OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

CONSCIÊNCIA MUNDIAL

Resultado de imagem para CONSCIÊNCIA MUNDIAL"O caráter distintivo do mundo moderno rebaixa o autocontrole; muitas vezes, a disciplina pessoal é anátema para aqueles educados nas modernas linhas racionalistas que repudiam as noções tradicionais. Embora seja desejável examinar os valores tradicionais, poderá a sociedade continuar a ser civilizada se seus membros se recusarem-se a abraçar o imperativo moral?

A rigidez da moralidade fundamentalista é uma reação a essa atitude relativista. O fundamentalismo simplifica todas as questões e respostas; por isso a moralidade torna-se uma afirmativa dogmática. No entanto, a complexidade de vida não poder ser reduzida ao sim e não, convenientes aos intérpretes da tradição.

A percepção ética deve tornar-se viva através da pesquisa, da discussão inteligente e da promoção de um senso de responsabilidade para com o ambiente e a sociedade. Não podemos nos esquivar das questões éticas, seja em política, adminstração, educação ou comportamento. Educadores, intelectuais, religiosos e pessoas engajados em reconstrução social devem enfrentar esse desafio.(...)"

(Radha Burnier - Viver com ética - Revista Sophia, Ano 16, nº 74 - p. 14)


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

DESAFIOS DA VIDA (PARTE FINAL)

"(...) A limitação material é como o leito de um rio, forçando as águas numa certa direção. Ele pode dar muitas voltas, mas o destino final é sempre o mar. Quanto mais próximo desse destino, menos curvas aparecem no caminho, porque já aprendemos algo, não nos preocupando mais em fugir e desviar do problema.

Benditos desafios! Cada limitação é uma oportunidade nova. Sofrimento? Depende de como olhamos o desafio. Quando um alpinista se defronta com um pico escarpado, enfiado nas nuvens, ele sorri ou empalidece? Encoraja-se ou desanima?

A vida em si é um desafio de alpinista. Chegar ao topo requer equilibrar-se junto às ladeiras, onde tentações diárias - como preguiça, inveja, gula, desonestidade, raiva, mentira - querem nos atrair para a energia antiga, o comportamento antigo. Repetir no mínimo é estagnar, aprofundando a inconsciência, a não ser que coloquemos atenção no ato.

Ainda que repetindo, atenção na ação é crescimento. Da próxima vez será possível um rumo diferente. Ir adiante, porém, é suspender o pé para o degrau seguinte. Por essa razão o autodomínio é tão importante no caminho espiritual - o que não significa reprimir. O trabalho é sempre por meio da consciência. Domar nossa natureza inferior é estabelecer quem manda no corpo, modificando sua energia pela combinação da vontade com pensamentos elevados e amor - o que é impossível na mente entulhada. 

Requer-se esvaziar esse copo, transformando-o em divina taça pela meditação, sons iluminados, trabalho altruísta e alimentação sutil, preferindo também companhias que buscam crescer como você. Essa é uma dieta para a mente e para a alma, elevando também o vaso físico que nos sustenta no mundo. Vibracionalmente, tudo cresce ou se rebaixa ao mesmo tempo em nós, expandindo ou embotando a consciência."

(Walter S. Barbosa - Desafios da vida - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 12/13)


domingo, 14 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) O Ocultista - o homem ou a mulher que almeja a perfeita aptidão espiritual - deve transcender o anelo de qualquer que seja o tipo, toda fraqueza que exija autoindulgência, e atingir um estado de autodomínio espiritual. Seu amor é doação de si mesmo em abundância, de si mesmo em sua pura natureza, na realidade nada mais possuindo. É a neutralização do veneno do senso de eu e a libertação do prisioneiro movimento de vida de suas limitações de tempo na eternidade.

Os direitos de posse, de asserção de si próprio e de ilimitada autoindulgência são em toda parte os mais desmedidos fenômenos da vida moderna e aos quais se devem a maioria de nossas dificuldades. Nenhuma pessoa sensível pode esperar uma perfeição impossível no atual estágio, nem fará bem algum pregar o ideal do sannyasi - renunciante indiano - ao homem do mundo. Não existe disciplina modeladora, não existe uma vida verdadeiramente espiritual nos dias de hoje que possa ser praticada pelo homem do mundo. O mérito dos ashramas (estágios de vida), na Índia antiga, era que os deveres designados para cada estágio - juventude, virilidade, maturidade e o período anterior à temporária libertação do corpo - eram calculados para preparar o indivíduo para os estágios seguintes e torná-lo cônscio o tempo todo de um propósito profundamente espiritual na vida. 

O ideal do amor, na vida prática do dia a dia, deve significar o serviço de cada um a tudo dentro de sua esfera, consideração dos direitos dos outros, autocontrole, e particularmente cessação de crueldade e luxúria. Pode haver uma medida de liberdade espiritual para cada um se as condições de vida forem organizadas com base nisso. 

Cada um deve descobrir em si próprio aquilo que é capaz de uma bela expansão, que será uma proteção e uma bênção aos outros e o meio de libertar a luz em si próprio. Nessa luz e expansão está a mais pura felicidade.

Há momentos, que raramente nos ocorrem, quando sentimos a bem-aventurança de um temporário autoesquecimento, seja através da devoção, do amor humano, ou do auxílio altruísta ao outro, e nesses momentos atingimos uma certa centelha que pode transformar-se numa chama brilhante. Quando esse estado for atingido, seremos homens e mulheres libertos."

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 39/40


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

MELHORE SUA CONCENTRAÇÃO DURANTE A MEDITAÇÃO

"Para que você melhore em concentração durante a meditação, reduza suas pretensões e desejos. Olhe cada coisa como se você fosse uma simples testemunha desinteressada; não se precipite; não se deixe envolver. Quando as algemas caírem, você se sentirá feliz e leve.

Meditação é a função do homem interno. Envolve quietude subjetiva, esvaziamento da mente e o sentir-se uno com a luz que emerge da Divina Centelha interior. Tal disciplina nenhum livro-texto pode ensinar. Nenhuma aula pode comunicar dhyana. Purifique suas emoções. Clareie seus impulsos. Cultive Amor. Tal domínio é o propósito do processo da meditação ou dhyana.

A mãe pode sentar-se junto do filho e pronunciar palavras que o encorajem a falar, mas o filho tem de usar sua própria língua e fazer seus próprios esforços. Assim, também, uma pessoa pode lhe ensinar como sentar-se e manter o torso vertical, as pernas dobradas, as mãos corretas, os dedos cruzados, a respiração firme e lenta, mas quanto poderá lhe ensinar a controlar a agitação mental?

Quando a meditação So-Ham⁹⁴ atingiu a estabilidade, você pode começar a estabilizar na mente a Forma (rupa) de seu Ishatadevata, isto é, aquela forma do Senhor que você escolheu para sobre Ela meditar. Faça (mentalizando) uma pintura da Forma, da cabeça aos pés, durante cerca de quinze ou vinte minutos. Isso ajudará a fixar no altar do seu coração a Divina Forma. 

Depois você começará a ver somente aquela Sagrada Forma em toda parte. Em todos os seres descobrirá somente Ela. Você virá a realizar o Uno manifestado como muitos. Sivoham - seu sou Shiva. Soham, eu sou Ele. Unicamente ele É.

Pode-se fazer adoração ou dhyana, conforme a própria convicção, na privacidade do lar."

⁹⁴ Um dos métodos de meditação (dhyana) que Swami aprova é aquela que consiste em pronunciar mentalmente o mantro SO na inspiração e o mantra HAM na expiração. A respiração não é comandada, mas tão somente testemunhada pela consciência enquanto acompanhada pelos dois mantras.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 131/132)


sábado, 16 de setembro de 2017

QUEM SOU EU?

"(4:27) Alguns, guiados pelo discernimento, oferecem as atividades de seus sentidos e a energia nelas contida ao fogo do autocontrole. (Perguntam a si mesmos: 'Quem está vendo? Quem está ouvindo? Que força me motiva a experimentar essas sensações?')

O método de oferecer a consciência egóica à expansão cósmica acaba por suscitar a pergunta: 'Quem sou eu?' Primeiro, a pessoa quer saber: 'Quem está comendo?', 'Quem anda quando meu corpo se desloca?', 'Quem, de fato, respira?', 'Quem pensa?', 'Quem reage com pensamentos positivos ou negativos?', Quem está fazendo estas perguntas?'

E, rematando tantas indagações, de novo: 'Quem sou eu?'

Essa é a abordagem do Gyana Yoga (o caminho do discernimento), que todos deveriam adotar em sua sadhana (prática espiritual). Examine-se enquanto come, anda, respira, conversa, pensa. Faça um esforço mental para distanciar-se de seu corpo e mente. Torne-se o observador silencioso de seu próprio eu. Aos poucos, irá se sentir interiormente desapegado e aceitará seu ser como uma outra realidade: a alma divina que apenas sonha tudo aquilo que acontece fora dela."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 199


sábado, 5 de agosto de 2017

O YOGA E A MORAL ESPIRITUAL

"As tradições religiosas e a liberalidade da sociedade contemporânea não são capazes de solucionar as dúvidas sobre a influência do comportamento moral da nossa felicidade. Sabemos que nem a repressão nem a entrega completa à satisfação dos desejos geram felicidade; é impossível encontrar alguém feliz em meio à devassidão moral ou a um rígido ascetismo.

Entretanto, se um homem comum, que segue com bom senso os costumes da sociedade e a ética religiosa, não consegue se sentir feliz, para que serve a moral, além de manter um convívio civilizado entre as pessoas? Podemos encontrar a resposta para essa pergunta nos comentários de Rohit Mehta aos Yoga-Sutras de Patañjali, um clássico do yoga escrito no século VI a.C. Essa obra aborda o caminho espiritual para a libertação da alma, e não deve ser confundida com a prática das asanas, ou posturas físicas.

No livro Yoga, a Arte da Integração (Editora Teosófica, 1995), Mehta afirma que o comportamento e os mandamentos religiosos podem ser analisados sob dois pontos de vista: o externo, ou social, e o interno, ou psicológico. A moral religiosa cumpre seu papel social quando o homem segue as regras do bom comportamento civilizado. Porém, isso não é o suficiente para atingir a felicidade, ou o 'reino dos céus', que está dentro de nós.

É claro que uma pessoa que não consegue se ajustar minimamente ao convívio social também não será capaz de enfrentar as sutilezas muito mais desafiadoras do mundo psicológico. Mas aquele que quer dar um passo além e seguir o caminho da realização espiritual precisa saber encarar os problemas da vida e suportar os inevitáveis sofrimentos com autocontrole e serenidade. Isso, porém, não pode ser confundido com acumular tristezas e aborrecimentos nem renunciar às alegrias da vida, como sugerem algumas rígidas interpretações da moral religiosa.

'O propósito da disciplina do yoga', segundo Patañjali, é 'eliminar as impurezas causadas pelo processo de condicionamento, de modo que a luz do puro percebimento incondicionado possa brilhar.' A disciplina do yoga, portanto, não faz parte de um sistema de recompensa e punição por bons ou maus atos praticados, mas tem o objetivo de purificar a mente de seus próprios processos de condicionamento."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 31)


sexta-feira, 14 de julho de 2017

A IMPORTÂNCIA DE CONTROLAR OS SENTIDOS

"A filosofia vedanta ensina que, desde que reconheçamos a base essencial de tudo que vemos, desnecessário se torna qualquer outro sadhana (disciplina). Se você tem um pote com um furo, jamais o encherá de água. Da mesma forma, se o pote de nossa mente tem alguns furos, na forma de desejos sensuais, todo trabalho que fizermos será inútil; nunca a plenificaremos com pensamentos sagrados. Somente quando já hão haja orifícios, suas tentativas serão eficazes e você poderá elevar-se ao Divino.

Rancor, orgulho e outras paixões reduzem o homem ao nível de um lunático e algumas vezes o degradam ao nível da besta. Portanto, é necessário que devamos reconhecer vijnana, prajnana e sujnana⁶⁹, que latentes no homem, o dirigem, por canal apropriado, para assim atingir o estado mais alto da felicidade suprema. A causa de todos os problemas, confusões e desordens é o fato de que perdemos o domínio sobre nossa sensualidade. Permitimos que tudo ocorra de maneira selvagem. Por deixar liberados e descontrolados os sentidos, tornamo-nos incapazes de apropriadamente discernir, de pensar de forma fria, calma e racional. É assim que, muitas vezes, somos arrastados a ações errôneas. A ira é igual a um tóxico. Induz-nos internamente a fazer coisas erradas. Esta é a fonte de todos os pecados. É um imenso demônio. Ela nos conduz a cometer os demais pecados. No caso de Viswamitra⁷⁰, sabemos que todo bem que adquiriu praticando thapas⁷¹ foi anulado por este único mal - a ira. O mérito que acumulara mediante thapas, que durara muitos anos, foi perdido num momento de ira."

⁶⁹ Vijnana, prajnana e sujnana - vi, praj e su são três prefixos acrescentados à palavra jnana (conhecimento), atribuindo a esta três graus diferentes, expressando três espécies de conhecimento. As diferenças são demasiadamente sutis para a mente ocidental, e explicá-las não caberia num simples rodapé. Podemos acrescentar que se trata de níveis diversos e progressivos, que transformam o simples conhecimento em sabedoria suprema unitiva.
⁷⁰ Um celebrado sábio, que, tendo nascido na varna (casta) dos guerreiros, através de pesadas e prolongadas austeridades (thapas), ascendeu à varna dos mentores - os brahmanas ou brahmins.
⁷¹ Duras práticas ascéticas.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 179)
www.record.com.br


quarta-feira, 12 de julho de 2017

FELICIDADE AQUI E AGORA

"Todos os nossos esforços conscientes são direcionados à busca da felicidade, mas a infelicidade surge da própria tensão desses esforços. Conseguimos nos manter infelizes a maior parte do tempo. O dinheiro (ou a falta dele) é uma das maiores causas de infelicidade. O rei Abdul Rahamn III, o maior dos reis Omayyad da parte moura da Espanha, era rico, poderoso, temido e respeitado em todo o mundo ocidental. Sua bela capital, Córdoba, era orgulho e inveja de toda a Europa. Ele reinou por mais de cinquenta anos, mas, durante esse longo período, lembrava-se de ter sido verdadeiramente feliz apenas por catorze dias.

O desejo é a principal causa da infelicidade. Os objetos mundanos de desejo - dinheiro, posição, posses, fama - são amaldiçoados por uma doença peculiar; a dualidade. Sua natureza projeta duas reações opostas, como dor e prazer, estados agradáveis e desagradáveis se alternam na mente. Por isso, a satisfação de um desejo nunca leva a um estado de felicidade ininterrupta. Um exemplo é o dinheiro, que pode comprar prazeres, mas traz preocupações sobre como investí-lo e multiplicá-lo.

Quando desejamos algo, forjamos um elo com o objeto desejado. Por isso, no momento em que cobiçamos alguma coisa, perdemos, na mesma medida, a nossa liberdade. Não é necessário explicar que a escravidão anula a alegria da vida; apenas as criaturas livres podem ser verdadeiramente felizes. 

Há solução para esse problema universal? Segundo o Bhagavad Gita (v. 23), 'apenas aquele que consegue manter sob controle (...) a pressão exercida pelo desejo e o ódio pode ser feliz.' Essa fórmula para a felicidade é simples e lúcida, sem ambiguidades. Se aprendermos a controlar nossas paixões, podemos ser felizes aqui e agora. A dificuldade é como fazer isso

Portanto, a atitude básica a ser adotada é restringir o desejo ao mínimo necessário. Obviamente, as necessidades mínimas para uma vida razoável devem ser atendidas. Muito embora os passos para obtê-las possam ser tecnicamente classificados como desejo, os filósofos não se preocupam muito com eles.

Abandonar o desejo pode soar como matar a alegria, mas não é assim. Algumas pessoas mais felizes do mundo foram homens santos que limitaram seus desejos. O segredo é desfrutar de tudo sem tentar possuir nada. Se Deus nos equipou com cinco sentidos e uma mente ativa, certamente não foi para amordaçá-los. O problema surge apenas quando queremos explorar a natureza em nosso benefício, excluindo os outros.

Quanto mais deixarmos de olhar em torno com um sentido de posse, quanto mais meditarmos sobre a natureza interna das coisas, maior será a felicidade. A prática da concentração contemplativa pode nos levar a um estágio onde, sem esforço consciente, a mente permanece em beatitude enquanto realizamos trabalhos mundanos com a maior eficiência. Esse é o estágio do indivíduo liberado (jivanmukta), mesmo vivendo na carne; ele possui a felicidade ilimitada."

(A. V. Subramanian - Felicidade aqui e agora - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 15)


domingo, 21 de fevereiro de 2016

POR QUE TANTA LUTA? (PARTE FINAL)

"(...) Estudado sob esse ponto de vista, a imaginação não consegue encontrar um caminho por meio do qual esses Seres autopreparados, autodeterminados, conseguem atingir aquele perfeito equilíbrio e firme infalibilidade de sabedoria que os capacita a ser a ‘Natureza’ de um sistema, a não ser aquela senda de luta e experiência na qual nos esforçamos hoje. Pois se houvesse um Deus extracósmico com natureza diferente da natureza daquele Ser que vemos desabrochar ao nosso redor em harmoniosa certeza de sequência encadeada - um Deus com índole irregular e vacilante, mutável e arbitrário, volúvel -, então poderia ser que desse caos pudesse surgir um ser chamado ‘perfeito’, mas certamente muito imperfeito, uma vez que por demais limitado, e que, não tendo experiência atrás de si, e portanto carecendo de raciocínio e julgamentos, pudesse, tal qual uma máquina, agir ‘corretamente’, ou seja, de acordo com um dado esquema de coisas e, tal qual uma máquina, produzir a sequência de movimentos preparada para ela. Mas um ser assim se encaixaria apenas no seu esquema, e fora dele seria inútil, incompetente. Também não haveria vida, que é a mutável autoadaptação a condições mutáveis, sem a perda, a desintegração, de seu centro. Pela agitada senda ao longo da qual seguimos, estamos sendo preparados para todas as emergências com que tivermos de nos defrontar no universo futuro, e essa é um resultado que bem vale as provações a que estamos expostos.

Também não devemos esquecer que estamos aqui porque quisemos desabrochar nossos poderes através das experiências da vida nos planos inferiores; que nosso fado é autoescolhido, não imposto; que estamos no mundo como resultado da nossa própria ‘vontade de viver’; que, se essa vontade mudasse - embora ela verdadeiramente não seja mutável -, deixaríamos de viver aqui e retornaríamos à Paz, sem colhermos os frutos para os quais viemos. ‘Ninguém mais nos obriga.’"

(Annie Besant - Um estudo sobre a Consciência - Ed. Teosófica, Brasília - p. 237/238)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

OS PASSOS CIENTÍFICOS PARA MEDITAR COM ÊXITO

"Existem princípios científicos definidos a serem aplicados na busca por Deus. São os princípios da yoga, que na Índia foram pesquisados, praticados e provados por muitos séculos. (...) A ciência da religião baseia-se em leis imutáveis.

Algumas pessoas já me perguntaram: 'Por que a minha relação com Deus deve ser governada por tantas regras? Não posso simplesmente ser guiado por minha própria intuição no caminho espiritual?' Eu respondo: 'Sem dúvida alguma, use a intuição para guiar você, mas primeiro tenha certeza de que é uma intuição verdadeira (a qual provém da sintonia com Deus), e não apenas o seu desejo subconsciente de fazer o que quer'.

A autodeterminação errada é uma cilada para muitas pessoas. Primeiro, siga a ciência; aprenda a perceber Deus com a aplicação adequada dos métodos da yoga. Quando você O conhecer acima de qualquer dúvida - quando você conseguir ter a mente tão tranquila que, em todas as experiências da vida, puder manter uma atitude de beatífica devoção a Deus, de autoentrega constante a Seus pés - então há a possibilidade de seus esforços espirituais serem guiados pela intuição, e não antes. 

Os grandes mestres têm mostrado os passos que eles mesmos deram para chegar à realização divina. Qualquer pessoa de bom senso seguirá esses passos, em vez de tentar forjar o próprio caminho. Para que 'reinventar a roda'? Você tem liberdade, é claro; mas não seria mais lógico seguir o caminho que já se comprovou que leva a Deus, em vez de passar anos, talvez encarnações, tentando encontrar o seu próprio caminho por meio de laboriosas experiências de tentativa e erro?

As leis são conhecidas; a profundidade da meditação provém da aplicação paciente e firme dessas leis. É como aprender a tocar piano. O êxito provavelmente não virá de tentativas não científicas, a esmo. Antes de poder tocar um concerto de Rachmaninoff no piano, você precisa saber quais são as teclas certas e então, gradualmente, ganhar habilidade com a diligente prática diária. O mesmo ocorre com a meditação - ela requer a aplicação dos passos científicos de yama, niyama, asana e a contínua determinação de perseverar na prática das técnicas de pranayama, até que os pensamentos se aquietem completamente. Por meio de Hong-Só, a mente e a respiração sincronizam-se perfeitamente; é como se tivessem sido forjadas numa só espada afiadíssima que repentinamente corta os grilhões internos que nos aprisionam. A mente fica livre e clara. Você sente dentro de si a presença de Deus por trás desta forma física, além de toda a vida. Estas percepções maravilhosas e estimulantes surgem quando praticamos a ciência da meditação."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 41/43)


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (PARTE FINAL)

"(...) O bêbado de hoje poderia ser uma pessoa sóbria e com autodomínio se, em certo momento do passado, não tivesse cedido à 'iniciação'. Ele já não se lembra em que reuniãozinha social, para mostrar-se igual aos outros, cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as 'bolinhas' ou com os cigarros de maconha. Em todos os casos o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os 'iniciados' já eram pessoas comumente chamadas 'fracas de espírito', ou seja, os de personalidade e mentes amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente leva o fraco a imitar os do grupo. Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. 

Se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em você, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. (...) Na próxima reunião, quando todos, igualados, bem 'normaizinhos', bem 'mesmificados', estiverem bebericando, fumando e fazendo uso indevido da faculdade da palavra, sem pretender afrontá-los nem parecer melhor do que eles, não tenha medo de ser diferente. (...)

Não queira ser igual, em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Só os psiquicamente adolescentes, por inseguros, o fazem. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas 'normais' reuniões de vício e degradação.

Isso é o que eu quis dizer ao sugerir que você não deixe cair a semente daninha em seu quintal. Não capitule.

Não esqueça o preceito hindu: 'Semeia um ato e colherá um hábito. Semeia um hábito e colherá um caráter. Semeia um caráter e colherá um destino.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 220/221)


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

CUIDADO COM AS TURBULÊNCIAS DOS SENTIDOS

"(2:60) Ó Filho de Kunti (o poder de alhear-se das paixões), Arjuna, até o homem sábio, que cultiva o autocontrole, pode às vezes ser abalado pela turbulência dos sentidos. 

A nenhum devoto convém subestimar a força tremenda das tendências subconscientes. Seus tentáculos alcançam mais longe do que tudo o que a mente consciente possa perceber ou imaginar.

Paramhansa Yogananda advertia que, enquanto a consciência egóica persistir, não deve a pessoa considerar-se a salvo da ilusão: 'Lembre-se, você não estará seguro até atingir nirbikalpa samadhi.' Mesmo na etapa inferior de samadhi chamada sabikalpa o ego tem de retroagir de sua consciência infinitamente expandida para a percepção exterior. Portanto, quem atinge sabikalpa samadhi pode também falhar. Meu Guru me contou vários casos em que isso aconteceu: 'Sadhu, tome cuidado!', aconselhou certa feita o grande mestre Sri Ramakrishna a um discípulo, que logo depois se desviou do caminho espiritual. 

É bom atentar para o mínimo prurido de excitação no coração quanto se examinam os aspectos ilusórios. Esse pequeno movimento da energia deve ser visto como primeiro sinal de advertência. Um alvoroço no coração, por insignificante que seja, advertirá o yogue para calar imediatamente até mesmo a ideia de ilusão.

Maya é muito sutil. Jamais 'mexa com ela'. Você nunca terá certeza de poder vencê-la, tanto mais que o próprio discernimento com que pensa dar batalha já está infectado pelo vírus que dela provém."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 124/125)
www.pensamento-cultrix.com.br


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O AMOR CONQUISTA TODAS AS COISAS

"No mundo em geral, existem muitas dificuldades a serem vencidas, criadas pelas forças das trevas ou resistência e as forças de luz ou progresso, entre as quais os destinos da humanidade sempre oscilam para trás e para diante. 

Pelo fato de ser lei, somente o amor é que consegue conquistar as forças das trevas.

Podemos perceber a lei por nós mesmos, pois o homem é uma partícula na qual a onda de vida universal está centrada ou expressa.

Em nós, também, existem luz e trevas: as forças que contribuem para a unidade, para a criatividade na beleza, e para a oniabarcante felicidade, surgindo por si mesmas e irrestringíveis; também os seus opostos. 

Mas, em longo prazo, a unidade prevalece, a separatividade é destruída. Toda força enviada de nós retorna à sua origem com um ricochete infalível. Assim, aquilo que pode ser destruído pela força é destruído; mas o assassino é sempre a própria pessoa.

O amor é a única força conhecida do homem impossível de ser derrotada por qualquer ameaça, por mais terrível, ou por qualquer provação a que possa ser submetida. Em sua pureza, ele inspira ao sacrifício voluntário, convertendo-o em alegria.

Onde ele reina em perfeição, existe a bem-aventurança de uma consumação, uma integralidade, além da qual não há necessidade nem ímpeto de buscar experiência agregada. No amor existe a experiência na eternidade.

O que é verdadeiro com relação ao amor é verdadeiro com relação àquela forma temperada de amor, que é devoção, quando se rende à verdade, seja sua infinitude ou como se manifesta em um caso de encantamento humano.

Pela força do amor, o microcosmo pode ser vencido. Por esse mesmo poder, à medida que se expande, o macrocosmo é conquistado, pois é divino. Aquele que se torna mestre de si mesmo pode tornar-se mestre de um universo, (o que é um modo de falar) pois então ele não mais é ele, como se conhece, mas alguém com o poder que é o mestre do universo.

Autodomínio implica autoconhecimento e autossuficiência; e nada do mundo é autossuficiente, exceto aquele eu ou natureza que tem raízes numa condição de amor e daí floresce."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 78/79)


domingo, 11 de outubro de 2015

SÊ SENHOR DOS TEUS NERVOS!

"(...) É estranho! não há nada que tão radicalmente desarme o nosso adversário como pedir-lhe um favor ou reconhecer a sua superioridade.

Se dou um empurrão involuntário a um vizinho, ou lhe piso num pé, ele me olha furioso, e enquanto me calo o esbarro parece significar: Eu tenho o direito de fazer isto, porque eu sou superior e tu és inferior! Mas no momento em que profiro a palavrinha mágica 'desculpe!' tudo mudou, os céus se desanuviam, porque desde esse momento o objeto do esbarro se sente superior ao sujeito do mesmo, porquanto este, pelo fato de dizer 'desculpe', confessa a sua condição de devedor, conferindo ao outro as honras de credor. É que o nosso querido e inveterado egoísmo se compraz deliciosamente na consciência da sua superioridade. E, estranhamente! quase todos os homens preferem ser inferiores no plano moral do que na zona intelectual; dizer a alguém que é 'mau' é ofensa, mas dizer-lhe que é 'bobo' é ofensa muito maior.

Pedir desculpas ou pedir um favor a alguém é admitir a própria inferioridade ou condição de devedor, e reconhecer no outro superioridade ou condição de credor. Fazer bem aos que nos fazem mal, não é apenas um preceito ético, é também um postulado profundamente psicológico, porque o positivo neutraliza seguramente o negativo e despoja das armas qualquer adversário armado.

Entretanto, toda essa estratégia supõe um grande domínio sobre os nervos, um perfeito controle das emoções instintivas. E esse perfeito controle e domínio nasce do conhecimento experiencial da verdade sobre nosso verdadeiro Eu. Enquanto confundo o meu pequeno ego personal, físico-mental, com o meu grande Eu espiritual, o meu Cristo interno, serei incapaz de manter essa calma e serenidade em face duma suposta ofensa. Digo 'suposta', porque ninguém pode ofender-me realmente, isto é, a 'mim', ao meu verdadeiro 'Eu', uma vez que este se acha para além do alcance de qualquer agressão, ofensa ou vulneração de fora; só pode ser ofendido e vulnerado de dentro, por mim mesmo, e só por mim. O mal que os outros me fazem, ou parecem fazer, não me faz mal, porque não me faz mau; e, antes de fazer, ou parecer fazer mal aos outros, já fez um mal real a mim mesmo. 'O que entra pela boca não torna o homem impuro, mas sim o que sai da boca' (Jesus). O mal que eu sofro como objeto não me atinge na íntima essência do meu ser; mas o mal que eu faço como sujeito, isto sim me atinge e vulnera, porque é produto meu.

Ninguém pode ofender o Eu, mas tão somente o que é meu. Quando Gandhi, pelo fim da sua vida repleta de injustiças, foi interrogado se havia perdoado a todos os seus inimigos, respondeu calmamente: 'Não, porque nunca ninguém me ofendeu.' Como iniciado na suprema verdade sobre si mesmo, sabia o Mahatma que nenhuma das numerosas ofensas recebidas tinha atingido o seu verdadeiro Eu, a sua alma o seu Cristo interno. 'Conhecereis a verdade - e a verdade vos libertará.' (Jesus)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 141/143


sábado, 10 de janeiro de 2015

DITADORES MESQUINHOS (PARTE FINAL)

"(...) É até melhor esconder o alcoolismo mental do que ceder à sua influência em público. A tolerância desavergonhada e contínua é o solo em que florescem as tendências pré ou pós-natais. O indivíduo que antes de nascer já é propenso ao alcoolismo mental, deve tomar cuidado redobrado, evitando viver em ambientes que reguem as sementes psicológicas inatas de seus maus hábitos e humor. 

Naturalmente, quando você encontra uma pessoa que o trata com formalidade e, com um sorriso postiço, diz: 'Como vai? Tenho enorme prazer em conhecê-lo', enquanto, por dentro, pensa: 'Adoraria cortar sua cabeça por me incomodar.' Você sente o que vai por dentro dessa pessoa e não gosta. Eu mesmo aprecio saber em que pé estou com as pessoas. Prefiro tratamento rude a comportamento hipócrita. Ninguém gosta de arriscar a receber o bote da serpente da insinceridade, surgindo de uma roseira de sorrisos. 

Entretanto, é melhor que o alcoólatra mental seja amistoso, mesmo que hipocritamente, do que descarregar seu mau humor nos outros. A prática diária do autodomínio, mesmo em assuntos de pouca importância, ajudará o alcoólatra mental a sair, pouco a pouco, da embriaguêz de sua própria complacência."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 200)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ASANGA (PARTE FINAL)

"(...) Negue-se a alimentar a sensualidade. Evite as oportunidades do excitamento sensual. Não se comporte como um gozador inveterado. Evite transformar-se num fascinado pelos sentidos. Não se deixe perder no gosto, na miragem e na obsessão da sensualidade. Conserve-se sóbrio. Não quer dizer que quem não é um eremita austero tem de forçosamente ser um neurótico. Não é nada disso. Mas sobriedade e autodomínio pacífico nunca fazem mal a ninguém. Ao escolher um divertimento, leve em conta que a necessidade obsedante de correr a eles é um sinal de que a eles você está se prendendo, de que se está esvaziando, se alienando e tornando cada vez mais difícil a equanimidade, a imperturbalidade e, consequentemente, a saúde. Cada vez que você vai ver um filme de horror, de violência, de ódio e vingança, de erotismo e suspense, a título de divertimento, o que está de fato fazendo é introjetar no insconsciente vásanas e samskaras nocivas que são como germes patogênicos psíquicos do medo, da agressão, da brutalidade, da ira e da luxúria. Ao mesmo tempo estará, automaticamente, danificando organismo com fortes emoções mórbidas que a película lhe propicia. 

Aprenda a ser dono de sua sensibilidade. Divinize-a, alimentando-a de pura beleza. Aprenda a melhorar-se com imagens, sentimentos, melodias, sons, perfumes e emoções que sejam condizentes com a aspiração de transformar sua vida mediante a conquista da mente.

O erotismo está expulsando do mundo a poesia. A violência está destruíndo a ternura. A sensualidade grosseira está vencendo a capacidade de gozar o sutil. Isso causa dores e desquilíbrios.

Despertemos. Comecemos a reagir. Aprendamos a cultivar poesia, ternura e gozo espiritual. Sutilizemos, refinemos nossa sensibilidade. Espiritualizemos nosso sentir. Tornemo-nos capazes para os prazeres não compráveis, invulgares, indescritíveis - os sublimes; e para as perfeitas vivências no Espírito Onipresente da Beleza Absoluta. Harmonizemo-nos esteticamente. Harmonizemo-nos capazes de sintonia com a Suprema Beleza, que o Divino Artista nunca deixou de nos oferecer. Abramos nossos olhos para a beleza de Deus." 

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 196/197)


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DESENVOLVER O DISCERNIMENTO PARA JULGAR (PARTE FINAL)

"(...) Preste atenção as suas motivações em tudo o que fizer. Tanto o glutão quanto o iogue comem. Mas você diria que comer é pecado por ser frequentemente associado à gula? Não. O pecado está no pensamento, na motivação. O homem mundano come para satisfazer a gula e o iogue come para manter seu corpo em forma. Há uma enorme diferença. Analogamente, um homem comete um homicídio e é enforcado por isso; um outro mata muitos seres humanos no campo de batalha, defendendo a pátria, e é condecorado. Aqui, novamente, é a motivação que faz a diferença. Os moralistas fixam regras absolutas, mas estou dando-lhe exemplos para mostrar como você pode viver neste mundo de relatividades, com o autocontrole dos sentimentos, mas sem se tornar um autômato.

A maneira científica de viver é interiorizar-se e se perguntar se está agindo certo ou errado, e ser absolutamente sincero consigo próprio. Se for sincero com você mesmo, é pouco provável que aja errado e, ainda que o faça, será capaz de se corrigir rapidamente.

Todas as manhãs e todas as noites mergulhe no silêncio, ou seja, na meditação profunda, pois a meditação é o único caminho para se distinguir a verdade do erro. Aprenda a ser guiado por sua consciência, o divino poder do discernimento dentro de você.

Deus é o sussurro no templo de sua consciência e a luz da intuição. Você sabe quando está agindo errado. Todo o seu ser lhe diz, e essa sensação é a voz de Deus. Se você não O escuta, Ele fica calado. Mas quando você despertar da ilusão e quiser agir corretamente, Ele o guiará.

Seguindo todo o tempo a voz interna da consciência, que é a voz de Deus, você se tornará uma pessoa verdadeiramente moral, um ser altamente espiritualizado, um homem de paz."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 56/57)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

RESISTA AOS APELOS DOS SENTIDOS

"84 - Se o desejo pela liberação existe em ti, os objetos sensoriais têm de ser mantidos à grande distância, como se fossem veneno. Deves constante e fervorosamente buscar a alegria como se fosse ambrosia, bem como a bondade, o perdão, a sinceridade, a tranquilidade e o autocontrole.

COMENTÁRIO - Exercita constantemente a tua vontade, deixando de lado aquilo que desejas. O desprendimento aumenta à medida que começamos a ver mais nitidamente os perigos do apego aos objetos dos sentidos. Ao mesmo tempo procura estimular a alegria, sorrindo para os teus interlocutores ou apresentando uma face tranquila para o mundo; cultiva a alegria, a bondade, o perdão, a sinceridade, a tranquilidade e o autocontrole. Aos poucos as sementes florescerão e transformarão a tua vida e os que estão à tua volta. Transformamo-nos em um centro de paz e equilíbrio no meio da convulsão que caracteriza a nossa época. Veremos então que tudo se torna diferente."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 43)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

SUPERAR AS EMOÇÕES NEGATIVAS (2ª PARTE)

"(...) Mesmo enquanto se empenha em melhorar, aprenda a ser ímpar, confiante em suas próprias virtudes e em seu próprio valor. Se quer que os outros creiam em você, lembre-se: não são apenas as suas palavras que produzem efeito, mas sim o que você é e o que você sente interiormente - o que está em sua alma. Procure ser sempre um anjo no seu interior, não importa como os outros ajam. Seja sincero, gentil, afetuoso e compreensivo. 

Quando alguém se aproximar de você com raiva, mantenha o autocontrole. 'Não vou me exaltar. Continuarei expressando a calma até que os sentimentos dessa pessoa mudem.' Quando um ente querido (...) testa nossa paciência além dos limites, devemos nos retirar para um lugar quieto, trancar a porta e praticar alguns exercícios físicos e relaxar da seguinte maneira: sente-se numa cadeira firme, com a coluna vertical ereta. Lentamente, inspire e expire doze vezes. Então afirme, profunda e mentalmente, dez vezes ou mais: 'Pai, Tu és harmonia. Que eu reflita a Tua harmonia. Harmoniza esse meu ente querido atacado pelo erro'. A pessoa deve afirmar isso até sentir, por meio da profunda sensação de paz e tranquila confiança que vai descendo sobre ela, que Deus ouviu e que lhe respondeu. (...)

'A ira brota apenas de desejos contrariados' [dizia Sri Yukteswar]. 'Não espero coisa alguma dos outros; portanto, suas ações não podem estar em oposição aos meus desejos.'

Se alguém o magoar profundamente, você guardará lembrança disso. Entretanto, em vez de se concentrar nesse acontecimento, você deveria pensar em todas as coisas boas relativas à pessoa que o magoou e em tudo de bom que você teve na vida. Não ligue para os insultos que recebe. 

Concentre-se em tentar contemplar Deus no seu inimigo, pois, agindo assim, você se livra do maléfico desejo de vingança que destrói a sua paz mental. Plantando rancor sobre rancor, ou dando ódio em troca de ódio recebido, não só você aumenta a hostilidade do inimigo a você, mas se envenena física e emocionalmente com sua própria peçonha.(...)"

(Paramahansa Yoganada - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 138/140)


quinta-feira, 2 de maio de 2013

A LIBERTAÇÃO DA MENTE

"O Senhor Buda, certa vez, disse: "O benefício da vida santa, ó monges, não está em ganhos, favores e honras; nem na observância das leis morais; nem na obtenção da concentração; nem no conhecimento e na visão; mas apenas nisto, ó monges: na firme e inabalável libertação da mente. Esse é o objetivo da vida santa. É sua essência. É sua meta."

Que quer dizer "inabalável libertação da mente"? Significa que a mente está sempre livre da compulsão de hábitos, emoções e apegos; e é governada apenas pela sabedoria, pelo amor e pela abnegação. Significa que o ego já não o controla; que você, a alma, agindo por meio da mente, é o dono de seu destino. A expressão da atitude correta em todas as condições e situações é evidência desse autodomínio. A atitude correta é o caminho para Deus. Sem ela, nunca se pode conhecer Deus. Ela é o próprio alicerce da vida espiritual. Precisamos nos esforçar constantemente no sentido da atitude correta, ou nenhuma dose de discurso a respeito de Deus, nenhuma quantidade de leitura das escrituras, nenhuma soma de anos aos pés de um guru é de qualquer proveito.  

Implícita na atitude correta está a humildade. Você não pode conhecer Deus sem primeiro admitir que é o menos importante a Seus olhos. Isso não quer dizer que deva sair por aí anunciando e se lamentando que você é insignificante. Não. Humildade significa que, não importa o que alguém lhe diga ou faça, você se mantém sempre o mesmo. Quando uma rosa é esmagada na mão, ela continua a desprender sua fragrância. Quando as pessoas o esmagam em suas mãos críticas, em suas mãos de palavras afiadas e ásperas, a atitude correta é continuar dando, em troca, doçura, palavras gentis, ações gentis e - acima de tudo - pensamentos gentis. Sem pensamentos bondosos não se pode, sinceramente, expressar bondade em palavras ou ações. 

O problema com a maioria das pessoas é que, quando elas ficam com raiva ou aborrecidas, não querem escutar a razão, não querem compreender. Quando uma pessoa está cegamente convencida de que está certa, nenhuma explicação, nenhuma razão ela aceitará. Só sabe que seu próprio desejo foi contrariado, e isso é tudo que lhe importa. "Fica vermelha de raiva", por assim dizer. Esse é o momento para se adotar a atitude correta."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 84/85)