OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 6 de setembro de 2022

O SIMBOLISMO DO HÁBITO RELIGIOSO

"Como as práticas religiosas despertam o interesse de muitos que buscam a espiritualidade, pode ser proveitoso refletir sobre a vida dos religiosos. Sua fraternidade e caridade, suas austeridades, seus estudos, suas meditações e suas orações são exemplos de práticas espirituais vistas como importantes pelo público. Portanto, em adição ao interesse por tudo que envolve uma religião, sua doutrina, seus livros, seus símbolos e suas práticas, pode-se incluir o dia a dia do monge.

A veste comumente usada por um monge é conhecida como hábito religioso. O aspecto dessa roupa pode lembrar uma capa ou manto e contar com um capuz capaz de ocultar a cabeça. Há variações na forma e na cor da indumentária, sendo frequente. no Ocidente, o uso da cor preta. A despeito da diversidade do hábito, essas vestes em geral são reconhecidas facilmente como pertencentes a um religioso e à sua ordem ou escola monástica. Mas como o hábito, enquanto veste, pode nos inspirar?

O hábito religioso naturalmente impressiona tanto o próprio monge quanto o devoto, em diferentes graus e modos. A simples visão da indumentária sacerdotal pode evocar pensamentos e sentimentos salutares. A devoção a uma causa nobre, a vontade de melhorar enquanto ser humano, o impulso para a prática do bem e da caridade são apenas algumas metas que podem ser trazidas à mente me diante um cenário inspirador, que as vestes ali presentes ajudam a compor.

A força do indumentário, portanto, é sobretudo simbólica. É desse modo que a arte, as práticas, as cerimônias e os textos abordados no ambiente em que se busca a espiritualização se revestem de um caráter eminentemente místico, metafísico. Nesse sentido, o hábito religioso também pode ser fonte de reflexão. Assim sendo, pode-se listar ideias que emergem na meditação sobre as vestes típicas do monge ou monja.

A veste religiosa envolve o devoto, identificando-o, acolhendo-o. Assim como o tecido protege do frio, preservando o calor do corpo, o hábito simboliza a proteção da natureza espiritual presente em toda criatura. Assim como a proteção nasce da concretização dos atos virtuosos, nas ações, nos pensamentos e nos sentimentos, o hábito acompanha o monge em todos os seus movimentos, pois é sua própria roupagem. Logo, suas atitudes o protegem, tal como o hábito religioso.

A veste monástica induz à interiorização e a uma atitude inspirada. Sob seu abrigo, o ser é levado a olhar para si mesmo. Afinal, o tecido reduz o alcance do meio exterior sobre os olhos. 'Os olhos não se cansam de ver', diz Eclesiastes. E, é sabido, o autoconhecimento é a chave do aperfeiçoamento com vistas à espiritualidade. Essa necessidade do exercício da auto-observação como ferramenta de progresso pessoal tem sido enfatizada pelos mais diversos pensadores da causa humana. Simbolicamente, sugerem o uso de um hábito pessoal imaginário, que pode ser cultivado pela meditação.

O devoto que observa o sacerdote totalmente envolto em seu hábito religioso também é convidado à introspecção. Vendo as vestes marcadas pela simplicidade, sem fantasias, o fiel se concentra nas palavras e nos atos do monge. A discrição, exemplificada no respeitável manto, é impactante à vista, principalmente para os observadores que têm 'olhos de ver, no dizer bíblico. Mergulhando no hábito religioso, o ser mergulha em si mesmo para melhor reconhecer o divino nas outras pessoas.

Por fazer parte do contexto religioso, a roupa sacerdotal nos remete de modo reflexo à ideia de que essencialmente somos de natureza espiritual. É desse modo que a silhueta das vestes assume um caráter de aura extrafísica. Uma aura de reverência e respeito por algo. muito além do próprio monge, mas algo que é por ele representado. Assim como ele representa o além, nós mesmos nos projetamos no religioso e nele nos espelhamos; não numa personalidade, pois ela está oculta e anônima sob as vestes, mas num ideal ali imaginado.

O hábito religioso ofusca a personalidade, conferindo ao 'eu' um caráter universal e altruísta. Enfim, quem é o monge por baixo do capuz? Não se sabe, mas podemos deduzir o significado do conjunto. Abraçados pela manta, os monges se igualam perante a espiritualidade. De joelhos ou prostrados perante a natureza, nivelam-se ainda mais entre si. Renunciam aos holofotes e se tornam um todo coletivo. São indistinguíveis. Transmitem o mesmo ideal, porque o que se vê é o mesmo que se quer representar: uma vida maior que a personalidade e oculta à retina mundana. Nesse sentido, é um antidoto ao egoísmo e ao orgulho. É humilde e ponderado."

(Fernando Gaspar - O Simbolismo do Hábito Religioso - Revista Sophia, Ano 19, nº 97 - p. 35/36)
Imagem: Pinterest.


sábado, 21 de outubro de 2017

SOBRE O MEDO (PARTE FINAL)

"(...) Ora, de que temos medo? Temos medo de um fato ou de uma ideia relativa ao fato? Temos medo da coisa, tal qual, ou temos medo daquilo que pensamos que ela é? Consideremos, por exemplo, a morte. Temos medo do fato da morte ou da ideia da morte? O fato é uma coisa e a ideia outra. Tenho medo da palavra 'morte', ou do fato em si? Porque tenho medo da palavra, da ideia, nunca chego a compreender o fato, nunca considero o fato, nunca estou em relação direta com o fato. Só quando estou em completa comunhão com o fato, não há temor. Se não estou em comunhão com o fato, há temor. E não estou em comunhão com o fato enquanto tenho uma ideia, uma opinião, uma teoria, relativamente ao fato. É necessário, portanto, que eu me esclareça bem se estou com medo da palavra, da ideia, ou do fato. Se me vejo frente a frente com o fato, nada há que compreender, nele; estou em presença do fato, e sei como proceder. Se tenho medo da palavra, devo então compreender a palavra, examinar todo o processo do qual decorre a significação da palavra, do termo. 

Por exemplo: uma pessoa teme a solidão, a dor, o sofrimento da solidão. Ora, esse medo existe porque a pessoa, em verdade, nunca encarou a solidão, nunca esteve em comunhão direta com ela. No momento em que alguém está completamente aberto para o fato da solidão, compreende o que ela é; mas se só se tem uma ideia, uma opinião a respeito do fato, baseado em conhecimento prévio, essa ideia, essa opinião, esse conhecimento prévio relativo ao fato, cria o temor. O temor, evidentemente, é produto do dar nome, do designar, do projetar um símbolo para representar o fato; isto é, o temor não é independente da palavra, do termo. 

Tenho uma reação, digamos, ligada à solidão, isto é, digo que tenho medo de ser nada. Temo o fato em si, ou esse temor é despertado por um conhecimento prévio do fato, sendo esse conhecimento a palavra, o símbolo, a imagem? Como pode haver temor em relação a um fato? Quando estou frente a frente a um fato, em comunhão direta com ele, posso olhá-lo, observá-lo, por conseguinte, não há medo deste fato. O que causa medo é minha apreensão relativamente ao fato, o que o fato possa ser ou fazer. 

Minha opinião, minha ideia, minha experiência, meu conhecimento relativo ao fato é que cria o temor. Enquanto houver verbalização do fato, que significa dar um nome ao fato e por conseguinte identificar-se com ele ou condená-lo; enquanto o pensamento estiver julgando o fato, na qualidade de observador, haverá temor. O pensamento é produto do passado, só pode existir por efeito da verbalização, dos símbolos, das imagens. Enquanto o pensamento estiver considerando ou traduzindo o fato, tem de haver temor. 

Assim, é a mente que cria o temor, sendo a mente o processo do pensar. Pensar é verbalização. Não se pode pensar sem palavras, sem símbolos, imagens. Estas imagens, que são nossos preconceitos, que é o conhecimento antecipado, as apreensões da mente, projetam-se sobre o fato, gerando o temor. Só há um estado livre de temor, quando a mente é capaz de observar o fato sem o traduzir, sem lhe dar nome, sem lhe pôr um rótulo. Isto é deveras difícil, porque os sentimentos, as reações, as ansiedades que temos, são logo identificados pela mente e ligados a uma palavra. O sentimento de ciúme é identificado por esta palavra. É possível não identificar um sentimento, olhar um sentimento sem lhe dar nome algum? E a atribuição de um nome ao sentimento, que lhe dá continuidade, que lhe dá força. No momento em que dais um nome à coisa que chamais temor, dais-lhe força. Mas se puderdes encarar o sentimento sem lhe aplicar um termo, vê-lo-eis dissipar-se. Por conseguinte, se desejamos ficar completamente livres do medo, é essencial compreendermos integralmente este processo de projetar símbolos, imagens e dar nomes aos fatos. Só pode haver libertação do temor, quando há autoconhecimento. O autoconhecimento é o começo da sabedoria, a qual é o fim do temor."

(J. Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 157/159
http://www.pensamento-cultrix.com.br/


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

SENDAS PARA A MESMA META (PARTE FINAL)

"(...) A Estrela Mística simboliza a luz que está distante e, no entanto, está perto, transcendendo todas as luzes menores que, imanente no coração de cada homem, são apenas seus reflexos. Demonstra-se então que todas as crenças são igualmente o Caminho da Estrela, enquanto todos os grandes atributos - Poder, Sabedoria, Amor, Beleza, e Alegria - são como aspectos dessa Realidade Una.

Uma vez que o caminho está oculto no coração do homem, não é de admirar que ele tenda a vaguear por caminhos que com muita frequência levam à falsidade e à superstição, que ele confunde com a verdade. O ritual mostra onde jaz a essência da senda que todos os Grandes Instrutores proclamaram.

Toda bela forma ritual tem como utilidade mostrar que a verdade por ela corporificada está impressa naqueles que participam, mais eficazmente do que qualquer nua apresentação de fatos poderia realizar.

É chegado o momento em que será reunido, em um todo, o conhecimento conquistado em diferentes campos através das pesquisas de especialistas, para que possamos ver os diversos processos evolutivos como parte de um plano. Similarmente, as crenças do mundo precisam ser compreendidas como preenchendo as mesmas necessidades humanas; homens e mulheres, de diferentes nacionalidades e raças, desempenhando diferentes funções, têm de compreender sua inseparabilidade, sua complementaridade e valor mútuo. Descemos na diferenciação de todo tipo; devemos 'ascender' à unidade da fraternidade. O ritual da Estrela Mística tem por objetivo lembrar-nos e ajudar-nos a ascender."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 91/92)


sexta-feira, 12 de maio de 2017

A MIRAGEM DO GRAAL

"A procura do Santo Graal é uma das mais famosas histórias do Ocidente. Conhecida como 'a jornada da busca', essa peregrinação é um importante símbolo místico, que representa o esforço da mente humana em sua busca por Deus. Mas um símbolo é apenas um indicador, um sinal que pode levar ao sagrado ou santificado; como tal, ainda está aberto a interpretações individuais.

A lenda do Graal foi, muito provavelmente, inspirada pelas mitologias celta e clássica. O Graal ou cálice é apenas um entre muitos exemplos de recipientes, como chifres e caldeirões mágicos, capazes de restaurar a vida. No mito celta, a taça ou caldeirão devolvia a vida, provia saúde, sustento e coragem. Essas qualidades estavam ligadas à natureza e ao ciclo das estações do ano, com suas características de regeneração e fertilidade; faziam parte de um modo simples de vida.

Durante o século XIII, quando a religião cristã substituiu grande parte dos ensinamentos pagãos, um significado espiritual novo e mais austero foi dado ao tema do Graal. Ele passou a representar a cura, a totalidade e acima de tudo a pureza através do sacrifício. Se a busca pelo Graal simboliza nossa própria busca por iluminação, isso faz sentido. Certamente a iluminação trará a cura e o completo senso de unidade com a fonte da vida, onde não há mais separação.

A interpretação cristã da busca fez também surgir um novo herói, o cavaleiro Parcifal. Ele personaliza o fato de que somente um homem de coração puro e inocente poderia encontrar o Graal. Por causa do sacrifício de Cristo por toda a humanidade, o cálice que continha o Seu sangue tornou-se o mais poderoso símbolo de pureza e de transformação para os cristãos. Jesus estabeleceu o exemplo do homem perfeito; desse modo, o Graal passou a representar o objetivo último daqueles que estão na senda espiritual.

O significado do Graal, portanto, mudou da fertilidade e da fartura dos pagãos para a renúncia e o serviço que a vida de Cristo representou. Para os cristãos, ele passou a representar o desenvolvimento espiritual por meio de longas e árduas provações, sacrifícios e sofrimento."

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 11/12)


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O PROPÓSITO DA ADORAÇÃO RITUALÍSTICA

"Os homens têm temperamentos diferentes na forma de adorar Deus. Para satisfazer as necessidades de todos, as escrituras prescrevem quatro métodos diferentes de adoração.

Um deles é o método ritualístico de adorar Deus, personificado numa imagem ou símbolo. Um método ainda mais do que esse é adorá-Lo por meio da oração e do japa. O aspirante espiritual ora, repete o nome de Deus e medita na forma luminosa de seu Ideal Escolhido dentro do próprio coração.

Mais elevado ainda é a meditação. Quando alguém pratica essa forma de adoração, mantém o fluxo do pensamento continuamente em Deus e permanece absorto na presença viva de seu Ideal Escolhido. Esse método transcende a oração e o japa, mas o sentido de dualidade ainda permanece.

O método de adoração superior a todos é aquele em que se medita na unidade entre o Atman e Brahman. Esse método condiz direta e imediatamente a Deus. O aspirante espiritual realiza Brahman e está convencido de que Deus existe. É a verdadeira constatação da Realidade onipresente.  

Esses são os diferentes estágios pelos quais o aspirante espiritual evolui. Para o ser humano, é de vital importância iniciar sua jornada espiritual a partir do estágio onde se encontra. Se o homem comum receber orientação para meditar em sua união com Brahman absoluto, ele não compreenderá a ideia. Não conseguirá captar a verdade desse fato nem será capaz de seguir as instruções. Ele poderá tentar durante algum tempo, mas, cedo ou tarde, irá se cansar e desistir.

Se esse mesmo homem, porém, for orientado a adorar a Divindade oferecendo-lhes flores, incenso e outros acessórios próprios à adoração ritualística, sua mente gradualmente se concentrará em Deus e ele encontrará alegria no ato de adorar. Por meio desse tipo de adoração, aumenta a devoção à prática do japa. Quanto mais sutil a mente se torna, maior sua capacidade de entregar-se a forma mais elevada de adoração. O japa inspira a mente à prática da meditação. Com isso, de forma natural, o aspirante dirige-se gradualmente para seu Ideal.

Tomem o exemplo de um homem no quintal de sua casa. Ele quer chegar até o telhado, mas em vez de subir os degraus da escada um a um para alcançá-lo, tenta pular de uma só vez. O que acontece com ele? Ele se machuca seriamente. Coisa semelhante acontece na vida espiritual. Deve-se prosseguir no caminho gradualmente, pois assim como existem leis que regem o mundo físico, existem também as que governam o mundo espiritual."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 222/223)


sábado, 18 de junho de 2016

OS PERIGOS DO CONHECIMENTO MAL EMPREGADO (PARTE FINAL)

"(...) A fim de compreender melhor as razões da prática universal de velar certas ideias em alegoria e símbolo, é necessário conhecer tanto a verdadeira natureza do homem quanto suas possibilidades. A respeito da natureza do homem, a definição do apóstolo Paulo está de acordo com a maioria dos ensinamentos antigos: 'Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?' (1 Cor 3:16) e '... nós é que somos o templo do Deus vivo ...' (2 Cor 6:16). O Deus vivo, o puro Espírito no homem, não é uma individualidade separada, mas um raio de um oceano infinito de Luz, o Deus supremo Universal. Esse conhecimento coloca o grande poder interior ao alcance de seu possuidor, pois se o raio divino no interior do homem torna-se uma influência ativa em sua individualidade física, dota-o com poderes semelhantes aos de Deus (Gn 3:5). 'A mais elevada revelação', declara Emerson, 'é que Deus está em cada homem.' Tal, resumidamente, é o homem - Espírito puro entesourado num corpo físico e operando através da mente humana. 'O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem é o Senhor do céu ... Eis que vos dou a conhecer um mistério...' (1 Cor 15:47-51).

As possibilidades humanas incluem a habilidade de provocar a manifestação em seu eu externo do aspecto puramente espiritual de sua natureza. Ele assim se torna dotado de poderes super-humanos, que abrangem uma vontade quase irresistível, faculdades supersensórias e capacidades físicas acima do normal. Utilizados em benefício dos demais homens, esses poderes podem ser valiosos. Mal utilizados, para vantagem pessoal ou nacional em detrimento dos outros, podem ser extremamente perniciosos. Uma possibilidade maravilhosa e um perigo muito sério estão, portanto, associados com esses poderes exacerbados. A possibilidade é que o homem possa utilizá-los para obter ainda maiores conhecimentos que possam ser colocados a serviço de seus semelhantes. O perigo é que, cego pelo egoísmo e uma paixão pela dominação, ele possa ser tentado a usar suas faculdades aumentadas para propósitos destrutivos. A fim de que o perigo possa ser reduzido a um mínimo e o conhecimento que dá poder seja preservado e colocado à disposição da humanidade, o conhecimento é formulado e entregue numa linguagem muito antiga composta de alegoria, parábola, imagem e símbolo."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 52)


quinta-feira, 21 de abril de 2016

EVOLUÇÃO A PARTIR DE CIMA (1ª PARTE)

"Tudo aqui embaixo tem sua contraparte nos planos de cima. É um aspecto da Realidade, embora pesadamente velado, e até certo ponto distorcido e deformado pelos véus. Imaginemos a raiz de toda manifestação como o ponto básico de um lótus, embora não perfeitamente formado. Toda a manifestação pode ser concebida como correntes de força circulando através desse ponto, trançando-se e destrançando-se de inúmeras maneiras. Assim, um padrão, uma ordem, um cosmos é criado. A opinião de que a base de toda manifestação, de toda matéria como a conhecemos, é força, é admissível mesmo segundo a ciência moderna. Todos os fenômenos são a atuação da energia de vida fluindo em um número infinito de ritmos e vibrações. Um átomo é apenas um sistema de forças; todas as formas são criadas pelo incessante alento de Deus. O que quer que surja é apenas a criação das forças que descem em correntes entrelaçantes, por meio de seus mútuos ajuste e desajuste temporários. 

Consequentemente, tal como é, o mundo é uma mistura daquilo que é como deveria ser - como será no padrão final - e muito precisará ser desfeito, reordenado ou remodelado. Em meio aos imaturos, ilegítimos e deformados,  vemos as intimações celestes do próprio pensamento perfeito de Deus. Onde vemos algo totalmente belo, algo que nos arrebata, seja em cor, som ou forma, ou em suas correspondências em matéria, sentimentos, imaginação, pensamento mais sutil, temos a ideia de Deus refletida como em um símbolo - algo que aponta para a Realidade em uma de suas miríades de aspectos.

Aqui e ali podemos ver não a obra perfeita, mas, por assim dizer, o esboço, o ensaio perfeito, de uma realização que ainda vai ocorrer. Vemos também coisas que repelem e que, até onde podemos julgar, são combinações erradas, emprego errado, matéria fora de seu local apropriado, força impropriamente aplicada. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 100/101)


segunda-feira, 1 de junho de 2015

A MENTE, A IGNORÂNCIA E A VERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Entre os significados de avidyâ está aquilo que é oposto a vidyâ: conhecimento; também significa ignorância, que procede e é produzida pela ilusão dos sentidos, ou viparyaya. Segue-se então que ver o olho físico proporciona uma visão parcial, não a visão verdadeira. Da mesma forma, nossos outros sentidos físicos fornecem um quadro incompleto da realidade; na melhor das hipóteses proporcionam percepções de coisas ou situações que são verdades parciais.

O que aprendemos através dos sentidos físicos requer a ação da mente. Normalmente interpretamos aspectos do mundo à nossa volta usando a instrumentalidade de kama-manas (inteligência que opera com a natureza dos sentidos), que pode ser muitíssimo pouco confiável. Consideremos este exemplo. Suponhamos que encontremos uma pessoa depois de alguns anos. Ela pode parecer um pouco mais velha e ter mudado a aparência de certa forma. Podemos ver esse fato. Mas talvez venhamos a reagir a algo que a pessoa disse ou fez no passado. Pode haver algum preconceito residual contra ela. Portanto, nossa percepção é 'colorida' e não vemos verdadeiramente o que está diante de nós. Podemos não perceber o fato de que ela mudou, ou não perceber a verdade maior de suas virtudes. Portanto, nós não aprendemos a plena realidade da situação assim devido à ilusão sensorial. 

Dissemos que um dos significados de vaso é 'recipiente'. Um recipiente tem uma base fechada. Pode-se imaginar um recipiente acústico, com a base apontando para baixo, um símbolo da mente como um vaso de ignorância, onde as notas da alma não podem ser expressadas. 

Os grandes polos da existência - purusha (eu espiritual) e prakriti (matéria primordial) - estão refletidos nas polaridades da nossa natureza. Quando o mundo sensato não se satisfaz suficientemente, existe um tipo de magnetismo reverso que entra em ação; isso requer reorientação de movimento ativo. Aqui podemos usar o símbolo da mente como um navio, parte da derivação latina da palavra 'vaso'. Consciente ou inconscientemente iniciamos o processo árduo de forjar a construção de uma ponte em direção à natureza interior, através da qual torna-se possível entrar em contato com a ordem divina das coisas. Mas essa ponte precisa ser construída com tenacidade, de modo que nossa consciência diária possa atravessar em direção a uma consciência mais plena."

(Linda Oliveira - A mente, a ignorância e a verdade - Revista Sophia, Ano 13, nº 54 - p. 40)


domingo, 2 de março de 2014

O QUE É A VERDADE? (1ª PARTE)

"Em Nova Déli, exploramos tanto a parte nova como a antiga da cidade, visitando o Túmulo de Gandhi, a Mesquita de Jama, o Forte Vermelho, a Praça do Luar e muitos outros lugares fascinanes e interessantes, de importância religiosa e histórica. Vale a pena visitar Jaipur e o famoso Palácio da Cidade, que agora abriga um museu contendo manuscritos raros.

Tivemos a rara oportunidade de visitar o Taj Mahal numa noite de lua cheia. Todas as pessoas do nosso grupo permaneceu em silêncio por cerca de 20 minutos, contemplando a beleza, simetria, ordem e proporções impecáveis. É uma das Sete Maravilhas do Mundo e foi construído pelo Imperador Shahjehan como um mausoléu para sua Rainha Mumtaz Mahal, em mármore branco. É um símbolo universal de amor. As muralhas e palácios, famosos pelas intrincadas incrustrações, são testemunhas silenciosas dos conhecimentos matemáticos e geométricos dos antigos construtores indianos. Indubitavelmente, pertenciam a antigas corporações, integradas por homens iniciados no ato de transmitir beleza, amor e ordem Divina em prédios de pedra e mármore. O Taj Mahal pode ser chamado de uma 'história de amor em pedra'.

Nossa visita a Benares foi muito instrutiva e compensadora. O guia fez uma excelente dissertação sobre os costumes religiosos, métodos de sepultamento e história dos muitos templos famosos, tanto budistas como hinduístas. A ideia para este capítulo ocorreu-me quando um membro do nosso grupo perguntou ao guia:
-Acha que as crenças dos budistas representam a Verdade?
Ao que o guia respondeu:
- O que é a Verdade?
Dois mais dois são quatro. Buda ensinou a verdade quando disse que 'a ignorância é o único pecado'. Achei que o jovem guia respondera de forma muito inteligente.

Recordem a seguinte passagem do Livro de João: Perguntou-lhe Pilatos: O que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum (João, 18:38). A pergunta de Pilatos não foi respondida. A Verdade é Deus e Deus é a Verdade; e Deus não pode ser conhecido no sentido absoluto. Contudo, podemos aprender as leis da mente e começar a pensar certo, sentir certo e agir certo, o que transforma nossas vidas. Os antigos diziam: 'A Verdade é aprendida no silêncio, a Verdade é sentida em silêncio, a Verdade é transmitida no silêncio, pois Deus habita no silêncio.' (...)"

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 58/59)


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A SINCRONICIDADE E O SÍMBOLO (PARTE FINAL)

"(...) Helena Petrovna Blavatsky, em a Doutrina Secreta, fala sobre as sete chaves sagradas dos símbolos: astronômica-astrológica; cosmogônica; numerológica-geométrica; psíquica; criativa; espiritual e antropológica. Entender cada um desses segredos do conhecimento sagrado pode melhorar nosso acesso ao mundo fenomênico e à realidade na qual estamos inseridos.

Há muito a ser estudado: o papel das hierarquias criadoras e construtoras; os planetas sagrados e as hostes de forças que nos influenciam ativamente, e também o Cosmo; os números correspondentes às letras dos nossos nomes; as proporções harmônicas, os princípios e os centros da nossa constituição física e hiperfísica; os seres que representaram a humanidade em todos os tempos, nas mitologias de diversos povos; e assim por diante.

Podemos compreender esses segredos e aplicá-los na vida diária. Alguns eventos possibilitam uma interpretação profunda, se não os rotulamos apenas como algo ‘casual’. Embora muitas vezes uma certa sincronicidade não pareça relevante, ela pode ser o estopim de mudanças que, se bem aproveitadas e bem compreendidas, proporcionarão um despertar da ignorância, da morte em que nos encontramos."

(Lúcia Cristina Batalha - A sincronicidade e o símbolo - Revista Sophia, Ano 1, nº 4, p. 11)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A SINCRONICIDADE E O SÍMBOLO (2ª PARTE)

"(...) Podemos verificar que, nos eventos coincidentes, há um mecanismo ordenado e coerente regido por uma lei, mesmo que nossos sentidos não a percebam e interpretem esses eventos como isolados ou desconexos.

A manifestação dessas ocorrências se dá, geralmente, dentro de uma linguagem. Quase sempre simbólica, essa linguagem traz uma mensagem que deve ser decifrada num nível mais profundo que a mera ocorrência sincrônica. Deve-se buscar coerência por meio de uma análise minuciosa, não emocional, porém intuitiva. O estudo dos símbolos, portanto é o primeiro passo para abordar essas questões.

Os símbolos podem ser divididos em três tipos:
  • Os da comunicação oral, escrita, visual e da cultura de um grupo social.
  • Os particulares, relativos à experiência psicológica, à estrutura emocional e psíquica, à formação educacional e ao temperamento de cada indivíduo.
  • Os tradicionais, relacionados às religiões, mitologias e filosofia. (...)

Alguns acontecimentos sincrônicos, vindos de um sonho ou premonição, podem ser interpretados simbolicamente através do conhecimento desse terceiro tipo de símbolo. Deve-se aproveitar essas oportunidades que o mundo oculto da nossa consciência quer revelar. Nós somos como um iceberg, onde há apenas uma pequena ponta visível; quando algo mais se manifesta, é preciso prestar atenção. (...)"

(Lúcia Cristina Batalha - A sincronicidade e o símbolo - Revista Sophia, Ano 1, nº 4 - p. 10)


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A FLOR DE LÓTUS

"O lótus, a flor sagrada dos egípcios, como também para os hindus, é o símbolo tanto de Horus como de Bramâ. Nenhum templo do Tibet ou do Nepal deixa de apresentá-lo; e o significado desse símbolo é extremamente sugestivo. O ramo de lírios que o arcanjo oferece à Virgem Maria nos quadros da ‘Anunciação’ tem, no seu simbolismo esotérico, exatamente o mesmo significado. (...) Para os hindus, o lótus é o emblema do poder produtivo na Natureza, pela ação do fogo e da água (o espírito e a matéria) (...) folhas perfeitamente formadas, formas miniaturais daquilo em que, como plantas perfeitas, elas se transformarão um dia; ou, como diz o autor de The Heathen Religion – ‘a natureza nos dá assim um espécime da pré-formação das suas produções’; acrescentando que ‘a semente de todas as plantas fanerógamas que trazem flores propriamente ditas contêm um embrião de plantas já formado’.

Para os budistas, ele tem a mesma significação. Mahâ-Mâyâ ou Mahâ-Devî, a mãe de Gautama Budha, deu à luz o seu filho anunciado pelo Bodhisattva (o espírito de Budha), que apareceu ao pé do seu leito com um lótus em sua mão. Assim, também, Osíris e Horus são representados pelos egípcios constantemente em associação com a flor de lótus.

Todos esses fatos tendem a provar o parentesco deste símbolo nos três sistemas religiosos – hindu, egípcio e judaico-cristão."

(H. P. Blavatsky - Ísis Sem Véu - Ed. Pensamento, volume I, p. 174)


domingo, 7 de julho de 2013

APRENDA A SE DESCONECTAR

"Para adquirir alguma coisa no universo físico, você tem que renunciar ao apego a ela. Isso não quer dizer que você desiste da intenção mas não do desejo; você desiste do apego ao resultado. Fazer isso é algo muito poderoso. No momento em que renuncia ao apego, ao resultado, combinando ao mesmo tempo intenção e desapego, você terá aquilo que deseja.

Qualquer coisa que você deseje pode ser adquirida por meio do desapego, porque o desapego está baseado na crença incondicional no poder de seu verdadeiro ser. O apego, por outro lado, baseia-se no medo e na insegurança, e a necessidade de segurança baseia-se no desconhecimento do verdadeiro ser.

A fonte de riqueza, de abundância ou de qualquer coisa no mundo físico é o ser; é a consciência que sabe como suprir cada necessidade. Tudo mais é símbolo: automóveis, casas, dinheiro, roupa, aviões. Os símbolos são transitórios: eles vêm e vão. Procurar símbolos é como tomar uma certa direção no mapa em vez de fazê-lo no território. Isso cria ansiedade, termina fazendo você se sentir vazio, oco por dentro, porque você troca o ser pelos símbolos do ser.

O apego, na verdade, vem da pobreza de consciência, porque nós nos apegamos sempre a símbolos. Desapego é sinônimo de riqueza de consciência, porque com desapego existe liberdade para criar. Somente com envolvimento desapegado pode-se ter alegria. Por conseguinte, os símbolos de riqueza são criados espontaneamente e sem esforço. A verdadeira riqueza de consciência é a habilidade para ter qualquer coisa que se queira, com o mínimo de esforço.

Para basear-se firmemente nessa experiência você precisa ter fundações profundas na sabedoria da incerteza. Nessa incerteza você encontrará liberdade para criar o que quer que seja. Quando entender o desapego, você não se sentirá compelido a forçar soluções. Ao forçar soluções de problemas você apenas cria novos problemas; porém, quando volta a atenção para a incerteza, quando testemunha a incerteza, quando espera cheio de expectativa que a solução surja do caos e da confusão, então o que surge é algo fabuloso e excitante. 

Esse profundo estado de alerta, sua prontidão no presente, no campo da incerteza, junta-se à sua meta e à sua intenção e permite apreender cada situação, problema ou desafio como uma oportunidade. Uma vez adquirida essa percepção, você se abrirá a toda uma gama de possibilidades e descobrirá o mistério, a maravilha, a excitação e a aventura de estar vivo."

(Deepak Chopra - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 39)


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DESVELAR O SIGNIFICADO DOS SÍMBOLOS


“REPARA, AMIGO: O MUNDO, os homens, a paisagem...

Tudo é símbolo.

Um símbolo nada consegue ser se não puder manifestar a alguém o seu significado, se não puder desvelar aquilo que ele oculta...

Desvelar é desafio.

Descobrir o que o véu esconde é experiência redentora. É ação criadora. É participação na obra e nos mistérios Daquilo que, embora Onipresente, ainda não conseguimos ver”

Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p. 133)