OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 12 de junho de 2013

A LIBERDADE DA CULPA E A NECESSIDADE DA PENA (1ª PARTE)

"Com o despertar da inteligência, que é o nascimento do homem ego, nasce no homem a liberdade, ou o livre-arbítrio, mas de uma forma ainda imperfeita e inconstante. O homem que, no estado pré-intelectual, não podia fazer nem o bem nem o mal, agora pode fazer o bem e o mal; mas oscila ainda entre esses dois extremos.
Este livre-arbítrio parcial torna o homem parcialmente responsável por seus atos. O homem é responsável por seus atos na proporção em que age livremente.
Harmonizar com o Todo é bom - não harmonizar é mau.
A harmonia com o Todo se revela como Verdade, Justiça, Amor, Benevolência, Solidariedade, Reverência em face da Vida, Felicidade, etc. A desarmonia se revela no contrário.
Quando o homem desarmoniza livremente com o Todo, crea um débito ou uma culpa.
Essa culpa, porém, exige imperiosamente uma pena, ou seja, um sofrimento. Por quê?
Para manter o equilíbrio do Universo. Se houvesse culpa sem pena, poderia o homem aumentar indefinidamente os seus débitos, as suas revoltas contra a Constituição Cósmica do Universo, até desequilibrar tudo e converter o cosmos em um caos.
A pena ou o sofrimento é uma espécie de válvula de segurança contra esse desequilibramento anticósmico; pois, assim como o gozo é vital, o sofrimento é antivital e, como tal, um freio para que o infrator pare no caminho das suas infrações anticósmicas. Se persistir em aumentar as suas infrações, destrói-se a si mesmo pelo excesso de antivitalidade, até acabar na auto-extinção ou "morte eterna".
A necessidade da pena, que segue à culpa livre, é a garantia da estabilidade do Universo. Se o infrator da harmonia cósmica quiser viver, e não morrer por suicídio metafísico, tem de parar nas suas infrações, revogar a desarmonia e voltar à harmonia com o Todo. 
O homem ego, pela semiluz da inteligência (lúcifer) comete a culpa e provoca a necessária reação a ela em forma de pena ou sofrimento (lei de causa e efeito, karma). Mas esse mesmo sofrimento provocado pela culpa atua também como prelúdio da redenção.
A inteligência do ego produz o sofrimento pela culpa - e a razão do Eu supera culpa e sofrimento e prepara o gozo pela redenção de ambos. 
Pensam os ignorantes que a humanidade do presente seja pior do que a de séculos passados. Com a mesma lógica, ou falta de lógica, poderíamos afirmar que um rapaz de 25 anos é pior que um menino de 5 anos, porque este é inocente e puro, e aquele está cheio de pecados e impurezas. 
Verdade é que, objetivamente, a humanidade de hoje é bem mais pecadora do que a da Idade Média. Por quê? Porque a inteligência do seu ego é mais desenvolvida e tem mais possibilidades de crear desarmonias com o Todo. Mas, por outro lado, essas culpas também crearam penalidades muito maiores do que em séculos pretéritos, e, como pena é prelúdio de redenção, podemos afirmar que o homem presente está mais perto da redenção do que o de épocas anteriores. Quando o filho pródigo estava guardando os porcos do seu tirano, no nadir da degradação, estava ele mais próximo da redenção pelo regresso, porque mais perto do ingresso em si, do que antes do egresso. 
Através da felix culpa do necessarium peccatum (palavras do hino pascal Exulter) engendra o homem a tragicidade do seu destino, o seu roteiro evolutivo. O animal infra-ego não pode chegar ao Eu se não passar pelo ego. Ninguém pode chegar do antepenúltimo ao último a não ser que passe pelo penúltimo."

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 31/32)


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