OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

DOIS CAMINHOS

"Na vida há um caminho de Ida e outro de Volta.

No trajeto de ida, a alma é ainda jovem e acha que pode tudo, que tudo é dela, sonha com riquezas e posses e quer conquistá-las a todo Custo. Faz parte de nossa etapa evolutiva adquirir bens materiais que nos deem prazer, como brinquedos para uma criança.

O tempo passa e chega a hora de trilharmos o Caminho de Volta.

A alma sofrida e amadurecida começa a entender que nada lhe pertence. Surge a compreensão interior de que somos apenas administradores dos bens e dons recebidos. A vida é uma e una e tudo é de todos e de ninguém.

É quando a luz se acende, a ficha cai e o esplendor se faz presente.

Depois de muito peregrinar o ser se ilumina e finalmente entende essa máxima divina: 'Quem não quer nada pode dar tudo.'

Lenta e persistentemente a senda é seguida, o caminho vai se abrindo e o ser sente que nada mais lhe falta, pois ele não está mais preso a nada. Só tem compromisso com sua missão, seu dharma, sua obrigação: Servir. 

A maioria de nós ainda se encontra no meio do caminho (buscando o caminho do meio), saindo da adolescência espiritual e nos preparando para nova etapa de nossa trajetória. 

Periodicamente a Vida se apresenta mais intensamente, nos impulsionando a ser quem verdadeiramente somos. Luzes.

Vamos!"

Extraído do livro "Escrita Divina", de Fernando Mansur, Rio de Janeiro, Edição do autor, 2017, p. 139.
Imagem: Pinterest. 

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA ALMA

"(...) A Vida Divina ama todos os filhos que envia a este mundo, seja qual for sua posição, seja qual for o grau de sua evolução, por muito inferior que seja. Porque o amor do Divino, de onde tudo emana, nada tem fora de si próprio. A Vida Divina é o âmago de tudo o que existe, e Deus está presente tanto no coração do malfeitor como no coração do santo. No Pátio Externo, o Divino deve ser reconhecido, não importando quão espessos sejam os véus que o escondem, pois ali os olhos do Espírito abri-se-ão e não haverá véus entre ele e o Eu dos outros homens. Portanto, aquela nobre indignação tem de ser depurada de tudo quanto seja cólera, e transformada numa energia que nada marginaliza do seu âmbito auxiliador, amparando tanto o tirano como o escravo, e encerrando, no mesmo abraço, tanto o opressor como o oprimido. Porque os Salvadores dos homens não fazem acepção entre os que Eles devem servir - Seu Serviço não conhece limitações. O que são servidores de todos não odeiam ninguém no Universo. O que antes era cólera tornou-se, pela purificação, proteção aos fracos, oposição impessoal aos grandes males, justiça perfeita pra todos.

E o que fez com a cólera deve fazer com o amor. O amor começa a manifestar-se na Alma sob seu aspecto mais pobre, sob seu aspecto inferior, quando ela começa a progredir. Talvez sob o aspecto que só conhece a procura exterior do outro, e que, em sua autossatisfação, nem mesmo se preocupa com o que acontece àquela que amou. Quando a Alma se faz mais elevada, o amor transforma seu aspecto, faz-se mais nobre, menos egoísta, menos, pessoal, até ligar-se aos elementos superiores do bem-amado, em vez de ligar-se ao invólucro externo. O amor, que era sensual, torna-se moralizado e purificado. (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo,1995 - 26/27)
www.pensamento-cultrix.com.br


sexta-feira, 9 de março de 2018

A VOZ DA VIDA

"O objetivo e a direção da vida estão nas mãos da Vida Eterna. Nosso dever é dar cada passo nítida, sincera e corajosamente. Acontecimentos comuns na vida do aspirante adquirem uma complexidade divina. Seus próximos são fragmentos divinos, lutando na treva ao seu lado para serem compreendidos, e o aspirante está sempre pronto a lhes ajudar. Os acontecimentos da vida, mesmo os pequenos, tornam-se cheios de mensagens, desde que ele saiba que eles são a Voz da Vida falando à sua alma. Na vida do discípulo, disse H.P.B., não há acontecimentos insignificantes e, por vezes, os mais triviais são os que contêm mais significados. Por isso ela nos recomenda pensar sobre os acontecimentos da vida e tentar extrair deles os seus significados, estudá-los e tentar ver que mensagens contêm para o desenvolvimento de nossa alma. Pois Vida é Deus, e Deus é Amor, e trabalha somente para a realização e bem-aventurança futuras. Assim aprendemos a ler o Grande Livro da Vida. Isto é bem mais importante do que ler qualquer livro impresso, embora estes possam nos ajudar a ler os maiores.

Somos contra os problemas? Como nos desenvolveríamos se nunca tivéssemos que lidar com algum problema? Preferiríamos qualquer outra coisa? Talvez, mas a Vida é mais sábia. Aparece uma oportunidade de serviço. Nós a tomaríamos? Uma pessoa superfranca segura um espelho diante de nosso olhar espantado. Ficamos ressentidos, negamos, vamos nos vingar? Ou ficamos contentes por termos assim um ângulo de visão que não nos tinha ocorrido? Possa agora olhar para meu passado e ver que muitas coisas rudes e mesmo indelicadas que me foram ditas estavam bem fundamentadas na verdade. Mas somos delicados? Ou o nosso temperamento e a preguiça dominam nossos impulsos generosos? Como o Mestre K.H. uma vez escreveu a um chela em prova: 'O maior consolo e o principal dever da vida, criança, é não infligir dor, e evitar causar sofrimento ao homem ou ao animal.' Ter cortado o nosso egocentrismo é um grande auxílio. A pequenina Tereza de Lisieux escreveu, em certa ocasião, que, se alguém está bem no primeiro degrau de uma escada e não pode ir adiante, é uma grande paz, pois ninguém a inveja nem deseja substituí-la."


(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 200/201)
www.editorateosofica.com.br

segunda-feira, 5 de março de 2018

A COOPERAÇÃO

"Faz parte do plano do LOGOS o fato de que o gênero humano, em certo estágio de sua evolução, precisa começar a guiar-se. Por conseguinte, todos os Budas, Manus e Adeptos futuros serão membros da nossa própria humanidade, quando os Senhores de Vênus tiverem ido para outros mundos. Por conseguinte, também, o LOGOS efetivamente conta com todos nós, com vocês e comigo. Podemos ter noventa e nove defeitos e uma única virtude, mas se essa única virtude for necessária à obra teosófica (e que virtude não é necessária?), teremos, seguramente, a oportunidade de utilizá-la.

Devemos, portanto, dar valor aos nossos colaboradores pelo que eles podem fazer, e não estar constantemente a censurá-los pelo que não podem fazer. Muitas pessoas lograram o direito de fazer alguma espécie de trabalho, muito embora seus defeitos sejam maiores que suas virtudes. As pessoas, não raro, cometem um triste erro ao comparar o seu trabalho com o dos outros, e ao desejar que se lhes enseje a mesma oportunidade ensejada a outros. A verdade é que cada qual tem seus próprios dons e seu próprios poderes, e de nenhum homem se espera que faça tanto quanto faz outro homem, mas apenas que faça o melhor que puder - simplesmente o melhor que puder.

Disse o Mestre, certa vez, que, na realidade, só existem duas classes de homens - os que sabem e os que não sabem. Os que sabem são os que viram a luz e se voltaram para ela, seja qual for a religião pela qual se guiam, por maior que seja a distância da luz em que possam encontrar-se. Um sem-número deles pode estar sofrendo muito em sua luta na direção da luz, mas, pelo menos, tem a esperança diante de si, e se bem simpatizemos profundamente com eles e nos esforcemos por ajudá-los, compreendemos que não constituem, de maneira alguma, o pior caso. As pessoas que realmente merecem piedade são as que se mostram totalmente indiferentes a todo e qualquer pensamento elevado - as que não lutam porque não lhes interessa, nem pensam nem sabem que há alguma coisa pela qual se deve lutar. São, na verdade, os que formam 'a grande humanidade órfã'."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 120)
www.pensamento-cultrix.com.br


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (3ª PARTE)

"(...) Tendo-se retirado e descansado completamente, enviai uma ardente invocação aos Deuses da Luz e ao Senhor da Luz, para que possais ser iluminados em vossa busca, e professai um voto solene de que todo o conhecimento eventualmente obtido será dedicado ao serviço de vossos irmãos. Procurai o conhecimento, só assim podereis ensinar; procurai a luz, só assim podereis iluminar os outro; procurai o poder que o conhecimento dá, para que possais rasgar os véus do preconceito e da ignorância nos quais a raça humana está tão fundamente envolta. Vosso ofício deve ser dúplice: deveis ser um tocheiro e um desvelador.

Tendo erguido vossa prece e professado vosso voto, pratiqueis a arte de colocar vosso corpo inteiramente em repouso, de domar as tempestades das emoções, de aquietar vossa mente, pois são preliminares imprescindíveis. E quando a calma reinar em vossa natureza interna e externa, pensai fortemente em vosso coração como uma gruta, onde vossa alma possa penetrar em sua busca de luz. Pensai firmemente, durante vários dias, na gruta de vosso coração, e tentai concentrar vossa mente lá; gradualmente, onde só havia escuridão, uma luz começará a brilhar – uma luz que o guiará no caminho. Aprofundai-vos na contemplação da verdadeira luz, que brilha em cada homem, cujos lampejos finalmente aprendeis a discernir. À medida em que a luz cresce e começa a vos envolver, alçai-vos em pensamento, dentro de vós mesmos, em direção ao meio de vossa cabeça, onde encontrareis uma luz maior; tendo encontrado esta passagem, continuai a meditar sobre a luz. Pensai em vós como um fulgor da Luz Única, uma centelha da Chama Única, e forçai com todos vossos poderes de pensamento e vontade ainda mais acima, ainda dentro de vós, para dentro daquela Luz paternal de onde saístes. Alçai-vos através de vossa cabeça, através dos sentimentos para os pensamentos, ansiando beber a essência-pensamento, para tornar-se pensamento encarnado, e fixai vossa mente de modo inflexível sobre a luz, procurando a porta do Templo. 

A chave está em vossas mãos, eu vo-la dei; é o conhecimento de que o clarão que constitui vosso ser emana da Luz Única, a faísca que sois é parte da Chama Única: que possais ser o que em verdade sois. 

Gradualmente vós aprendereis a viajar por esta estrada que leva do coração à cabeça, e da cabeça ao lugar da luz. Encontrareis vossa luz iluminada por outra luz, que vem do alto, e aprendereis a reconhecer seu brilho. Através destes exercícios diários tereis dominado todas as muitas tendências do sentimento e do pensamento de escapar ao controle. Tereis construído os degraus que vos levarão às portas do Templo. A chave está em vossas mãos, colocai-a direto na fechadura e, girando-a, entrai no Templo da Luz. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (PARTE FINAL)

"(...) O homem da vontade treinou-se em muitas vidas de guerra sobre a terra, mas agora as batalhas são em outro campo e aprende a conquistar outros mundos. Ele é como um Alexandre, nunca satisfeito, mas sempre ansiando por estender as fronteiras de seu reino, não externamente, mas internamente, onde os domínios infinitos do mundo espiritual chamam com voz irresistível o aventureiro e explorador em sua alma. Não procura mais fincar a bandeira de uma só nação sobre as cidadelas que vai conquistar, ou nas terras ignotas que vai descobrir; a bandeira que ele desfralda é gravada com uma só palavra. Esta palavra é VONTADE, e significa o poder do Rei que o mandou e a quem serve. Sob esta bandeira ele luta, explora e procura grandes aventuras. Ele subjuga o mundo do mal, ele o preenche com romance, e abre caminhos por terras desconhecidas, para que os mais fracos possam passar. Onde quer que esteja, comanda; onde quer que vá, lidera; onde quer que lute, conquista, pois dentro de si reside um poder que não é seu, mas do qual é cada vez mais uma perfeita encarnação. No coração do conflito, na exaustão a que tantos labores reduzem seu corpo e mente, aquele poder o reergue, até que os homens o reconheçam invencível. Para aquela vontade ele é, porém, apenas um instrumento, obediente como seu corpo o é em relação à sua mente. 

Sua hora usualmente chega quando depõe suas armas, quando seus camaradas e seguidores de muitas vidas de façanhas e gloriosas conquistas aprendem a não reconhecê-lo mais como seu capitão e líder de um exército guerreiro; pois ele será chamado pela paz, e muitas recompensas o aguardam naquela Cidade onde o Rei, a quem serviu durante séculos, o coroará com a coroa de seu próprio reinado, e lhe transmitirá o comando absoluto sobre as terras e povos que fez seus. Então ele poderá vir a seu povo como sábio conselheiro, como pai, como um embaixador de seu Rei; todas as almas que o amaram e seguiram através de muitas guerras, em muitas vidas, o terão agora como salvador e rei; eles também o servirão, assim como ele tem servido ao Rei; e ele as conduzirá ao longo daquela estrada que ele passou, até que eles também sejam coroados, e na coroação conheçam o esplendor e o poder da vontade única e irresistível. 

Assim o homem da vontade cumpre seu destino. Ela se torna um rei no poder do Rei único, um embaixador daquele Um que ele agora conhece em si mesmo. Vontade é o poder que ele derrama, vontade é a bênção que distribui, pois agora ele acende dentro das almas de todos os seus súditos a chama da mesma vontade irresistível da qual ele é uma parte. Com seu toque, os homens sentem sua chama arder em si mesmos; assim ele lhes concede a primeira visão da divindade dentro de si mesmos, a primeira visão do esplendor que é sua missão revelar. Ele atiça estas centelhas até que se tornem labaredas, até que todas as pessoas de seu reino incandesçam com o mesmo fogo que o despertou ao longo da estrada; eles aprendem a incinerar todos os obstáculos pela ígnea intensidade de sua vontade, até que um dia, por sua vez, e aos milhões, aprendam a governar e derramar sobre o mundo a bênção daquela Onipotência cujos sacerdotes ter-se-ão tornado. 

Assim, ao longo das eras, o fogo da Vontade vai passando, da poderosa Chama que ilumina o universo, através dos fogos vivos que os homens chamam de sóis, que dão vida, luz e poder a sistema após sistema, através do grande Doador de Vida de cada planeta, seu senhor e governante absoluto, através dos reis espirituais que O servem, os poderosos Senhores da Vontade, seus regentes e agentes, e através deles a seus seguidores, o povo do mundo, e mais adiante ainda, aos animais e formas de vida inferiores. 

Erguei-vos então, homens da Vontade; deixai de ser renegados; voltai aos postos que tendes abandonado e ao serviço daquela estupenda hierarquia de reis, no conhecimento certo de que um dia vós mesmos obtereis o poder de comandar a vasta armada que é vós próprios; até aquele dia em que sejais, vós mesmos, coroados monarcas de algum mundo futuro e sejais chamados de Sol, aquele dia em que tomareis assento entre os rodopiantes sistemas estelares como regentes e governadores de um inteiro Universo." 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



domingo, 14 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) O Ocultista - o homem ou a mulher que almeja a perfeita aptidão espiritual - deve transcender o anelo de qualquer que seja o tipo, toda fraqueza que exija autoindulgência, e atingir um estado de autodomínio espiritual. Seu amor é doação de si mesmo em abundância, de si mesmo em sua pura natureza, na realidade nada mais possuindo. É a neutralização do veneno do senso de eu e a libertação do prisioneiro movimento de vida de suas limitações de tempo na eternidade.

Os direitos de posse, de asserção de si próprio e de ilimitada autoindulgência são em toda parte os mais desmedidos fenômenos da vida moderna e aos quais se devem a maioria de nossas dificuldades. Nenhuma pessoa sensível pode esperar uma perfeição impossível no atual estágio, nem fará bem algum pregar o ideal do sannyasi - renunciante indiano - ao homem do mundo. Não existe disciplina modeladora, não existe uma vida verdadeiramente espiritual nos dias de hoje que possa ser praticada pelo homem do mundo. O mérito dos ashramas (estágios de vida), na Índia antiga, era que os deveres designados para cada estágio - juventude, virilidade, maturidade e o período anterior à temporária libertação do corpo - eram calculados para preparar o indivíduo para os estágios seguintes e torná-lo cônscio o tempo todo de um propósito profundamente espiritual na vida. 

O ideal do amor, na vida prática do dia a dia, deve significar o serviço de cada um a tudo dentro de sua esfera, consideração dos direitos dos outros, autocontrole, e particularmente cessação de crueldade e luxúria. Pode haver uma medida de liberdade espiritual para cada um se as condições de vida forem organizadas com base nisso. 

Cada um deve descobrir em si próprio aquilo que é capaz de uma bela expansão, que será uma proteção e uma bênção aos outros e o meio de libertar a luz em si próprio. Nessa luz e expansão está a mais pura felicidade.

Há momentos, que raramente nos ocorrem, quando sentimos a bem-aventurança de um temporário autoesquecimento, seja através da devoção, do amor humano, ou do auxílio altruísta ao outro, e nesses momentos atingimos uma certa centelha que pode transformar-se numa chama brilhante. Quando esse estado for atingido, seremos homens e mulheres libertos."

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 39/40


sábado, 13 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A libertação pode ser vista tanto como um fim quanto como um processo. A compreensão do processo no qual estamos envolvidos abrirá uma visão quanto ao fim.

O processo é contínuo, é a senda descrita na filosofia indiana como a senda do retorno. A senda na qual o homem não anseia por mais experiência do tipo provido pelo mundo, mas, tendo chegado a um ponto de saturação, busca conhecer o valor e significado de tudo isso, e ao compreender, descobrir a si mesmo. Ele então atinge o estágio de descobrir o que está sendo limitado e o que o limita. 

Aquilo que deve ser liberado na realidade somos nós mesmos, como somos profundamente dentro de nós, e não como normalmente sentimos que somos. O puro fluir de nossa consciência tornou-se dividido e estreitado, e coloriu-se de apegos, repulsões, ganância, medo, convencionalismos e hábitos.

Libertação é essencialmente se libertar do carcereiro do egoísmo frio e venenoso do qual todo mal que vemos é apenas o resultado monstruoso. Nossa experiência diária pode ensinar-nos que o amor, como uma emoção ou força abnegada, é o único e supremo libertador de nosso egocentrismo.

Infelizmente, nos dias de hoje, a palavra amor assumiu uma importância aviltada. Passou a conotar excitação sexual física, sua indulgência e um estado de possessividade baseado na ânsia por tal excitação. Não é o amor de São Paulo em sua carta aos Coríntios ou bhakti (devoção com autoentrega) do verdadeiro devoto. 

O principal meio de libertação em relação ao nosso próximo só pode ser amor expresso em serviço, ação na qual o eu é esquecido e através da qual um Eu Superior é manifestado, resultando na criação de beleza e felicidade. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 38/39


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O DISCIPULADO E A LEI

"Antes de encontrar o Primeiro Portal, o peregrino, com alma sedenta e mente desconcertada, exasperadamente procura algo que valha a pena ser amado, que valha a pena servir.

Defronta-se com a Imutável Esfinge do Mistério. Compreende que não encontrará nenhuma ajuda fora de si mesmo. Consegue entender a Lei de desvinculação e, contudo, a sua personalidade mortal ainda anela simpatia e compreensão. 

A crueldade da vida, a incerteza da hora da morte, continuam projetando sombras sobre sua Senda. Para dissolvê-las, terá que deixar de olhar para trás.

A parte mais penosa do seu caminho é ver que, justamente aqueles aos quais procurou servir, não compreendem seu trabalho. Rebelam-se contra ele, condenando e destruindo tudo aquilo que procura fazer com tanto esforço.

Aquele que passou o Primeiro Portal deve aprender a estender a taça da compaixão a todos que dela necessitam, recusando um só gole para si, permanecendo sedento até que algum companheiro, percebendo a sua sede, também lhe dê de beber.

A mesma Lei que impede o instrutor espiritual de se defender, obriga o discípulo a resguardar tudo aquilo que seu Mestre representa e a defendê-Lo contra qualquer agressão. O discípulo que não reagir em defesa de seu Mestre, não deverá ficar surpreso ao encontrar fechado o Portal do Conhecimento.

O discípulo se eleva e decai junto com seu Mestre e, uma vez tendo-O reconhecido, não pode repudiá-Lo.

O homem que quer perceber o Divino, primeiramente precisa apagar de si a própria imagem.

Entre dez mil homens, nenhum reconheceria um Mestre que estivesse em sua companhia.

Os homens costumam dizer: 'Se os Iniciados existem, por que não vivem entre nós?' Não se apercebem de que a vida que levam impossibilitaria a um Iniciado permanecer entre eles.

Quando o homem purificar seus vários conceitos, criados pela personalidade inferior, convencer-se-á, por si mesmo, da existência da Loja dos Mestres.

Antes de falar sobre as obrigações para com a sociedade, a religião, a ciência e o trabalho, é preciso não esquecer o simples dever fraterno – do som da voz, do toque da mão – para com seu irmão ou sua irmã."

(K. Barkel - Cruz, Estrela e Coroa, Ensinamento de Whitehawk - Universalismo - p. 6/7)


terça-feira, 21 de novembro de 2017

A PERCEPÇÃO DA UNIDADE

"Como lhe será possível ir além? Vida após vida, ele aprendeu a identificar-se com o homem; vida após vida, aprendeu a responder a todo grito de dor. Pode, agora que é livre, prosseguir e deixar os outros acorrentados? Pode entrar na bem-aventurança deixando o mundo no sofrimento? Ele, a quem chamamos Mahatma, é a Alma liberta que tem o direito de prosseguir mas, em nome do Amor, regressa trazendo seu conhecimento para remediar a ignorância, sua pureza para absolver a infâmia, sua luz para afugentar a escuridão; aceita novamente o peso da matéria até que toda a humanidade seja libertada, e então prosseguirá, não sozinho, porém como o pai de uma grande família, levando com ele a humanidade para compartilhar do mesmo fim e da mesma bem-aventurança no Nirvana.

Esse é o Mahatma. Vidas sucessivas de esforço coroadas com a suprema renúncia; perfeição obtida através da luta e do trabalho, e depois o regresso para ajudar aos outros a chegarem onde ele chegou. Sua mão está pronta para ajudar a toda Alma que lhe estende as mãos à procura de ajuda. Seu coração responde à súplica de todo irmão que peça sua orientação; e eles estão lá, esperando o momento em que desejemos ser ensinados, dando-lhes a oportunidade de obter o Nirvana, ao qual renunciaram."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 28/29)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (PARTE FINAL)

"(...) As explanações dadas aqui a respeito do que deve ser o discípulo, significam que ele deve ser como uma estrela que dá luz a todos sem tirá-la de ninguém; como a neve que recebe a geada e os ventos cortantes para proteger do frio as sementes que dormem na terra e permitir sua germinação quando chegar a estação do crescimento. Eis a instrução à qual os Mestres Divinos exigem obediência; eis o que eles pretendem dos homens que desejam tornar-se discípulos. Não a realização imediata, mas sim o empenho; não a perfeição imediata, mas sim o esforço; tampouco é exigida, certamente, a revelação do ideal, mas sim a luta por alcançá-lo superando fracassos e desacertos. E agora eu lhes pergunto: Acreditam que aqueles entre nós, que acatamos isto como um ideal e que reconhecemos ser uma exigência que nos é imposta por nossos Mestres, possamos prejudicar a sociedade ou que sejamos apenas os serventes da humanidade obedecendo àqueles cuja lei nos esforçamos em acatar?

Além disso, como já mencionei, vida após vida estas qualidades se desenvolvem, até chegar finalmente o momento em que as debilidades do homem tenham diminuído e as fraquezas da natureza humana tenham sido gradualmente superadas, quando haverá uma compaixão inabalável, uma pureza incorruptível, um imenso conhecimento e uma sensação de despertar espiritual; estas qualidades caracterizarão o discípulo que está se aproximando do limiar da libertação; despontará então o dia em que tiver chegado ao final do Caminho, quando o percurso estará terminado e a última possibilidade de transformar-se no Homem Perfeito surgirá diante de seus olhos. Nesse momento, a terra, tal como era concebida, passa a um segundo plano; mas ele – a Alma liberta (como é chamado), a Alma que conquistou sua liberdade, a Alma que conseguiu superar as limitações humanas – ele permanece no limiar do Nirvana, daquela consciência e bem-aventurança perfeitas que se encontram além dos horizontes do pensamento humano é das possibilidades de nossa consciência limitada. Foi dito que, enquanto ele permanece lá, há silêncio; silêncio na Natureza, pois um de seus filhos está transcendendo-a, silêncio que, por algum tempo, nada poderá perturbar, a Alma liberta conquistou sua liberdade. Finalmente, esse silêncio é quebrado por uma voz; uma voz que em uníssono representa o grito de angústia do mundo que foi deixado para trás. A súplica do mundo em sua escuridão, angústia, fome espiritual e degradação moral. Esse grito, que corta o silêncio que cercava a Alma liberta, é a súplica da raça humana à Alma que se ergueu para além de seus irmãos e encontrou a liberdade, enquanto eles permanecem acorrentados."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 27/28)

domingo, 19 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (1ª PARTE)

"(...) vida após vida, você deve exercitar-se, identificando-se cada vez mais com tudo, derrubando tudo aquilo que separa o homem do homem. Por esse motivo a fraternidade constitui nossa única condição, pois o seu reconhecimento é o primeiro passo para a concretização da inseparabilidade, necessária ao progresso do discípulo. E o treinamento preciso para o discípulo é aquele que o torna sensível às tristezas dos outros preparando-o, deste modo, a ajudar, e aquele que exercita sua autoidentificação com o todo de maneira que, finalmente, ele possa transformar-se num dos Salvadores do mundo. Pois, enquanto este treinamento prossegue vida após vida, desenvolve-se gradualmente neste ser humano uma simpatia em constante crescimento, uma compaixão cada vez mais profunda, uma benevolência que não pode ser perturbada e uma tolerância jamais abalada. Nenhuma injúria pode ofender, pois a dor é do seu autor e não daquele a quem se destinava. Nenhum erro pode provocar ira, pois você compreende porque o erro foi cometido e sente pena do autor, não podendo desperdiçar tempo encolerizando-se. Você não perdoará o erro, nem dirá que é justo, não simulará que o bem é o mal, pois essa seria a maior das crueldades e impediria o progresso da raça humana. Porém, mesmo reconhecendo o mal não haverá ira contra o malfeitor, por ser ele uno com sua própria Alma e por não admitir separação entre você mesmo e ele.

Por que tudo isso? Porque, enquanto esse crescimento se processa, as recordações e o conhecimento aumentarão; enquanto esse crescimento prossegue, a existência evoluída do Espírito no interior do discípulo se revelará cada vez mais na conduta do homem e, gradualmente, ele se sobressairá tornando-se um obreiro, um auxiliar e um labutador a serviço da humanidade, trabalhando para ela a fim de torná-la esclarecida, fornecer-lhe conhecimento e revelar-lhe a realidade que subjaz a todas as ilusões do mundo. Além disso, deve ser duro consigo mesmo, pois permanecerá entre o homem e o mal, entre seus irmãos mais fracos e as forças do mal que, do contrário, poderiam esmagá-los. (...)"

(Annie Besant - Os Mestres - p. 26/27)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NA ALEGRIA ESTÁ A VERDADEIRA VIDA ESPIRITUAL

"Tente, e perceba a beleza do sofrimento, quando o que o sofrimento faz é só tornar a pessoa mais apta para o trabalho. Certamente jamais devemos anelar a paz se na luta o mundo puder ser ajudado. Tente, e sinta que embora a treva pareça estar em toda sua volta, ainda assim ela não é real. Se algumas vezes Eles se ocultam em uma Maya (ilusão - NT) de indiferença aparente, é apenas para conceder Suas bênçãos com maior abundância quando a estação for propícia. As palavras não ajudam muito quando a escuridão é opressiva, ainda que o discípulo deva tentar manter inabalada sua fé na proximidade dos Grandes Seres, e sentir que embora a luz seja temporariamente retirada da consciência mental, mesmo assim ela cresce dia a dia no interior sob a Sua sábia e misericordiosa dispensação. Quando a mente se torna novamente sensível, ela reconhece com surpresa e alegria como o trabalho espiritual foi feito sem que se tivesse consciência alguma dos detalhes. Nós conhecemos a Lei. No mundo espiritual noites de maior ou menor horror seguem o dia, e aquele que é sábio, reconhecendo que a treva é o fruto de uma lei natural, deixa de se incomodar com isso. Podemos descansar certos de que a escuridão, por sua vez, se dissipará. Lembre sempre que detrás da mais espessa fumaça sempre existe a luz dos Pés de Lótus dos Grandes Senhores da Terra. Fique firme e jamais perca a fé n'Eles, e então não haverá nada a temer. Podem e devem haver provações, mas você deve estar certo de que conseguirá suportá-las. Quando a sombra que caiu como uma mortalha sobre a Alma se retira, então somos capazes de ver quão realmente evanescente e ilusória ela era. Mesmo assim esta sombra, enquanto perdura, é real o bastante para levar a ruína para muitas almas nobres que ainda não adquiriram força suficiente para suportá-la. 

A vida e o amor espirituais não se esgotam quando são dispendidos. A doação apenas acrescenta ao reservatório e o torna mais rico e intenso. Tente, e seja tão feliz e contente quanto puder, porque na alegria está a verdadeira vida espiritual, e a tristeza é apenas o resultado de nossa ignorância e falta de visão clara. Assim, você deve resistir, até onde puder, ao sentimento de tristeza: ele anuvia a atmosfera espiritual. E embora você não possa evitar inteiramente sua chegada, mesmo assim você não deve ceder completamente a ele. Pois lembre-se de que no verdadeiro coração do universo existe a Beatitude. (...)"

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 5)
www.editorateosofica.com.br


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O VERDADEIRO OCULTISTA

"O verdadeiro Ocultista, ao mesmo que tempo que para si mesmo é o mais severo dos juizes, o mais rígido dos feitores, é para todos ao seu redor o mais compreensivo dos amigos, o mais gentil dos auxiliares. Conseguir esta gentileza e poder de simpatia deveria, assim, ser o desejo de cada um de nós, e isso só pode ser obtido pela incansável prática desta gentileza e simpatia para com tudo, sem exceção, que nos rodeia. Cada futuro Ocultista deveria ser a pessoa, em sua própria casa e círculo, para quem todos mais prontamente acorrem quando na tristeza, na ansiedade, no pecado - certos que estão da sua simpatia, e de sua ajuda. A pessoa mais desinteressante, a mais bruta, a mais estúpida, a mais repelente, deveriam ver nele pelo menos um amigo. Todo anseio em busca de uma vida melhor, cada desejo nascente em direção ao serviço altruísta, toda vontade recém-formada de viver mais nobremente, deveria encontrar nele alguém pronto a encorajar e fortalecer, de modo que todo germe de bem possa começar a crescer sob a calorosa e estimulante presença de sua natureza amorosa. 

Atingir tal poder de serviço é uma questão de autotreinamento na vida diária. Primeiro precisamos reconhecer que o EU em todos é um só, de modo que em cada pessoa com quem entramos em contato devemos ignorar tudo o que é desagradável na casca exterior, e reconhecer o EU entronizado no coração. A próxima coisa a notar - em sentimento, não só em teoria - é que o EU está tentando se expressar através dos invólucros que o obstruem, e que a natureza interna é toda adorável, e é distorcida para nós pelos envoltórios que a contêm. Então deveríamos nos identificar com aquele EU, que na verdade é nós mesmos em sua essência, e cooperar com ele em sua luta contra os elementos inferiores que sufocam sua expressão. E uma vez que temos de agir para com nosso irmão através de nossa própria natureza inferior, o único caminho de ajudar eficazmente é ver as coisas como aquele irmão as vê, com suas limitações, seus preconceitos, sua visão distorcida; e vendo-as assim, e sendo afetados por elas em nossa natureza inferior, ajudá-lo do seu modo e não do nosso, pois só assim se pode prestar um auxílio real. Aqui entra o treinamento Oculto. Nós aprendemos a nos retirar de nossa natureza inferior, a sentir seus sentimentos sem sermos afetados por eles, e deste modo, ao mesmo tempo que experimentamos emocionalmente, julgamos com o intelecto. 

Devemos usar este método quando ajudarmos nosso irmão, e ao mesmo tempo que sentimos como ele sente, como uma corda afinada ecoa a nota de sua vizinha, devemos usar nosso 'eu' desapegado para julgar, para aconselhar, para estimular, mas sempre usando-o de modo que nosso irmão esteja consciente de que é a sua própria natureza superior que está expressando a si mesma através de nossos lábios. Devemos desejar compartilhar o nosso melhor; a vida do Espírito não é guardar, mas dar. Frequentemente o nosso 'melhor' seria indesejável para aquele a quem tentamos ajudar, assim como a poesia refinada não é atraente para a criança pequena; então devemos dar o melhor que ele possa assimilar, guardando o restante, não porque somos ciumentos, mas porque ele ainda não o requer. (...)" 

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 2/3


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

AÇÕES QUE PODEM TORNAR A DISCIPLINA VITORIOSA

"A morte acoça seus passos como um tigre no mato. Assim, sem maiores delongas, esmere-se em descartar a preguiça e o rancor; fique sereno, mesmo dentro das tempestades; associe-se com pessoas tranquilas. Deixe que a fragrante fumaça dos pensamentos divinos, repletos de amor, cresça à sua volta.

Abrande seu coração. Depois disso, a vitória da disciplina é rápida. Fale brandamente. Fale só de Deus. Este é o processo de amaciar o 'subsolo'. Aumente a compaixão e a simpatia. Engaje-se em serviço, na compreensão da agonia, da pobreza, da doença, do sofrimento e do desespero. Compartilhe tanto lágrimas como boa disposição. Tal é a senda para enternecer o coração e tornar a disciplina (sadhana) bem-sucedida. 

Há ferro; há também o imã. Este atrairá aquele para si. Tal é o destino dos dois. Mas, estando o ferro recoberto de ferrugem, a 'graça' (do imã) não pode operar tanto quanto necessário a atrair o ferro. A obsessão erótica age, sem dúvida, como a ferrugem. Atua como dust (pó), que provoca rust (ferrugem). Esta, por fim, fraturará o próprio ferro, e transformar-lhe-á a própria natureza inata. (...)"

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 175/176)


domingo, 27 de agosto de 2017

A GRANDEZA ESTÁ NO SERVIÇO ESPONTÂNEO

"Ó Tao!
Tu, que tudo superas!
Em ti está o Todo.
Em ti, a vida de todos os seres!
Tu não te negas a ninguém,
Tu, que tudo realizas,
Tudo nutres,
Tudo fazes prosperar!
Tu, o eterno servidor da vida,
Jamais te vanglorias de nada.
Pequenino pareces aos que ignoram
A tua grandeza.
Grande, porém, és
Tu, de que tudo vem
E a quem tudo volta.
Nunca te arvoras em dominador.
....................................................
Assim também o sábio sempre serve,
Realizando grandes coisas,
Sem se ufanar da sua grandeza.

EXPLICAÇÃO: Esta apoteose da Divindade lembra as palavras de Santo Agostinho: 'Ó Deus! Formosura sempre antiga e sempre nova - quão tarde te amei!... Tu estavas em meu coração - e eu te buscava lá fora... Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo... E então tu me chamaste em altas vozes... rompeste a minha surdez... relampejaste e afugentaste a minha cegueira... rescendeste suaves perfumes em torno de mim, e eu os sorvia - e agora vivo a suspirar por ti... Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti... Tocaste-me de leve - eu me abrasei em tua paz.

Quanto mais te possuo, tanto mais te procuro... Que eu me conheça a mim para que te conheça a ti'.

Lembra também as palavras de Jesus a seus discípulos: 'Os reis e príncipes deste mundo são chamados grandes, porque são servidos por seus súditos. Entre vós, porém, não há de ser assim; aquele que dentre vós quiser ser grande seja o servidor de todos'."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 97/98)


sexta-feira, 23 de junho de 2017

PURIFICAÇÃO (3ª PARTE)

"(...) Depois desse momentâneo relancear de olhos, nunca mais aquele peregrino será o mesmo, porque embora apenas por um instante, compreendeu quais eram a meta e a finalidade. Viu o ápice rumo ao qual está galgando, e viu também o caminho íngreme, mas muito mais curto, que sobe diretamente do flanco da montanha até o lugar onde o templo resplandece. Compreende, naquele momento, que a estrada tem um nome - 'serviço' - e que os que enveredam pelo caminho mais curto devem entrar através de uma porta, onde as palavras 'Serviço do Homem' estão brilhando com letras douradas. A Alma compreende que, antes de poder alcançar pelo menos o Pátio Externo do Templo, deve passar através daquela porta e compreender que a vida é feita para o serviço e não para a autoprocura, que a única maneira de subir mais rapidamente é fazê-lo por amor dos retardatários, a fim de que o auxílio mais eficaz, vindo do Templo, possa ser enviado ao encontra dos que vêm subindo, o que de outra forma não seria possível. 

Essa visão não passou de um vislumbre fugaz, foi apenas um rápido olhar ziguezagueante, porque os olhos foram colhidos por um único dos raios de luz dimanados do alto da montanha. Há tantas coisas atraentes dispersas ao longo daquela estrada em espiral, que o relancear dos olhos da Alma facilmente se deixa atrair para elas. Mas, uma vez recebida aquele cintilação, existe a possibilidade de a alma obtê-la de novo, com maior facilidade. Quando a meta procurada, o dever e o poder do serviço lograram essa momentânea e imaginativa compreensão da Alma permanece ali o desejo de trilhar uma senda mais curta e encontrar o caminho que leve diretamente, pelo flanco da montanha, ao Pátio Externo do Templo.

Após aquela primeira visão, a Alma é visitada amiúde pelos raios de luz, cujo brilho vai se tornando cada vez mais intenso. Vemos que essas Almas, que apenas por um momento reconheceram que há um escopo, um propósito na vida, começaram a subir com maior resolução do que suas semelhantes. Embora ainda estejam dando voltas em torno da montanha, observamos que começam a agir com maior firmeza no que se refere às virtudes, e que se dedicam com maior persistência ao que reconhecemos como religião, essa religião que se esforça por ensinar-lhes como podem subir, e como o Templo pode finalmente ser alcançado. (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo 1995 - p. 11/13)


quinta-feira, 8 de junho de 2017

A COMUNHÃO DOS SANTOS (PARTE FINAL)

"(...) Temos de aprender a nos doar em serviço, em todos os lugares e de todas as maneiras possíveis. À medida que assim fizermos, encontraremos o Senhor em cada forma, a cada momento, e sua presença estará refletida em nós em cada ângulo.

Além de honrar todos os santos - 'Não fazemos distinção entre profetas', disse o Profeta Maomé - é bom reconhecermos e compreendermos o valor do santo viver, isto é, uma vida de pureza e de serviço altruísta, especialmente nestes dias quanto a pressão do mundo é tão insistente e se lança sobre nós de tantas direções, que a beleza do outro mundo desaparece na obscuridade.

Não precisamos orar tanto para os santos no sentido de lhes suplicar favores, quanto a pensar em suas maravilhosas qualidades, para pôr seu exemplo perante nós e buscar sua inspiração. Na medida em que pensarmos neles, sua bênção certamente estará conosco.

O homem, segundo o conceito oriental, é, em seu ser interior, uma pequenina estrela que nasce e se põe muitas vezes na vida terrena, mas eventualmente - sua claridade aumentada a um poder mais elevado, e livre do apego a uma personalidade humana restrita - assume o lugar a ele alocado nos céus. Essas estrelas constituem a glória de nosso céu espiritual. Segundo a ordem de sua claridade, elas iluminam os degraus que levam ao altar de Deus."

(N. Sri Ram - o Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 61/62)

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A COMUNHÃO DOS SANTOS (2ª PARTE)

"(...) Todas as coisas belas surgem da mesma fonte, e dizem que secretamente estão em afinidade entre si. No caso dos Homens Perfeitos, este elo secreto torna-se um vínculo vivo e consciente, resultando em perfeita cooperação mútua.

Os grandes santos são retratados trajando mantos brancos, por causa de sua pureza. No processo de evolução o conhecimento, a princípio, destrói a inocência, mas posteriormente, com a crescente perfeição do conhecimento, a inocência é recuperada e temos, com a sabedoria da idade, a combinação de todas as qualidades que marcam as fases prévias de nosso crescimento.

No momento oportuno, cada filho do homem atingirá esse estágio e herdará o reino preparado para ele, que não está fora, mas dentro de seu coração, 'preparado desde a fundação do mundo'; porque na consciência oniabarcante o futuro está simultaneamente presente com o passado.

Em cada um de nós existe o germe da bondade e da beleza espiritual; e, à medida que o nutrirmos assiduamente, ele se tornará uma bela planta e produzirá na plenitude do tempo a flor de sua unicidade, e lançará sobre o mundo um perfume diferente de qualquer outro que já tenha existido.

Uma maneira de nutri-lo é participar em serviços para Deus, de tal ordem que abram nos participantes cada canal espiritual e o inunde com vida crescente. Outra maneira está indicada nas palavras: 'Porquanto fizestes a um dos meus pequeninos, a mim o fizestes'. (...)"

(N. Sri Ram - o Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 61)


sábado, 20 de maio de 2017

COMPARTILHE SUA FELICIDADES COM OS SEMELHANTES

"Seu desejo de ser feliz deve incluir a felicidade dos outros.

Quando servimos ao próximo, servimos a nós mesmos. Não pense: 'Ajudarei os outros', mas: 'Ajudarei meu próprio mundo porque de outra maneira não serei feliz'.

A lei da existência foi promulgada para nos ensinar a conviver harmoniosamente com a Natureza objetiva e com a nossa verdadeira natureza interior.

Se você tocar com os dedos uma chapa quente, eles se queimarão. A dor será uma advertência, que a Natureza ali colocou para protegê-lo de ferimentos no corpo.

Se tratar os outros sem bondade, assim será tratado tanto por eles quanto pela vida. Seu próprio coração, além disso, ficará murcho e ressequido. Desse modo a Natureza adverte os homens de que, pela maldade, eles rompem a harmonia com o Eu interior.

Conhecendo a lei e respeitando-a, as pessoas gozam de duradoura felicidade, boa saúde, e perfeita harmonia consigo mesmas e com a vida como um todo.

Há alguns anos eu tinha um belo instrumento musical, um esraj da Índia. Gostava de tocar nele música religiosa. Mas, um dia, um visitante deu mostras de apreciá-lo muito. Sem hesitar, dei-lhe o instrumento de presente. Tempos depois alguém me perguntou: 'Você não ficou nem um pouquinho triste?' 'Nem por um instante sequer!', respondi. Compartilhar com outros a própria felicidade é um modo de ser ainda mais feliz."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como ser feliz o tempo todo - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 71/72
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