OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A SOLIDÃO É O PREÇO DA GRANDEZA


“A solidão é o preço da grandeza. Esteja sozinho interiormente. Não leve a vida sem objetivo que tantas pessoas levam. Medite mais e leia mais bons livros. Há tantas coisas inspiradoras a saber e, no entanto, as pessoas passam o tempo tolamente. A felicidade nunca virá, se você não se concentrar e agir de acordo com a sabedoria dos grandes homens.  Os pensamentos deles ali estão para ajudá-lo, nas escrituras e em outros livros verdadeiros.

Portanto, não desperdice tempo na constante procura de novas emoções. De vez em quando, está certo ir ao cinema ou ter um pouco de vida social, mas isole-se e cultive sua vida interior durante a maior parte do tempo. A felicidade depende de meditação, de conhecer a mente dos grandes por meio de seus livros e de cercar-se de gente nobre e bondosa. Desfrute a solidão; mas quando buscar a companhia de pessoas, faça-o com todo amor e amizade, para que elas não consigam esquecê-lo e, sim, lembrar-se sempre de que conheceram alguém que as inspirou e fez suas mentes voltarem-se para Deus.”

(Paramahansa Yogananda – A Eterna Busca Do Homem –Ed. Self-Realization Fellowship – p. 79/80)


MANTÉM-ME SEGUNDO A TUA VONTADE


“Não é errado dizer ao Senhor que queremos algo. Entretanto, mostramos maior fé se dissermos simplesmente: “Pai Celestial, sei que antecipa cada uma das minhas necessidades. Mantém-me segundo a Tua vontade.” Se, por exemplo, um homem está ansioso por ter um carro e ora por isso com suficiente intensidade, ele o receberá. Talvez, porém, ter um carro não seja a melhor coisa para ele. Algumas vezes, o Senhor denega nossas pequenas orações porque Ele pretende nos dar um dom maior. Confie mais em Deus. Acredite que Aquele que o criou vai mantê-lo.

É uma verdade que às vezes suas orações e desejos mais fervorosos são seus maiores inimigos. Converse com Deus de maneira sincera e justa, e deixe que Ele decida o que é correto para você. Se você for receptivo, Ele o conduzirá. Ele trabalhará com você. Mesmo que você cometa erros, não tema. Tenha fé. Saiba que Deus está com você. Faça-se guiar em tudo por esse Poder. Ele é infalível.”

(Paramahansa Yogananda – No Santuário da Alma – Ed. Self-Realization Fellowship – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro – p. 63/64)


domingo, 30 de dezembro de 2012

COMUNGUE COM DEUS NA LINGUAGEM DO SEU CORAÇÃO



“Mesmo nos momentos em que o coração está seco, continue tentando sentir amor por Ele. É preciso que isso se torne um modo de vida; não apenas por alguns minutos ou horas diárias, e não apenas por alguns anos, mas em todos os momentos do resto de seus dias. Então descobrirá, no final da trilha, que o Amado Divino está ali, esperando por você. 

Cada dia ao longo do caminho pode ser um dia de alegria, jovialidade, coragem, força e amor, quando você comunga incessantemente com Deus na linguagem de seu coração.”


 (Sri Daya Mata – No Silêncio do Coração – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 33)




AS FACULDADES PSÍQUICAS


“- As faculdades psíquicas constituem grandes armadilhas nas quais muitos aspirantes espirituais sinceros se perderam. Sem a misericórdia divina é impossível sair desse abismo.

Quanta gente acredita que poderes psíquicos e vida religiosa são coisas idênticas! Meu conhecimento pessoal me permite afirmar que a grande maioria das pessoas que se afastou de suas respectivas religiões pratica ou admira os poderes psíquicos como coisas espirituais. Quem os utiliza comete um erro ainda maior, principalmente no caso das curas físicas. (...)

Não há dúvida de que existem temperamentos nos quais os poderes psíquicos se desenvolvem facilmente. Os verdadeiros atributos da vida espiritual, porém, são a veracidade, a abnegação e a fé perene na existência de Deus.

Se uma representação imprópria da puríssima e salvadora doutrina de Jesus Cristo pode ter causado prejuízos à humanidade, as diversas doutrinas que pregam o culto ao corpo e a aquisição de poderes psíquicos provocam danos ainda maiores, pois afastam as pessoas de Deus, que é a Verdade Suprema, o Amor Puro e a Existência que transcende os conceitos de tempo, espaço e causalidade. A existência de Deus deve ser sentida intimamente e nunca aceita por influência de evidências alheias.”

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 47)


A PERSPECTIVA DE SABEDORIA QUE CONDUZ À PAZ INTERIOR


“A vida, sua substância e seu propósito são um enigma difícil, mas não insolúvel. Com o progresso de nossa reflexão, estamos diariamente resolvendo alguns desses segredos. Os instrumentos desta era moderna, calculados minuciosa e cientificamente, são certamente notáveis. As descobertas da ciência física, que proliferam, merecem crédito, dando-nos uma visão mais clara dos modos pelos quais a vida pode ser aperfeiçoada. Mas, a despeito de todos os nossos instrumentos, estratégias e invenções, parece que ainda somos joguetes nas mãos do destino e que temos um longo caminho pela frente antes de podermos ficar independentes da dominação da natureza.

É certo que permanecer o tempo todo à mercê da natureza não é liberdade. Nossas mentes entusiásticas são rudemente tomadas por um senso de desamparo quando somos vítimas de enchentes, tornados ou terremotos, ou quando, aparentemente sem motivo ou explicação, as doenças ou acidentes arrancam de nós os entes queridos. Nessa hora percebemos que, na verdade, não conquistamos tanto assim. Apesar de todos os nossos esforços para tornar a vida o que queremos que ela seja, sempre haverá certas condições introduzidas neste planeta – infinitas e guiadas por uma Inteligência desconhecida, e que operam sem nossa iniciativa – que fogem ao nosso controle. Na melhor das hipóteses, só podemos agir e fazer alguns aperfeiçoamentos. Semeamos o trigo e fazemos a farinha, mas quem fez a semente original? Comemos o pão feito da farinha de trigo, mas quem tornou possível que o digeríssemos e assimilássemos?

Em todos os setores da vida parece haver, a despeito de sermos nós os instrumentos, uma inevitável dependência de Deus, sem a qual não podemos viver. Com todas as nossas certezas, ainda temos de suportar uma existência incerta. Não sabemos quando o coração vai falhar. Disso advém a necessidade de uma destemida confiança em nosso verdadeiro Eu imortal e na Divindade Suprema, a cuja imagem esse Eu foi feito – uma fé que funciona sem egoísmo, sem ansiedade nem limitações, e que trabalha árdua e alegremente.

Entregue-se de maneira absoluta e destemida a esse Poder Superior. Não importa que hoje você tome a resolução de ser livre e confiante e que, amanhã, apanhe um resfriado e se sinta muito mal. Não esmoreça! Ordene à sua consciência que permaneça inalterável na fé. O Eu não pode ser contaminado pela doença.

Não se comporte como um mortal bajulador. Você é um filho de Deus!

Você foi feito à imagem Dele. Você não pode ser ferido ou penetrado por pedras, nem petardos, nem metralhadoras, nem bombas atômicas. Lembre-se: o melhor abrigo é o silêncio da alma. E se você puder desenvolver esse silêncio, nada no mundo poderá tocá-lo. (...) Você pode permanecer inabalado em meio à colisão de mundos que se destroem.

Ponha seu coração em Deus. Quanto mais você buscar Nele a paz, mas essa paz destruirá suas preocupações e sofrimentos.”

(Paramahansa Yogananda – Paz interior – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 109/113)


sábado, 29 de dezembro de 2012

MISTÉRIO


 “FALA COMIGO, MISTÉRIO, que dás perfume aos cravos.

Fala comigo, Mistério, que luzes em cada estrela.

Fala comigo, Mistério, que reges colméias e sistemas planetários.

Responde ao meu chamado, Mistério, que vivificas o átomo.

Atende-me Tu, que divinizas o amor, e és o Amor.

Conversa comigo, Mistério, que faíscas na mente do sábio, na devoção do místico, na ação do justo, na obra do artista, na pureza do santo, na renúncia do eremita, na inocência da criança, na divindade do amor materno, na veemência colorida da primavera, no deslumbramento do cosmonauta, na incógnita que desafia a ciência, na ternura de todos os ninhos.

Fala comigo.

Mas fala bem alto, pois ruídos impertinentes não me deixam ouvir Tua Eternidade; a zoada do multissonoro envolvente me ensurdece e não consigo escutar Tua Unidade; as gargalhadas dos prazeres libertinos e os gemidos dos amargores todos do mundo fazem para mim inaudível Tua Canção de Paz.

Fala... E não demores.

Presa do tempo, minha alma vibra na ansiedade de retroceder às imateriais fibras de seu cerne, de onde vem Tua Fala que não chega.

Fala comigo Mistério. E leva-me na aventura do Insondável, para além das fronteiras da percepção, para longe da pobreza criada por Teu Silêncio, da miséria que nasce de Tua Ausência.

Fala comigo, Mistério.

Mas, antes, ensina-me a ouvir-Te.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p. 212/213)


PRÁTICAS ESPIRITUAIS MECÂNICAS


“Muitos buscadores me dizem: “Mas eu tenho orado”. O cristão pode dizer: “Tenho feito minhas orações diariamente há vinte e três anos”; o muçulmano: “Tenho feito namaj fielmente há vinte e três anos”; e o hindu: “Tenho praticado japa ou feito meu puja”. Mesmo assim, todos se queixam: “Não sinto que tenha feito progresso. Minha mente é muito inquieta. Sou muito nervoso. Por quê?” É porque essas práticas se tornaram mecânicas. Não podemos ganhar o amor de ninguém com palavras de amor pronunciadas de modo mecânico ou distraído. O amor precisa vir do coração. É isso o que falta, com tanta frequência, nas práticas espirituais.”

(Sri Daya Mata – No Silêncio do Coração – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 90/91)


LEMBRE-SE DO SENHOR QUE RESIDE EM SEU ÍNTIMO


 “Desenvolva a consciência de que Deus está com você.

O Senhor só parece distante porque sua atenção se dirige para o exterior, para a criação Dele, e não para o íntimo, para Ele. Sempre que a mente vagar pelo labirinto dos incontáveis pensamentos mundanos, leve-a pacientemente de volta à lembrança do Senhor que habita em você. A seu tempo, você O descobrirá sempre com você – um Deus que fala com você no próprio idioma que você usa, um Deus cuja face o espreita de cada flor, desde cada arbusto e de cada folha de grama. Então você dirá: “Estou livre! Visto-me do sutilíssimo véu do Espírito. Vôo da terra ao céu com asas de luz.” E que alegria inundará seu ser!

Divino Espírito, abençoa-nos para que, cada vez mais, no interior de nossos corações, só falemos de Ti. Não importa o que estejamos dizendo com nossas línguas, nossos corações estarão sempre repetindo Teu nome.”

(Paramahansa Yogananda – No Santuário da Alma – Self-Realization Fellowship – p. 37/38)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

CONHEÇA AS LEIS DIVINAS DA PAZ INTERIOR E DA FELICIDADE


“A moralidade, tal qual o camaleão, tende a assumir as cores da sociedade circunjacente, mas as leis inescrutáveis da natureza, pelas quais Deus sustenta Sua criação, jamais são alteradas pelas determinações do homem.

A felicidade tem raízes na moralidade e nas qualidades divinas.

Aqueles que se insurgem contra a lei divina pagam o preço de perder a paz interior.

As estrelas de cinema e outros artistas são considerados as pessoas invejáveis. Por que, porém, suas vidas pessoais são tão frequentemente uma confusão de infelicidade e múltiplos divórcios? A maior parte dessas pessoas vive com excessiva energia nervosa concentrada nos sentidos. Excesso de alimentos, sexo promíscuo, intoxicação com bebidas alcoólicas e drogas – tudo isso produz uma contrafração da felicidade.
[As leis morais] harmonizam o corpo e a mente com as leis divinas da natureza, ou da criação, produzindo força, felicidade e bem-estar interior e exterior.

Essa é a razão pela qual o êxito moral – a liberdade do império dos maus hábitos e impulsos – produz mais felicidade do que o êxito material. No êxito moral há uma felicidade psicológica que não pode ser roubada por qualquer condição física. (...) Adote os pensamentos e as ações que levam à felicidade.

Aqueles que têm contentamento interior estão vivendo de maneira correta. A felicidade só vem de fazer o que é certo.”

(Paramahansa Yogananda – Paz interior – Self-Realization Fellowship – p. 80/82)


SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - IV

"Não vivas nem no presente nem no futuro, mas sim no eterno. A gigantesca erva daninha (do mal) lá não pode florescer, a própria atmosfera do pensamento eterno apaga esta mancha da existência. A pureza do coração é uma condição necessária para o atingimento do "Conhecimento do Espírito". Há dois meios principais pelos quais essa purificação pode ser atingida. Em primeiro lugar, afasta persistentemente todo mau pensamento; e em seguindo, mantém a mente tranquila sob quaisquer condições, nunca te agitando ou te irritando por qualquer coisa. Descobrir-se-á, assim, que estes dois meios de purificação são melhor estimulados pela devoção e pela caridade. Não devemos nos manter ociosos, sem tentar fazer alguma coisa para progredir, só porque não nos sentimos puros. Que todos tenham aspirações, e que trabalhem com o devido empenho; no entanto, devem trabalhar no reto caminho, cujo primeiro passo é purificar o coração. 

A mente precisa de purificação sempre que sentir ira ou que uma mentira seja contada, ou as faltas de terceiros sejam desnecessariamente reveladas; sempre que algo seja dito ou feito com o propósito de bajulação, ou que alguém seja enganado pela insinceridade de uma palavra ou ação.

Aqueles que aspiram pela salvação devem evitar a luxúria, a ira e a cobiça, e devem cultivar uma corajosa obediência às Escrituras, estudar Filosofia Espiritual, e cultivar a perseverança na sua realização prática.

Aquele que se deixa levar por motivos egoístas não pode entrar num Céu onde os motivos pessoais não existem. Aquele que não se preocupa com o Céu, mas que se sente contente onde encontra, já está no Céu, enquanto que o descontente irá clamar pelo Céu em vão. Não ter desejos pessoais é estar livre e feliz, e a palavra "Céu" não pode significar outra coisa a não ser um estado no qual a liberdade e a felicidade existam. O homem que pratica ações benéficas motivado por uma expectativa de recompensa não fica feliz a não ser que a recompensa seja obtida, e uma vez obtida essa recompensa, a sua felicidade cessa. Não pode haver descanso e felicidade permanentes enquanto houver algum trabalho a ser feito, e que não tenha sido realizado, sendo que o cumprimento do dever traz sua própria recompensa.

Aquele que se considere mais santo que os outros, aquele que tenha qualquer orgulho por estar isento de vícios ou insensatez, aquele que se crê sábio, ou de qualquer maneira superior ao seu próximo, está incapacitado para o discipulado. Um homem tem que se tornar como que uma criancinha antes de poder entrar no Reino dos Céus. A virtude e sabedoria são coisas sublimes, mas se elas criarem orgulho e uma consciência de separatividade em relação ao restante da Humanidade, então serão apenas as serpentes do eu reaparecendo de uma forma mais sutil. O sacrifício ou a entrega do coração do homem e suas emoções é a primeira das regras; envolve "o atingimento de um equilíbrio que não pode ser perturbado pelas emoções pessoais." Põe, sem demora, tuas boas intenções em prática, nunca permitindo que nem sequer uma delas permaneça apenas como uma intenção. Nosso único rumo verdadeiro é deixar que o motivo para a ação esteja na ação em si mesma, jamais na sua recompensa; não ser incitado à ação pela expectativa do resultado, e, nem tão pouco ceder à propensão à inércia.

Através da o coração é purificado das paixões e da insensatez; daí surge o domínio do corpo, e, por último, a subjugação dos sentidos. 

As características do sábio iluminado são, em primeiro lugar, que ele está liberto de todos os desejos, e sabe que somente o verdadeiro Ego ou Supremo Espírito é bem-aventurança, e que tudo o mais é dor. Em segundo, que ele está livre de apego ou repulsão com relação a qualquer coisa que lhe aconteça, e que agem sem intenção. Finalmente, vem a subjugação dos sentidos, que é inútil, e frequentemente prejudicial, dando origem à hipocrisia e ao orgulho espiritual, quando destituída do segundo, e que por sua vez não tem muita utilidade quando destituída do primeiro. 

Aquele que não pratica o altruísmo, aquele que não está preparado para dividir sua última porção com alguém mais pobre ou mais fraco do que ele, aquele que negligencia em ajudar seu próximo, qualquer que seja sua raça, nação, ou credo, quando e onde quer que encontre sofrimento, e que faz ouvidos moucos ao clamor da miséria humana; aquele que ouve uma pessoa inocente ser caluniada, e que não toma a sua defesa como defenderia a si mesmo, não é um teósofo."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 46/57)


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MÃE - DIVERSIDADE DE FORMAS


Dorme, filhinho, teu sono sossegado. – Era minha mãe, ao punho da rede, cantando e acompanhada pelo ranger do armador a fazer-me dormir... Que amor!

Passa para dentro, menino! – Era mamãe, chinela na mão, para castigar-me, quando eu fazia artes... Era mamãe-justiça, com todo amor.

Vem, meu filho, a comida está na mesa... – Era mamãe-sustento, com o maior amor.

O ruído da velha máquina me acordava durante a madrugada... Era mamãe costurando, ajudando o pobre orçamento, ganhando e se gastando. Era mamãe-trabalho, com todo amor.

A bênção, mamãe!

Deus te abençoe, meu filho!

É assim ainda hoje...

É mamãe-benevolência eterna, com toda alma, com integral amor.”

(Hermógenes – Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 207/208)


OS QUATRO PRINCÍPIOS PARA AUXILIÁ-LO A ALCANÇAR A PAZ INTERIOR


“Ao aderir a quatro princípios apenas, o devoto pode encarar com êxito quaisquer dificuldades que porventura encontrar, quer em seu sadhana¹ espiritual, quer nos assuntos ordinários da vida.

Primeiro vem a fé em Deus. Em qualquer provação, empenhe-se por obter fé; esta se desenvolve quando se faz de Deus a estrela polar de sua vida. Reze na meditação e sempre que um problema vier à mente. “Meu Deus, Tu és. Sei que me ajudarás nesta grande provação.” Deus conhece suas necessidades, e para Ele nada é impossível. A fé vincula sua necessidade à onipotência Dele.

O segundo princípio é meditar profundamente e orar pela orientação e ajuda de Deus, ao mesmo tempo em que você luta para se libertar de tudo que lhe esteja causando aflição. Ele quer ajudá-lo e, quando você é preceptivo, será orientado por Ele.

O terceiro ponto é a entrega. “Senhor, faça-se a Tua vontade.” Entregar-se à vontade de Deus é essencial no caminho espiritual. Aconteça o que acontecer, seja em relação ao corpo ou ao trabalho, seja em relação a algum outro interesse, ore para que se faça a vontade divina, porque a vontade Dele é guiada pela sabedoria. Podemos pensar que a satisfação de um desejo particular é extremamente importante para nossa felicidade, mas se apenas pedimos para Deus nos ajudar e satisfazer nossos próprios desejos, ainda não estamos vendo com os olhos da sabedoria. Devemos permitir que ele faça conosco o que decidir, será sempre para nosso maior bem. Depois de orar para que Deus nos guie, e dando o melhor a nosso alcance para obter o resultado correto, devemos mostrar a Deus que aceitamos Sua vontade em todas as coisas.

A última regra é relaxar e esquecer o problema. Largue-o nas mãos de Deus. Depois de ter feito o melhor que pôde, recuse-se a ficar preocupado. É possível ficar tão atolado no trabalho e nas preocupações que você nem consegue dormir. Quando, porém, colocamos nossos fardos nos ombros de Deus, como nossa mente fica relaxada e em paz!

Esses são os quatro passos para ajudá-lo a manter a paz interior e alcançar um relacionamento mais profundo com Deus. Eles também lhe permitirão lançar fora da mente tudo que o esteja perturbando e impedindo-o de meditar profundamente.”

1 Caminho da disciplina espiritual.

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 72/73)



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A META DA AUTORREALIZAÇÃO


“O devoto que se dirige para a Autorrealização deve ter um corpo sadio, sentidos bem comportados, treinados pelo autocontrole, fortes rédeas mentais para contê-los e uma aguda inteligência discernidora para guiá-los. Então, a carruagem do corpo pode atravessar o caminho estreito e direto da ação correta para seu destino. (...)

O homem mundano num corpo vulnerável, com parco discernimento e frágeis faculdades mentais, e que desse modo permite que seus fortes impulsos, descontrolados, andem à vontade, sem direção, pela áspera estrada da vida, certamente enfrentará um destino catastrófico de fracassos materiais e saúde arruinada. (...)

O devoto sabe que o objetivo mais importante da vida é alcançar a meta da Autorrealização: conhecer, por meio da meditação, a verdadeira natureza da alma e sua unidade com o Espírito perenemente bem-aventurado. Para que não seja acossado pelas quedas nas valas do sofrimento físico, mental e espiritual, ele aprende também a desenvolver a inteligência discernidora, faculdades mentais de percepção limpas e harmoniosas, para que todos eles possam servir à alma.”

(Paramahansa Yogananda – A Yoga do Bhagavad Gita – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 20)


COMO CONHECER DEUS


“Para ter um relacionamento íntimo com Deus, você tem que conhecê-Lo. Se lhe pedissem para amar alguém a quem não conhece, seria muito difícil fazê-lo – ainda que lhe falassem das excelentes qualidades dessa pessoa. Mas, se fosse apresentado àquela pessoa e passasse algum tempo com ela, começaria a conhecê-la, a gostar dela e, depois, a amá-la. Esse é o curso que devemos seguir para cultivar o amor por Deus.

A questão é: como conhecê-Lo? É aqui que entra a meditação. Todas as escrituras incentivam o indivíduo que busca a Deus, que quer conhecê-Lo, a sentar-se em silêncio para comungar com Ele. Em nossos ensinamentos, praticamos técnicas de meditação, bem como cânticos e orações para chegar a esse estado. É essencial que exista um método. Você não pode conhecê-Lo pela leitura de um livro sobre a alegria ou o amor divino. Apesar de as obras espirituais inspirarem fervor e fé, elas não fornecem o resultado final. Tampouco o fato de meramente assistir a uma palestra sobre Deus. Você precisa sentar-se em silêncio e meditar profundamente, mesmo que só por alguns momentos todos os dias, retirando a mente de tudo o mais e concentrando-a apenas em Deus. Com isso, você gradualmente começará a conhecê-Lo e, conhecendo-O, não há duvida de que O amará.”

(Sri Daya Mata – No Silêncio do Coração – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 12/13)


SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - III

"Aprende que não há cura para o desejo, que não há cura para a busca de recompensa, que não há cura para o sofrimento de estar ansioso por algo, a não ser fixando a visão e a audição naquilo que é invisível e inaudível. 

O homem tem de acreditar na sua capacidade inata de progredir, não deve se atemorizar ao considerar a grandeza da sua natureza superior nem se deixar arrastar pelo seu eu inferior ou material. (...)

A força de vontade para seguir adiante é a primeira necessidade daquele que escolheu seu caminho. Onde pode ela ser encontrada? Olhando-se ao redor não é difícil ver onde outros homens encontraram sua força. A sua fonte é a convicção profunda.

Abstém-te porque é correto o abster-se - não para te conservares limpo.

O homem que luta contra si mesmo e vence a batalha só pode fazê-lo quando sabe que naquela luta ele está fazendo aquilo que vale a pena ser feito.

"Não resistas ao mal", isto é, não te queixes nem te irrites com as vicissitudes inevitáveis da vida. Esquece de ti mesmo (servindo aos outros). Se os homens maltratam, perseguem ou enganam os seus semelhantes, por que resistir? Na resistência criamos males ainda maiores. (...)

O melhor remédio para o mal não é a repressão, mas a eliminação do desejo, e isso pode ser melhor alcançado mantendo-se a mente constantemente fixa em coisas divinas. O conhecimento do Eu Superior é solapado quando se deixa a mente comprazer-se com os objetos dos sentidos desgovernados.

Nossa própria natureza é tão vil, orgulhosa, ambiciosa, e tão cheia de seus próprios apetites, julgamentos e opiniões, que se as tentações não a dominassem, ela se deterioraria irremediavelmente; portanto somos tentados até o fim para que possamos conhecer a nós mesmos e ser humildes. Sabe que a maior das tentações é a de não ter tentação alguma, por esse motivo alegra-te quando elas te assaltarem, e com resignação, paz e constância, resiste a elas.

Sente que tu não tens que fazer nada para ti mesmo, mas que certas tarefas são designadas para ti pela Divindade, as quais tu tens de cumprir. Deseja Deus, e não algo que Ele possa proporcionar-te.

Tudo o que deva ser feito, tem de ser feito, mas não com o propósito de satisfazer-se com o fruto da ação.

Se todas as ações de uma pessoa forem executadas com a plena convicção de que não têm qualquer valor para o agente, mas que devem ser efetuadas simplesmente porque têm de ser feitas - em outras palavras, porque está em nossa natureza agir - então a personalidade egoísta em nós se enfraquecerá cada vez mais, até que chegue a apaziguar-se, permitindo ao conhecimento revelar o Eu Verdadeiro a brilhar em todo seu esplendor. Não se deve permitir que a alegria ou a dor afaste a pessoa de seu firme propósito. 

Até que o Mestre te escolha para vir a Ele, esteja com a Humanidade, trabalhando de modo altruísta pelo seu progresso e evolução. Somente isto pode trazer verdadeira satisfação. 

O conhecimento aumenta na proporção de seu uso - isto é, quanto mais ensinamos mais aprendemos. Portanto, Buscador da Verdade, com a de uma criancinha e a vontade de um Iniciado, compartilha daquilo que tens com aquele que nada possui para confortá-lo em sua jornada. 

Um discípulo tem de reconhecer de maneira inequívoca que a própria idéia de direitos individuais nada mais é que a manifestação da natureza venenosa da serpente do eu. Ele jamais deverá considerar outro homem como alguém passível de ser criticado ou condenado, nem tampouco poderá o discípulo elevar sua voz em autodefesa ou desculpa.

Nenhum homem é teu inimigo; nenhum homem é teu amigo. Todos são igualmente teus instrutores.

Não mais se deve trabalhar para ganhar qualquer benefício, temporal ou espiritual, mas tão somente para cumprir a lei da existência que é a justa vontade de Deus."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34/45)


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A ARTE ESPIRITUAL DO RELAXAMENTO


“Os adeptos da cultura física, os entusiastas da saúde e os instrutores espirituais falam, todos, a respeito do relaxamento. Entretanto, muito poucas pessoas compreendem o que seja realmente o relaxamento perfeito do corpo e da mente, ou como alcançar esse relaxamento.

Assim como um automóvel parado com o motor ligado consome energia, também na realidade, mesmo que estejam dormindo, sentadas ou deitadas, muitas pessoas permanecem sob tensão parcial (baixa, média ou alta) de acordo com o grau de seu nervosismo mental. Essas pessoas estão, desse modo, consumindo energia, mesmo que seus corpos estejam aparentemente em repouso.

Numa hora em que você esteja sentado ou deitado e se sinta completamente descontraído, faça este teste após expelir o ar: mande alguém erguer um pouco suas mãos ou pés e deixá-los cair. Se seus membros caírem produzindo impacto, sem nenhum esforço involuntário da sua parte para baixá-los gradualmente, então você está descontraído.

A qualquer momento em que esteja cansado ou aborrecido, contraia todo o corpo e, em seguida, relaxe expelindo o ar dos pulmões, e você ficará tranqüilo. Quando só ocorrer uma tensão baixa ou parcial antes da descontração, nem todas as tensões serão removidas, mas quando a tensão for alta, de modo que você vibre com energia e então relaxe ou descontraia rapidamente, você alcançará o relaxamento perfeito.”

(Paramahansa Yogananda – Paz interior – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 43/45)


TENTE TER A EXPERIÊNCIA DE SUAS CONVICÇÕES ESPIRITUAIS


“A prática da religião chegou a um ponto em que muito pouca gente tenta tornar suas concepções espirituais uma questão de experiência. (...) A maior parte fica satisfeita com o que leu acerca da Verdade sem jamais tê-la experimentado.

Quando você tenta experimentar suas convicções espirituais, começa a abrir-se um outro mundo para você. Não viva com um falso senso de segurança, crendo que está salvo porque ingressou em uma igreja. Você próprio tem de fazer o esforço para conhecer Deus. Sua mente pode ficar satisfeita com o fato de que você seja muito religioso, mas, a menos que sua consciência seja satisfeita pelas respostas diretas às suas orações, nenhuma quantidade de religião formal poderá salvá-lo. Que vantagem há em orar a Deus se Ele não responde? Por difícil que seja obter a resposta Dele, isto pode ser feito. Para garantir que afinal chegará ao céu, você precisa submeter à prova o poder de suas orações até que se torne eficazes.”

(Paramahansa Yogananda – No Santuário da Alma – Self-Realization Fellowship – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro – p. 29/30)


TUDO É DEUS - VEM DE DEUS E VAI PARA DEUS


“Não sei como o mundo vive sem essa comunhão com Deus. Pode acontecer, com razão, que o mundo seja abatido de tal forma que se veja forçado a pensar em Deus. Entretanto, até isso será bom porque, em última análise, não faz diferença como somos submetidos à presença do Senhor, contanto que estejamos diante Dele.

Portanto, nunca lamente o que acontece com você. Nunca se sinta derrotado por qualquer circunstância de sua vida. Sempre faça um esforço para pensar: “Senhor, tenho fé em que nenhuma provação ou experiência chega sem Tua permissão. Com Tua bênção, sei que tenho a força dentro de mim para suportar qualquer coisa que suceda.” Mesmo que sua tarefa pareça sobre-humana, lembre-se de que o Divino está simplesmente esticando a fita elástica de sua consciência, expandindo sua capacidade potencialmente infinita.

Com essa atitude de fé e renúncia, aprendemos a enfrentar este mundo com um só pensamento encorajador: “Tu, Senhor: Tu, Tu, Tu”. O devoto sente-se parte de Deus de tal modo que relaciona toda experiência com Deus. Esteja ele envolvido em assuntos mundanos, ocupado no escritório, expressando amor pela esposa, esposo ou filhos, percebe que tudo é Deus – vem de Deus e vai para Deus.

Quando a pessoa tem essa sagrada atitude com a qual se esforça para ver Deus em seu relacionamento com o marido, a mulher, os filhos, os irmãos e as irmãs, e sabe que é possível ver uma outra faceta da natureza divina em cada relacionamento, ela começa a ver que vive, move-se e existe no único Amado Divino.

Tal é o propósito da vida, o objetivo de todo o ser humano. Ao nos apegarmos à consciência de Deus à medida que passamos por todas as experiências que a vida nos traz, uma vez mais vemos a nós e a cada um ao nosso redor como partes do Todo Infinito. Então a liberdade é nossa.”

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 22/23)


CELEBRA O NATAL DO TEU CRISTO

"Quantas vezes celebrei o aniversário do Natal de Jesus! Agora anseio por celebrar o Natal do meu Cristo.

Do meu Cristo interno - sempre nascituro, e jamais nascido.

Do meu Cristo dormente - que não despertou.

Quando li, nos Atos dos Apóstolos, de Mestre Lucas, que em 120 pessoas havia despertado o Cristo no primeiro Pentecostes - pasmei...

O nascimento do Cristo Carismático - que maravilhoso Natal!

Naquela gloriosa manhã, às 9 horas, em Jerusalém.

E perguntei a mim mesmo: por que não me acontece esse Natal?

Eu sei por que não...

Não me acontece porque não passei pelo silêncio da meditação, como aqueles 120.

Ando sempre nos ruídos profanos do meu ego humano - e não entro no silêncio sagrado do meu Eu divino.

O Cristo interno não nasce do ruído - só nasce no silêncio.

No silêncio da presença...

No silêncio da plenitude...

Vou fazer de mim uma humana vacuidade - para ser plenificado pela divina plenitude.

A minha ego-vacuidade clamará pela cristo-plenitude.

E celebrarei o Natal do meu Cristo.

Em tempos antigos, só sabia eu do Jesus humano, que vivera uma única vez na terra da Palestina.

Como poderia esse Jesus nascer e viver em mim?

Hoje sei que o mesmo Cristo que encarnou em Jesus pode encarnar também em mim.

Não foi ele mesmo que disse que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos?

E não afirmou ele: "Eu estou em vós, e vós estais em mim"?

Minha alma pode ser uma manjedoura para o Natal do Cristo.

O Natal de Jesus degenerou em festa social e comercial - o Natal do meu Cristo jamais será profanado nem profanizado."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 141/142)


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O FILHO DO HOMEM

"Apareceu um homem, entre esses milhões de habitantes terrestres...

E esse homem veio tornar-se o centro da história da humanidade.

Não fez descobertas nem invenções, não derrotou exércitos nem escreveu livros - esse homem singular.

Não fez nada daquilo que a outros homens garante imortalidade entre os mortais - o que nele havia de maior era ele mesmo...

Pelo ano do seu nascimento datam todos os povos cultos a sua cronologia.

Possuía esse homem exímios dotes de inteligência - e infinita delicadeza de coração.

A sua vida se resume numa epopéia de divino poder - e num poema de humano amor.

Havia na vida desse homem uma pátria e uma família - mas também um exílio e uma solidão.

Havia inocentes com um sorriso nos lábios - e doentes com lágrimas nos olhos.

- Havia apóstolos - e apóstatas...

Brincava nos caminhos desse homem a mais bela das primaveras - e espreitava-lhe os passos a mais negra das mortes.

Esse homem vivia no mundo - mas não era do mundo...

Quando chegou, "não havia lugar para ele na estalagem" - e quando partiu, só havia lugar numa cruz, entre o céu e a terra.

Esse homem não mendigava amor - mas todas as almas boas o amavam...

Era amigo do silêncio e da solidão - mas não conseguia fugir ao tumulto da sociedade, porque "todos o procuravam"...

Irresistível era o fascínio da sua personalidade - inaudita a potência das suas palavras...

Todos sentiam o envolvente mistério da sua presença - mas ninguém sabia definir esse estranho magnetismo...

Era uma luminosa escuridão - esse homem...

Não bajulava nenhum poderoso - e não espezinhava nenhum miserável...

Diáfano como um cristal era o seu caráter - e, no entanto, é ele o maior mistério de todos os séculos...

Poeta algum conseguiu atingir-lhe as excelsitudes - filósofo algum valeu exaurir-lhe as profundezas...

Esse homem não repudiava Madalenas nem apedrejava adúlteras - mas lançava às penitentes palavras de perdão e de vida...

Não abandonava ovelhas desgarradas nem filhos pródigos - mas cingia nos braços a estes e levava aos ombros aquelas...

Esse homem não discutia - falava simplesmente...

Não esmiuçava palavras nem contava sílabas e letras, como os rabis do seu tempo - mas rasgava imensas perspectivas de verdade e beatitude...

Por isso diziam os homens, felizes e estupefatos: "Nunca ninguém falou como esse homem fala!"...

Para ele, não era o esquife o ponto final da existência - mas o berço para a vida verdadeira...

Por isso, vivem por ele e para ele os melhores dentre os filhos dos homens - porque adoram nesse homem o homem ideal, o homem-Deus...".

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 35/36)


NÃO SEJA SUSCETÍVEL


“A suscetibilidade se expressa como falta de controle do sistema nervoso. A ideia de estar sendo ofendido percorre a mente, e os nervos se rebelam. Ao reagir, algumas pessoas fervem de raiva internamente ou sofrem com os sentimentos feridos e não mostram a irritação externamente. Outras exprimem as emoções por meio de uma reação óbvia e instantânea nos músculos dos olhos e da face – e frequentemente também com a língua, numa resposta ríspida. Em qualquer caso, ser suscetível é tornar-se infeliz e criar uma vibração negativa que afeta igualmente os outros de maneira adversa. Ser sempre capaz de difundir uma aura de bondade e paz deveria ser a razão da vida. Mesmo que haja um bom motivo para estar exaltado por causa de maus-tratos, a pessoa que, em vez disso, controla-se nessa situação é senhora de si mesma.

Nada se consegue ruminando silenciosamente algo que percebemos como uma ofensa. É melhor remover, pelo autocontrole, a causa que produz essa suscetibilidade.

Quando alguma coisa o aborrece, não importa quão justificada seja sua insatisfação, saiba que está sucumbindo a uma suscetibilidade indevida, e você não pode se permitir isso. A suscetibilidade é um hábito contrário à vida espiritual, um hábito nervoso, um hábito que destrói a paz, tira o controle de si mesmo e rouba sua felicidade. Sempre que uma atitude de suscetibilidade visita o coração, a estática que produz impede que você ouça a divina canção de paz curativa que toca em seu interior no rádio da alma. Quando a suscetibilidade aparecer, procure imediatamente dominar essa emoção.”

(Paramahansa Yogananda – Paz interior – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 102/104)


domingo, 23 de dezembro de 2012

TOLERÂNCIA


Fragmento de um diálogo ocorrido entre Swami Bravananda (Maharaj) e Swami Prabhavananda, extraído do livro “O Eterno Companheiro”, de Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda – Ed. Vedanta, São Paulo – p. 38:

“- Você sabia que os ocidentais dão muita importância ao conceito de tolerância? Para eles, a tolerância é uma virtude superior. Não há nenhuma dúvida sobre isso. Peço, também, que você se supere. Quando as pessoas vierem lhe pedir conselhos, trate-as com simpatia em vez de tolerância. Você verá que a ideia de tolerância implica piedade e, até certo ponto, menosprezo. Com tais conceitos em seu coração, você jamais poderá tocar o coração dos outros. Só se pode servir e ajudar as pessoas com simpatia. Além disso, muitos desconhecem algo muito importante que eu vou lhe dizer agora. Inconscientemente, quem age apenas com tolerância deixa que sua vaidade aumente cada vez mais e se torna arrogante; isso o impede de ajudar a quem quer que seja e logo todos se afastam dele. Ninguém gosta de sentir-se sempre ignorante, equivocado, inútil e pecador. Em contrapartida, por meio da simpatia, você se posiciona ao lado da pessoa que pretende ajudar. Você lhe insufla coragem, faz com que ela se erga; isso tudo sem ferir seus sentimentos ou fazê-la sentir-se inferior. É impossível ajudar alguém se você se mantém afastado, o que sucede com frequência quando se age com tolerância. (...)”


O QUE SIGNIFICA SER RELIGIOSO


Comentário de Paramahansa Yogananda a respeito do tema “O que significa ser religioso”, estampado no livro “A Ciência da Religião  – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 13/15

“(...) toda pessoa neste mundo é religiosa, porque cada uma está tentando livrar-se da carência e da dor e obter a Bem-aventurança. Todas trabalham para o mesmo objetivo. Em sentido estrito, porém, somente poucos neste mundo são religiosos, porque não são muitos os que conhecem os métodos mais eficazes para remover, permanentemente, toda dor e carência – física, mental ou espiritual – e obter a verdadeira Bem-aventurança.

O devoto genuíno não pode se aferrar a um conceito rigidamente estreito e ortodoxo da religião, mesmo que tal conceito esteja remotamente relacionado à ideia da religião que estou procurando elucidar aqui. Se você, durante algum tempo, não frequentar igreja ou templo, nem participar de qualquer cerimônia ou formalidade religiosa – mesmo que se comporte religiosamente em sua vida diária sendo tranquilo, equilibrado, concentrado, caridoso, e extraindo felicidade até das situações mais difíceis -, então as pessoas comuns de tendências marcadamente ortodoxas ou estreitas moverão a cabeça e afirmarão que, embora você esteja tentando ser bom, ainda assim, do ponto de vista da religião ou aos olhos de Deus, você está “se perdendo”, já que nos últimos tempos não tem entrado nos limites dos lugares sagrados.

É claro que, embora não possa haver desculpa válida para a pessoa se excluir permanentemente de tais lugares sagrados, não pode haver, por outro lado, razão legítima para ela ser considerada mais religiosa por frequentar a igreja se, ao mesmo tempo, não aplica na vida cotidiana os princípios que a religião sustenta, quer dizer, aqueles que contribuem afinal para a  obtenção da Bem-aventurança permanente. A religião não está atarraxada aos bancos da igreja, nem tampouco limitada às cerimônias que ali se realizam. Se você tem uma atitude de reverência, se vive cotidianamente sempre com a perspectiva de trazer a imperturbável consciência de Bem-aventurança para sua vida, será tão religioso dentro quanto fora da igreja.

Naturalmente, isso não deve ser entendido como argumento para abandonar a igreja, a qual é, geralmente, um grande auxílio em muitos aspectos. O que se deseja destacar é que não basta se sentar no banco da igreja e apreciar passivamente uma pregação, é indispensável não economizar esforços para alcançar a felicidade eterna também nas horas em que se está fora do templo. Não se trata de que ouvir uma pregação não seja em si uma coisa boa; certamente que é.”


ACREDITO EM DEUS, POR QUE ELE NÃO ME AJUDA?


“Acreditar em Deus e ter fé em Deus são coisas diferentes. Uma crença não tem valor se você não a submete à prova e não vive segundo ela. A crença que se converte em experiência torna-se fé. Eis por que nos disse o profeta Malaquias: “Fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e derramar sobre vós uma bênção tal que não haja espaço suficiente para recebê-la.”

A fé ou experiência intuitiva da verdade plena, está na alma. Ela gera a esperança humana e o desejo de realizar. (...) Os seres humanos comuns praticamente nada sabem dessa fé intuitiva latente na alma, que é o manancial secreto de todas as nossas mais incríveis esperanças.

A fé significa o conhecimento e a convicção de que fomos feitos à imagem de Deus. Quando nos sintonizamos com a consciência Dele em nós, podemos criar mundos. Lembre-se: na sua vontade reside a onipotência de Deus. Quando chega uma multidão de dificuldades e, a despeito delas, você se recusa a desistir, quando sua mente fica “pronta”, então você descobre Deus lhe respondendo.

A fé tem de ser cultivada, ou melhor, descoberta em nosso interior. Ela está lá, mas é preciso fazê-la surgir. Se observar sua vida, você verá os inúmeros modos por que Deus age nela; assim, sua fé será fortalecida. Poucas pessoas procuram pela oculta mão Dele. A maior parte das pessoas considera o curso dos acontecimentos natural e inevitável. Mal sabem que mudanças radicais são possíveis por meio da oração!”

(Paramahansa Yogananda – No Santuário da Alma – Self-Realization Fellowship – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro – p. 26/27)


sábado, 22 de dezembro de 2012

COMO ASSOCIAR A NOSSA CONSCIÊNCIA COM DEUS


“Alguns buscadores queixam-se de que é difícil conhecer Deus. Contudo, Ele é o mais fácil de conhecer; como não está separado de nós, Ele nunca esteve longe de nós. Se estivesse, não estaríamos aqui, nem mesmo seríamos. Deus não se separou de nós; o homem se separou de Deus. Quando nossos pensamentos se voltam para fora, envolvidos na multiplicidade do mundo finito, divorciamo-nos Dele. Esta é a simples verdade.

Como associar de novo nossa consciência com Deus? Ao despertar de manhã, não pense primeiro no trabalho; torne um hábito levantar-se uns minutos mais cedo do que tem sido seu costume, de modo que, antes de começar as obrigações do dia, você possa passar quinze minutos, ou meia hora, meditando e comungando com Deus. Nesse período, esqueça o tempo e as responsabilidades mundanas; se houver uma sensação de urgência para terminar a meditação, você não terá a receptividade necessária para sentir a presença de Deus. Durante a meditação, esqueça todos os pensamentos estranhos, pense somente em Deus. Fale com Deus na linguagem de seu coração. Depois da meditação, leve a todas as suas atividades, da melhor maneira que puder, a paz da meditação que você acumulou no coração.”

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 115/116)


APRENDER A ARTE DO RELAXAMENTO MENTAL


“Algumas pessoas aprenderam a relaxar-se fisicamente, mas não mentalmente.

O relaxamento mental consiste na capacidade de libertar a atenção, à vontade, das incômodas preocupações a respeito das dificuldades passadas e presentes, da permanente consciência de um dever a ser cumprido, do receio de acidentes e outros temores persistentes, e da cobiça, da paixão ou de outros pensamentos e apegos negativos ou perturbadores. O domínio do relaxamento mental vem com a prática fiel. Ele é alcançado quando a pessoa é capaz de, à vontade, livrar a mente de todos os pensamentos inquietos e fixar a atenção plenamente na paz e no contentamento interiores.

Quando você está se debatendo na água, não é tão consciente da água quanto o é da sua luta contra ela. Mas quando se abandona e se descontrai, você flutua. E sente, então, todo o lago à volta de seu corpo acalentando-o de maneira reconfortante. É assim que Deus é. Quando você estiver tranquilo, sentirá todo um universo de felicidade balançando suavemente sob sua consciência. Essa felicidade é Deus.

Quando você pode permanecer tranquilo o tempo todo, a despeito das provações difíceis, e quando você estiver firme na fé imorredoura em Deus, estará mentalmente descontraído.

Mesmo o relaxamento mental é apenas um dos primeiros estados do relaxamento metafísico ou super-relaxamento, no qual há uma retirada voluntária e completa da consciência e da energia do corpo todo e uma plena absorção na verdadeira identidade da pessoa: o Espírito. Esse libertar-se da consciência em relação à ilusão de dualidade possibilita o modo mais elevado de relaxamento mental.

Voltando a mente para o interior, fixe-a entre as sobrancelhas, no lago ilimitado da paz. Observe o círculo eterno de paz ondulante em torno de você. Quando mais observar atentamente, mais sentirá as pequeninas ondas de paz difundindo-se das sobrancelhas para a testa, da testa para o coração e do coração para todas as células do corpo. Agora, as águas da paz estão transbordando das margens de seu corpo e inundando o vasto território da mente. A inundação de paz flui por sobre as fronteiras de sua mente e se move em direções infinitas.”

(Paramahansa Yogananda – Paz Interior - Ed. Self-Realization Fellowship – p. 49/52)


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

DESENVOLVA O HÁBITO DE CONVERSAR COM DEUS


“O hábito de amar a Deus e com Ele conversar interiormente deveria ser cultivado não apenas por aqueles que vivem em mosteiros, mas também pelos que vivem no mundo. Isso pode ser feito – é necessário apenas um pouquinho de esforço. Todos os hábitos que você desenvolveu até agora são ações que desempenhou de maneira regular, quer física, quer mentalmente, até se tornarem uma segunda natureza em você. Mas foi preciso, algum dia, começar a criar esses hábitos. Agora é a hora de iniciar aqueles tipos de ações e de pensamentos que desenvolvam o hábito de conversar silenciosamente com Deus.”

(Sri Daya Mata – No Silêncio do Coração – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 28)


SEGURE-SE FIRME NAQUELE QUE É IMUTÁVEL


“Tudo o que você tem a lembrar nesta vida é fazer o melhor que puder, cada momento, cada dia. Deus quer de você continuidade de esforço. Ele não deseja que fique desanimado e desista, e acabe fugindo. Lembre-se disto: no meio de todas as suas atividades e durante todas as provações e testes, Deus está sempre com você. A Santo Antão, que passou mais de sessenta anos no deserto orando a Cristo, Jesus disse: Antão, embora estivesse sofrendo, eu estava contigo o tempo todo”. Lembremo-nos dessa garantia sempre que enfrentarmos circunstâncias desanimadoras.

Dualidade é a natureza do mundo. Nunca se concentre no lado negativo. Precisamos aprender a aceitar o que é bom e o que é mau com intensa fé em Deus. Precisamos compreender como Guruji ensinava, que as provações que enfrentamos na vida são apenas a sombra da mão divina estendida para nos abençoar. Aprenda a encarar tudo na vida com uma só consciência: “Senhor, Tu és o Autor. De Tua mão recebo o suave afago e também a palmada, porque Tu sabes o que é melhor para mim. Tu me amas através dos que são meus amigos e me disciplinas através dos que se julgam meus inimigos.”

Com essa consciência, encaremos o novo ano com fé, coragem, vigor, disposição para fazer tudo quanto é colocado à nossa frente e, acima de tudo, com o anseio constante por sentir o amor de Deus. Ele não Se afastou de nós; nós afastamos a nossa consciência Dele ao correr atrás das coisas deste mundo, ao abusar de nossos sentidos e emoções. É apenas aprendendo a aquietar a nossa consciência, como os grandes mestres nos ensinaram, que poderemos perceber dentro de nós a presença do Divino.² Ele tem estado conosco desde o início dos tempos; Ele está conosco agora, e estará conosco por toda a eternidade. Segure-se firme naquele que é imutável.”

2 “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Salmos 46:10).

(Sri Daya Mata – Só o Amor - Ed. Self-Realization Fellowship – p. 94/95)


TORNE A VIDA UMA AGRADÁVEL EXPERIÊNCIA DA ALMA


“Pratique a tranquilidade equânime o tempo todo. Torne-se um rei, um monarca absoluto de seu próprio reino mental de tranquilidade. (...) Não permita que coisa alguma perturbe seu reine pacífico de tranquilidade. Dia e noite leve com você a alegria da “Paz de Deus, que excede todo o entendimento”.

Essa equanimidade mantida pela meditação profunda e regular remove o tédio, o desencanto e a tristeza da vida cotidiana, tornando-a, em vez disso, uma experiência da alma muito interessante e agradável.”

(Paramahansa Yogananda – Paz Interior - Ed. Self-Realization Fellowship – p. 14)


SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - II

"O motivo correto para a busca do autoconhecimento é aquele que pertence ao conhecimento e não ao eu.  O autoconhecimento vale a pena ser buscado em virtude de ser conhecimento, e não em virtude de pertencer ao eu. O principal requisito para a aquisição do autoconhecimento é o amor puro. Busca o conhecimento por puro amor, e o autoconhecimento finalmente coroará o teu esforço. O fato de um estudante progredir com impaciência é a prova evidente de que ele trabalha por recompensa, e não por amor, o que por seu turno prova que ele não merece a grande vitória que está reservada para aqueles que realmente trabalham por puro amor. 

O "Deus" em nós - isso é, o Espírito de Amor e Verdade, Justiça e Sabedoria, Bondade e Poder - deve ser o nosso único, verdadeiro e permanente Amor, nossa única confiança em tudo, nossa única , em que, permanecendo tão firme como uma rocha, podemos confiar para sempre; nossa única Esperança, que nunca nos abandonará mesmo que tudo o mais pereça; e a única coisa que temos de procurar obter, com nossa Paciência, esperando com contentamento até que o nossa mau Carma tenha se extinguido, quando então o divino Redentor nos revelará sua presença dentro de nossa alma. A porta através da qual ele entra é chamada Contentamento; pois aquele que está descontente consigo mesmo está descontente com a lei que o fez tal como ele é; e como Deus é Ele mesmo a Lei, Deus não se manifestará àqueles que estão descontentes com Ele. Se admitirmos que estamos na corrente da evolução, então cada circunstância deve ser considerada totalmente justa para nós. E o fracasso de nosso desempenho numa linha de ação deveria ser considerado a nossa maior ajuda, pois não podemos aprender de nenhum outro modo aquela serenidade na qual insiste Krishna. Se todos os nossos planos fossem bem-sucedidos, então nenhum contraste se apresentaria a nós. Também aqueles planos assim feitos poderiam estar baseados em nossa ignorância e, portanto, ser errôneos, de modo que a bondosa Natureza não nos permitirá realizá-los. Não somos culpados pelo plano, mas através da não-aceitação de sua realização, podemos adquirir demérito cármico. Se tu, por qualquer motivo, encontra-te abatido, então, na mesma proporção, os teus pensamentos enfraquecerão em poder. Pode-se estar confinado numa prisão e ainda assim ser um trabalhador pela causa. Desta forma, rogo-te para tirar de tua mente qualquer desgosto pelas circunstâncias presentes. Se conseguires olhar para tudo isso justamente como sendo aquilo que tu de fato desejaste, então isso não apenas fortalecerá teus pensamentos, como também atuará reflexivamente sobre o teu corpo, tornando-o mais forte.

Agir, e agir sabiamente quando chegar o tempo da ação, esperar, e esperar pacientemente, quando for tempo para repouso, põe o homem em harmonia com os altos e baixos das marés (da vida), e deste modo, tendo a lei e a Natureza como seu respaldo, e a verdade e a caridade como faróis luminosos a lhe indicarem o caminho, ele poderá realizar maravilhas. A ignorância deste lei resulta em períodos de entusiasmo irracional de um lado, e depressão e até mesmo desespero de outro. O homem torna-se assim vítima de suas flutuações, quando deveria ser o Senhor delas. (...)

A energia acumulada não pode ser aniquilada, deve ser transferida para outras formas, ou ser transformada em outros tipos de movimento; ela não pode permanecer para sempre inativa e ainda assim continuar a existir. É inútil tentar resistir a uma paixão que não podemos controlar. Se a sua energia acumulado não for conduzida para outros canais, crescerá até que se torne mais forte que a vontade, e mais forte que a razão. Para controlá-la, tens de conduzi-la para um outro canal superior. Desse modo, o amor por alguma coisa vulgar pode ser modificado, transformando-o em amor por algo elevado, e o vício pode ser transmutado em virtude, se o seu curso for alterado. A paixão é cega, vai para onde for conduzida, e a razão é um guia mais seguro para ela que o instinto. A ira contida (ou o amor) acabará por descobrir algum objeto sobre o qual descarregar sua fúria, de outro modo poderá produzir uma explosão que destruirá o seu agente; após a tempestade vem a bonança. Os amigos diziam que a Natureza tem aversão ao vácuo. Não podemos destruir ou aniquilar uma paixão. Se ela for expulsa, uma outra influência elemental tomará o seu lugar. Não deveríamos, portanto, tentar destruir o inferior sem pôr algo em seu lugar, mas de fato deveríamos substituir o inferior pelo superior; o vício pela virtude, e a superstição pelo conhecimento." 

(Helena Blavatsky - Ocultismo Pático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 23/33)


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

AME A ESSÊNCIA


“Amor não é aquele que só consegue amar a perecível forma.

Por ser fácil, é vulgar amar a formosura da forma.

Esse amor, que não vai além do apetite estético, é tão vulnerável quanto a própria beleza transitória. Dura somente o tempo que dura aquilo que o tempo, a doença e a morte desfiguram e extinguem.

O Amor liberto do tempo, das injunções existenciais, o Amor que perdura, os vulgares não conhecem, pois não entendem o que é amar a Essência, que transcende as formas.

Somente os que já conseguiram penetrar em algumas camadas mais sutis e profundas de seu próprio universo interno, portanto, mais longe do ilusório, são capazes da libertadora aventura, da transcendente ventura de Amar.

Este amar Real também goza a forma.

Mas, em realidade, ama a Essência, que lhe dá Eternidade, Infinitude, Transcendência, Felicidade, Plenitude.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p. 223)


BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS, PORQUE ELES ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA


"A misericórdia é uma espécie de angústia paternal diante das imperfeições de um filho que incidiu no erro. É uma qualidade intrínseca da Natureza Divina. A história da vida de Jesus está repleta de relatos de uma misericórdia divinamente manifestada em suas ações e personalidade. Nos sublimes filhos de Deus que alcançaram a perfeição, vemos revelado o oculto Pai transcendente assim como Ele é. O Deus de Moisés é descrito como um Deus de ira (embora eu não acredite que Moisés, que falava com Deus “face a face como um homem fala a seu amigo”, tenha alguma vez considerado Deus como o tirano vingativo retratado no Antigo Testamento). Mas o Deus de Jesus era tão bondoso! Foi essa bondade e misericórdia do Pai que Jesus expressou quando, em vez de condenar e destruir seus inimigos que o crucificavam, pediu ao Pai que os perdoasse, “porque não sabem o que fazem”.

Com o paciente coração de Deus, Jesus considerava a humanidade como pequenas crianças sem compreensão. Se uma pequenina criança apanhasse uma faca para atacá-lo, você não desejaria matá-la em retaliação. Ela não sabe o que faz. Quando consideramos a humanidade assim como um bondoso pai vela por seus filhos e está disposto a sofrer por eles, para que possam receber algo da luz e do poder de seu espírito, então nos tornamos semelhantes a Cristo: Deus em ação.

Somente os sábios podem ser realmente misericordiosos, pois, com divino discernimento, percebem até mesmo os malfeitores como almas – filhos de Deus que merecem compaixão, clemência, ajuda e orientação quando se desviam do caminho. A misericórdia abrange a capacidade de ser útil; somente almas qualificadas ou evoluídas são capazes de ser úteis de uma forma prática e misericordiosa. A misericórdia se expressa de forma útil quando a angústia paternal abranda a severidade do julgamento rigoroso e oferece não apenas perdão, mas genuíno auxílio espiritual para eliminar o erro de um indivíduo.

Os que são moralmente fracos mas desejam ser bons, o pecador (aquele que contraria sua própria felicidade desprezando as leis divinas), os que sofrem de senilidade física, deterioração mental e ignorância espiritual – todos necessitam do amparo misericordioso de almas cujo desenvolvimento interior as qualifica para oferecer compreensiva ajuda. As palavras de Jesus estimulam o devoto: “A fim de receberdes a misericórdia divina, sede misericordiosos para convosco, tornando-vos espiritualmente qualificados; e sede misericordiosos também para com os outro filhos de Deus que se encontram na ilusão. As pessoas que de todas as formas estão sempre progredindo e que compassivamente reconhecem e suavizam a carência de um desenvolvimento integral nos demais irão certamente enternecer o coração de Deus, obtendo para si próprias Sua misericórdia infinita e incomparavelmente benévola.”

 (Paramahansa Yogananda – A Yoga de Jesus – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 87/88)