OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

DEUS MANIFESTANDO-SE COMO VONTADE

"Somos sempre inclinados a chegar aos extremos. É muito mais fácil ir aos extremos do que mantermo-nos firmemente no centro do caminho, e eu penso que é por isso que encontramos tão amplamente, de um lado, grandes arrebatamentos de devoção, e, de outro lado, as terríveis trevas do sentimento de abandono. Isso é marcado, em sua realidade, como uma das grandes experiências pelas quais todo Místico deve passar - e que é chamada a Crucificação do Cristo, quando as trevas vieram durante três horas, e através da escuridão vibrou o grito angustiado do Cristo na Cruz: 'Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?' Isso não durou muito. Não podia durar. Mas, às vezes, pensamos que a sombra daquela aparente e terrível deserção deixou algo sombrio sobre o Cristianismo, de forma que mesmo as palavras finais, mostrando que não havia abandono: 'Pai! Em tuas mãos entrego o meu Espírito!' aparentemente não foram válidas para fazer lembrar ao santo que, embora o Filho do Homem se esteja tornando o Filho de Deus, ele pode perder, por um momento, o contato consciente com o Deus interior, e com isso, naturalmente, o contato com o Deus exterior. Essa é uma experiência nos mais elevados pontos do Caminho, quando tudo desaparece, mesmo a crença de que há um Eu Superior. E o discípulo, nas trevas, simplesmente detém-se, recusando-se a mover-se para não tombar no vazio, sabendo, em sua mais profunda natureza, que aquilo é apenas uma tentativa de Mãyã para iludi-lo, para arrebatar aquilo sem o que ele não pode viver, no corpo ou fora dele, para não falar no Eterno. Essa é uma experiência que parece ser necessária, a fim de que um homem possa aprender a ficar absolutamente a sós. (...)

Tentem, então, levar através de seus estudos esta Luz da Teosofia, a Sabedoria Divina, que encontraremos talvez, mais completa, no estudo cuidadoso dos Upanisads. Quando chegarem às vidas dos grandes Místicos, vidas que estudarão, tentem ver nelas o que podemos chamar seus sucessos e seus fracassos. Observem as diferenças, e, ainda assim, a identidade. Irão encontrar um grande Discípulo, por exemplo em Sir Thomas More, cuja Utopia não é o devaneio de um sonhador, mas a visão de alguém que se estava aproximando da Liberação. Poderão ver isso na República de Platão, desembaraçando-a das circunstâncias da época, e vendo a grande meta que ele tem em mira, a Sociedade Perfeita. Poderão ver isso, com dificuldade maior, em Jacob Boehme, o sapateiro remendão - e compará-lo com o do grande Ministro de Henrique VIII - repleto de iluminação, velando sua sabedoria com as fórmulas e simbologias mais abstrusas, usando a alquimia e a astrologia como formas com as quais poderia velar seu significado, por causa da perseguição a que estava exposto e dos desprezo dos Governantes de sua própria cidade, que não mereciam sequer tocar-lhe os pés. Mas o sapateiro remendão vive, enquanto os Governantes estão todos esquecidos, e é um marco na grande Senda Mística. Então, irão conhecer os Místicos de Cambridge, com seus primorosos lampejos de visão, de vez em quando, e os Místicos da Igreja de Roma, como São João da Cruz, como Santa Tereza, como Molinos, o Místico espanhol, para chegar, talvez, na Escola Quietista da França, com Madame Guyon, tateando em busca do verdadeiro Misticismo.

Devem estudá-los, a todos, e aprender com todos eles, pois há muito a aprender dos diferentes ângulos de observação, a partir dos quais, eles olham para Deus e para o mundo. Cultivem o espírito do aluno, que enquanto estuda não desafia as exposições entre as quais está pesquisando a verdade que elas contêm. Para encontrar a verdade em qualquer escritor, devem tentar o contato com a sua vida, mais do que com as suas palavras, e isso pede mais simpatia do que análise. Tentem desenvolver essa simpatia com o pensamento que os levará ao contato com o escritor, e fará com que compreendam o que ele se está esforçando para expressar, por muito que lhe faleçam as formas de expressão. E, se dessa maneira podem acompanhar o pensamento profundo, o conhecimento superior, se algo em seu interior os convida ao esforço, embora possa haver demora na obtenção do que esperam conseguir, então nada desdenhem por parecer pequeno, porque, ali, pode haver algo que os auxilie. E lembrem-se de que ajudam mais a si mesmos quando estão ajudando aos outros. Ofereçam livremente algum conhecimento que tenham obtido, de forma que qualquer alma sedenta de água do conhecimento possa, por seu intermédio, receber uma ou duas gotas dessa água. Porque a gota que derem a outro torna-se o seu manancial de Vida, a que está por trás do véu.

Não temam as trevas. Muitos passaram por elas antes de vocês. Não temam que elas escondam seja o que for que possa atingi-los, pois vocês são eternos, embora encarnados num corpo. O que estão procurando não é o conhecimento exterior, mas a compreensão do interior, a compreensão do seu próprio Eu superior, que é um com a Vida Universal. Esse é o apogeu da Ioga. Nos momentos mais sombrios, lembrem-se da Luz. Nos momentos em que o irreal os estiver cegando, lembrem-se do Real. E, se através do irreal puderem agarrar-se ao Real, se através da escuridão jamais perderem a fé de que a Luz está ali, irão encontrar o Mestre que os guiará da morte para a imortalidade, e saberão, com uma convicção que nada poderá abalar, que Deus os fez à imagem de Sua própria Eternidade."

(Annie Besant - Brahmavidyã, Sabedoria Divina - Ed. Pensamento Ltda, São Paulo - p. 22/25)


quinta-feira, 29 de julho de 2021

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

"É este, sem dúvida, um dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo cristão - e de todos o menos praticado. E a razão última e mais profunda dessa falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão dessas palavras do Mestre. A imensa maioria dos cristãos julga tratar-se aqui de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo de uma virtude ética, e sim da evidência de uma sabedoria cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa converter-se no querer espontâneo da sabedoria, terá de acontecer algo de imensamente grande entre esse doloroso dever de ontem e esse glorioso querer de hoje. 

Que é que deve acontecer entre esses dois polos adversos?

Deve acontecer uma grande compreensão.

É sabido que tudo que é difícil não tem garantia de perpetuidade - mas tudo que é fácil tem sólida garantia de indefectível continuidade. Enquanto o 'amor aos inimigos' se nos apresentar como um dificultoso dever compulsório, uma virtude ou virtuosidade, é claro que não temos a menor garantia de que vamos amar os nossos inimigos, amanhã e depois, mesmo que talvez hoje os amemos. Só quando o dificultoso dever compulsório se transformar num jubiloso querer espontâneo, e quando a virtude passar a ser sabedoria e profunda compreensão da realidade, é que o nosso amor aos inimigos deixará de ser um fenômeno intermitente, passando a ser uma realidade permanente. 

Estas palavras de Jesus não têm, pois, em primeiro lugar, caráter ético, mas sim um sentido metafísico, visando estabelecer a solidariedade cósmica através da sabedoria da compreensão.

Exemplifiquemos.

Alguém é seu inimigo, e eu sou inimigo dele. Estamos ambos no plano negativo, nas trevas, ele, e eu.

Alguém é meu inimigo, mas eu não sou inimigo, e sim amigo dele; neste caso, ele está na zona negativa das trevas, mas eu estou na zona positiva da luz.

Ora, como a luz sempre atua positivamente, rumo à construção, e as trevas atuam negativamente, rumo à destruição, é certo que, no caso de um encontro mútuo entre a luz e as trevas, o positivo eliminará o negativo, e não vice-versa. 'A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a prenderam' (extinguiram).

O preceito de amar nossos inimigos é, pois, ante de tudo, um postulado de caráter metafísico, único capaz de estabelecer solidariedade cósmica. Sendo eu de vibração positiva, filho da luz, posso ajudar a quem é negativo, filho das trevas. Se eu não for positivo, nada poderei fazer em benefício do meu semelhante negativo, porque ambos estamos no mesmo plano negativo, fraco, inerte. Mesmo no caso em que eu não tenha ódio real a meu inimigo, não o posso ajudar eficazmente, porque sou neutro e fraco; só no caso em que eu seja realmente positivo, pelo amor, é que posso ajudar a quem está no ódio, contrapondo uma 'violência espiritual e uma violência material', no dizer de Mahatma Gandhi.

Se odeio a quem me odeia, acrescento negativo a negativo, aumentando as trevas do mundo. Se deixo de odiar a quem me odeia, não aumento os fatores negativos, mas, também, não destruo o que já existe, deixando as trevas no statuo quo

Se amo a quem me odeia, neutralizo o negativo do meu inimigo com o meu positivo, eliminando assim as trevas e dando vitória à luz. É este o único modo eficiente de tornar o mundo melhor: substituir as trevas negativas do ódio pela luz positiva do amor.

O Sermão da Montanha, a filosofia de Bhagavad Gita, a sabedoria de Tao Te Ching, a vida de Gandhi e de todos os grandes iluminados, estão baseados nesta matemática espiritual.

'Um único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza o ódio de milhões.' (Mahatma Gandhi.)"

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 119/121)


sexta-feira, 23 de março de 2018

TEXTO ZAZEN WASAN

"Desde o princípio todos os seres são Budas.

Como a água e o gelo, sem água não há gelo,

Fora de nós não há Budas

Quão próximos da verdade, todavia quão longe a buscamos.

Como alguém dentro d'água gritando 'Tenho sede'.

Como uma criança de rica linhagem

vagueando neste terra como se fosse pobre,

nós vagueamos eternamente e damos voltas aos seis mundos.

A causa de nossa dor é a ilusão do ego.

De um caminho sombrio a outro vagueamos nas trevas,

Como podemos nos livrar da roda de samsara?

A passagem para a liberdade é o Samadhi Zazen,

além da exaltação, além de nossos louvores,

o puro Mahayana.

A observação dos preceitos, o arrependimento e o doar-se,

as incontáveis boas ações e o caminho do reto viver

surgem todos de Zazen.

Assim, um verdadeiro Samadhi extingue os males;

purifica o carma, dissolvendo as obstruções.

Então, onde estão os caminhos sombriso que nos fazem extraviar?


A Terra do Lótus Puro não é distante.

Ouvir esta verdade, coração humilde e agradecido,

louvá-la e abraçá-la, praticar sua sabedoria,

traz bênçãos intermináveis, montanhas de mérito.


Mas se nos voltarmos para o interior e provarmos de nossa Verdadeira natureza,

que o Verdadeiro eu é não eu,

que o nosso próprio Eu é não eu,

vamos além do ego e das palavras astutas.

Então o portal que leva à unidade de causa e efeito é aberto.

Nem dois e nem três, em frente segue o Caminho.

Sendo a nossa forma agora a não forma,

para virmos e irmos jamais saímos de casa.

Sendo o nosso pensamento agora não pensamento,

as nossas danças e as nossas canções são a voz do Dharma.

Como é vasto o céu de ilimitado Samadhi!

Como é claro e transparente o luar da sabedoria!

O que existe fora de nós, o que nos falta?

O Nirvana está totalmente aberto aos nossos olhos.

Esta terra onde estamos é a Terra do Lótus Puri.

É este mesmo corpo, o corpo de Buda."

(Hakuin Zenji - Além do Despertar - Ed. Teosófica, Brasília, 2006 - p. 27/28)


sexta-feira, 9 de março de 2018

A VOZ DA VIDA

"O objetivo e a direção da vida estão nas mãos da Vida Eterna. Nosso dever é dar cada passo nítida, sincera e corajosamente. Acontecimentos comuns na vida do aspirante adquirem uma complexidade divina. Seus próximos são fragmentos divinos, lutando na treva ao seu lado para serem compreendidos, e o aspirante está sempre pronto a lhes ajudar. Os acontecimentos da vida, mesmo os pequenos, tornam-se cheios de mensagens, desde que ele saiba que eles são a Voz da Vida falando à sua alma. Na vida do discípulo, disse H.P.B., não há acontecimentos insignificantes e, por vezes, os mais triviais são os que contêm mais significados. Por isso ela nos recomenda pensar sobre os acontecimentos da vida e tentar extrair deles os seus significados, estudá-los e tentar ver que mensagens contêm para o desenvolvimento de nossa alma. Pois Vida é Deus, e Deus é Amor, e trabalha somente para a realização e bem-aventurança futuras. Assim aprendemos a ler o Grande Livro da Vida. Isto é bem mais importante do que ler qualquer livro impresso, embora estes possam nos ajudar a ler os maiores.

Somos contra os problemas? Como nos desenvolveríamos se nunca tivéssemos que lidar com algum problema? Preferiríamos qualquer outra coisa? Talvez, mas a Vida é mais sábia. Aparece uma oportunidade de serviço. Nós a tomaríamos? Uma pessoa superfranca segura um espelho diante de nosso olhar espantado. Ficamos ressentidos, negamos, vamos nos vingar? Ou ficamos contentes por termos assim um ângulo de visão que não nos tinha ocorrido? Possa agora olhar para meu passado e ver que muitas coisas rudes e mesmo indelicadas que me foram ditas estavam bem fundamentadas na verdade. Mas somos delicados? Ou o nosso temperamento e a preguiça dominam nossos impulsos generosos? Como o Mestre K.H. uma vez escreveu a um chela em prova: 'O maior consolo e o principal dever da vida, criança, é não infligir dor, e evitar causar sofrimento ao homem ou ao animal.' Ter cortado o nosso egocentrismo é um grande auxílio. A pequenina Tereza de Lisieux escreveu, em certa ocasião, que, se alguém está bem no primeiro degrau de uma escada e não pode ir adiante, é uma grande paz, pois ninguém a inveja nem deseja substituí-la."


(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 200/201)
www.editorateosofica.com.br

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) À medida em que subis os degraus, esforçai-vos com todos os poderes de vossa vontade, procurando livrar vossa alma do invólucro de carne, como se devêsseis ultrapassar a própria abóbada celeste, à procura de luz. A palavra-chave, que todos os que entram no Templo devem conhecer, e que deve ser objeto de contínua meditação, é: 'O brilho e a Luz são UM',  ou 'A centelha e a Chama são UMA'. Da concentração sobre este ponto passai à meditação, onde todo o conhecimento do mundo externo é obliterado; da meditação passai à contemplação, onde todo o conhecimento do eu é obliterado, onde só a luz persiste. 

Assim passareis pela porta do Templo, e, tendo passado, não precisareis mais de nenhum guia, pois vos encontrareis na presença d'Aquele que vos tem guiado através de cada vida, desde vossa primeira encarnação humana: vosso Eu Superior, que é uma encarnação da luz. Ao vos ajoelhardes ante o altar onde arde a sagrada chama, ele vos alimentará com alimento espiritual, colocará em vossas mãos a espada com a qual, doravante, rasgareis todos os véus, e vos dará uma tocha, por meio da qual todas as trevas se dissiparão. 

Finalmente, donde estais, junto do altar, olhareis para baixo, a terra onde viveis, e começareis a saber. A luz que agora é vossa vos desvelará os segredos que outrora foram ocultos, e podeis retornar a vossos estudos agora com a certeza do sucesso, pois a chave do conhecimento está em vossas mãos, e o cálice do eu inferior está repleto do vinho da sabedoria. Diariamente devereis ajoelhar-vos diante do sacrário, para que o cálice possa ser novamente enchido. Tendo posto vossos pés no caminho, marchai mais e mais fundo em vosso eu interior, não descanseis jamais, até que o clarão se torne de novo a Luz, e a centelha novamente se torne a Chama. 

Em vossa busca por conhecimento, aprendei a arte da meditação; colocai diante de vós o objeto de vossa pesquisa, seja uma jóia, um flor, um animal ou um homem; fixai vossa atenção e meditai neste objeto como sendo uma viva e prefeita expressão d'Aquele que é imanente nele. Vós não podeis descobrir perfeita verdade a menos que a forma que vos serve de moto seja perfeita e viva. Meditai sobre a imanência, procurai a alma que mantém a forma viva; encontrando a alma, meditai sobre ela, do mesmo modo como meditastes sobre a forma, e procurai nela o conhecimento do modo como vive, e achando o modo, procurai qualquer outro conhecimento de que tenhais necessidade. O passado, ainda que remoto, pode ser revelado ante vós, para que possais entender os caminhos percorridos; com este estudo o processo de desenvolvimento pode ser estimulado. Tendo discernido o passado, olhai reverentes o futuro, procurando obter a visão do todo. Não podeis meditar sobre uma flor cortada ou seca, pois já não têm conexão com sua alma, e a flor já não sabe por que meios vive: este conhecimento reside na alma da flor. 

Evitai os escuros caminhos da pesquisa com animais como se evitásseis o pior dos infernos, e não há pior inferno em toda a criação do que a mesa de vivissecção, não há maior cegueira do que aquela dos que pensam que empregar crueldade contra outra parte da vida de Deus pode trazer iluminação para si. Apenas soubessem que estão construindo véus tão densos sobre si mesmos que uma centena de vidas não bastaria para os redimir!, e mesmo assim a verdade ocultaria sua face brilhante de seus olhos, envergonhada do que terão feito usando seu doce nome. Procurai a verdade entre os vivos, e encontrareis a verdade viva, e o vasto tesouro de conhecimento da Natureza será vosso. Este é o ensino a respeito da via meditativa."

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (2ª PARTE)

"(...) Tendo se tornado uma criancinha, prontamente lance fora tudo que pensa conhecer ou saber, tudo que é prezado pelos homens, e deixemo-lo buscar o caminho que leva da carne ao espírito. A entrada para o caminho está no coração; do coração, deve encontrar uma passagem para o cérebro, e, através do cérebro, para os mundos do pensamento e sentimento, nos quais as fundações do Templo da Luz estão lançadas. O Templo está adiante, e a partir do mundo do pensamento ele deve construir uma firme escadaria que o levará até os portões do Templo. Esta escadaria é construída pelo estudo, pela concentração de pensamento, e pela incansável busca de conhecimento. 

Esta é a maneira de encontrar e trilhar o caminho do conhecimento, construir a escadaria e chegar aos portões do Templo. Deixe-se que o estudante lance fora seus livros, seus tubos de ensaio e suas réguas para trás, pois ele deve aprender a ler nos livros da natureza, entesourar suas descobertas no tubo de ensaio de sua mente, e aferir suas descobertas na balança de sua mais alta intuição. Emancipando-se destes instrumentos superficiais, que se retire para algum lugar onde possa desfrutar de algum tempo de paz imperturbada. Uma cela de retiro, um jardim, as florestas, os campos, alguma praia recôndita, algum refúgio na montanha, qualquer um destes poderá ser suficiente para lançar-se à viagem de descoberta. Deixe-se que trilhe o caminho que todos os sábios e mestres do mundo trilharam em sua busca pela luz, luz que ora brilha através daqueles olhos, gloriosa e resplandecente. 

Que não tema a estranheza desta procura, não tema despojar-se de todos os suportes até então considerados essenciais; não tema o ridículo imposto pelos que ainda sentem-se dependentes dessas coisas, e que cegamente disfarçam sua ignorância numa ilusão de conhecimento. Para a luz que buscais, tal conhecimento é como trevas, pois todo aquele que alto pusestes em vosso apreço não possui senão a pele, a penugem, a casca, e o cerne sempre lhe foge; então eles montam sobre as cascas e a oferecem como conhecimento. Talvez haja apenas um punhado, dentre vossos homens de conhecimento, que não esteja cego pelo preconceito, que não confunda aprendizado com conhecimento. 

Tomai como guia esta voz que vos ensina agora, a voz de um anjo que conquistou a meta através destes mesmos caminhos na busca de conhecimento, e agora oferece-se àqueles que buscam uma luz maior da que brilha em universidades, pois é professor mais sábio que qualquer professor mortal pode ser; traz a luz do conhecimento espiritual para iluminar as trevas do mero aprendizado terreno, e pode conduzir o estudante até a verdadeira cátedra do conhecimento, a qual jaz no fundo de vosso Eu mais verdadeiro. Vinde, irmão humano, aceitai minha direção, e eu vos guiarei até vosso destino. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O SÁBIO NÃO DESEJA O SUPÉRFLUO

"Cultura genuína é orientar-se
Por Tao.
Nada tanto me apavora
Como a lufa-Iufa dispersiva.
Rumo a Tao conduz diretamente
Somente o caminho interior.
Os homens, porém, ziguezagueiam
Para cá e para lá.
Puro egoísmo é
Quando os soberanos vivem
Em suntuosos palácios,
Enquanto os campos jazem desertos,
E vazios estão os celeiros.
Puro egoísmo é
Ostentar roupagens luxuosas,
Enfeitar-se com jóias,
Ufanar-se de armas,
Empanturrar-se de iguarias,
Encher-se de bebidas inebriantes,
Acumular tesouros.
Latrocínio é tudo o que o homem faz
À custa dos outros.
Tudo isto contradiz
O espírito de Tao.

EXPLICAÇÃO: Dois terços da humanidade, diz um escritor, estão morrendo de fome – e um terço morre de indigestão. A humanidade ainda é dominada pelo 'poder das trevas', que leva alguns a folgar em riquezas supérfluas, e outros a gemer na miséria. Enquanto uns têm demais e outros têm de menos, não pode a terra ser o reino da felicidade.

Quem guarda em sua casa, escreve Mahatma Gandhi, objetos supérfluos que a outros fazem falta, esse é ladrão. O ego é insaciável em seus desejos; nunca diz 'basta'. O conforto leva ao 'confortismo', e, quando o 'confortismo' culmina em 'confortite', está o homem no princípio do fim.

Por isso recomendam os Mestres que o homem tenha o necessário, sem desejar o supérfluo."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 138/139)


sábado, 11 de novembro de 2017

MEIOS CORRETOS

"Se para conseguir uma coisa a gente tem de mentir, de trair, de enganar, de praticar crueldade, de esmagar alguém... esta coisa é tão podre quanto os meios e modos de a conseguir. E sabe de uma? Ninguém é feliz e vitorioso, ninguém está seguro e forte, na posse de uma coisa podre.

Se os meios são sujos, os fins atingidos por tais meios também o são. Esta é uma verdade total, absoluta, à prova de quaisquer sofismas e racionalizações.

Jamais os fins belos, verdadeiros e nobres podem vir a ser conquistados por meios perversos e negros.

Ninguém chega à luz se usa as trevas.

Senhor.
Só não quero ser pobre de Teu Espírito."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 178/179)


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NA ALEGRIA ESTÁ A VERDADEIRA VIDA ESPIRITUAL

"Tente, e perceba a beleza do sofrimento, quando o que o sofrimento faz é só tornar a pessoa mais apta para o trabalho. Certamente jamais devemos anelar a paz se na luta o mundo puder ser ajudado. Tente, e sinta que embora a treva pareça estar em toda sua volta, ainda assim ela não é real. Se algumas vezes Eles se ocultam em uma Maya (ilusão - NT) de indiferença aparente, é apenas para conceder Suas bênçãos com maior abundância quando a estação for propícia. As palavras não ajudam muito quando a escuridão é opressiva, ainda que o discípulo deva tentar manter inabalada sua fé na proximidade dos Grandes Seres, e sentir que embora a luz seja temporariamente retirada da consciência mental, mesmo assim ela cresce dia a dia no interior sob a Sua sábia e misericordiosa dispensação. Quando a mente se torna novamente sensível, ela reconhece com surpresa e alegria como o trabalho espiritual foi feito sem que se tivesse consciência alguma dos detalhes. Nós conhecemos a Lei. No mundo espiritual noites de maior ou menor horror seguem o dia, e aquele que é sábio, reconhecendo que a treva é o fruto de uma lei natural, deixa de se incomodar com isso. Podemos descansar certos de que a escuridão, por sua vez, se dissipará. Lembre sempre que detrás da mais espessa fumaça sempre existe a luz dos Pés de Lótus dos Grandes Senhores da Terra. Fique firme e jamais perca a fé n'Eles, e então não haverá nada a temer. Podem e devem haver provações, mas você deve estar certo de que conseguirá suportá-las. Quando a sombra que caiu como uma mortalha sobre a Alma se retira, então somos capazes de ver quão realmente evanescente e ilusória ela era. Mesmo assim esta sombra, enquanto perdura, é real o bastante para levar a ruína para muitas almas nobres que ainda não adquiriram força suficiente para suportá-la. 

A vida e o amor espirituais não se esgotam quando são dispendidos. A doação apenas acrescenta ao reservatório e o torna mais rico e intenso. Tente, e seja tão feliz e contente quanto puder, porque na alegria está a verdadeira vida espiritual, e a tristeza é apenas o resultado de nossa ignorância e falta de visão clara. Assim, você deve resistir, até onde puder, ao sentimento de tristeza: ele anuvia a atmosfera espiritual. E embora você não possa evitar inteiramente sua chegada, mesmo assim você não deve ceder completamente a ele. Pois lembre-se de que no verdadeiro coração do universo existe a Beatitude. (...)"

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 5)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 27 de junho de 2017

A PAZ NASCE DA MANSUETUDE

"O Chefe de Estado que obedece a Tao
Não tenta dominar com violência,
Porque sabe que toda a violência
Recai sobre o próprio violento.
Nos campos de batalha,
Só medram espinhos e cardos.
Guerras geram angústias e miséria.
Por isto, o sábio vive sem armas,
Não obriga ninguém com violência,
Não conhece ambição nem glória,
Não alimenta presunção alguma,
Nem aspira ao poder.
Faz o que deve fazer,
Mas sem forçar ninguém.
Ele conhece o ritmo da evolução,
Sabe que tudo falha
Quando contradiz às leis da vida,
Porque todas as ilusões
Depressa se dissipam.

EXPLICAÇÃO: (...) Uma guerra justa não é essencialmente melhor do que uma guerra injusta, porque ambas têm por base a egoidade humana, que em si mesma é um fator negativo.

Quando se trata da alternativa de 'matar ou morrer', o ego opta pela primeira e a justifica, porque, para ele, morrer é deixar de existir, ao passo que, para o Eu divino no homem, morrer não é deixar de existir, e morrer para não matar equivale a existir melhor e mais verdadeiramente.

Mas o ego, essencialmente ilusório, não pode compreender tão grande verdade. O ego só conhece 'o direito', que é sinônimo de egoísmo, ao passo que o Eu se guia pela 'justiça', homônimo de verdade e amor, incompatíveis com o direito, como a luz é incompatível com a treva."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 89/90)


sábado, 17 de junho de 2017

ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

"Tempo dedicado a nós mesmos, tempo dedicado ao próximo, tempo dedicado a Deus, tempo dedicado ao repouso - eis os quatro itens essenciais à boa administração de nossas vidas.

Os ignorantes, egoístas e materialistas empenham quase todo o tempo no preenchimento de seus desejos de posse e prazer. Até o repouso é visto como algo que atrapalha, que impõe suspensões inoportunas ao trabalhar e ao gozar. Tempo para Deus... absolutamente nenhum. Tempo para o próximo? Que é isto?! O próximo é aquele que estiver ao alcance da mão para ser explorado como um meio de se ganhar mais e mais intensamente curtir.

Que desequilíbrio!

Infelizmente, é o que mais se encontra.

Você não é desses... Ou é?!

Senhor, com Teu infinito Poder, muda tais pessoas, salvando-as das 'trevas exteriores'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 35/36)


domingo, 4 de junho de 2017

O MALTRATO DOS ASPIRANTES (PARTE FINAL)

"(...) Os traidores e obstrutores, por outro lado, geram grandes adversidades para si mesmos que podem assumir duas formas particulares, entre outras. Uma é de atrair a atenção e tornarem-se instrumentos dos poderes das trevas, que procuram esmagar toda centelha de espiritualidade em cada ser humano. A outra adversidade consiste em obstruções em sua própria busca da verdade, da luz e do Instrutor. Em vez de ser claro, seu caminho é escuro e difícil. Isto pode ter sido causado não só pela ação direta de um caráter adverso, mas pela negligência, pela indiferença a um aspirante, por ter falhado em levar em consideração seriamente suas questões, seu apelo por ajuda e, em geral, deixar de ver a importância das mudanças interiores que estão ocorrendo no buscador. Este 'pecado de omissão' também gera adversidades, tais como o malogro em encontrar um auxiliar imediato e amigos mais avançados, e obstáculos domésticos, entre outros. 

Os ocultistas deveriam, com sabedoria e tato, estar à procura e ajudar toda a pessoa que encontram que está buscando a luz, mesmo que pareça que ela tenha começado mal. Pois é o fato de estar procurando que é de suprema importância.

Apesar deste conselho aplicar-se à vida oculta em particular, ele consiste na verdade no simples ato de ser amável em todas as ocasiões, mesmo quando a amabilidade tiver que ser firme. No entanto, estes fatos bastante simples e óbvios são muito negligenciados, e seria bom chamar a atenção dos teosofistas, especialmente dos principiantes, para eles. A verdade, infelizmente, é que muitas pessoas são afastadas da Senda, talvez por toda uma encarnação, pela intromissão de parte daqueles que deveriam saber como se portar corretamente."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 158/159


quarta-feira, 12 de abril de 2017

RUMO À TRANSFORMAÇÃO (1ª PARTE)

"As transformações no nosso conceito do divino são como uma viagem de um horizonte a outro, uma jornada que sempre nos leva além. Dionísio, o Aeropagita, afirmou: 'É mais apropriado louvá-lo retirando do que atribuindo, pois imputamos-lhe atributos quando partimos dos universais e descemos através do intermediário até os particulares. Mas aqui retiramos-lhe todas as coisas subindo dos particulares para os universais, para que possamos conhecer abertamente o incognoscível, que está oculto no interior e sob todas as coisas que podem ser conhecidas. E observamos essas trevas além da manifestação, ocultas sob toda luz natural' (A Filosofia Perene, A. Huxley).

Helena Blavatsky chama aquilo que está além da luz e das trevas de As Grandes Trevas. Lemos em Luz no Caminho: 'Aferra-te àquilo que não tem substância nem existência./Ouve apenas a voz que não tem som./Considera apenas aquilo que é invisível/tanto para o sentimento interno quanto para o externo.'

Essa é a mais elevada forma de devoção. O caminho das negações livra-nos de todas as limitações e leva à transformação. Ele implica também a negação de nós mesmos, como nos conhecemos atualmente. Só desistindo do menor é que o maior pode emergir. Desistamos de nós mesmos como somos agora. Isso significa sacrifício - uma palavra da qual muitas pessoas não gostam, porque a associam a sofrimento. Mas somente nesse sacrifício há felicidade.

Aqueles que trilham o caminho da sabedoria descobrem isso. Eles desistem dos conceitos menores e superficiais. Somente então surgem os conceitos maiores, mais profundos, que, no final das contas, levam ao sem forma. (...)"

(Mary Anderson - Para alcançar um novo dia - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 30)
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sábado, 22 de outubro de 2016

GUIA-ME, LUZ BENIGNA!

"Guia-me, luz benigna, no meio das trevas que me cercam!...

Ilumina as veredas que meus pés palmilham...

Não te peço que me rasgues vastos horizontes, soberbos panoramas, dilatadas perspectivas...

Suplico-te apenas, ó luz benigna, que ilumines o modesto espaço que cada passo tem mister...

Basta-me um passo, um passo apenas, porque tu sabes onde ponho o pé...

Guia-me, seguro, por escarpas e alcantis...

Guia-me por ínvios desertos e estepes sem trilho...

Guia-me quando alegrias me exaltam e sofrimento me deprimem...

Guia-me quando amigos me louvam e inimigos me vituperam, para que eu não me julgue melhor nem pior do que sou a teus olhos...

Guia-me, luz benigna, para que nenhuma injustiça me faça injusto...

Que nenhuma ingratidão me faça ingrato...

Que nenhuma amargura me faça amargo...

Que nenhuma maldade me faça mau...

Que eu queira antes sofrer todas as injustiças do que cometer uma só...

Guia-me, luz benigna, e mostra-me que todas as coisas, mesmo as mais pequeninas, são grandes, quando feitas com grandeza de alma...

Guia-me rumo à humildade grandeza de servir, longe da soberba mesquinhez de querer ser servido...

Guia-me cada vez mais longe de mim, cada vez mais perto de ti...

Bem perto de ti...

Ó luz benigna!..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 17/18)


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O EVANGELHO - SUTRA 5

"O aspecto de Amor Onisciente de Parambrahma é Kutastha Chaitanya. O Eu individual, sendo Sua manifestação, é um com Ele.

Kutastha Chaitanya, O Espírito Santo, Purushottama. A manifestação de Premabijam Chit (a Atração, o Amor Onisciente) é a Vida, o Espírito Santo (Kutastha Chaitanya ou Purushottama), que resplandece nas Trevas (Maya) a fim de atrair toda porção dela para a Divindade. Mas as Trevas (Maya), ou seus elementos individuais,² Avidya (a Ignorância), sendo a próprio repulsão, não podem receber ou compreender a Luz Espiritual, embora a reflitam.
Abhasa Chaitanya ou Purusha, os filhos de Deus. Esse Espírito Santo, sendo a manifestação da Natureza Onisciente do Pai Eterno (Deus), outra substância não é senão o Próprio Deus; e assim esses reflexos dos raios espirituais são chamados os Filhos de Deus: Abhasa Chaitanya ou Purusha. Ver João 1:4, 5, 11.
'Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;'E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.''Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.'"
² Quer dizer, sua presença em cada homem. 

(Swami Sri Yukteswar - A Ciência Sagrada - Self-Realization Fellowship - p. 25/26)


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

MANTER A CONSCIÊNCIA DO EGO

"Por termos passado por eras de evolução, durante as quais estivemos satisfeitos em sofrer exílio nas trevas do mundo exterior, resulta que, mesmo que tenhamos nos reconhecido como Egos por um curto tempo, haverá sempre a tendência para escorregarmos de volta aos antigos hábitos de identificação com os corpos.

Tal é o nosso erro frequente. Quando, durante a meditação ou o transcurso de alguma cerimônia, experimentamos um instante de grande elevação espiritual, dizemos depois para nós mesmos: 'Quão agradável foi isso! Sinto que haja terminado.' Não cometamos esse engano. Quando experimentamos algo sublime, quando nos reconhecemos como o divino Ser, digamos: 'Isto é muito aprazível e há de subsistir em mim.' Essa é a grande diferença. Nossa fraqueza está em, ao experimentarmos esses sublimes sentimentos, nós os deixarmos desvanecerem-se. Não devemos tolerar isso, mas nos rebelar dizendo: 'Não permito que esse sentimento se desvaneça. Vou manter essa divina realização; Eu, o divino Ser, vou preservá-la.' E isso é possível porque já foi realizado; e deve sê-lo. Todos realizaremos algum dia nossos poderes divinos, e aprenderemos a manter como uma permanente realidade a consciência que comumente só temos durante uns poucos minutos. Por que não começarmos desde já?

Se nos reconhecemos como Egos participantes da vida de divino contentamento e inefável felicidade, decidamos permanecer em tal estado. Não voltemos às trevas do exílio. Por que retornar àquela existência limitada em uma masmorra sombria, que é a vida da personalidade, quando podemos viver no fulgor da Vida divina? Por que não permanecer ali, atuar a partir dali, viver ali?"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 40/41)


domingo, 24 de abril de 2016

O EVANGELHO - SUTRA 4

"A estrutura da criação é Anu ou os Átomos. Na matéria, eles são chamados Maya, ou o poder ilusor  do Senhor; cada Anu individual é chamado Avidya, Ignorância. 

Átomos, o trono do Espírito Criador. Esses Átomos, que representam, interna e externamente, as quatro ideias mencionadas acima, são o trono do Espírito Criador que, neles resplandecendo, cria este universo. Em sua totalidade, são denominados Maya, as Trevas, pois mantêm a Luz Espiritual fora do alcance da compreensão; e cada um deles separadamente é chamado Avidya, a Ignorância, já que torna o homem ignorante até mesmo do seu próprio Eu. Por isso, as quatro ideias supracitadas, que dão origem a todas essas confusões, são mencionadas na Bíblia como os quatro seres viventes. O homem, enquanto se identifica com seu corpo material denso, mantém uma posição bem inferior à do quádruplo Átomo primordial e, necessariamente, não consegue compreendê-lo. Quando, porém, ele se eleva ao nível desse Átomo, não só o compreende, tanto por dentro quanto por fora, como também à criação inteira, tanto não manifestada quanto manifestada (quer dizer, 'por diante e por detrás'). Ver Apocalipse 4:6.
'E ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.'
(Swami Sri Yukteswar - A Ciência Sagrada - Self-Realization Fellowship - p. 24/25)


sábado, 19 de março de 2016

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

"A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz.
Se, porém, o teu olho estiver doente, todo o teu corpo será cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!

Para que fixemos nossos corações no eterno e renunciemos aos objetos efêmeros do mundo, nossos olhos têm de ser 'singulares'. Não precisamos correr atrás deste ou daquele objeto, mas devemos nos concentrar com devoção unidirecionada em Deus. Para a obtenção da iluminação, diz o Gita:

'A vontade volta-se sozinha para o único ideal. Quando falta ao homem este discernimento, sua vontade vaga em todas as direções, atrás de inúmeros objetivos.'

Quando faltar ao homem o discernimento espiritual, 'todo o seu corpo ficará nas trevas'. Ele continua a viver na ignorância, e o Eu verdadeiro, a luz divina dentro dele, permanece escondido. A concentração da mente no ideal escolhido de Deus é a chave para revelar essa luz divina.

Essa concentração, pois, purifica o que entra na consciência através dos sentidos. 'A luz do corpo é o olho', diz o Cristo, comparando o olho a uma janela pela qual penetra o mundo exterior. Através dos cinco sentidos captamos impressões, e a soma total dessas impressões compõe o nosso caráter. Se vemos o bem, absorvemos o bem; se vemos o mal, absorvemos o mal. Como reza uma prece védica: 'Possamos, com nossos ouvidos, ouvir o que é bom. Possamos, com nossos olhos, enxergar a tua justiça.' Ao olharmos, é necessário que aprendamos a enxergar Deus, o Espírito que envolve tudo - e não a aparência e a forma das coisas. Desse modo, em vez de nos desviar do nosso ideal, cada objeto do universo torna-se uma ajuda na percepção de Deus.

E assim a luz de Deus cai sobre nós até que, finalmente, nosso 'corpo todo fique cheio de luz'. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, - p. 110/111)


domingo, 13 de março de 2016

SABEDORIA NO CORAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Todas as coisas mais maravilhosas da vida ocorrem rapidamente, tal como o nascimento de uma estrela ou de uma criança, o florir de um botão, o fenômeno de se apaixonar. Mas existem também os processos lentos, silenciosos, que precedem esses acontecimentos dramáticos. Quando o Cristo ou o Deus dentro de nós penetra seu reino em nossos corações, Ele entra rapidamente, como a luz do céu penetra as trevas. Quando aquele que é o Cristo em nós prevalecer, não mais haverá sombras. Na Índia, dizem que os devas não lançam sombra porque brilham com uma luz que pode atravessar todas as coisas. Tal é a luz da verdadeira sabedoria que ilumina o interior de tudo que existe.

Quando a sabedoria governar o mundo todas as coisas serão rearranjadas de modo a fazer com que brilhe a luz que existe nelas e em todos os homens. Então elas existirão e agirão segundo a glória de Deus que está nelas e além delas, e em perfeita fraternidade entre si.

Deverá chegar para cada homem e mulher uma época quando mesmo a morte será superada, mas isso ocorrerá quando tiverem aprendido as lições da vida na terra. Aquele que triunfar, herdará o reino de luz que está dentro de si, e aí será, inconscientemente para si mesmo, entronizado como um rei espiritual, o homem perfeito."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 83/84)


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

TENTAÇÃO

"Se você se encontra tentado para um vício, ou seja, para iniciar-se em bebidas alcoólicas, jogo de azar, cigarro, tóxico, perversão erótica, roubo e coisas assim, saiba que está numa terrível encruzilhada.

De um lado, o caminho largo da autogratificação, do gozo, da irresponsabilidade, da facilidade inicial... Do outro, o caminho estreito, do autocontrole, da disciplina, da purificação, da elevação, da sublimação...

O caminho largo, efetivamente, é muito mais sedutor. Mas não ceda. Ele conduz às 'trevas exteriores, ao choro e ranger de dentes', isto é, à doença, à miséria, à escravidão, à loucura, ao inferno.

O caminho estreito é desafiador, difícil, exigindo esforço e abnegação, sacrifício e retidão. Mas conduz à liberdade, à saúde, à força, à paz, à salvação.

É você quem deve decidir. É você também aquele que vai ser esmagado ou glorificado. Assuma a responsabilidade, e faltando coragem, recorra a Deus. Opte: dor ou felicidade.

Assume, Senhor, minhas opções e fortalece-me para que eu vença e avance pelo estreito caminho da redenção."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, rio de Janeiro, 1995 - p. 125/126)