OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 31 de março de 2013

DESEMPENHE OS DEVERES DE BOM GRADO, SEM QUEIXA


"No cumprimento de nossos deveres, nunca devemos nos queixar. Devemos arder de entusiasmo a todo instante, não importa quais tarefas nos caibam. Quando nos lastimamos, quando somos negativos, cortamos a força que vem de Deus e o nosso contato com Ele. Ao fazermos o melhor possível, devemos nos manter sempre positivos e alegres e ter a sensação de entrega a Deus. (...) Temos de vigiar nossos motivos para que não tentemos nos enganar quando nos esquivamos de um dever. Mesmo que possamos oferecer a mais lógica das razões ao dizer “não”, sabemos quando realmente estamos afirmando isso, porque não queremos fazer essa tarefa específica; sabemos quando estamos dizendo “não” porque secretamente temos uma atitude negativa.

Devemos trabalhar com entusiasmo e criatividade para cumprir os deveres e servir a Deus, sem no entanto sermos afetados pelo orgulho da realização. Certamente ficamos felizes quando cumprimos bem alguma tarefa. Todos querem sentir alguma satisfação pelo que fizeram. Não há nada de errado nosso. Precisamos, porém, evitar o pensamento egoísta: “Fui eu que fiz”. É aí que entra o orgulho. Quando alguém pronunciar palavras de elogio a nosso respeito, devemos prontamente agradecer no íntimo a Deus: “Senhor, sei que Tu és o Autor. Eu, de mim, nada sei. Eu mesmo não consigo fazer nada. Se consigo realizar alguma coisa válida nesta vida, é apenas graças à inteligência e à fé com que Tu me contemplaste.” Essa prática atribui a Deus o crédito, a Quem este pertence. Não podemos, então, sentir orgulho egoísta."

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 128/129)


BHAKTI YOGA - AMOR, "ESSE DESCONHECIDO" (1ª PARTE - I)

"Amor não é a fonte da felicidade só porque já é a própria felicidade que os homens tanto buscam inutilmente. Há uma fase inicial do relacionamento num casal, uma condição que parece felicidade, mas é devaneio, que tem a duração de uma nuvem que passa. A euforia, o gozo, a fantasia colorida começa, cresce, decresce e some. Isto porque o amor ainda continua "esse desconhecido". Para a conquista da felicidade duradoura, é prioritário desmitificar o amor.

Amor "normal", aquele que viceja no campo da sensualidade e da paixão, é quase sempre unidirecionado, isto é, dedicado com exclusividade a uma pessoa ou determinada coisa (uma obra de arte, a profissão, e até um clube esportivo). Um apaixonado coloca sua paz, segurança, saúde, alegria, felicidade e mesmo sua vida, na dependência do objeto da paixão, sobre o qual não consegue exercer controle. Quem depende de algo (ou de quem) sobre o qual não tem gerência, sem dúvida, se já não sofre, virá a sofrer. O apaixonado se rendeu a uma condição de inferioridade, submissão, e ansiosa passividade, sempre à espera de migalhas que lhe sejam concedida. Negadas estas, o sofrimento se desencadeia. É caso de torcedores "apaixonados" por um time de futebol, que a si mesmos diagnosticam "torcedores doentes" (e infelizmente o são!). Perdida a partida decisória, com certa frequência ocorrem entre eles fulminantes colapsos. Perdem a vida, não só o campeonato. Esta é a paixão mórbida, infeliz, deprimente e lastimável. Mas, há muitos que irrefletidamente denominam amor. Eis o amor caluniado!

Outras formas de relacionamento afetivo tidas por "normais" também chegam a parecer amor, mas são simples arremedos. Paixão, como vimos, parece amor, mas não é. Apego, servidão, comunhão de interesses e de ideias, dependências mútuas... são outras formas de vínculos geradores de frustrações e tormentos que pessoas ingênuas têm por amor. Exatamente por serem falsificações do amor, até certo ponto, inviabilizam o genuíno amor. Uma vez, em Rishkeshi (Índia), no Shivnnda ashram, uma jovem companheira de viagem perguntou ao Swami Krishnananda por que sempre que ela amava acabava sofrendo, e ele sem vacilar explicou: Se gera sofrimento não é amor

Verdadeiramente ama aquele que já tenha descartado o sentimento de ser diferente e estar distante dos outros, o sentimento de posse, já eliminou o mórbido desejo de dominar, o infernal medo de perder, e esse verdadeiro terror chamado ciúme. Quem verdadeiramente ama, negando-se a si mesmo, aspira sincera, profunda e eficazmetne pela felicidade de todos os seres. Vi certa vez na vitrine de uma loja de locação de vídeos um cartaz anunciando um filme cujo nome era Os crimes do Amor. A que ponto de alienação e estupidez chegou a mente humana, que dá o nome de amor à condição patológica que induz ao chamado "crime passional"! Sensualidade passional pode matar. Amor, nunca. O amor é doador de vida, liberdade, paz, segurança, felicidade; finalmente, é luminosa manifestação de Deus. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação do Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 78/80)


sábado, 30 de março de 2013

EQUANIMIDADE, CHAVE PARA O DESENVOLVIMENTO

"Podemos facilmente apontar, no homem, a diferença entre o tipo dinâmico e o tipo pensativo: o primeiro quer sempre trabalhar e o último só quer ficar pensando coisas. Ambos os tipos são necessários. Tipos dinâmicos querem agir de imediato. Deveriam ser ensinados a dirigir suas energias para atividades espiritualmente compensadoras. A fim de ajudar cada tipo a criar um equilíbrio harmonioso, aconselho os tipos dinâmicos a meditarem e pensarem mais, e os tipos pensativos a meditarem e trabalharem mais. 

Pessoas viciadas em maus hábitos - comer demais, fumar, beber - têm de ser tratadas com cuidado. Qualquer desejo contrariado provoca ira. Se você retirar alimento de um homem glutão, ele ficará colérico. É inútil tentar ajudar tais escravos dos sentidos até que eles mesmos demonstrem desejo efetivo de melhoras. (...)

Segundo a filosofia hindu, uma das três qualidades básicas predomina em cada homem. Sativa é a qualidade dos que apresentam tendências espirituais. Alimentam-se adequadamente, cultivam bons hábitos e têm devoção ao Senhor. A qualidade rajas manifesta-se nos que são ativos; essas pessoas se mantém ocupados com o trabalho até morrer. As pessoas em quem predomina a qualidade tamas preenchem suas vidas com disputas, raiva, ciúme, sensualidade e preguiça.

Todo hábito que o impede de alcançar a vitória espiritual deve ser superado. Você precisa ser senhor de seus pensamentos e ações. Melhor é pertencer ao tipo rajásico, ativo, com os hábitos sob controle, do que pertencer ao tipo tamásico; mas o ideal é ser do tipo sáttvico, em quem se manifesta a bondade. Quem deseja melhorar deve conviver com os tipos sáttvicos.

Pouquíssimas pessoas sabem em que consiste seu próprio bem. Você pode julgar qualquer uma, usando só este critério. Noventa e nove por cento de todas elas falham neste teste. Diga a uma delas que faça determinada coisa para o seu próprio bem, e ela fará exatamente o contrário. Por quê? Porque não pode ajudar a si mesma; seus hábitos materialistas são muito fortes. Quase sempre, as pessoas não fazem o que você sugere, mesmo sabendo que é bom para elas, só para provarem que você não pode influenciá-las. Quem realmente deseja melhorar deve conviver mais com gente calma e autocontrolada. Procure conviver com pessoas normais ou, melhor ainda, com pessoas acima do normal. Os fracos deveriam procurar os fortes, e estes devem buscar os que são ainda mais fortes. Um lutador jamais aumentará sua força se não lutar com alguém mais forte."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 316/317)


CONFIA NA TUA ESSÊNCIA INTERNA E A ELA TE ENTREGUES DE CORPO E ALMA


"Solta-te... deixa que a Vida te leve, como uma semente que se entrega ao vento que a levará ao solo fértil para ali germinar.

Deixa que a Vida, as Energias Superiores, te guiem para onde dever ir e permanecer. Não lutes contra isso. Faze o que teu coração pedir sem que tentes entender os ‘por quês’. Não resistas! Confia mais na tua Essência interna que é Deus, e a Ela te entrega de corpo e alma. Não procures racionalizar nada, apenas sente e procura ver, ouvir e falar através de teu coração.

Tem Fé na Vida, que ainda não compreendes integralmente, mas que sentes em teu coração como certo.

Não te preocupes com o amanhã, preocupa-te em ser o melhor hoje.

Como podes ter a certeza de que haverá amanhã?

Cuida de ti e não te deixes perder nas águas escuras da ignorância e falta de Fé. (...)"

(M. Stella Lecocq - Mensagens dos Mestres - de Coração a Coração - Ed. Roca, São Paulo - p. 160/161)


sexta-feira, 29 de março de 2013

FÉ, HUMILDADE E APREENSÃO SÃO SINAIS DE DEVOÇÃO A DEUS

"Bhakti ou devoção a Deus não é para ser medida por rosários, velas, marcas desenhadas na testa ou no cabelo emaranhado, nem por guizos nos tornozelos. Pureza de motivação e objetivos é essencial para que prema (Amor), que é um dos componentes de bhakti, não deserte do coração. Sinais ostensivos de bhakti são fé, humildade e apreensão. Fé em que a vitória última é da Verdade e do Amor; humildade perante os mais idosos e mais sábios; apreensão na presença do mal, ou seja, o medo de misturar-se com más companhias, de entrar em maus desígnios, e de agir contrariamente aos lampejos da consciência. 

Bhakti não pode vir de fora para dentro. Tem de crescer do íntimo, por um esforço para purificar a mente, para conhecer a natureza e origem do homem e do universo, para entender as relações do homem com todos os objetos externos que atualmente o fascinam e frustram." 

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 51)


COMO ALMAS, SOMOS TODOS IGUAIS

"Existe um outro meio de evitar o orgulho: compreenda que somos todos iguais diante de Deus; aos olhos Dele, ninguém é maior ou menor. Quando a morte chega, uma pessoa é separada de todas as suas conquistas materiais. Onde, pois, está sua importância? O Senhor não está interessado se ela é um grande cientista, ou um grande orador, ou um grande escritor, ou se alcançou estatura de acordo com os padrões do mundo. Tais façanhas não nos garantem qualquer conhecimento espiritual significativo. A realização espiritual é a única conquista que tem valor permanente, que não será levada ou subtraída pela morte. Os princípios espirituais são um grande nivelador do ego humano!

Uma das qualidades que eu tão profundamente respeitava em nosso guru, Paramahansa Yogananda, era que ele tratava a todos como alma. Ele não punha ninguém em posição mais alta ou mais baixa de acordo com suas habilidades ou condição social na vida. Ele não podia ser subornado pelo poder ou posição de ninguém. Seu único padrão era: "Você ama a Deus e quer encontrá-Lo?" Isso era tudo o que lhe importava. Jesus deu esse exemplo. Seus discípulos não eram homens de grande saber e realizações mundanas. Os doze apóstolos que receberam a responsabilidade de disseminar uma mensagem que já dura dois mil anos, vieram dos meios sociais mais humildes; alguns eram simples pescadores. Isso mostra que não é o que o homem conquistou no mundo que conta, mas o que ele conquista em sua luta para conhecer Deus, em seu esforço para estar em sintonia com Deus.

Por fim, mas não menos importante, a pessoa deve fazer tudo com toda a sua inteligência e habilidade, tendo-o feito, não deve, porém, se apegar aos resultados de seus trabalhos. Isso é o que o Gita ensina. Quando a pessoa conseguir aprender a executar todos os deveres com grande entusiasmo, mantendo contudo uma atitude de desapego em relação aos resultados, encontrará enorme liberdade mental."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 129/130)


quinta-feira, 28 de março de 2013

O DHARMA E OS ATOS INEVITÁVEIS

"(...) Há muitos casos de roubo, de morte e mentira que a lei do homem não pune mas que a lei do karma prevê e faz recair sobre seu autor. Muitos roubos se disfarçam de comércio, muitas operações fraudulentas se disfarçam de negócios, muitas mentiras cuidadosamente arranjadas são tidas por diplomacia. O crime reaparece sob as formas as mais surpreendentes, oculto e disfarçado, e os homens têm que aprender seguidamente, existência após existência, a autopurificação. 

Antes de abordar a essência do pecado, devemos agora levar em consideração um outro ponto que eu não posso omitir inteiramente: a questão do pensamento e da ação. Certos atos que um homem comete são inevitáveis. Não sabemos o que estamos a fazer quando nos permitimos pensar numa direção errada. Cobiçamos em pensamentos o ouro do alheio; a todo momento tomamos, com as mãos da mente, aquilo que não nos pertence. Estamos edificando o Dharma do ladrão. O Dharma é a natureza interna, a natureza interior, e se nós construímos essa natureza interior com maus pensamentos, renasceremos para uma outra existência com um Dharma que nos arrastará aos atos do vício. Tais atos, então, serão cometidos sem qualquer reflexão. Será que fazemos alguma ideia da quantidade de pensamentos que mobilizamos para que um ato seja executado? Podemos represar a água e impedir que ela circule por seu leito, mas tão logo houver um buraco na barragem a água represada escorrerá por ele e arrastará a barragem: passa-se o mesmo com os pensamentos e as ações. Os pensamentos acumulam-se lentamente por trás da represa da falta de oportunidade. Quanto mais pensamos, mais aumenta o fluxo do pensamento por trás da barreira das circunstâncias. Numa outra existência, essa barreira das circunstâncias cederá e o ato será cometido antes mesmo que sobrevenha um novo pensamento. São os crimes inevitáveis que às vezes arruínam uma bela carreira, são pensamentos do passado que vêm dar frutos no presente, é o karma do pensamento acumulado que se manifesta em atos. 

Se nos depararmos com a oportunidade e temos tempo para refletir, para dizer: "Devo fazer isso?", então esse ato já não é mais inevitável para nós. A pausa para refletir significa que podemos remanejar esse pensamento para o outro lado e assim fortalecer a barreira. Não há desculpa se cometemos um ato que antes julgamos errado. Tais atos são inevitáveis somente quando cometidos sem reflexão, quando o pensamento pertence ao passado e o ato ao presente."

(Annie Besant - Dharma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 72/73)


SEJA CAUTELOSO, NÃO MEDROSO

"É difícil encontrar alguém que não tenha medo de doença. O temor foi dado ao ser humano como dispositivo de alerta para poupá-lo da dor; não significa que deve ser cultivado ou mal usado. O excesso de medo só serve para debilitar nossos esforços na remoção das dificuldades.

O temor cauteloso é sábio, quando, por exemplo, conhecendo os princípios da alimentação correta, você raciocina: "Não vou comer esse bolo porque não me faz bem". Mas a apreensão irracional causa enfermidades; é o verdadeiro germe de toda moléstia. O medo da doença precipita-a. Só de pensar nela, você já a atrai. Se está sempre com medo de pegar um resfriado, ficará mais suscetível a ele, independentemente do que faça para preveni-lo. 

Não paralise a vontade e os nervos com o medo. Se a ansiedade persistir apesar de sua força de vontade, você estará ajudando a criar a exata experiência que tanto receia.

Também não é sensato estar mais do que o necessário e cortês com pessoas que falam constantemente de doenças e debilidades, suas e alheias; demorar-se nesse tipo de conversa pode lançar sementes de apreensão em sua mente. Quem se preocupa em contrair tuberculose, câncer e problemas cardíacos deve expulsar o medo, de modo a não atrair essas condições indesejáveis.

Quem já se encontra doente e debilitado precisa de um ambiente o mais agradável possível, na companhia de pessoas de natureza forte e confiante, que o encorajem com pensamentos e sentimentos positivos. O pensamento possui imenso poder. Pessoas que trabalham em hospitais raramente adoecem, por causa de sua atitude confiante. Elas são vitalizadas pela energia e pensamentos fortes que possuem.

Por essa razão, ao ficar mais velho, é melhor ser discreto a respeito da sua idade. Assim que você diz aos outros quantos anos tem, eles veem essa idade em você, associando-a com diminuição da saúde e do vigor. A ideia de idade avançada gera ansiedade, e assim você se desvitaliza. Por isso, mantenha sua idade em segredo. Diga a Deus: "Eu sou imortal. Sou abençoado com o privilégio da boa saúde e Te agradeço por isto."

Portanto, seja cauteloso, mas não medroso. Tome a precaução de fazer uma dieta purificadora de vez em quando, para eliminar qualquer condição propícia à doença que possa estar presente no corpo. Faça tudo que puder para erradicar as causas da enfermidade e fique absolutamente tranquilo. Há tantos germes por toda parte que, se você começar a temê-los, será totalmente incapaz de gozar a vida. Mesmo com todas as precauções sanitárias, se você pudesse examinar sua casa com um microscópio, perderia todo o desejo de comer!"

(Paramahansa Yogananda - Viva sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 21/23)


quarta-feira, 27 de março de 2013

O CORPO É O TEMPLO DE DEUS E O INTELECTO É A LUZ QUE ILUMINA O ALTAR DO CORAÇÃO

"Cada sentido é uma porta de saída para a energia do homem, numa direção que o prende ao mundo objetivo. Os sentidos são pela mente induzidos a se externarem, vinculando-se aos objetos. Ao homem convém submeter sua mente a viveka, ou seja, à inteligência que discerne, e, assim, a mente, em vez de o lesar, o ajudará. 

O corpo é o templo de Deus, o qual reside no coração. Buddhi ou intelecto é a lamparina acesa no altar. Cada golpe de vento, que sopre através das janelas dos sentidos, afeta a chama, obscurecendo-a, tratando mesmo de apagá-la. Assim, cerre as janelas. Não as deixe abertas à atração direta dos objetos sensoriais. Conserve o intelecto (buddhi) aguçado, tanto que possa cortar a mente como um diamante, e convertê-la numa chama de luz, em vez de permanecer um seixo abrutalhado. Discriminação (nithyanithya-vathu viveka) é importante instrumento de progresso espiritual. O raciocínio deve ser empregado para discernir entre o limitado e o ilimitado, o temporário e o eterno. Este é seu legítimo uso. Sankaracharya dá o nome de Viveka Chudamani à sua obra sobre o princípio adwaita (não dualismo), em razão de querer enfatizar o valor de viveka (discernimento) para a constatação da transitoriedade da vida e da Unicidade do Universo."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 44/45)


O PODER DE UM SORRISO

"Conserve a energia vital, siga uma dieta equilibrada, sorria e esteja sempre alegre. Quem encontra alegria dentro de si mesmo descobre que seu corpo está carregado de corrente elétrica, de energia vital, não do alimento, mas de Deus. (...)

Os métodos curativos que mencionei brevemente a propósito dos alimentos e da depuração do corpo por meio de jejum e ervas são de eficácia limitada; mas quando uma pessoa está alegre interiormente, atrai o auxílio do inexaurível poder de Deus. Falo da alegria sincera, não a que você finge exteriormente, sem sentir interiormente. Quando a alegria for sincera, você será um milionário de sorrisos. Um sorriso verdadeiro distribui a corrente cósmica, prana, a todas as células do corpo. O homem feliz é menos sujeito a doenças, pois a felicidade realmente atrai para o corpo um maior suprimento da energia vital universal. 

Há muito o que falar sobre o tema da cura. A ideia principal é que devemos depender mais do poder mental, que é ilimitado. As regras de prevenção contra a doença devem ser: autocontrole, exercícios, dieta apropriada, abundância de sucos de frutas, jejum ocasional e sorrisos o tempo todo - de dentro para fora. Esses sorrisos nascem da meditação. Você encontrará então o poder eterno de Deus. Em êxtase com Ele, você trará conscientemente para o seu corpo a divina presença curativa."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 88/89)


terça-feira, 26 de março de 2013

SERVIR OS OUTROS

"A felicidade consiste em fazer os outros felizes, em abandonar os nossos interesses egoístas para dar alegria aos demais.

Proporcionar felicidades aos outros é de suma importância para a nossa própria felicidade, além de ser uma experiência gratificante. Algumas pessoas só pensam na própria família - nós e mais ninguém. Outros preocupam-se apenas com eles próprios: "Como é que eu vou ser feliz?" Mas são justamente essas pessoas que não alcançam a felicidade!

Viver só para si mesmo é a origem de todo o sofrimento.

Prestando serviço aos outros, espiritual, mental e materialmente, você encontrará suas próprias necessidades atendidas. À medida que você esquece de si mesmo servindo os outros, descobrirá que, sem tê-lo procurado, a taça da sua própria felicidade ficará repleta. 

Quando chegou a este mundo, você chorava e todos os demais sorriam. Você deve viver de tal modo que, ao partir, todos chorem, mas você sorria.

Quanto mais profundamente meditar e quanto mais boa vontade tiver para servir, mais feliz você será."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 124/125)


PERMITA QUE O ESPLENDOR DA DIVINDADE DOMINE O SEU ÍNTIMO

"O homem está vaidoso por estar voando tão alto no céu e mesmo desembarcando na lua, mas é incapaz de viver em paz consigo mesmo e com seu vizinho. Sua vida terrena é repleta de medo e ansiedade, mas sem acanhamento se proclama o zênite da criação! Não sabe como abafar o fogo que dentro dele arde, mas sabe como arrasar cidades inteiras com o fogo produzido por suas bombas.

Swa-raj quer dizer pleno domínio sobre os sentidos, sobre a mente e sobre o intelecto, mediante o reconhecimento do Atma. Tal como o termômetro indica o calor do corpo, seu falar e sua conduta indicam seu equipamento mental e suas atitudes, e revelam quão alta é a febre de mundanismo que afeta você. A atitude deve ser sátvica, isto é, isenta de paixões e emoções, tais como ódio e orgulho. Fale na paz, promovendo a paz dos outros. De que se servem repetir mantras (japa) e meditar (dhyana) quando o falar e a conduta nem mesmo são humanos? Como pode alguém esperar aproximar-se do divino acoplamento quando ainda se avilta na lama da bestialidade? 

Posses objetivas e subjetivos desejos são obstáculos no caminhar para a realização. Que a brisa da santidade sopre como quiser, e que as sombras da ignorância cega não profanem a vida, a vida que é uma ponte sobre o mar da impermanência. Passe sobre ela, mas não construa nela uma casa. Erga a bandeira de Prasanthi (a Grande Paz) sobre o templo que é seu coração. Subjugue os seis inimigos que destroem a felicidade natural do homem. Ascenda ao estado yógico, no qual as agitações estão detidas, permitindo o Esplendor da Divindade, no íntimo, isto é, no Atma, resplandecer abarcando tudo o tempo todo."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 224/225)


segunda-feira, 25 de março de 2013

NOSSO DESTINO DIVINO

"O homem tem um destino divino a cumprir, mas são poucos os que conhecem a finalidade de sua existência e, menos ainda, os que sinceramente procuram alcançar esse objetivo. Passa-se a vida comum cuidando das carências do corpo, cumprindo as responsabilidades impostas pelas necessidades do momento. Dessa maneira, o homem médio vive o morre sem saber de onde veio, por que está aqui e para onde vai.

As grandes escrituras do mundo afirmam que o homem é a mais inspirada criação do Divino; que ele, de fato, é feito à imagem de seu Criador. Será a imagem de Deus um corpo de carne, propenso a doença e impotente contra a morte? Uma inteligência coberta por maya e sujeita a estados inconstantes de humor e emoções? Isso não pode ser a imagem do Grande Poder que concebeu e mantém as complexidades cósmicas do Universo! Onde está, pois, a imagem divina pela qual se supõe o homem seja feito?

O homem é um ser tríplice. Ele tem um corpo, mas não é esse corpo que reclama, sofre e morre. Ele tem uma mente, mas não é essa mente que é desvirtuada pelas artimanhas da ilusão cósmica. Sua natureza real é o atman imortal, a alma que habita, de forma invisível, o templo da carne mortal. Esse atman é a imagem de Deus dentro do homem - a imagem completamente perfeita, cujas qualidades divinas são amor, sabedoria, onipotência e alegria eterna. 

Cego é o filho de Deus que permite a profanação dessa imagem divina dentro de si, turvando-a com as imperfeições da consciência material a ponto de ela não poder mais ser reconhecida. Ao fazer assim, o homem vive contra sua verdadeira natureza. Eis por que ele nunca está totalmente satisfeito, por que sempre existe algum anseio, bem no fundo, que o lança primeiro para um caminho, depois para outro, procurando a incógnita quantidade sempre evasiva.

O "algo mais" que o homem procura é Deus: o Ser Divino que palpita logo atrás das batidas do coração; o Amor que se filtra através de todas as formas de amor pela família, amigos e ser amado; a Alegria que atende todas as chamas de felicidade; a Sabedoria onisciente que está sentada logo atrás dos pensamentos da pequena mente humana. Mais próximo do que o mais próximo está o Poder Divino que deu a vida ao homem e pode trazer sentido e realização à sua existência."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 24/25)


A ATITUDE CORRETA EM RELAÇÃO A ERROS PASSADOS (PARTE FINAL)

"A escuridão pode reinar numa caverna por milhares de anos, mas leve a luz para lá e as trevas se esvaecerão como se nunca tivessem existido. Analogamente, quaisquer que sejam os seus defeitos, eles já não mais serão seus quando você levar para dentro a luz da bondade. Tão grande é a luz da alma que encarnações do mal não a podem destruir. 

Não há pecado que não possa ser perdoado; não há mal que não possa ser superado, pois o mundo da relatividade não abriga absolutos.

Deus jamais abandona alguém. Quando você acredita, depois de ter pecado, que sua culpa seja imensurável, sem redenção; e quando o mundo declare que você não vale nada e que jamais chegará a ser qualquer coisa, pare um momento para pensar na Mãe Divina. Diga a ela: "Mãe Divina, eu sou Teu filho, Teu filho travesso. Perdoa-me, por favor." Quando você apelar para o aspecto materno de Deus, não há recusa - você simplesmente derrete o Coração Divino. Entretanto, Deus não o apoiará se continuar agindo mal. Ao rezar, você tem de abandonar as más ações.

Os santos são pecadores que não desistiram. Quaisquer que sejam as suas dificuldades, se não desistir, você estará progredindo na sua luta contra a corrente. Lutar é ganhar a graça de Deus. 

Um diamante terá menos valor só por estar coberto de lama? Deus vê a beleza imutável da sua alma. Ele sabe que nós não somos os nossos erros.

Por algumas encarnações você tem sido um ser humano, mas ao longo da eternidade tem sido filho de Deus. Nunca se considere um pecador, pois o pecado e a ignorância são apenas pesadelos mortais. Quando despertarmos em Deus, veremos que nós - a alma, a consciência pura - jamais fizemos algo errado. Imaculados pela experiências mortais, somos e sempre fomos filhos de Deus.

Cada um de nós é filho de Deus. Nascemos do Seu Espírito, em toda a pureza, glória e alegria. Essa herança é inalienável. Condenar-se a si próprio como pecador, comprometido com o caminho do erro, é o maior de todos os pecados. A Bíblia diz: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" Lembre-se sempre: o Pai o ama incondicionalmente."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 106/108)


domingo, 24 de março de 2013

BEM-AVENTURANÇA NOSSA VERDADEIRA NATUREZA


“Existe, na consciência de Bem-aventurança, um aspecto positivo e outro negativo. O aspecto negativo é a ausência de consciência de prazer e dor; o positivo é o estado transcendental de tranquilidade superior, no qual está incluída uma consciência de grande expansão e de “todos em Um e Um em todos”. Esse estado tem gradações. Quem busca a verdade com seriedade provará dele um pouco; um vidente ou profeta está impregnado desse estado.

Já que o prazer e a dor têm origem no desejo e na carência, deve ser nossa obrigação – se quisermos alcançar a Bem-aventurança – eliminar todos os desejos, exceto o desejo de Bem-aventurança, nossa verdadeira natureza. Se todos os nossos progressos – científico, social e político – são orientados por esse único objetivo comum e universal (a remoção da dor), por que deveríamos adotar um elemento estranho (o prazer) e esquecermos de estar permanentemente atentos ao que é tranquilidade e Bem-aventurança?

Inevitavelmente, quem desfruta o prazer da saúde experimentará, vez por outra, a dor produzida pela doença, porque o prazer depende de uma condição mental, a saber, a ideia de saúde. Ter boa saúde não é ruim, nem está errado buscá-la. Todavia, a única objeção é estar apegado a ela  ou a se deixar afetar interiormente por ela. Pois desse modo a pessoa está cultivando o desejo, que a levará à infelicidade. Precisamos buscar a saúde não pelo prazer que ele encerra, mas porque ela torna possível o cumprimento de nossos deveres e a consecução de nosso objetivo. A saúde se verá, ocasionalmente, obstruída pela condição oposta: a doença. Mas a Bem-aventurança não depende de nenhuma condição determinada, externa ou interna. É o estado inato do Espírito.Portanto, ela não receia ser contrariada por qualquer outra condição. Fluirá continuamente, para sempre, na derrota ou na vitória, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza." 

(Paramahansa Yogananda – A Ciência da Religião – Self-Realization Fellowship  - p. 35)


A ATITUDE CORRETA EM RELAÇÃO A ERROS PASSADOS (1ª PARTE)

"Evite ruminar as coisas erradas que você tenha feito. Elas não pertencem mais a você. Que sejam esquecidas. É a atenção que cria os hábitos e a memória. Assim que você coloca a agulha sobre um disco fonográfico, ele começa a tocar. A atenção é a agulha que toca o disco das ações passadas. Portanto, você não deve pôr sua atenção nas más ações. Por que continuar sofrendo com as ações insensatas do seu passado? Expulse de sua mente a lembrança delas, e tome o cuidado de não repeti-las de novo. 

Talvez você esteja preocupado com os erros que cometeu, mas Deus não está. O que passou, passou. Você é filho Dele, e qualquer que tenha sido o seu erro, aconteceu porque não O conhecia. Deus não o acusa pelo mal praticado sob a influência da ignorância. Tudo o que Ele pede é que você não repita suas ações erradas. Ele só quer descobrir se você é ou não sincero na sua intenção de ser bom.

""Esqueça o passado" [dizia Sri Yukteswar]. "As vidas pregressas de todos os homens estão manchadas por muitos atos vergonhosos. A conduta humana jamais será confiável enquanto o homem não se ancorar no Divino. Tudo melhorará no futuro se você estiver fazendo um esforço espiritual agora."

Não se considere um pecador. Você é um filho do Pai Celestial. Não importa que você seja o maior dos pecadores, esqueça isso. Se você decidiu ser bom, então já não é mais um pecador. (...) Comece a partir do zero e diga: "Eu sempre fui bom; apenas sonhava que era mau". Isso é verdade: o mal é um pesadelo e não pertence à alma.

Mesmo que seus erros sejam mais profundos que o oceano, a própria alma não pode ser engolfada por eles. Adote uma determinação inquebrantável de progredir no seu caminho, sem as travas dos pensamentos limitadores em seus erros passados.

Você é uma centelha da Chama Eterna. Você pode ocultar a centelha, mas jamais poderá destruí-la. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 104/106)


sábado, 23 de março de 2013

É VOCÊ QUE DECIDE SOBRE SEU PRÓPRIO DESTINO

"Você se lamuria porque seu vizinho vive feliz enquanto você não. Seu vizinho pode ter a crédito dele muitos anos de sadhana (disciplina espiritual) em depósito no corpo causal do qual ele veio de sua vida anterior para esta presente. Em você, sua natureza e suas predileções são moldadas pelo modo pelo qual você amou e detestou, se nutriu e lutou, no curso de uma série de vidas que já teve. 

Deus não se envolve em recompensas nem em punições. Somente reflete, ressoa e reage! Deus é a Eterna Testemunha Isenta. É você que decide sobre seu próprio destino. A criação, proteção e destruição, igualmente, obedecem à mesma lei, à lei inata de maya que cavalga o Universo.

Há pessoas que continuam declarando que não existe Deus, simplesmente porque não lhes é possível ver Deus. Você diria que não existem raízes nutrindo e mantendo de pé as árvores, somente porque elas se acham no invisível, lá embaixo? É a partir do invisível que Deus nos nutre, sustenta e nos mantém de pé. Ele pode ser visto por aqueles que se esforçam para seguir as linhas traçadas pelos que já conseguiram experienciá-Lo. Deus é como a manteiga que está no leite, isto é, somente visível depois que o sadhana o "concretiza"."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 85)


O NERVOSISMO É A DOENÇA DA CIVILIZAÇÃO


“O nervosismo é a doença da civilização. (...)

Deveríamos ter calma para apreciar as coisas – as belezas da criação de Deus, as numerosas bênçãos da vida -, mas evitar as emoções súbitas, a inquietude e a excitação indevidas, que fazem com que o sistema nervoso se queime.

Se você passar a vida em permanente excitação, jamais conhecerá a verdadeira felicidade. Viva de maneira simples e encare a vida com maior tranquilidade. A felicidade está em se dar tempo para pensar e entrar em introspecção. Fique sozinho de vez em quando e permaneça mais em silêncio.”

(Paramahansa Yogananda – Paz Interior – Self-Realization Fellowship - p. 83/84)


sexta-feira, 22 de março de 2013

ESFORCE-SE PARA VIVER DE ACORDO COM A VERDADE


“Haverá os que nos elogiam e nos compreendem; haverá os que nos culpam e nos entendem mal. Devemos enfrentar os dois juízos com calma e sem hesitação. Nosso papel é sempre fazer o melhor esforço possível para viver de acordo com a verdade. Ao perceber que cometemos um erro, devemos pedir imediatamente ao Divino que nos perdoe, e então devemos nos corrigir.

É inútil tentar esconder de Deus os nossos erros; de qualquer maneira, Ele os conhece. Podemos contar-Lhe, em confiança, todos os nossos erros e buscar Sua ajuda para corrigi-los. A imanência de Deus fez Dele um companheiro divino permanente, com quem podemos compartilhar abertamente nossos sentimentos. Ele nos vê como somos. Como podemos nos sentir presunçosos quando sabemos que nada somos sem Ele? Uma vez percebido isso, começa dentro de nós uma luta persistente para alcançar a perfeição a Seus olhos. A pessoa que está satisfeita consigo mesma deixa de crescer espiritualmente. A autossatisfação egoísta é um pecado grave contra o Eu superior. Quem quer que pare de se esforçar para melhorar diminui de estatura espiritual.

Sempre que estivermos errados, vamos admitir o erro. Não vamos pensar que sempre temos de estar certos. Isso não é ser honesto com nós mesmos. O fato de acreditarmos em determinada direção não a torna necessariamente correta. Se alguém nos mostrar que estamos errados, devemos estar dispostos e prontos para mudar. Essa é a maneira de crescer e adquirir compreensão. Longas explicações sobre por que erramos são desnecessárias. Precisamos dizer, simplesmente: “Sinto muito. Não entendi dessa forma.”

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 45/46)


FORMAS GERADAS PELA LINGUAGEM (PARTE FINAL)

"Sempre que falamos ou rimos, produzimos som e cor. Se é o tipo certo do riso, cordial e afável, produz um efeito muito agradável, e espalha um sentimento de alegria em todos os sentidos. Mas se é um riso zombeteiro ou sarcástico, uma gargalhada grosseira, uma casquinhada ou um riso alvar, o resultado é muito diferente e por demais desagradável. É notável quão exatamente todas as nuanças de pensamento e sentimento se refletem nos planos superiores. (...)

A cor das fomas geradas depende mais do espírito com que falamos. Duas pessoas podem dizer as mesmas palavras, e produzir assim, amplamente, a mesma forma, mas as formas podem ter atrás de si um espírito diferente. Quando estais de partida com alguém, dizeis "Adeus". Estas palavras podem ser acompanhadas por uma real explosão de sentimento amistoso; mas se dizeis "Adeus" num tom casual, sem qualquer pensamento ou sentimento especial por trás, isso produz um efeito totalmente diferente nos planos superiores. Um é como um brilho de pirilampo, nada significando, nada produzindo; o outro é uma efusão definitiva que dais ao vosso amigo. Convém lembrar que a expressão significa "Deus seja contigo"; portanto, é uma bênção que estais dando. (...) Se pensardes no significado de tais palavras enquanto as proferis, fareis um bem muito maior do que normalmente o fazeis, pois nesse caso a vossa vontade e vosso pensamento acompanharão as palavras, e a bênção será um auxílio real e não um simples aceno.

Em todas estas maneiras a linguagem do discípulo deve ser refinada e aprimorada. Lembrai-vos  de como se diz em A Luz da Ásia que o Rei, o Eu, está dentro de vós, e que tudo quanto sai de vossa boca em sua presença tem de ser um pensamento de ouro expresso em palavras de ouro:  

Governa os lábios,
Pois são os portais do palácio do Rei interno;
Tranquilas e formosas e corteses sejam todas as palavas
Ditas naquela presença."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 97/98)


quinta-feira, 21 de março de 2013

JNANA YOGA - O REAL E O IRREAL (PARTE FINAL)

"Finalmente, que é real e que é irreal? Que faz uma coisa real e outra não? São perguntas que você tem, não somente o direito, mas o dever de fazer. A Vedanta Adwaita lhe responde. Real é aquilo que não sofre mudanças tais como vir à existência, existir, minguar e depois se extinguir. O Real é sempre igual: o mesmo no presente, no passado e no futuro. Obviamente, irreal é tudo que, no curso do tempo, muda. Ao perguntar a uma pessoa quem é ela, a resposta imediata é sempre "eu sou Fulano". Para sermos exatos, podemos retrucar e dizer-lhe que está enganado. Para grande surpresa, lhe diremos: Você não é. Você, transitoriamente, está Fulano. As pessoas confundem, e se identificam com aquilo que muda e muda sempre, com aquilo que supõem ser - o corpo, a mente, o falso ego, este grande embusteiro. O que qualquer pessoa realmente é, em essência, é o Divino Ser, que todos somos. (...)

Não há conquista tão elevada, tão preciosa, tão próxima do impossível ao homem como esta da fusão no Ser Supremo, pretendida pelos monistas (adwaitas). Por maior que seja o esforço pessoal (decisão, dedicação, devoção, discernimento e disciplina) do aspirante, o alcance da meta será sempre inalcançável se lhe falta a onipotência, onipresença e onisciência da Graça Divina. Para ter acesso a ela, o aspirante conta com o poder da oração, proclamado por Jesus nos seguintes termos:

E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. (Lc 11:9)

Eis um compromisso de validade total e eterna, pois expressa uma lei cósmica. Com um pouco de reflexão, concluímos ser absolutamente importante discernir sobre o que pedir, o que buscar, e sobre a porta certa na qual bater. Que pretendemos obter ao formular uma prece? Os aspirantes à Jnana Yoga já têm a resposta correta. Eis uma oração perfeita ensinada pelos Uppanishads:

Do irreal conduz-nos ao Real. Das trevas, conduz-nos à Luz. E da morte à imortalidade. (...)

O Gayatri Mantra é a oração mais repetida pelos hindus. Eis sua tradução.

Ó Gloriosa Luz (Pai e Mãe) que iluminas os três mundos (o mundo físico, o astral e o causal), que Teu Esplendor e Tua Graça iluminem nosso intelecto - nós te rogamos.

Um dia eu também compus minha oração monista:

Ajuda-me, ó Verdade, o transmutar o limitado e periférico conhecer em infinito e profundo saber. Ajuda-me a realizar o que Eu Sou. Ajuda-me a perder-me, redento, no Infinito Eterno do Ser que Eu Sou e que Tu És. Salva-me, Presença, da ignorância escravizante... Eu Te peço, meu Deus, destrói esta distância. Liberta-me da ilusão que nos afasta. (In Yoga, Caminho para Deus)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 110/112)


FORMAS GERADAS PELA LINGUAGEM (2ª PARTE)

"Cada palavra proferida gera uma pequena forma na matéria etérica, tal qual o faz um pensamento na matéria mental. Algumas destas formas são condenáveis. A palavra "ódio", por exemplo, gera uma forma horrível, tanto assim que, tendo visto sua forma, eu jamais uso essa palavra. Podemos dizer que não gostamos de uma coisa, ou que não nos interessa, mas nunca devemos empregar a palavra "ódio", pois o ver simplesmente a forma que ela produz gera um sentimento de agudo mal-estar. Por outro lado, há palavras que geram formas belas, palavras essas que faz bem recitá-las. (...) 

Tais "formas de palavras" não são determinadas pelo pensamento que acompanha a palavras; o pensamento constrói sua própria forma num tipo superior de matéria. Por exemplo a palavra "ódio" é frequentemente empregada de maneira todo casual, sem conter em si nada do ódio real, quando se fala, talvez, de um produto alimentar. Esse é um emprego perfeitamente desnecessário de tal palavra, e obviamente não comunica nenhuma grave emoção, e por isso a forma ódio astral não é produzida; mas a forma sonoro etérica feia aparece exatamente como se o locutor realmente quisesse significar isso. Assim, evidentemente, a palavra em si não é boa. 

Fato idêntico se dá com os juramentes e palavras obscenas empregados tão frequentemente entre pessoas incultas e não educadas; as formas geradas por algumas dessas são de natureza peculiarmente horrível quando vistas clarividentemente. Mas é inconcebível que alguém, aspirando a ser um discípulo, quisesse poluir seus lábios com elas. (...)

A mesma regra se aplica em relação ao hábito de exagerar. Não raro as pessoas falam de maneira mais extravagante. Se algo está distante uma centena de metros, falam em "milhas de distância". Se acontece estar um dia mais quente do que o habitual, dizem "escaldante". Nosso domínio do vernáculo é pobre se não podemos encontrar palavras que expressem diferentes gradações de pensamento sem recorrer a estes superlativos agrestes e sem sentido. Pior que tudo, se desejam comunicar a ideia de algo especialmente bom, o descrevem como "terrivelmente" bom, o que não é apenas contradição de termos, e, portanto, uma expressão sumamente ridícula e sem sentido, mas também um chocante mau emprego de uma palavra que tem sua conotação própria, que torna grotescamente inadequada sua aplicação num tal sentido. Todas essas abominações devem ser estritamente evitadas por quem aspire a tornar-se um estudante de ocultismo. (...)"

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 96/97)


quarta-feira, 20 de março de 2013

JNANA YOGA - A COBRA E A CORDA (7ª PARTE)

"São as percepções equivocadas que nos fazem sofrer agora e gozar a seguir, para depois voltar a sofrer. Só o descortinar da Verdade nos salva disto. Uma pessoa, ao entrar num recinto em penumbra se viu frente a frente com uma cobra ameaçadora. O pavor desencadeou a natural "reação de alarme", que, conforme os estudiosos demonstram, é avassalador tumulto psicossomático muito desagradável. O impacto alarmante, no entanto, cedeu, e a pessoa recobrou a paz. A crise demorou somente o tempo bastante para que os olhos se acomodassem permitindo ver que não era uma cobra, mas uma inofensiva corda. Da mesma maneira, o sofrimento humano cessa à medida que a percepção correta vence a ilusão. Não foi a pseudocobra que gerou o sofrimento, mas a percepção equivocada, a ilusão, a ignorância. Enquanto a onda, iludida, supuser ser algo tão limitado, frágil e efêmero, não passará de pequenez, debilidade e transitoriedade. No momento em que, afastada a ilusão, se der conta de que, em realidade, ela é o mar, assumirá imediatamente a serenidade, a vastidão, a força e a perenidade do mar. Finalmente, somos onda ou mar?  

Nosso ego pessoal é fictício e gerador de sofrimentos igualmente fictícios. É preciso "des-iludir-nos". Dores e pavores, prazeres e pesares que nos maltratam são igualmente fictícios. Esta importante constatação nos torna equânimes.

Quando sonhamos, tomamos como realidade objetos, pessoas e tudo que acontece, e reagimos com medo, raiva, apego, ciúme, ódio, inveja, desejo, paixão... Basta porém acordar e constatar a irrealidade de tudo. Nós mesmos emprestamos realidade ao irreal. Da mesmo forma, este mundo objetivo que percebemos como nossos sentidos materiais, isto é, este mundo que percebemos quando acordados, do ponto de vista da Realidade, é um sonho, também é mitya (irrealidade), igual àquela cobra. É igual a objetos, pessoas e acontecimentos que percebemos em nossos sonhos. É igual à miragem no deserto. Nossas vitórias, posses, seguranças, status, músculos jovens e belos, propriedades, poderes, tudo isto que tanto desejamos e igualmente nossas derrotas, carências, doenças, tristezas, tudo isto que tentamos evitar, tudo, tudo mesmo, é um grande embuste gerado e mantido pela ignorância, que precisamos extinguir com Jnana Yoga. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 109/110)


FORMAS GERADAS PELA LINGUAGEM (1ª PARTE)

"O discípulo deve vigiar sua maneira de falar, bem como o assunto, de sorte que seja amável, formosa e correta, e livre de desconsideração e exagero. Suas palavras têm de ser bem escolhidas e bem pronunciadas. Muitos pensam que na vida diária não é necessário dar-se ao incômodo de falar claramente; isso importa muito mais do que imaginam, porque estamos a todo instante construindo nosso próprio ambiente, que por sua vez reage sobre nós. Enchemos nossos cômodos e lares com nossos próprios pensamentos, e depois temos de viver ali. Se, por exemplo, um indivíduo permite deixar-se vencer pela depressão, seu cômodo fica carregado dessa qualidade, e qualquer pessoa sensitiva que ali penetre se apercebe de certa diminuição de vitalidade, de uma perda de tonalidade. Muito mais ele, que vive a maior parte do tempo nesse cômodo, é perpetuamente afetado pela depressão, e não pode facilmente livrar-se dela. Da mesma forma, o homem que se rodeia de uma atmosfera de formas sonoras desagradáveis engendradas por uma linguagem descuidada e inculta produz uma atmosfera onde estar formas reagem constantemente sobre ele, e está sujeito a reproduzir estas formas desagradáveis; se não toma cuidado, ver-se-á contraindo o hábito de falar com aspereza e grosseria. 

Tenho ouvido amiúde os professores primários: "Nada podemos fazer com a linguagem das crianças. Enquanto as temos aqui na escola, procuramos corrigi-las, mas quando vão para casa, elas ouvem a má pronúncia das palavras, e isso sempre persiste, e para nós é impossível corrigi-lo." As crianças permanecem na escola talvez umas cinco horas por dia, e a maior parte do tempo ficam em casa, onde uma atmosfera de indesejáveis formas sonoras pode pressioná-las durante todo o tempo, de sorte que são absolutamente escravas dessa atmosfera. Há certas palavras que elas não conseguem dizer, pois não podem pronunciar um som puro.

Pode-se crer que uma pequenina coisa não tem importância; de nenhum modo é uma pequena coisa, e um número delas perpetuamente repetidas produz um enorme efeito. É seguramente melhor que nos rodeemos de beleza e não de fealdade, mesmo que seja na matéria etérica. É de suma importância falar com correção, clareza e beleza, pois isso conduz tanto ao refinamento interno como ao externo. Se falamos de uma maneira grotesca e desalinhada, degradamos o nível de nosso pensamento, e tal maneira de falar repelirá e desgostará as pessoas que desejaríamos ajudar. Aqueles que não podem ser exatos no emprego de palavras não podem ser precisos em seu raciocínio; serão mesmo mais vagos em questão de moralidade, pois todas estas coisas reagem uma sobre as outras. (...)"

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 94/95)


terça-feira, 19 de março de 2013

JNANA YOGA - OS DOIS PÁSSAROS (6ª PARTE)

"Uma alegoria nos Uppanishads - a dos "Dois Pássaros" - ajuda-nos a compreender esta cosmovisão vedantina, que fundamenta a Jnana Yoga. Vejamo-la na descrição de Swamiji Sivananda:

Há dois pássaros na mesma árvore. Um, num dos galhos mais altos, o outro, mais abaixo. O primeiro se encontra perfeitamente sereno, silente, majestoso para todo sempre. É totalmente bem aventurado. O outro, nos ramos inferiores, come umas vezes frutos doces, outras, amargos. Por vezes, dança alegre. Por vezes, se sente miserável. Rejubila-se agora e depois chora. Às vezes prova uma fruta extremamente amarga e é presa de desgosto. Olha para o alto e contempla o outro, o pássaro maravilhoso de áurea plumagem, sempre venturoso. Deseja fazer-se igual a ele, mas logo se esquece, e novamente volta a comer frutas doces e amargas. Novamente come uma daquelas mais amargas e volta a sentir-se miserável. Volta então a desejar tornar-se igual ao pássaro lá do alto. Gradualmente, vai deixando de comer as frutas e se tornando sereno e feliz como o outro. O pássaro mais alto é Deus ou Brahman. O de baixo é jiva ou alma individual que está comendo os frutos de seus karmas (as consequências agradáveis e desagradáveis de suas prévias ações), isto é, prazer e dor, atingindo altos e baixos na batalha da vida. Sobe, para depois cair novamente, na medida em que os sentidos o puxam para baixo. Gradualmente consegue desenvolver vairagya (despaixão) e viveka (discriminação), e, voltando-se para Deus, pratica meditação, para, finalmente, atingir a autorrealização (conhecimento de si mesmo) e só então desfruta a eterna bem aventurança de Brahman. (In All About Hinduism, p. 178)

Em verdade não são dois pássaros diferentes, mas um só. O de baixo, no entanto, presa da ilusão, desconhece que ele e o outro são o mesmo. Se conseguir aguaçar seu discernimento ao mesmo tempo desapegar-se das frutas, poderá vencer o permanente estresse resultante do incessante jogo dos opostos - alegrias e tristezas, prazeres e pesares. O ignorante pássaro de baixo é ahamkara, nosso falso ego pessoal, sempre entretido com frutas amargas e doces, ora chorando, ora sorrindo. Goza e sofre por não se ter dado conta de sua substancial unidade-identidade com o venturoso e sobranceiro pássaro de cima, que ele inveja. Sua libertação resultará, por um lado, da desidentificação com o irreal e simultânea identificação com o Real, e, por outro, depende de desapegar-se das frutas amargas ou doces. Este é mais uma forma de explicar Jnana Yoga. Sem viveka (discernimento) e vairagya (desapego), o cativeiro e a infelicidade continuam. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 108/109)


ASSUMA O DOMÍNIO DA SUA MENTE

"Hoje, o homem contraiu o hábito de agir e falar conforme seus caprichos. Nenhum controle é exercido por sua consciência, sua moral ou boas maneiras. Aquele que é perverso e determinado a caminhar para a ruína dispensa conselhos. Remédio é para quem está doente, não para quem está sadio; não para quem já está inteiramente morto. Conselho é para quem padece dúvida, ansiedade ou agitação. Este conceito se encontra nas escrituras (sastras) e em outros textos sagrados. Uma carta pode ser lançada fora uma vez que seu conteúdo tenha sido anotado e aprendidas as instruções por ela comunicadas. Assim também, aquelas escrituras (sastras) e textos sagrados podem ser descartados uma vez lidos, compreendidos mas principalmente seguidos. Não há proveito em ler, ler, reler... mais e mais. 

Declaram os textos que você realmente é Atma (O Ser). Aquilo que anima toda a criação. O corpo do homem é um templo onde Deus está morando. Os guardas de tal templo são Sama (controle sobre os sentidos) e Dama (controle sobre as emoções). Se eles forem ineficazes e negligentes, a luxúria e a ambição, o rancor e a inveja, o ódio e o orgulho se infiltrarão, se espalharão e dominarão o templo. O homem está tão iludido que presta honra a tais ladrões como se fossem os donos da casa que eles saqueiam. Assuma o domínio sobre sua mente. Esteja alerta. Erga-se, e enfrente os ladrões antes que lancem mão sobre seu tesouro. O tesouro é a percepção da presença de Deus em tudo."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 71/72)


segunda-feira, 18 de março de 2013

JNANA YOGA - QUALIFICAÇÕES DO ASPIRANTE (5ª PARTE)

"O método ou sadhana da Jnana Yoga é talvez o mais difícil. Aquele que exige as mais raras condições intelectuais, psíquicas e éticas. Sem tais qualificações, o aspirante pode perder-se em especulações intelectualóides e vir a tornar-se um verborrágico erudito, rico de conhecimentos, mas pobre de sabedoria, a falar de Deus sem O experienciar. As qualificações indispensáveis a um caminhar firme e eficaz na difícil jnana marga ou caminho (marga) da sabedoria (jnana) que liberta, são:

(a) Viveka - a capacidade de discernir entre o Real e o irreal, entre o Eterno e o transitório;
(b) Vairagya - despaixão ou desapego por tudo que seja irreal e transitório;
(c) Shad-sampat - as "seis virtudes", que são: Sama - tranquilidade; Dama - autocontrole; Uparati - saciedade, contentamento; Titiksha - resistência, endurance; Samadhana - concentração; Mumukshutva - profundo empenho em libertar-se; amor infinito e absoluto pela Verdade, que é Deus.

Arjuna, o guerreiro, pediu a Krishna que descrevesse o "homem sábio". Ao longo de alguns versos da Bhagavad Gita, o Avatar respondeu:

Quando um homem descartou de sua mente todo o desejo, e está contente no Ser pelo Ser, é um homem de firme Sabedoria. Aquele que não é chocado pela adversidade, e que na prosperidade não anela prazeres, que é isento de apego, medo e aversão, pode ser chamado um sábio de firme Sabedoria. Aquele que em toda parte está sem apego, enfrentando qualquer coisa boa ou má, que nem se regozija ou detesta, sua Sabedoria é firme. Quando, igual à tartaruga, que recolhe seus membros de todos os lados, ele recolhe seus sentidos dos objetos sensórios, então sua Sabedoria se torna firme... (Bhagavad Gita, II:55-58)

O processo de autotransformação que capacita o aspirante para a conquista da Verdade Suprema é descrito por Sai Baba nestes termos:

A Sabedoria Espiritual desce somente quando haja pureza no coração. Exatamente como remover as ervas daninhas, o revolver da terra, o semear e o regar são indispensáveis, à colheita, o campo do coração humano tem de ser alijado de maus pensamentos e sentimentos ruins, regado com o amor, arado pelas práticas espirituais e semeado com o santo Nome de Deus. Somente assim é possível a colheita da Divina Sabedoria (jnana). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 106/108)


INTUIÇÃO: DESCORTINO DA ALMA

"A intuição é a orientação da alma, que surge naturalmente no homem quando sua mente está tranquila. (...) O objetivo da ciência da yoga é acalmar a mente, para que, sem distorções, ela possa ouvir o infalível conselho da Voz Interna.  

"Resolva todos os seus problemas por meio da meditação" [dizia Lahiri Mahasaya]. "Sintonize-se com a ativa Orientação interior. A Voz Divina tem resposta para todos os dilemas da vida. Embora a engenhosidade do homem para se meter em dificuldades pareça não ter fim, o Infinito Socorro não é inexaurível."

Ao querer que dependamos exclusivamente Dele, Deus não quer dizer que você não deva pensar por si próprio. Ele quer que você use a iniciativa. A ideia é a seguinte: se você não for capaz de buscar uma sintonia consciente com Deus, antes de mais nada, cortará o contato com a Fonte e, desse modo, não poderá receber Sua ajuda. Quando você se voltar primeiro para Ele, para qualquer coisa, Ele o guiará. Ele lhe revelará seus erros para que você possa mudar a si próprio e ao curso de sua vida.

Lembre-se: melhor do que um milhão de raciocínios é sentar-se e meditar em Deus até sentir tranquilidade interior. Então, diga ao Senhor: "Eu não posso resolver meu problema sozinho, mesmo que eu tenha um número incalculável de pensamentos diferentes, mas posso resolvê-lo colocando-o em Tuas mãos, pedindo primeiro a Tua orientação e, em seguida, analisando-o sob vários ângulos, buscando uma possível solução". Deus ajuda aqueles que se ajudam. Quando sua mente estiver tranquila e cheia de fé, após orar a Deus em meditação, você será capaz de ver várias respostas para os seus problemas. E, porque sua mente se acalmou, é também capaz de escolher a melhor solução. Siga essa orientação e terá êxito. Isso é aplicar a ciência da religião na sua vida diária.

"A vida humana é assediada por tristezas até que saibamos entrar em sintonia com a Vontade Divina, cujo 'procedimento correto' frequentemente surpreende a inteligência egoísta", [dizia Sri Yukteswar]. "Só Deus dá conselho infalível. Quem senão Ele sustenta o peso do cosmos?"

Quando conhecermos o Pai Celestial, teremos as respostas não apenas para os nossos próprios problemas, mas também para os que afligem o mundo. Por que vivemos e por que morremos? Por que razão sucedem os acontecimentos atuais, e por que os do passado? Duvido que um dia venha à Terra um santo que responda a todas as perguntas de todos os seres humanos. No templo da meditação, porém, todos os enigmas da vida que inquietam nossos corações sertão resolvidos. Tomaremos conhecimento das respostas aos quebra-cabeças da vida e encontraremos a solução para todas as nossas dificuldades quando entrarmos em contato com Deus." 

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 57/59)


domingo, 17 de março de 2013

JNANA YOGA - APARÊNCIA E REALIDADE (4ª PARTE)

"Sai Baba com frequência ensina como discriminar entre aparência e Realidade:

Você, como corpo, espírito ou alma, é apenas um sonho. Na Realidade, você é vida, sabedoria e plenitude feliz. Você é o Deus deste universo. Você está criando o universo todo e o interiorizando. Para alcançar a infinita individualidade universal, é preciso descartar a pequena prisão individualista...
Enquanto estiver seguindo pelo caminho, você pode observar sua sombra a arrastar-se sobre lama, poeira, depressão ou montículo, espinhos ou areal, trechos de terra seca ou úmida. A sombra e as experiências dela não têm permanência (mithyam) nem verdade (sathyam). Similarmente, convença-se de que você não é somente a sombra de Paramatma (o ser Supremo), e que essencialmente você não é este (que pensa ser), mas o próprio Paramatma. Este é o remédio contra tristezas, afãs e dores. Naturalmente, será somente no fim de prolongado e sistemático processo de sadhana (disciplina) que conseguirá fixar-se na Verdade; até lá, você continua suscetível a identificar-se com este corpo, esquecendo-se de que ele que projeta sombra, ele mesmo, por sua vez, é também uma sombra. (in Sadhana - O Caminho Interior)

É exercendo e exercitando a faculdade de discernimento (viveka) que viremos a conseguir, conforme Baba mostrou, efetivar um redentor processo de "des-ilusão", de "des-encanto", de "des-engano", finalmente de vitória sobre o grande embuste de que somos vítimas. É por gostarmos de ilusão, encanto, engano, engodo, que costumamos sofrer quando alguém ou algo nos desilude. Jnana Yoga é uma gloriosa desilusão redentora. Cada desilusão merece uma festa e não um lamento. Precisamos aprender a desiludir-nos. 

A fim de libertar-nos de tantos equívocos, encantos, ilusões e embustes autocultivados, que nos impedem de ver de frente a Verdade, os Uppanishads ensinam a prática do neti, neti, neti... que se traduz por "não é isto aqui, não é aquilo ali, não é aquilo lá..." (o Ser Supremo e Real que eu busco). Esta cultivada e constante desmistificação vai descartando as aparências, até mesmo as mais convincentes e sedutoras. Identificadas como irreais e fugidias, as coisas acabam não podendo mais ocultar o Esplendor do Ser, da Essência. Os mesmos Uppanishads também ensinam um processo diametralmente oposto. Ao buscador, já convencido de que o Real é o substrato e a substância de todas as aparências, sendo portanto onipresente embora invisível em tudo, é sugerido praticar o iti, iti, iti... que se traduz por "é isto, é isto, é também isto..." (o Verdadeiro Ser que ando buscando). Ele sabe que isto, isto, e mais isto... embora ilusórios e fugidios  nascem do Ser, existem no Ser, e pelo Ser são nutridos, e nEle serão reabsorvidos. Olhe para seu corpo - este seu corpo em constante transformação e destinado a perder-se como uma forma que é - e diga neti, neti, neti... até ele perder seu poder de iludir e ser tomado como o Ser. Faça o mesmo em relação ao seu ego pessoal, à sua mente, ao seu intelecto... Num segundo momento, considere que sem o Ser, sem a Substância, sem o Substrato, seu corpo, seu ego pessoal, sua mente, seu intelecto inexistiriam, e aí você terá de dizer iti, iti, iti... reconhecendo que todos são manifestação do Ser. É este o método de chegar à essência única de todas as multifárias formas de existência, ao substrato onipenetrante, mas também transcendente neste sistema espaço-tempo, neste universo de nomes e formas. Segundo este método vedantino, chega-se à amplidão do mar, através da inteligente contemplação da exiguidade das ondas e mesmo de apenas uma delas. Pode haver onda sem o Mar a lhe servir de essência e substrato? Há existência independente da essência? (...)"   

(José Hermógenes - Iniciação do Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 104/106)


CRIE O HÁBITO DE EMITIR PENSAMENTOS DE AJUDA E BOA VONTADE A TODOS QUE TE RODEIAM

"Ninguém tem possibilidade de tornar-se discípulo aceito a não ser que haja adquirido o hábito de volver suas forças para fora e de concentrar sua atenção e energia sobre outros, para verter sobre eles pensamentos de ajuda e boa vontade. Oportunidades de se fazer isto são constantemente oferecidas, não apenas entre aqueles com os quais entramos em íntimo contato, porém mesmo entre os estranhos que deparamos na rua. As vezes sabemos de alguém que se acha obviamente deprimido ou sofrendo, num jato podemos injetar em sua aura um pensamento de estímulo e fortalecimento. Permita-se-me citar mais uma vez uma passagem que vi há um quarto de século num dos livros do Novo Pensamento:

Impregna amor ao pão que assas; embrulha em energia e coragem o pacote que atas para a mulher de rosto fatigado; unta de confiança e sinceridade o dinheiro que pagas ao homem de olhar desconfiado.

É um lindo pensamento expresso de maneira exótica, porém que transmite a grande verdade de que cada contato é uma oportunidade, e que cada pessoa que encontramos da maneira mais casual é alguém para ser ajudado. Assim o estudante da Grande Lei percorre a vida distribuindo bênçãos a todos em volta de si, fazendo o bem irrestritamente por toda a parte, muito embora frequentemente o recipiente da bênção e ajuda não tenha nenhuma ideia de sua procedência. De tais benefícios todos os homens têm o seu quinhão, dos mais pobres aos mais ricos; todos os que podem pensar também podem emitir pensamentos bondosos e de ajuda, e nenhum desses pensamentos falhou, nem jamais pode falhar enquanto imperarem as leis do universo. Podeis não ver o resultado, mas o resultado ali está. e não sabeis que fruto pode nascer da tênue semente que semeais enquanto percorreis vossa senda de paz e amor."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 103/104)


sábado, 16 de março de 2013

JNANA YOGA - AJNANA E JNANA (3ª PARTE)

"O que nos prende à "roda dos nascimentos e mortes", explicam os Mestres, é ajnana, ou seja, a "ignorância" sobre nossa própria Realidade e Essência. Ajnana escraviza. Jnana liberta. Fica entendido então que o Yoga da sabedoria nos tira da servidão para a redenção.

O caminho da sabedoria redentora é essencialmente vedantino, isto é, baseado nos ensinos da parte final dos Vedas. Mas é também cristão. Ao afirmar Eu e o Pai somos Um, o Cristo manifestou a Verdade desta Unidade Real e Essencial; referiu-se ao Uno Sem Segundo de que falaram sábios vedantinos, os adwaitas. Estes denunciam a ignorância como nosso cárcere a deter-nos na equivocada convicção da dualidade, isto é, de sermos distintos e estarmos distantes uns dos outros e, o que é mais dramático, de nos sentirmos distantes e distintos do Ser Supremo, que nós mesmos somos.

Embora o Cristo tenha tentado convencer de que o "Reino de Deus" está dentro de nós, ainda hoje teimosamente não acreditamos. Continuamos equivocada e incoerentemente a procurá-lo sempre fora de nós, e, o que é mais lamentável, sempre fora de nosso alcance. Nós, que nos temos por cristãos, obstinadamente ainda nos negamos a aceitar este ensinamento salvador. Como?! Por quê?!

O homem continuará escravo enquanto não alcançar jnana, a verdade de ser um com o Ser Supremo. Se aceitá-la apenas intelectualmente, menos mau. Mas isto muito longe está de ser o bastante. Nosso desafio é chegar a "saborear" esta redentora Verdade, e isto naturalmente exige ir muito além, muitíssimo além do intelecto. A Jnana Yoga tem por objetivo unir-nos à Verdade e nela nos fundir. Não será isto o que significa "ter a gnose (jnana) da Verdade, conforme falou o Cristo? (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 102/103)