer, encontrando-se em sua posição? Possivelmente ela acha que se não o fizer, perderá estima perante os outros. Se aquilo que é chamado de dever for realizado com má vontade, com um sentimento de obrigação, então, aquela ação não possui graça. Uma pessoa pode ter que cuidar de um paciente, estar desperta a todas as horas da noite para atender a diferentes necessidades físicas, mas se a pessoa realizar tudo isso com um sentimento de necessidade amarga que pode até mesmo gerar animosidade, não podemos dizer que esta ação tem a qualidade certa.

É apenas a ação que é prestada livre e sinceramente que é verdadeiramente bela. Age-se desta maneira quando há amor e, então, será ação com todo o ser da pessoa e não apenas uma parte daquele ser. (...)"

(N.Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 148/149)


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O CONCEITO DE DHARMA

"Estamos destinados a nascer num certo local, viver uma certa vida, ter determinados relacionamentos, alegrias e tristezas? O conceito de dharma trata dessas questões.

Nem o dharma nem o karma são fatalistas. Ambos são afirmações de uma lei natural. O karma é o princípio geral; o dharma é um caso específico, à medida que se relaciona ao nosso eu interno.

O termo dharma não pode ser traduzido; já foi definido como dever, lei, retidão, religião, doutrina, natureza essencial, mas nenhuma palavra contém o seu amplo significado. O dharma está unido ao karma (ação) e à moralidade (reta ação). Annie Besant define dharma como ‘nossa própria natureza interior, no seu atual estágio de evolução, mas a lei de crescimento para o estágio de evolução seguinte’. (...)

Pode-se pensar no dharma como uma pressão interna em direção à autorrealização, ao crescimento interior e ao desenvolvimento do nosso potencial. Quando não prestamos atenção a essa pressão, a vida torna-se cada vez mais difícil, porque o dharma expressa uma lei natural, a nossa natureza essencial. Mesmo que tentemos, não conseguimos violar as leis da natureza e da nossa própria existência.

Podemos tentar ser algo que não somos, mas não vamos conseguir, assim como não conseguiríamos digerir o alimento que outra pessoa comeu. O dharma de uma outra pessoa é não apenas perigoso, mas também impossível de realizar. O dharma é individual; de certa maneira, nosso dharma é o que somos essencialmente."

(Edward Abdill - O fenômeno da sincronicidade - Revista Sophia, Ano 4, nº 15 - p. 22)


quarta-feira, 28 de maio de 2014

ENTREGA AO SENHOR AS COISAS CORRIQUEIRAS

"Entregar-se ao Senhor é entregar todos os pensamentos e ações sem desejar o fruto da ação, sem executar a ação para ganhar seus frutos, mas praticar a ação porque ela é o dever do indivíduo. O ato é dedicado ao Senhor e os resultados, portanto, pertencem ao Senhor. Ações assim feitas - frutos abandonados no momento da execução - são livres de karma. Como o ego, desta maneira, não é alimentado nem cultivado, ele desaparece em pouco tempo. Por exemplo, ao se barbear, o que é classificado como uma tarefa mundana sem inspiração, a atitude correta da pessoa que prepara o seu corpo por amor ao Senhor e melhora a sua aparência para honrá-Lo, e não para satisfazer sua vaidade ou para sua própria satisfação pessoal. Também, ao andar, ofereça a ação ao Senhor, para que Ele mantenha o corpo em boas condições físicas e possa nele viver; essa é a atitude para todo e cada ato do dia. Varrer a casa é dedicado ao Senhor para que Ele tenha uma residência arrumada. Cozinhar, também, é dedicado ao Senhor, para que o corpo possa estar forte e vigoroso para benefício do Senhor. É bobagem buscar o fruto da ação. Quando se morre, os únicos itens levados são as boas e más ações. O Poder, o dinheiro, a posição social, o prestígo, a vigorosa beleza do corpo, o culto à personalidade - todas essas coisas desaparecem e, portanto, é uma bobagem trabalhar para elas. O homem é vida com desejo; vida sem desejo é Deus. A mente é desejo; quando a mente desaparece, o desejo desaparece."

(J.S. Hislop - Conversações com Sathya Sai Baba - Fundação Bhagavan Sri Satya Sai Baba do Brasil - p. 24/25)

domingo, 27 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (PARTE FINAL)

"(...) Podemos errar; mas se errarmos, tendo-nos esforçado para ver com clareza, lembremos que o erro é necessário para nos ensinar uma lição, que para nosso progresso é vital que aprendamos; podemos errar e escolher o caminho do desejo, iludidos por sua influência, e quando pensamos que estamos escolhendo o Dharma, podemos estar sendo movidos por Ahamkᾱra². Mesmo que seja assim, tomamos a atitude certa quando lutamos para ver o que é correto e resolvemos agir com retidão. Mesmo que ao nos esforçarmos para fazer o que é correto, fizermos o errado, podemos ter a certeza de que o Deus dentro de nós irá corrigir-nos. Por que deveríamos nos desesperar quando cometemos erros, quando nosso coração está fixo no Supremo, quando estamos esforçando-nos para ver o que é correto?

Não, em vez disso, se nos esforçarmos para fazermos o que é certo, e em nossa cegueira fazemos o errado, devemos sim dar as boas-vindas à dor que clareia a visão mental, e destemidamente bradaremos ao Senhor da passagem incandescente da montanha ‘Enviai mais uma vez vossas chamas para calcinar tudo o que obstrua a visão, toda escória que está misturada ao ouro puro; queimai, ó Ser Radiante, até que saiamos do fogo como se fôramos ouro puro e refinado, do qual desapareceu toda impureza.’

Porém se nós, covardemente, recuamos da responsabilidade de chegar a uma decisão e, surdo à voz da consciência, escolhemos o caminho fácil que uma outra pessoa nos disse ser correto, mas que sentimos ser o errado, e assim, contra nossa própria consciência seguimos o caminho de uma outra pessoa, o que fizemos? Embotamos a voz divina dentro de nós; e escolhemos o inferior e não o superior; escolhemos o fácil e não o difícil; escolhemos a subjugação da vontade e não sua purificação; e muito embora o caminho que trilhamos pela escolha de uma outra pessoa possa ser o melhor dos dois, não obstante prejudicamos nossa evolução ao falharmos em fazer aquilo que acreditávamos ser correto. Este erro é mil vezes mais injurioso do que errar pela fascinação do desejo."

². Ahamkᾱra (sânscrito) O conceito de "eu", a autoconsciência ou autoidentidade; o sentimento da personalidade, o "eu", o início egoísta e mayávico do homem, por causa da nossa ignorância que separa o nosso "eu" universal (Glossário Teosófico) Grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70/72)

sábado, 26 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (1ª PARTE)

"Existem muitos casos, em nossa experiência diária, nos quais parece surgir conflito de deveres. Um dever chama-nos numa direção, outro noutra. Então ficamos perplexos quanto ao Dharma, tal como ficou Arjuna na batalha de Kurukshetra. 

Estas são algumas das dificuldades da Vida Superior, os testes da Consciência em evolução. Não é muito difícil cumprir o dever que é claro e simples. É provável que aí não ocorra erro. Mas quando o caminho da ação torna-se emaranhado e duvidoso, quando não conseguimos ver, como então iremos trilhá-lo através das trevas? Sabemos de alguns perigos que obnubilam a razão e a visão, e dificultam distinguir o dever. Nossas personalidades são os nossos inimigos sempre presentes, aquele eu inferior que se veste de centenas de formas diferentes, que às vezes põe a mesma máscara do Dharma, e assim evita que reconheçamos que, ao segui-lo, estaremos seguindo o caminho do desejo e não o do dever. Como podemos então distinguir quando a personalidade nos está controlando, e quando o dever nos direciona? Como saberemos quando estamos sendo afastados do caminho, quando a própria atmosfera da personalidade que nos envolve distorce o objeto além de si pelo desejo e pela paixão?

Em provações assim não conheço maneira mais segura do que nos retirarmos em silêncio para a câmara do coração, para tentar pôr de lado os desejos pessoais, e por um instante nos esforçarmos em afastar da personalidade o nosso Ser, e olharmos para a questão numa luz mais ampla, mais clara, orando ao nosso Gurudeva¹ para que nos oriente; então, sob essa luz podemos conquistar, por meio da oração, da autoanálise, e da meditação, o direito de escolher o caminho que nos pareça ser o do dever. (...)"

¹. Gurudeva, Literalmente: “Maestro Divino”. (Conforme Glossário Teosófico) grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70)