OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

ACEITA AS COISAS COMO SÃO

"(3:33) Mesmo o sábio age em consonância com os ditames de sua própria natureza. Todos os seres vivos obedecem às prescrições da Natureza. De que valeria a mera supressão?

Krishna ofereceu ao mundo, por meio do Bhagavad Gita, não apenas as verdades supremas, expressas de maneira abrangente e pormenorizada, mas um ensinamento de extremo bom senso. A trigésima terceira estrofe é um belo exemplo da sensatez de suas lições. O Senhor diz a Arjuna: 'Aceita as coisas como são.' A história - e talvez a história da religião, em especial - está repleta de figuras que tentam convencer os outros a serem diferentes do que sempre foram. Moveram-se guerras, infligiram-se perseguições, atiçaram-se motins para obrigar povos inteiros a pensar e agir como alguém julgava que devessem agir e pensar. Krishna, nessa passagem, diz com muita propriedade: 'Aceita o que é, não o que supunhas dever ser.'

Todo sofrimento humano prende-se à ideia simplória de que as coisas devem ser diferentes do que são. Mesmo uma dor física intensa pode ser transcendida quando a aceitamos pelo que é. Tente isto: primeiro, reconheça com serenidade sua existência. Depois, concentre-se no núcleo dessa dor. Por fim, deixe-a ir, pura e simplesmente! Verá que, aceitando-a sem restrições, ganha forças para liberá-la.

Não dê aos outros licença para lhe prescreverem o que, aos olhos deles, você deve ser. Por outro lado, nunca dispense arrogantemente os seus conselhos, embora permaneça sempre fiel à sua própria natureza. Você nunca se transformará por supressão. A mudança verdadeira só se obtém por transcendência. Se há em você uma qualidade que não goste, procure elevar a consciência a um nível superior. Se achar que de modo algum conseguirá ignorar uma dor, procure então chegar ao âmago dessa dor. Ao fazer isso mentalmente, ofereça-a a Deus. Se praticar a sugestão com um vigoroso esforço de vontade, verá que poderá tornar-se, num instante, uma pessoa muitíssimo diferente."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 174)


terça-feira, 14 de junho de 2016

A ORIGINALIDADE, SEGREDO DOS MESTRES

"Os antigos Mestres da vida
Eram profundamente identificados
Com as potências vivas do Cosmos.
Em sua profunda interioridade
Jaziam a grandeza e o poder
Da sua dinâmica atividade.
Quem compreende, hoje, em dia, esses homens?
Sábios eram eles, 
Como barqueiros que cruzam um rio
Em pleno inverno:
Cautelosos eram eles,
Como homens circundados de inimigos;
Reservados eram eles,
Como se hóspedes fossem;
Amoldáveis eram eles,
Como gelo que se derrete;
Autênticos eram eles,
Como o cerne de madeira de lei;
Amplos eram eles,
Como vales abertos;
Impenetráveis eram eles
Como águas turvas.
Impenetrável também nos parece
A sua vasta sabedoria.
Quem pode compreendê-la atualmente?
Quem pode restituir à vida
O que tão morto nos parece?
Só quem sintoniza com a alma do Infinito! 
Só quem não busca o seu próprio ego,
Mas demanda o seu Eu real,
mesmo quando tudo lhe falta.

EXPLICAÇÃO: Esta apoteose da sabedoria eterna faz lembrar os mais elevados píncaros da sapiência de Salomão, de Krishna, e do próprio Cristo. A fonte de todas as coisas grandes, que se revelam por fora, brota das profundezas da interioridade, da intuição da essência divina do homem. Estas palavras de suprema sabedoria foram escritas 6 séculos antes da Era Cristã. Não terá havido uma tremenda decadência nesses 26 séculos? Verdade é que, ainda hoje, existe, em alguns Mestres, essa sabedoria - mas quão poucos são eles! A massa profana tripudia, ignara, sobre as coisas sagradas e executa a sua dança macabra em torno do bezerro de ouro - enquanto Moisés trava o seu silencioso solilóquio com o Infinito, no impenetrável cume do Sinai.

Mas... uma pequena elite anônima preserva da extinção o fogo sagrado."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 56/58)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O TRIUNFO DA ALMA POR MEIO DA PRÁTICA DA YOGA (1ª PARTE)

"[No Bhagavad Gita VI:5.6, o Senhor Krishna oferece este conselho a Arjuna:]

'Que o homem eleve o eu (ego) pelo próprio eu; que o eu não seja degradado (derrubado) por si próprio. Com efeito, o eu é seu próprio amigo, e o eu é seu próprio inimigo.
Para aquele cujo eu (ego) foi vencido pelo Eu (alma), o Eu é amigo do eu; mas em verdade, o Eu comporta-se de maneira hostil, como inimigo, para com o eu que não esteja subjugado.'

O ego físico, a consciência ativa no homem, deve elevar seu eu identificado com o corpo até à unidade com a alma, sua verdadeira natureza. Ele não se deve permitir que permaneça atolado nas camadas inferiores e enganosas dos sentidos e do emaranhamento material. O ego age como seu próprio melhor amigo quando, por meio da meditação e do exercício de suas inatas qualidades de alma, espiritualizando-se e termina por recuperar sua própria verdadeira natureza como alma. Em sentido oposto, o ego físico faz papel de seu próprio pior inimigo quando, pelo comportamento materialista enganoso, provoca o eclipse de sua verdadeira natureza como alma eternamente abençoada. 

Quando o ego físico (a consciência ativa) se torna espiritualizado e unido à alma, ele é capaz de manter a inteligência, a mente e os sentidos sob controle, guiados pela sabedoria discernidora da alma - isto é, o 'eu (ego) foi vencido pelo Eu (alma)' - e então a alma é a amiga, a orientadora e a benfeitora da consciência física ativa.

Se, porém, o ego-eu inferior não foi controlado desse modo e persiste em manter a consciência inclinada à matéria, então a alma é inimiga do ego. Isso está de acordo com a alegoria do Gita descrita no primeiro capítulo: Krishna (a alma) é o amigo e orientador dos empreendimentos espirituais do devoto Arjuna, juntamente do exército Pandava de qualidades divinas; portanto, Krishna (a alma) é inimigo (opositor) do exército Kaurava de inclinações materialísticas de Duryodhana, que segue a orientação de Bhishma (o ego). (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 53/54

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A PERFEIÇÃO SUPREMA (1ª PARTE)

"(2:41) Neste yoga, só há uma direção (sem oposto polar). Os arrazoados da mente indecisa, apanhada na dualidade, são infinitamente vários e divergentes. 

Krishna não diz apenas que o caminho para Deus é reto, sem desvios, mas também que só ele devemos seguir na vida! Há, de fato, inúmeros rodeios na busca de Deus em religião - para não falar do 'rodeio' supremo, que é a ilusão. Os porta-vozes das religiões só têm explicações vagas para 'perfeição', limitando-se a esclarecer que Deus espera do homem apenas a prática do bem. O céu é usualmente oferecido como isca: um lugar onde as pessoas passam a eternidade num cenário idílico, de inefável beleza natural, cercadas de 'anjos'. Aos olhos do aspirante espiritual sincero, nada pode ser mais aborrecido do que passar a eternidade aferrado a um ego, ainda que o corpo onde viva permaneça para sempre saudável, flexível, jovem e cheio de energia. 

Poucas pessoas conseguem imaginar um período maior que mil anos - o milênio que Jesus Cristo, de fato, reservou aos cristãos como promessa de perfeição suprema. Hoje, sabemos graças à ciência da astronomia que todas as estrelas vistas no céu são apenas a orla de uma única galáxia, e que existem pelo menos cem bilhões de galáxias no universo físico, esse número, mil, parece verdadeiramente insignificante! Ora, quantas pessoas conseguem imaginar um milhão de anos? Um bilhão? Cem bilhões? Tais números são inconcebíveis. A consciência divina, porém, é eterna. E também 'um centro em toda parte, uma circunferência em parte alguma', portanto dotada de onipresença, ou seja, conscientemente presente na maior das estrelas e no menor 'grão de terra' de um planeta da mais distante galáxia - em verdade, no seixo minúsculo do nosso jardim, e até, num dos incontáveis átomos que se agrupam num fragmento desse seixo.

É espantoso constatar até que ponto as verdades divinas foram distorcidas pelos chamados líderes ou apóstolos religiosos - sacerdotes, imãs, rabinos, panditas e outros que ostentam honrosos títulos eclesiásticos por todo o mundo. Com efeito, apenas o hinduísmo (e digo isso como alguém que foi, ele próprio, educado no cristianismo ortodoxo) ensina formalmente a moksha, ou libertação do ego interior, em conjunção com a consciência divina e onipresente. Jesus Cristo ensinou-a. Mas poucos, se algum, de seus autoproclamados seguidores acreditam que, quando ele falava do céu, referia-se a esse mesmo estado de moksha: libertação absoluta. Quando, na igreja aos domingos, os pregadores cristãos citam a parábola do grão de mostarda, quando deles entendem a comparação que Jesus Cristo traçou entre o céu e essa pequenina semente - comparação que não tem nenhum vínculo perceptível com o paraíso astral de que falam os tais pregadores? O céu que Jesus descreveu como um grão de mostarda cresce, a partir de proporções minúsculas, até o porte de uma árvore frondosa em cujos galhos 'as aves do céu vêm se aninhar'. No versículo seguinte, Mateus 13:33, ele compara o 'reino dos céus' ao fermento usado no fabrico do pão, que faz crescer a massa. Crescimento, expansão: Jesus falava da expansão rumo à onipresença. Uma vez que só nos acenam com verdades espirituais inferiores, os mestres religiosos, pela maioria, desmentem sua própria doutrina. (...)"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 100/102)
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

TÊM KARMA OS AVATARES?

"Durante a palestra, Sri Daya Mata respondeu às seguintes perguntas: É o sofrimento de seres libertos o resultados de mau karma do passado? Resulta qualquer karma das ações deles nesta vida?

Os resultados cumulativos de nossas ações corretas ou incorretas são classificados como nosso karma. A lei do karma (ação) é a lei de causa e efeito: o que semeamos, colheremos. Boas ações trazem bons resultados à nossa vida, más ações trazem resultados negativos e sofrimento. Toda a humanidade está sujeita a essa lei, exceto aquelas almas raras que alcançaram o estado mais elevado ao realizar sua unidade com Deus. Almas como Jesus e Krishna sofrem de fato na Terra; mas dizer que o sofrimento deles é o resultado de quaisquer ações erradas cometidas por eles é levar a lógica a uma conclusão ridícula. Ao seguirmos esta linha de raciocínio, teríamos de admitir que o Senhor tem péssimo karma por ter criado a humanidade sofredora. E se somos centelhas individualizadas de Deus, como ensinam as escrituras, então nosso sofrimento será o resultado de Suas ações errôneas, e portanto é Ele que está sofrendo por nosso intermédio. Entretanto, é ilógico julgar que a lei do karma possa ser aplicada a Deus, ou àqueles que se unificaram com Deus, tendo assim ultrapassado o alcance de Suas leis. A serpente leva veneno em suas presas, mas ela nunca morre de sua própria peçonha. O infinito contém a lei da dualidade, o veneno de maya, dentro de Si Mesmo, mas não é afetado por ela. Quem é uno com Deus permanece, de modo similar, intocado por maya. Somente aqueles que estão sujeitos a essa lei da dualidade sofrem desse veneno. Até grandes santos podem ter alguns vestígios de karma a serem resgatados. Todavia, quando uma alma se libertou e depois retorna à Terra, está livre de imperativos cármicos. Não importa o que faça, tem controle total de si mesma e dos resultados de suas ações."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 203/204)

terça-feira, 22 de abril de 2014

A MENTE É UM FENÔMENO SOCIAL (2ª PARTE)

"(...) Em uma das escrituras tibetanas está escrito que, mesmo se você tiver que correr, deve fazê-lo devagar. Se você correr, jamais atingirá lugar algum. Perceba o aparente paradoxo: sente-se e você atingirá seu objetivo, mas, se correr, não chegará a lugar algum. Nessa cadeia eterna, de milhões de vidas, há sempre tempo suficiente. A paciência, então, se torna possível. Mas no Ocidente, como há apenas uma vida, a cada momento um pouco dessa vida vai se transformando em morte. Há uma perda constante, nada é realizado, nenhum desejo é satisfeito, tudo está incompleto... Como você pode ser paciente? Como esperar? Tornou-se impossível esperar. Com essa ideia de uma única vida, junto com outra ideia, a do tempo linear, o pensamento cirstão criou uma forte ansiedade dentro da mente. (...)

O pensamento cristão diz que o tempo não se move em círculos, mas sim em linha reta. Nada se repetirá, então tudo é único. Todo o qualquer evento irá ocorrer uma única vez em toda a eternidade, não se repetirá jamais. Não é um círculo, não é como uma roda em movimento, na qual um aro irá girar várias vezes. No Oriente, o tempo é um conceito circular, como as estações se movendo em um círculo. Se o verão chega agora, então chegará sempre, Sempre foi assim e assim será para sempre.

Este conceito oriental está mais próximo da verdade: a Terra se move em um círculo, o Sol se move em um círculo, as estrelas se movem em um círculo e a vida também. Todo movimento é circular, e o tempo não pode ser uma exceção: se o tempo se mover, irá fazê-lo de forma circular. O conceito linar do tempo está absolutamente errado.

É por isso que, no Oriente, nunca nos interessamos muito por História. Estivemos interessados pelo mitos, mas não pela História. Foi o Ocidente que introduziu a História no mundo. É por isso que Jesus tornou-se o centro da História, o início do calendário. Medimos o tempo com a ideia de 'antes de Cristo' e 'depois de Cristo'. Cristo tornou-se o centro de toda a História, a primeira pessoa histórica.

Buda não é histórico, nem Krishna. Não é possível ter certeza sobre o nascimento de Krishna, se ele existiu de fato ou não, se foi apenas uma história ou se houve fatos históricos. Ninguém nunca se preocupou com isso no Oriente. Dizem simplesmente que todas as coisas são histórias, que já foram contadas muitas vezes e serão contadas de novo. Não é preciso, então, preocupar-se com os fatos, pois os fatos são repetitivos. É melhor preocupar-se com o tema. Caso contrário, coisas importantes podem passar desapercebidas. (...)"

(Osho - Aprendendo a silenciar a mente - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2002 - p. 74/76)
www.esextante.com.br


domingo, 10 de novembro de 2013

FIRMEZA NA FÉ E NA DEVOÇÃO

"Naturalmente, você pode dominar a doença e retardar a morte, como também evitar agitação e ansiedade, mediante tomar os remédios receitados e observar o regime aconselhado. Cante a glória do Senhor¹ quando aflito por sofrimento ou perturbação, pois é quando mais necessitado d'Ele você está. É quando estamos com febre que temos que ingerir os tabletes em intervalos menores ou em doses maiores. Os Pandavas² conheciam este segredo para o sucesso. Clamavam ao Senhor quando as circunstâncias conspiravam contra eles. Comumente os mortais começam se lamentando: 'Oh! Todo puja (adoração) foi inútil; todo culto que sinceramente ofereci, com todo empenho de meu coração, foi perdido.' Outros riem cinicamente diante do infortúnio dos devotos, e os arrastam para o deserto da descrença. Não dê ouvidos a tais homens maus. Firme suas raízes na fé. Nutra-as com arrependimento e oração. Somente aqueles que estão engajados no culto e na adoração, tendo somente a intenção de impressionar os outros, os abandonarão na hora em que a sorte mudar. Os demais aceitarão, com a equanimidade dos santos, o que quer que lhes venha. Para estes, a fortuna e o infortúnio, o bem e o mal não são mais que o verso e o reverso da medalha da Divina Graça.

A verdadeira marca de um Sai bhakta (devoto de Baba) é esta firmeza. Ele não se desvia deste caminho, seja por cinismo seja pela sedução da pompa luxuriosa. Ele põe em prática os ensinamentos espirituais e conhece o imensurável ganho que eles propiciam."

¹ Usando salmos, jaculatórias, dando-Lhe louvores.
² Pandavas - na epopéia, Mahabharata, os membros de uma mesma família travam uma guerra: os Kurus ou Kauravas constituíam as hostes do mal, da perversidade, da injustiça, do abominável; os Pandavas, seus primos, defendiam a Verdade e a Retidão. A batalha decisiva foi em Kurukshetra, na qual os Pandavas, sob a chefia de Arjuna, derrotaram os diabólicos Kurus.O príncipe Arjuna foi instruído por Krishna no campo de batalha. O diálogo deles - Krishna e Arjuna - é a Canção do Divino (Bhagavad Gita). (Ver VI:73; VIII:20; X:18.) 

(Sathya Sai Baba - O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 209)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

PERDÃO

"O Deus de algumas escrituras é vingativo e sempre pronto a nos punir. Mas Jesus nos mostrou a verdadeira natureza de Deus (...) Ele não destruiu seus inimigos com "doze legiões de anjos", mas, em vez disso, superou o mal com o poder do amor divino. Sua ação demonstrou o supremo amor de Deus e o comportamento dos que são uns com Ele.

"Deve-se perdoar, qualquer que seja a ofensa", diz o Mahabharata. "Foi dito que a continuidade da espécie se deve à capacidade que o homem tem de perdoar. Perdão é santidade. Graças ao perdão, o universo se mantém coeso. O perdão é o poder do poderoso. O perdão é sacrifício. O perdão é a quietude da mente. O perdão e a gentileza são as qualidades de quem tem Autodomínio. Eles representam a virtude eterna."

"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete! Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete." Orei profundamente para compreender esse conselho intransigente. "Senhor", protestei, "é isso possível?" Quando a Voz Divina finalmente respondeu, trouxe, numa torrente de luz, uma renovação de humildade: "Quantas vezes por dia, ó Homem, Eu perdoo a cada um de vocês?"

Assim como Deus está constantemente nos perdoando, mesmo conhecendo todos os nossos [maus] pensamentos, aqueles que se encontram em total sintonia com Ele sentem naturalmente o mesmo amor. Em seu coração precisa brotar uma simpatia que aplaca todas as dores dos corações alheios, aquela mesma simpatia que possibilitou a Jesus dizer: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Seu imenso amor abrangia tudo. Ele poderia ter destruído seus inimigos com um olhar. Entretanto, assim como Deus está nos perdoando ininterruptamente, embora conheça todos os nossos maus pensamentos, essas grandes almas que estão em sintonia com Ele também nos dão esse mesmo amor.

Se você quer desenvolver a Consciência Crística, aprenda a ser solidário. Quando um genuíno sentimento pelos outros entra em seu coração, você está começando a manifestar essa grande consciência. (...) O Senhor Krishna disse: "O mais elevado iogue é aquele que vê com igual atitude todos os homens". 

A ira e o ódio nada constroem. O amor traz recompensa. Você pode derrubar uma pessoa, mas quando ela se levantar novamente, tentará destruí-lo. Como então a conquistou? Você não a conquistou. A única maneira de conquistar é pelo amor. E quando não puder conquistar, apenas guarde silêncio, ou vá embora e reze pela pessoa. Esse é o modo como você tem de amar. Se colocar isso em prática na sua vida, você terá uma paz maior do que pode imaginar."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 142/144)


terça-feira, 25 de junho de 2013

DEUS SUPREMO ATRAI A ALMA INDIVIDUAL PARA SI MESMO (PARTE FINAL)

" (...) O Kokil, quando visto, é perseguido pelo crows (corvos) que o tentam ferir. Os homens bons são alvos da malignidade dos mesquinhos. São sempre alvos de malícia, inveja, calúnia e insulto dos fracos. Desde o berço até o fim da existência, Krishna teve de enfrentar obstáculos. Despeito pessoal, calúnia, insultos infundados e difamações O seguiram a cada passo. Os demônios, que não podiam tolerar a Luz e o Amor que, em torno, Ele irradiava, conspiravam, visando a denegrir seu Nome e impedir Sua Missão. Tentaram amarrá-lo para frustrar Seus planos e perverter Seus instrumentos. Mas a Verdade triunfou, e a falsidade tornou-se conhecida e execrável. A Verdade pode ser anuviada pela bruma da calúnia, mas só por algum tempo. Segura é sua Vitória. As forças do ódio serão vencidas por suas próprias infâmias; afundam em seus próprios abismos; suas ações engendram reações ruinosas para elas mesmas. Pessoas que não podem tolerar a Glória dos Avatares, em cada era, têm dado guarida a vis campanhas. Não emprestem seus ouvidos nem concedam suas mentes aos fornecedores de escândalos ou mentiras. Procurem ver a Verdade que se acha encoberta por todos os contos e lendas que deslustram o sagrado Nome. 

O inimigo delicia-se em insultar você, e é dito nos Purunas que, como consequência, ele alivia e suprime de sua conta os deméritos que você, errando no passado, teria de pagar com sofrimento.

Quanto mais precipitada e infamante a ofensa, mais rápidas e melhores são suas futuras perspectivas luminosas. O inimigo absorve os pecados e as consequências deles, que cairiam sobre você.

Alguns de vocês se sentem desprezados por Swami na hora em que algum desapontamento ou problema sobrevém. Deem boas-vindas a tais atropelos, porque eles podem tornar mais firme sua fé. Quando você quer pendurar um quadro sobre um prego fincado na parede, sacode o prego e constata se ele está firme bastante para aguentar o peso do quadro. Não é? Da mesma forma, o prego que é o Nome de Deus, fincado na parede que é o coração, tem de ser sacudido mediante uma ou duas adversidades."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 84/85)


segunda-feira, 24 de junho de 2013

SARVA YOGA - KRISHNA ESCLARECE (5ª PARTE)

" (...) A maior autoridade para indicar qual o Yoga mais apropriado é sem dúvida Krishna, o "Eterno Condutor do carro de nossas vidas".
Fixe em Mim sua mente. Coloque em Mim seu intelecto. Então, daí por diante, portanto, você viverá, sem dúvida, somente em Mim. (in Bhagavad Gita, XI:8)
Você e qualquer ser humano comum poderá questionar: Como posso eu chegar a tal perfeição? Como unidirecionar minha mente e meu intelecto rebeldes, se eles estão sempre fluindo, fugindo? Isto é Yoga para quem pode. E eu ainda não "posso". Krishna, parecendo ler o pensamento do leitor, volta magnanimamente para ajudar e propõe:
Se você também é incapaz de fixar firmemente em Mim sua mente, então, pelo Yoga da constante prática, procure chegar a Mim... (XII:9)
Ora, o Yoga da constante prática (abhyasa) já não é tão difícil. Consiste em você tentar manter a mente no Divino, mesmo enquanto engajado em atividades profissionais e sociais, pois há momentos para lembrar-nos de Deus mesmo enquanto nos relacionamos com o mundo objetivo. Haverá, no entanto, ao longo do dia, alguns momentos em que possamos desconectar-nos do ambiente, isolarmo-nos num lugar e então tratarmos de manter-nos mentalmente ligados a Deus, embora a mente normalmente doidivanas, inquieta e obstinada, venha a criar dificuldade e distrações. Abhyasa consiste em insistirmos fazendo-nos permanentes fiscais dos movimentos dela (a mente), com o propósito de, sem esforços e brigas, impedi-la de divagar, desejando fixá-la em Deus. Quando notarmos que já anda longe de onde deveria estar, com muito amor e paciência, tratamos de trazê-la de volta ao Divino. Isto é abhyasa ou a "constante prática". Ao correr do tempo, algum dia você conseguirá fazê-la parar em Deus. Namasmarana ou constante repetição do Nome* é uma deliciosa forma de trazê-la para Deus. Numa demonstração de ilimitada misericórdia, Krishna mais uma vez insiste em nos ajudar:
Se você é incapaz mesmo de praticar Abhyasa Yoga, então pratique suas ações em Meu proveito. Mesmo pela prática de suas ações em Meu proveito, você atingirá a perfeição. (XII:10) 
De misericórdia em misericórdia, o Divino Senhor sugere outras formas de Yoga cada mais mais acessíveis aos aspirantes que, embora sinceros, ainda enfrentam impossibilidades:
Se você ainda é incapaz de fazer mesmo isto, então busque refúgio em Mim. Autocontrolado, renuncie aos frutos de todas as ações. O conhecimento é, deveras, melhor que a prática. A meditação é melhor que o conhecimento. A renúncia ao frutos da ação é melhor que a meditação. A paz imediatamente sucede à renúncia. (XII:11 e 12) 
O Divino Senhor deixou assim muito explícito que a renúncia aos frutos da ação e a abnegação produzem imediatamente a paz, não obstante ser tão simples, tão fácil e tão extravagante aos olhos de certas terapias modernas. (...)"

* Qual o nome? Aquele que o devoto preferir dentre os inumeráveis Nomes do Senhor: Cristo, Allah, Krishna, Jehovah, Vishnu, Baha'u'láh... O importante é, tendo optado por um deles, jamais o trocar por outro, num ato de deslealdade. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 141/142)


quarta-feira, 12 de junho de 2013

ATITUDE FUNDAMENTAL DO BHAGAVAD GITA

"Segundo a concepção cósmica da filosofia oriental, toda a atividade do homem profano é fundamentalmente trágica, eivada de culpa, ou karma, porque quem age é o ego, e esse ego é uma ilusão funesta, e tudo o que o elo ilusório faz é necessariamente negativo, contaminado de culpa e maldade. 

Se tal é toda e qualquer atividade do homem profano, então estamos diante de um dilema inevitável: ou agir e onerar-se de culpa - ou não agir e assim preservar-se da culpa.

Grande parte da filosofia oriental optou pela segunda alternativa do dilema: não agir, entregar-se a uma total inatividade, abismar-se numa eterna meditação passiva, a fim de não aumentar o débito negativo do karma

O Bhagavad Gita, porém, não recomenda nenhuma dessas duas alternativas: nem o não agir e preservar-se de culpa, nem o agir e cobrir-se de culpa. O Gita descobriu um terceiro caminho: o do agir sem culpa ou karma. O Bhagavad Gita recomenda o caminho do reto agir, equidistante do falso agir e do não agir.

Como pode o homem agir sem se onerar de culpa?

O falso agir é um agir por amor ao ego; mas o reto agir age por amor ao Eu, embora através do ego, e assim a sua atividade não é culpada. 

O reto agir, por amor ao Eu verdadeiro, não só não cria uma nova culpabilidade no presente e no futuro, mas neutraliza também o karma do falso agir do passado, libertando assim o homem de todos os seus débitos. É nisso que consiste a suprema sabedoria do Bhagavad Gita.

Mas para que o homem possa agir assim por amor ao Eu verdadeiro, deve conhecer esse Eu, deve conhecer a verdade sobre si mesmo.

É o que Krishna explica a seu discípulo Arjuna através dos 18 capítulos que perfazem o diálogo deste poema metafísico; autoconhecimento para tornar possível a autorrealização pelo reto agir.

A quintessência do Gita é, pois, um convite para o reto agir, porque o homem não se realiza nem pelo não agir, nem pelo falso agir.

A alma do Bhagavad Gita é um poema de autorredenção pela autorrealização baseada no autoconhecimento.

Homem, conhece-te a ti mesmo!

Homem, realiza-te!"

(Huberto Rohden - Bhagavad Gita - Krishna - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 1/12)


quinta-feira, 30 de maio de 2013

TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - III)

" (...) Todos os Avatares e Grandes Mestres mostram que satisfazer aos desejos com o objetivo de vencer a pressão com que eles "imperiosamente" se impõem é tão inteligente quanto tentar apagar fogueira lançando combustível sobre as labaredas. Na Bhagavad Gita, o Senhor Krishna descreve, com precisão e dramaticidade, como um homem que se entrega à gratificação dos desejos sensuais, conforme proposto acima, ao contrário do prometido, a sublimação, desce num tobogã para a própria ruína. Declarou o Avatar:
Quando um homem se demora a pensar nos objetos (sensórios) cria apego por eles; do apego, o desejo nasce; do desejo surge o ódio; o ódio produz o embuste; a partir da ilusão perde-se a memória; desta perda sobrevém a destruição da capacidade de discernir; perdido o discernimento, a ruína acontece. (II:62,63)
O "assuma" e "libere-se", tão receitado por certa classe de "terapeutas" modernosos, como se vê, não é uma novidade. Vetustos textos e gurus tântricos (da "mão esquerda") já preceituavam tal sadhana (?!!!). Mas somente a seus discípulos pasubhava (tipo animalesco). Um velho guru tântrico - esclareça-se - tinha bastante sabedoria para orientar o discípulo a fim de evitar promiscuidades, abusos, aberrações e distorções, e ainda mais, tendo progredido para a condição de viryabhava (tipo heróico), percebia quando o sadhana do discípulo deveria ser modificado. Recomendava então rituais apropriados a seu novo status espiritual, os da "mão direita", isto é, Bhakti, Kriya, Karma, Hatha e Jnana Yoga.

O mesmo Haridas Chaudhuri, que tão convincentemente defende o "vale tudo" para atender aos desejos, sob o pretexto de o Tantra ser uma "abordagem afirmativa da natureza", em páginas seguintes da mesma obra propõe valiosas advertências:
...tem-se frequentemente a tendência de levar muito longe o espírito de afirmação (...) Quando uma pessoa se torna muito afirmativa no seguir o caminho da natureza, é preciso que se lhe fale sobre a glória transcendente do espírito. Doutra forma, ela pode perder-se no labirinto do desejo e vir a transviar-se no autoembuste em nome da religião. (...) Algumas vezes a promiscuidade sexual é sancionada como um modo de religião. (...) A magia negra então se mascara de religião."  
 (José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 128/129)


sexta-feira, 17 de maio de 2013

O CAMINHO DA TOLERÂNCIA (1ª PARTE)

"A tolerância não pode ser confundida com uma desdenhosa permissão para que aqueles que consideramos equivocados sigam seu caminho rumo ao erro. Também não é a orgulhosa presunção que diz "sim, eu lhe tolero, permito que expresse seus pontos de vista." Tolerância implica o reconhecimento definitivo de que cada indivíduo deve ser livre para escolher seu próprio caminho, sem que o outro interfira na estrada que ele escolheu. 

Ser tolerante significa não julgar nem criticar os outros, com vistas a limitar suas opiniões ou conceder-lhes permissão para tê-las. A pessoa tolerante compreende e se curva à verdade do grande ditado sufi: "Os caminhos para Deus são tantos quantos os alentos dos filhos dos homens". Ou ao profundo significado das palavras de Krishna: "Qualquer que seja a estrada pela qual o homem se aproxime de mim, nessa estrada eu lhe dou as boas-vindas, pois todas as estradas são minhas." 

A pessoa realmente tolerante renuncia completamente a qualquer tentativa de apontar uma estrada que todos devam trilhar. Ela vê que, quando o espírito humano busca Deus, quando a inteligência humana tenta se elevar até o divino, quando o coração humano está sedento pelo contato com sua fonte, a estrada para Deus está sendo trilhada, e o trilhar inevitavelmente levará à meta. 

Os caminhos são diferentes porque as mentes dos homens são diferentes, porque seus corações são diferentes, porque cresceram ao longo de diferentes linhas de pensamento que foram acostumados desde tempos imemoriais a uma variedade de crenças religiosas, de pontos de vista e de concepções. Elas são úteis, e não prejudiciais, pois a verdade é tão multifacetada que pode ser vista a partir de pontos de vista diferentes, e cada nova visão é um acréscimo, não um impedimento. Estudar as visões diferentes das nossas, tentar aprender pacientemente a partir do ponto de vista do outro, ver o que ele vê - é assim que se desenvolve a visão que por fim verá toda a verdade, e não apenas um fragmento dela. Quanto mais estudamos, quanto mais compreendemos a unidade enquanto estudamos a diversidade, melhor conhecemos sua grandeza. (...)"

(Anne Bessant - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)


sábado, 27 de abril de 2013

A CIÊNCIA UNIVERSAL DA RELIGIÃO

"A experiência pessoal da verdade é a ciência por trás de todas as ciências. Mas, para a maioria das pessoas, a religião tornou-se uma questão apenas de crença. Alguns creem no catolicismo, outros creem em alguma religião protestante e outros afirma sua crença de que a religião hindu, ou muçulmana, ou budista, seja o caminho correto. A ciência da religião identifica as verdades universais comuns a todos - o fundamento da religião - e ensina como as pessoas podem, por meio da aplicação prática de tais verdades, construir sua vida de acordo com o Plano Divino. (...)

O necessário é reunir a ciência da religião com o espírito ou a inspiração da religião - o esotérico com o exotérico. A ciência iogue ensinada por Senhor Krishna - que apresenta métodos práticos para a autêntica experiência interior de Deus em substituição à crenças fugazes - e o espírito do amor crístico e fraternidade pregado por Jesus - única panaceia segura para impedir que o mundo se destrua com suas obstinadas divergências - são a mesma e única verdade universal, ensinada por esses dois Cristos, o do Oriente e o do Ocidente.

Os salvadores do mundo não vêm alimentar divisões doutrinárias hostis, e seus ensinamentos não devem ser utilizados para esse fim. Chega a ser impróprio referir-se ao Novo Testamento como a Bíblia "cristã", pois ele não pertence exclusivamente a nenhuma seita. A verdade destina-se a promover a bênção e a elevação de toda a raça humana. Assim como a Consciência Crística é universal, Jesus Cristo, também pertence a todos. Embora enfatize a mensagem do Senhor Jesus no Novo Testamento e a ciência iogue da união divina apresentada por Bhagavan Krishna no Bhagavad Gita como sendo o summum bonum do caminho da realização divina, eu honro as diversas expressões da verdade, que fluem do Deus Único através das escrituras de Seus vário emissários.

A verdade, em si mesma e por si só, é a "religião" definitiva. Embora a verdade possa expressar-se de diferentes maneiras por meio de "ismos" sectários, estes não podem jamais exauri-la. Ela tem infinitas manifestações e ramificações, mas uma só consumação: a experiência direta de Deus, a Realidade Única. Os rótulos humanos de afiliação sectária têm pouco significado. O que nos confere salvação não é a seita religiosa em que tenhamos nosso nome registrado, nem a cultura ou credo em que nascemos. A essência da verdade transcende toda forma exterior. Essa essência é o fator supremo para compreendermos Jesus e seu chamado universal às almas para que entrem no reino de Deus que está "dentro de nós. 

Todos somos filhos de Deus, desde nossa origem até a eternidade. As diferenças surgem de preconceitos, e o preconceito é fruto da ignorância. (...) Acima de tudo, devemos nos orgulhar de sermos filhos de Deus, feitos à Sua imagem. Não é essa a mensagem de Cristo? (...)

Retirem as máscaras! Revelem-se como filhos de Deus - não por meio de proclamações vãs e preces decoradas, demonstração de sermões formulados intelectualmente e planejados para glorificar a Deus e angariar convertidos, mas por meio da realização! Identifiquem-se não com o intolerante fanatismo disfarçado de sabedoria, mas com a Consciência Crística. Identifiquem-se com o Amor Universal, expresso no serviço material e espiritual a todos; então saberão quem foi Jesus Cristo e poderão afirmar, em suas almas, que somos todos uma só família, filhos do Deus Único!"

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 17/21)


quarta-feira, 24 de abril de 2013

O GRANDE E O PEQUENO (PARTE FINAL)

"(...) Outra lição é que mesmo o mais humilde, em termos de aprendizado ou de posição na vida, não deve sentir qualquer inferioridade ou desânimo a respeito de sua condição, uma vez que esse sentimento surge de uma percepção estreita, e portanto errada, do quadro maior da vida. Como observou o esquilo, "tudo está bem e no lugar certo". A correta atitude é compreender com otimismo e autoconfiança. Cada um, mesmo no degrau inferior da escada, tem um papel a desempenhar. O funcionário que simplesmente recebe e despacha as cartas e que mantém o registro da correspondência também executa uma função significativa em qualquer grande organização.

Numa comunidade, a cozinheira, o carpinteiro e o varredor são tão relevantes quanto o prefeito. Numa organização digna, da mesma forma, um colaborador idoso que vem regularmente para manter os livros contábeis atualizados e em ordem nas prateleiras executa uma parte importante do trabalho - tão importante quanto, por exemplo, a de um conceituado palestrante. Quando alguém que estava tentando trilhar o caminho da santidade sentiu que seu tempo estava sendo desperdiçado em pequenos afazeres familiares, o mestre interpôs a perspectiva correta e observou: "Que causa melhor para recompensa, que melhor disciplina do que a execução diária do dever? (...) Que senda melhor para a iluminação (...) do que a conquista diária do eu?"

Não é o tamanho do trabalho nem da oferenda que importam, mas a devoção e o espírito altruísta de que se está imbuído. Como explicou Cristo: "Esta pobre viúva contribui mais do que todos aqueles que contribuíram para o tesouro: pois tudo com o que contribuíram é o que têm em excesso; mas ela, por vontade própria, contribui com tudo que possuía, até mesmo o que tinha para seu sustento." Krishna disse a mesma coisa: "Aquele que com devoção me oferece uma folha ou uma flor, um fruto, água, isso eu aceito do eu diligente, oferecido como foi com devoção."

Em última análise, o que parece ser importante quando se está trilhando o caminho para a paz é a constância do eu. Isso abrange uma diminuição do sentido de autoimportância, por um lado, e da própria insignificância, por outro - pois essas atitudes têm origem no eu. Cada qual é um deus em formação, qualquer que seja sua situação atual. 

Quando o eu em nós diminui, começamos a entender e a respeitar a relevância e o lugar de cada expressão de vida no esquema do universo. Também começamos a sentir nossa proximidade, cuidado e reverência pra com toda a vida."

(Surendra Narayan - Revista Sophia 42 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 06/07)


quinta-feira, 11 de abril de 2013

O AVATAR

"A evolução do universo, consequentemente a de sua humanidade, se faz por éons (eras, ciclos) denominados yugas, sempre regidos pela imutável Lei. Os homens são os únicos no universo com capacidade de delinquir, de desrespeitá-la. A contravenção, triste "privilégio" do ser humano, desencadeia crises, gera toda sorte de sofrimentos individuais e sociais.

Em hora oportuna, para evitar que os homens façam maiores estragos, provoquem destruições, misérias catástrofes, para corrigir os transgressores e proteger os justos, isto é, aqueles que se conduzem segundo a Lei Eterna, o próprio Senhor Supremo do Universo (Ishvara) assume um nascimento humano, isto é, desce à condição humana como Avatar (literalmente, "descida"). O Avatar é a misericordiosa intervenção divina, ao longo das yugas, com o abjetivo de resgatar a Lei, penalizar os perversos e proteger os justos. Finalmente, o Avatar vem promover e orientar a evolução, reconduzindo a humanidade a plenificar seu infinito potencial divino. Um Avatar é Deus que se fez homem para levar o homem a fazer-se Deus.

O Avatar chamado Krishna definiu com precisão o fenômeno da avatarização e sua missão sublime:

Quando quer que haja um declínio da Lei Moral (Dharma) e a irretidão (adharma) domine, Eu Me encarno. Para a proteção dos bons, para a destruição dos perversos, e para o restabelecimento da Lei (Dharma) Eu volto a nascer homem. (Bhagavad Gita, 4:7-9)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 26)


quarta-feira, 3 de abril de 2013

BHAKTI YOGA - PREMA (3ª PARTE)

"Os sábios hindus denominam prema o amor-redenção, que, além de desatar as amarras kármicas que nos condenam a novos nascimentos, conduz-nos também à prática de seva, isto é, à ação benfazeja e abnegada, despida de ego. Prema, fonte perene a produzir ananda, suprema beatitude, consiste na irrestrita doação-devoção a Deus. 

Mesmo entre os santos, raros são os que desfrutam a felicidade de amar o Ser Real, Brahman, o Absoluto, o Ser sem atributos, sem começo nem fim, a causa incausada, o imutável e eternamente imóvel. Para a maioria dos homens é praticamente impossível amar o vasto e indefinível abstrato onipresente. Resta, portanto, cultuar, adorar e servir uma de suas divinas Formas juntamente com o respectivo Nome, isto é, seu particular ishtadevata, a deidade (devata) de sua escolha. A quase totalidade dos seres humanos não consegue abrir mão de uma imagem que inspire a mente e comova o coração.

Que os cristãos amem Cristo na Forma tão bela e no doce Nome, Jesus. Que os muçulmanos reverenciem a Kaaba e a Ela dirijam suas preces e reverências. Que os judeus sirvam, louvem e adorem Jehovah. Que os vaishinavas continuem cantando bhajans para Krishna ou Narayana. Que os devotos de Shiva cada vez mais intensifiquem seu culto a Nataraja ou ao Lingam. Que cada devoto saiba, no entanto, que o aspecto particular de Deus por ele reverenciado (ishtadevata) representa o mesmo Deus Uno que outros amam sob outras Formas e outros Nomes. Na Bhagavad Gita o Senhor diz que é a Ele que chegam as preces, os louvores e todas as formas de cultos dirigidos a quaisquer das inumeráveis imagens ou dos muitos semideuses de qualquer religião, e mais ainda, que é Ele mesmo que responde ao que os devotos tanto esperam das diferentes deidades que adoram. Eis por que Sai Baba tanto insiste em que cada um continue na religião onde sempre esteve, sempre fiel ao Nome e à Forma de Deus de sua preferência, mas que siga aperfeiçoando, através do amor, do serviço e da sabedoria, sua religiosidade pessoal. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 83/84)


sábado, 9 de março de 2013

YOGA DE AÇÃO

"(...) Existe no Oriente uma tendência de passividade, nascida da convicção de que todo o agir do homem profano é negativo, mau, pecaminoso, porque o homem profano age em nome de seu ego e por amor a ele, que é uma ilusão.

Krishna, porém, e outros mestres iluminados não advogam essa passividade de não agir, mas recomendam uma terceira atitude, equidistante do falso agir do profano e do não agir do místico; insistem no reto agir do homem cósmico. O reto agir consiste em agir em nome e por amor do Eu central (Atman) do homem, embora o ego periférico (Aham) possa servir  como canal e veículo dessas águas vivas que emanam da fonte divina do homem.  

Para que seja possível essa terceira atitude do homem, é indispensável que ele conheça intuitivamente o seu Eu central, que em sânscrito se chama Atman, nos livros sacros do cristianismo aparece como alma ou espírito, e na filosofia e psicologia ocidental é denominado Eu (Self, Selbst). No Evangelho do Cristo, esse Eu central do homem aparece muitas vezes como Pai, Luz, Reino de Deus, Tesouro Oculto, Pérola Preciosa, etc.

Quando o homem age em nome desse seu Eu divino e por amor a ele, embora pelo seu ego humano, não somente não acumula débito ou karma, mas também se libera dos débitos do passado.

De maneira que, no Bhagavad Gita, Krishna atinge o zênite da autorrealização do homem baseado no mais alto conhecimento do seu ser divino formando perfeito paralelo às palavras do Cristo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

(Bhagavad Gita - Krishna - Texto integral - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 30/31)


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

PARA ATRAIR AMIGOS, MELHORE SEU CARÁTER

"Você não pode atrair amigos verdadeiros sem remover de seu próprio caráter as manchas do egoísmo e de outras qualidades desagradáveis. A maior arte de fazer amigos é se comportar divinamente - ser espiritual, puro, altruísta - e começar a amizade onde os alicerces já tenham sido lançados em alguma vida passada. 

A amizade deveria existir em todas as relações humanas: entre pais e filhos, entre cônjuges, entre homens e homens, entre mulheres e mulheres, e entre homens e mulheres. A amizade é incondicional. Quando você sente o impulso de fazer amizade com alguém, está sentindo a presença de Deus. A amizade é um impulso divino. Deus não Se contenta em cuidar de Seus filhos apenas sob a forma dos pais e demais parentes. Ele vem como amigos, para dar oportunidades de expressarmos o amor incondicional do coração. 

Quanto mais suas fraquezas humanas fores desaparecendo e as qualidades divinas entrarem em sua vida, mais amigos você terá. Não foram o Senhor Jesus, o Senhor Buda e o Senhor Krishna amigo de todos? Para ser como eles, você deve aperfeiçoar o amor ao próximo. Quando puder convencer os outros de sua amizade; quando tiver certeza, ao longo das provas do tempo e das muitas experiências em comum, que o sentimento de alguém por você é sincero, e o que você lhe dedica também brota do fundo da alma - não visando alguma vantagem, mas motivado unicamente pelo impulso divino da amizade - você verá, nesse relacionamento, o reflexo de Deus."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 155/156)


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A VERDADE DE DEUS É UMA VERDADE ETERNA

""Mas, a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus, mesmo àqueles que acreditam em seu nome."

Adorar um Cristo ou um Krishna é adorar a Deus. Não é, porém, adorar um homem como Deus, adorar uma pessoa. É adorar o próprio Deus, a Existência impessoal-pessoal na encarnação e através dela; é adorá-la como una com o Espírito eterno, transcendente como o Pai e imanente em nossos corações. Neste contexto, o testemunho de São Paulo sobre Cristo é de importância relevante. Diz ele:

"Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. E nele fostes levados à plenitude, Ele que é a  cabeça de todo principado e poder."

De igual peso é a afirmação de São João de que a mesma Palavra que era "no princípio" e "era Deus" se fez carne em Cristo. Nesta passagem, o autor do quarto Evangelho relembra-nos que seu mestre não era um mero homem histórico, mas que é o Cristo eterno, um com Deus desde os tempos sem princípio. Este ponto de vista parece validado por Jesus, ao dizer: "Antes que Abraão existisse, eu sou."

Um hindu, pois, acharia fácil aceitar Cristo como uma encarnação divina e adorá-lo sem reservas, exatamente como adora Sri Krishna ou outro avatar de sua escolha. Mas não pode aceitar Cristo como o único filho de Deus. Os que insistem em encarar a vida e os ensinamentos de Jesus como únicos, certamente terão grande dificuldade para compreendê-los. Qualquer avatar pode ser muito bem entendido à luz de outras grandes vidas e doutrinas. Nenhuma encarnação divina jamais veio para refutar a religião e a doutrina de outro, e sim para cumprir todas as religiões, porque a verdade de Deus é uma verdade eterna. Disse Santo Agostinho:

"Aquilo a que chamamos religião cristã existia entre os antigos, e nunca deixou de existir desde o começo da raça humana, até que Cristo se fez carne, quando então a religião verdadeira, que já existia, começou a ser chamada de Cristianismo."

Se Jesus, na história do mundo, tivesse sido a única fonte geradora da verdade de Deus, ele não seria a verdade; porque a verdade não pode ser gerada: ela existe. Mas se Jesus simplesmente revelou e interpretou essa verdade, então podemos olhar para os outros que fizeram o mesmo antes dele e da mesma forma o farão depois dele. E, de fato, à medida que lemos os ensinamentos de Jesus, descobrimos que ele deseja de nós todos que descubramos a verdade: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." Ele veio - como declara - não para destruir a verdade eternamente existente, mas para cumpri-la. Isto ele fez, reafirmando-a, dando-lhe vida nova através de uma apresentação renovada." 

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 50/51)