OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 15 de março de 2018

NÃO JULGUEIS

"Sempre que exprimimos uma opinião sobre algo, estamos julgando com base em nossas crenças e preconceitos. Sempre que o pensamento classifica uma coisa desta ou daquela maneira, estamos julgando com base no sistema de avaliação de nosso ego. Sempre que decidimos agir de determinada maneira, fundamentados no que achamos certo ou errado, julgamos a situação. Toda vez que reagimos com sentimentos de cólera, apreensão, repulsa ou indiferença, fazemos isso em resposta a um julgamento da situação. E mesmo quando decidimos que o dia está bonito, que realmente gostamos de salada de batata, que uma viagem à Tailândia seria uma ótima opção de férias, agimos em consonância com a função crítica da mente.
  • Quanto de seu dia é preenchido com pensamentos críticos?
  • Até que ponto seus pensamentos o distanciam de sua natureza búdica?
  • Em que grau seus pensamentos se baseiam no medo e, por isso, fazem-no sofrer?
  • Como seria sua vida se você parasse de julgar tudo e todos, aceitando-os tais quais são?
Pelos próximos dias e semanas, sugiro que você se discipline observando o fluxo de seus pensamentos tanto quanto possível, para determinar com quanta frequência se entrega ao hábito de julgar. O próprio ato de examinar os hábitos mentais que provocam sofrimento estimula um arroubo de superação desses hábitos. O exame já é uma resposta. Eis aí uma das dinâmicas primordiais do poder da meditação."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 97/85)


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (3ª PARTE)

"(...) Tendo-se retirado e descansado completamente, enviai uma ardente invocação aos Deuses da Luz e ao Senhor da Luz, para que possais ser iluminados em vossa busca, e professai um voto solene de que todo o conhecimento eventualmente obtido será dedicado ao serviço de vossos irmãos. Procurai o conhecimento, só assim podereis ensinar; procurai a luz, só assim podereis iluminar os outro; procurai o poder que o conhecimento dá, para que possais rasgar os véus do preconceito e da ignorância nos quais a raça humana está tão fundamente envolta. Vosso ofício deve ser dúplice: deveis ser um tocheiro e um desvelador.

Tendo erguido vossa prece e professado vosso voto, pratiqueis a arte de colocar vosso corpo inteiramente em repouso, de domar as tempestades das emoções, de aquietar vossa mente, pois são preliminares imprescindíveis. E quando a calma reinar em vossa natureza interna e externa, pensai fortemente em vosso coração como uma gruta, onde vossa alma possa penetrar em sua busca de luz. Pensai firmemente, durante vários dias, na gruta de vosso coração, e tentai concentrar vossa mente lá; gradualmente, onde só havia escuridão, uma luz começará a brilhar – uma luz que o guiará no caminho. Aprofundai-vos na contemplação da verdadeira luz, que brilha em cada homem, cujos lampejos finalmente aprendeis a discernir. À medida em que a luz cresce e começa a vos envolver, alçai-vos em pensamento, dentro de vós mesmos, em direção ao meio de vossa cabeça, onde encontrareis uma luz maior; tendo encontrado esta passagem, continuai a meditar sobre a luz. Pensai em vós como um fulgor da Luz Única, uma centelha da Chama Única, e forçai com todos vossos poderes de pensamento e vontade ainda mais acima, ainda dentro de vós, para dentro daquela Luz paternal de onde saístes. Alçai-vos através de vossa cabeça, através dos sentimentos para os pensamentos, ansiando beber a essência-pensamento, para tornar-se pensamento encarnado, e fixai vossa mente de modo inflexível sobre a luz, procurando a porta do Templo. 

A chave está em vossas mãos, eu vo-la dei; é o conhecimento de que o clarão que constitui vosso ser emana da Luz Única, a faísca que sois é parte da Chama Única: que possais ser o que em verdade sois. 

Gradualmente vós aprendereis a viajar por esta estrada que leva do coração à cabeça, e da cabeça ao lugar da luz. Encontrareis vossa luz iluminada por outra luz, que vem do alto, e aprendereis a reconhecer seu brilho. Através destes exercícios diários tereis dominado todas as muitas tendências do sentimento e do pensamento de escapar ao controle. Tereis construído os degraus que vos levarão às portas do Templo. A chave está em vossas mãos, colocai-a direto na fechadura e, girando-a, entrai no Templo da Luz. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (2ª PARTE)

"(...) Tendo se tornado uma criancinha, prontamente lance fora tudo que pensa conhecer ou saber, tudo que é prezado pelos homens, e deixemo-lo buscar o caminho que leva da carne ao espírito. A entrada para o caminho está no coração; do coração, deve encontrar uma passagem para o cérebro, e, através do cérebro, para os mundos do pensamento e sentimento, nos quais as fundações do Templo da Luz estão lançadas. O Templo está adiante, e a partir do mundo do pensamento ele deve construir uma firme escadaria que o levará até os portões do Templo. Esta escadaria é construída pelo estudo, pela concentração de pensamento, e pela incansável busca de conhecimento. 

Esta é a maneira de encontrar e trilhar o caminho do conhecimento, construir a escadaria e chegar aos portões do Templo. Deixe-se que o estudante lance fora seus livros, seus tubos de ensaio e suas réguas para trás, pois ele deve aprender a ler nos livros da natureza, entesourar suas descobertas no tubo de ensaio de sua mente, e aferir suas descobertas na balança de sua mais alta intuição. Emancipando-se destes instrumentos superficiais, que se retire para algum lugar onde possa desfrutar de algum tempo de paz imperturbada. Uma cela de retiro, um jardim, as florestas, os campos, alguma praia recôndita, algum refúgio na montanha, qualquer um destes poderá ser suficiente para lançar-se à viagem de descoberta. Deixe-se que trilhe o caminho que todos os sábios e mestres do mundo trilharam em sua busca pela luz, luz que ora brilha através daqueles olhos, gloriosa e resplandecente. 

Que não tema a estranheza desta procura, não tema despojar-se de todos os suportes até então considerados essenciais; não tema o ridículo imposto pelos que ainda sentem-se dependentes dessas coisas, e que cegamente disfarçam sua ignorância numa ilusão de conhecimento. Para a luz que buscais, tal conhecimento é como trevas, pois todo aquele que alto pusestes em vosso apreço não possui senão a pele, a penugem, a casca, e o cerne sempre lhe foge; então eles montam sobre as cascas e a oferecem como conhecimento. Talvez haja apenas um punhado, dentre vossos homens de conhecimento, que não esteja cego pelo preconceito, que não confunda aprendizado com conhecimento. 

Tomai como guia esta voz que vos ensina agora, a voz de um anjo que conquistou a meta através destes mesmos caminhos na busca de conhecimento, e agora oferece-se àqueles que buscam uma luz maior da que brilha em universidades, pois é professor mais sábio que qualquer professor mortal pode ser; traz a luz do conhecimento espiritual para iluminar as trevas do mero aprendizado terreno, e pode conduzir o estudante até a verdadeira cátedra do conhecimento, a qual jaz no fundo de vosso Eu mais verdadeiro. Vinde, irmão humano, aceitai minha direção, e eu vos guiarei até vosso destino. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (1ª PARTE)

"O caminho do conhecimento é o caminho da luz, e aquele que deve trilhar esta vereda deve aprender a deixar de lado todos os atributos que toldem esta luz, pois seu destino é encher-se tanto de luz até que ela possa irradiar através de si para iluminar o mundo inteiro. Desde o início, portanto, deve despir-se de tudo possa velar a luz dos olhos daqueles que, mais tarde, irá iluminar. 

O preconceito é o grande lançador de véus, o maior inimigo de todos os que procuram conhecimento, a maior barreira à iluminação. Deixe-se que o neófito, em sua busca de conhecimento, comece a estudar a si mesmo, pois somente conhecendo a si vai um dia conhecer o grande Eu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir os muitos véus em que sua longa peregrinação o envolveu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir a maneira de lançar fora tais véus. Para dentro, pois, e não para fora, deve o estudante lançar-se nesta pesquisa; tendo encontrado o Eu dentro de si, o Eu externo lhe será revelado. 

Há um caminho levando do não-eu ao Eu, do material ao espirirtual, da ignorância para a iluminação; este caminho é o caminho do conhecimento; uma das extremidades está na carne, a outra, no espírito. O homem de carne deve procurar entrar na carne, enquanto sua contraparte espiritual - o homem interno - deve buscar a entrada no espírito. Encontradas as duas entradas, deve procurar o centro ao qual as duas entradas conduzem. Este centro comum é a Mansão de Luz, o lugar de iluminação, o Santo dos Santos, onde espírito e matéria são unidos pela luz. Não é um edifício, ou algum sacrário terreno, é o Templo da Luz, de onde brilha a 'verdadeira luz que ilumina cada homem no mundo'; é o vaso através do qual a Luz Única, que brilha eterna do sol espiritual, alcança a escuridão dos mundos materiais em sua caminhada em direção à iluminação. Dentro do templo há um altar, e no altar arde uma chama que acendeu quando sua alma foi formada, e arde continuamente até que um dia o próprio homem se transforme na labareda; então, como Sansão na antiguidade, ele investe com todas as forças contra os pilares do templo, que cai em ruínas ante seus pés; pois ele, que se tornou um Deus, não precisa mais de um altar para cultuar aquilo em que se tornou; assim o templo cai em ruínas, e os milhares de mortos soterrados são os inúmeros véus que ele agora aprendeu a descartar, para que a luz brilhe em plenitude sobre o mundo. 

Antes desta grande consumação, muitas vidas de estudo e pesquisa ainda há pela frente, para o neófito que anda pela trilha do conhecimento. Em suas muitas vidas, antes que a grande decisão tenha nascido, ele tem estado cercando a si mesmo com véu após véu, cada um velando mais e mais a luz que vem da chama sobre o altar de seu Eu Superior. Doravante ele deve entender-se como um desvelador, pois tal é sua missão no caminho do conhecimento. Primeiro ele deve romper os véus que lançou sobre si mesmo, e depois retirar os véus alheios, pois cada professor verdadeiro é um desvelador. O maior de todos os véus é o preconceito, e daqui em diante, em seu caminho, ele deve ser como uma criancinha, professando a mais chã ignorância, pois, possuindo nenhum conhecimento, ele não pode ter nenhum preconceito; para que, esvaziando-se, possa ser preenchido; para que, tendo uma mente aberta e desanuviada, possa oferecê-la como cálice perfeitamente traslúcido, para ser enchido com a luz do conhecimento. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Como se pode saber que uma experiência, num dado momento, é verdadeira? Isso é uma parte da questão. Por que desejais saber se é verdadeira? Um fato é um fato, nem verdadeiro, nem falso. E só quando quero traduzir um fato de acordo com minha sensação, com minha 'ideação', é só então que entro na ilusão. Quando estou encolerizado, isso é um fato, não há ilusão alguma. Quando sou lascivo, quando sou ávido, quando estou irritado, cada uma dessas coisas é um fato; é só depois que começo a justificá-lo, a procurar explicações para ele, a traduzi-lo de acordo com meus preconceitos, isto é, a meu favor, ou quando o evito só então é que pergunto: 'Que é a verdade?'. Isto é, no momento em que examinamos um fato emocionalmente, sentimentalmente, elaborando ideias a respeito do mesmo, nesse momento penetramos no mundo da ilusão e da autodecepção. Para se encarar um fato, livre de tudo isso, requer-se uma extraordinária vigilância. Por essa razão, é de suma importância que descubramos por nós mesmos, se não estamos na ilusão, ou se estamos enganando a nós mesmos, mas se estamos livres do desejo de identificar, do desejo de ter uma sensação, que chamamos experiência, do desejo de possuir, de repetir, ou de voltar a uma experiência. Afinal de contas, de momento em momento, podeis conhecer a vós mesmos, tais como sois, 'realmente', e não através da cortina das ideias, que são sensação. Para conhecerdes a vós mesmos, não tendes necessidade de saber o que é a verdade ou o que não é a verdade. Para vos mirardes no espelho e verdes que sois feio ou belo, realmente, e não romanticamente, para isso não se requer a verdade. Mas a dificuldade da maioria de nós está em que, ao vermos a imagem, a expressão, queremos logo fazer alguma coisa, queremos alterá-la, dar-lhe um nome diferente; se ela é deleitável, identificamo-nos com ela: se dolorosa, evitamo-la. Nesse processo, por certo, reside a ilusão, e com ele estais mais ou menos familiarizados. Assim procedem os políticos; assim procedem os sacerdotes, ao falarem de Deus, em nome da religião; e assim procedemos também nós, quando ficamos entregues à sensação de ideias, e persistimos nisso. Isto é verdadeiro, isto é falso, o Mestre existe, ou não existe - tudo isso é tão absurdo, imaturo, infantil. Mas, para se descobrir o que é 'fatual', necessita-se uma vigilância extraordinária, uma percepção na qual não há condenação nem justificação.

Nessas condições, pode dizer-se que um indivíduo engana a si mesmo, que há ilusão, quando ele se identifica com um país, uma crença, uma ideia, uma pessoa, etc; ou quando tem o desejo de repetir uma experiência, isto é, a sensação da experiência; ou quando um indivíduo volta à meninice e deseja a repetição das experiências da infância, o deleite, a proximidade, a sensibilidade; ou quando um indivíduo deseja ser alguma coisa. É extremamente difícil vivermos sem estarmos enganados, quer por nós mesmos, quer por outra pessoa; e a ilusão só desaparece quando já não existe o desejo de ser alguma coisa. A mente é então capaz de olhar as coisas tais como são, de ver a significação daquilo 'que é'; não há então batalha entre o falso e o verdadeiro; não há então a procura da verdade, como coisa separada do falso. O que importa, pois, é que se compreenda o processo da mente; e essa compreensão é 'fatual' e não teórica, nem sentimental, nem romântica; não requer que nos tranquemos num quarto escuro, a meditar, a ver imagens, tendo visões. Tudo isso nada tem que ver com a realidade. E como, na maioria, nós somos românticos, sentimentais, desejosos de sensação, ficamos presos às ideias; e as ideias não são 'o que é'. Assim sendo, a mente que está livre das ideias, das sensações, essa mente está livre da ilusão." 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 12/14)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


segunda-feira, 31 de julho de 2017

AMOR, CORAGEM E CONFIANÇA (PARTE FINAL)

"(...) Se vemos um animal ser maltratado e sentimos raiva, essa raiva é uma expressão de separatividade tão ruim quanto a crueldade do malfeitor. Isso não quer dizer que não devemos interferir, mas que devemos interferir sem violência. Uma vez perguntaram a Krishnamurti o que ele faria se um amigo fosse atacado na sua frente. Ele disse que sempre viveu sem violência e que agiria como sempre vivera.

Como sair do centro? Será possível abrir mão dessa posição? Isso é possível numa crise súbita, quando a separatividade, o medo e as comparações simplesmente se afastam. Em vez de estar no centro, passamos a estar simplesmente em nenhum lugar ou em toda parte, onipresentes no todo. Em vez de separatividade, existe unidade com todos; em vez de medo há coragem e confiança; em vez de crítica, amor e compreensão; em vez de comparação, apreciação. Isso também pode ocorrer sem aviso, sem causa aparente; podemos simplesmente nos sentir unos com tudo. Ou pode haver uma causa como amor, devoção, criatividade, altruísmo ou estudo profundo. 

Vistas de uma perspectiva favorável, nossas pequeninas preocupações parecem sem importância. Alguém pode até nos insultar, mas se estivermos absortos em criação, amor, devoção, ou ajuda a outra pessoa, nos ocupamos com algo maior e o insulto desaparece. Podemos até mesmo ver a sua causa no nosso próprio interior, e compreender a pessoa que se comportou de maneira desagradável.

Nesse caso nós morremos para o nosso eu interior, a pessoa autocentrada. Quando temos diferenças de opinião e nos irritamos, podemos simplesmente pôr fim à irritação. Podemos olhar a pessoa como se fosse pela primeira vez, sem preconceitos. Podemos sair do nosso centro e ver o seu centro, o seu ponto de vista. Esse é um passo rumo à unidade.

Com a percepção da unidade a personalidade pode ser um instrumento para o superior, não simplesmente para si própria. Devemos viver e agir como somos - mas isso não quer dizer que não precisamos tentar melhorar. A questão é se aprofundar na concepção da unidade sem se imaginar melhor do que se é - sem pensar no eu. Talvez então tenhamos um insight sobre o que significa a iluminação. Ficará claro que o fim está no início e o início no fim; que, a partir desse ponto de vista, o tempo não existe; e que o centro que pensávamos ser nunca existiu."

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 40/41


sábado, 1 de abril de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (PARTE FINAL)

"(...) Uma mente sossegada e calma pode nos tornar mais sensíveis, já que não somos perturbados pelos pensamentos. Então pode haver compreensão, compartilhamento e amor. Profundamente dentro de nós estão as raízes do amor e da compreensão. Não é tão fácil despertá-las. Precisamos experienciar profundamente, estar abertos e ser sensíveis, para dar preferência à outra pessoa. Isso não é fácil, já que esperamos tanto dos outros.

Amor é sabedoria, e sabedoria é amor. Mas a sabedoria e a compaixão verdadeiras não são possíveis a não ser que compreendamos toda a situação, os problemas, o sofrimento da pessoa e assim por diante. Só podemos amar quando esquecemos de nós mesmos e nos situamos além do eu.

'A caridade não busca a si própria', disse o apóstolo Paulo. Amor e compaixão são sentimentos ativos, não passivos. Amor e compaixão significam assumir e suportar o sofrimento dos outros, ajudando a suportar suas dores. Frequentemente buscamos o que é vantajoso para nós, o que pensamos poder nos trazer felicidade. Enquanto estivermos procurando vantagem pessoal, não encontraremos o amor. Agarrar-nos ao eu não nos permite experienciar o amor.

O eu deve morrer para o passado e viver no presente para que nossos corações se encham de amor. Existe amor quando não existe necessidade, quando não buscamos satisfação. Só a mente que está livre do passado, dos preconceitos e dos desejos consegue amar - compreender e compartilhar a vida com os outros. Sem amor e compaixão não conseguimos realizar plenamente nossos deveres mais importantes - não conseguimos ser uma pessoa completa."

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 30 de março de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (1ª PARTE)

"Quando dizemos que compreendemos outra pessoa, o que realmente estamos dizendo? Talvez que compreendemos como ela pensa e o que diz. Mas quão profundamente compreendemos? A maioria de nossos problemas surge através do relacionamento com o próximo - quando não o entendemos. Podemos saber o que o outro está dizendo, mas não quais são seus motivos. Podemos entender intelectualmente, mas isso é realmente compreender?

Quando encontramos pessoas que conhecemos, geralmente já temos um quadro sobre elas na cabeça. Reagimos de acordo com nossas experiências prévias e com o quadro que formamos. Carregamos o passado conosco e compreendemos essas pessoas através do passado. Nossas opiniões influenciam nosso relacionamento e nossa compreensão. Mas quando vivemos no presente, e o passado não é parte da nossa visão, podemos realmente entender uns aos outros. A mente deve ser atenta e sem preconceitos.

A abordagem intelectual privou-nos de uma compreensiva visão da vida e também de um entendimento mais profundo das outras pessoas. Compreender os outros verdadeiramente significa compreender toda a pessoa, não apenas o que ela está dizendo, mas também seus pensamentos, valores, motivos, desejos e caráter. A verdadeira compreensão exige que amemos uns aos outros. Quando ouvimos com nossos corações, compreendemos melhor do que quando ouvimos com o intelecto.

Os preconceitos e o medo não nos permitem ver com clareza. Estamos sempre com medo dos fatos e da realidade. É necessário coragem para ver a pessoa sob uma nova luz, sem concepções prévias. Esperamos que nossos amigos ajam de uma certa maneira. Não queremos que eles mudem. Não os reconhecemos se mudarem muito. Isso nos faz ficar incertos. Os pensamentos e as concepções prévias obstruem nossa visão. Confiamos demasiadamente em nossa própria compreensão do que a outra pessoa está dizendo. Essa é a fundação da nossa educação e da nossa cultura, que não enfatiza outras formas de compreensão. (...)"

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)


quarta-feira, 13 de abril de 2016

A DESCOBERTA DA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"Você já se perguntou o que é espiritualidade? Para muitas pessoas, a espiritualidade é aquilo que é vivenciado por quem professa uma religião. De fato, dentro do universo das religiões, com seus ensinamentos e cultos, pode-se entrar numa atmosfera de profunda elevação espiritual. Além disso, nossa cultura religiosa ocidental ensina que não há espiritualidade fora da religião, e diferentes religiões disputam o privilégio de serem o único caminho para Deus.

No entanto, Gordon Allport, um dos mais importantes psicólogos do século XX, em um estudo sobre preconceito observou que, paradoxalmente, no meio religioso encontram-se tanto os mais impactantes exemplos de compaixão e tolerância, como os mais perturbadores exemplos de preconceito, violência ideológica e intolerância. Isso significa que professar uma religião não está necessariamente associado a uma genuína vivência espiritual. E, portanto, a pergunta continua: o que é espiritualidade?

Analisada do ponto de vista subjetivo, ou seja, naquela dimensão que se passa no interior de nossa mente, a espiritualidade surge como uma qualidade especial da consciência da ordem do amor, da sabedoria e da paz interior. Ela pode ser inspirada e estimulada pela prática religiosa ou, como percebeu Allport, pode ser suprimida por uma prática inadequada e imatura, tanto do ponto de vista existencial como ético. (...)"

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 5/6)


domingo, 20 de março de 2016

SOMOS AQUILO EM QUE ACREDITAMOS

"(17:2) ) Senhor Abençoado disse: (O problema envolve) a qualidade da fé exercida - se ela é de fato sáttwica, rajásica ou tamásica. Ouve Minhas palavras a respeito.
(17:3) A fé depende da natureza de cada um. O que o homem é, sua fé é também. A fé é o homem.

Em outras palavras, somos aquilo em que acreditamos. Os seguidores de uma religião podem proclamar um artigo de fé e empregar exatamente as mesmas palavras dia após dia, semana após semana, ano após ano; mas haverá tantas crenças quanto crentes. A compreensão da pessoa é modelada pelo que a pessoa é - sua experiência de vida, seu tirocínio, suas preferências e preconceitos, seus gostos e aversões. Não poderia ser de outra forma porque todo o nosso entendimento baseia-se menos na realidade objetiva do que em nossa natureza. Assim, um vocábulo simples como 'lar' terá significação diferente para aquele que foi criado numa família feliz e aquele que cresceu num orfanato. Palavras como 'pai' e 'mãe' também significam coisas diferentes para diferentes pessoas, dependendo da felicidade ou infelicidade de sua vida doméstica. Diga-se o mesmo de sucesso, trabalho, gentileza, viagens, esportes - em verdade, de qualquer palavra em qualquer idioma.

Podemos declarar: 'Acredito em Deus', mas essa simples declaração suscitará imagens diversas na mente das pessoas. Algumas que se dizem ateias apenas rejeitam esta ou aquela concepção formal que outras têm de Deus. Nenhuma, porém, haveria de rejeitar conceitos como amor ou felicidade.

Aos olhos de pessoas boas, Deus parece bom. Pessoas egoístas e ambiciosas verão Nele uma espécie de 'cornucópia da riqueza' ou - se não tanto - pelo menos um juiz flexível ou uma espécie de 'patrão' mais ou menos indiferente às necessidades humanas. Gente má, quando acredita em Deus, acha-O tomado de inveja, cólera e espírito de vingança - como ela própria. Quem é licencioso O considera, como os deuses da mitologia greco-romana, dado aos prazeres da carne. Para pessoas gentis, Ele parecerá gentil. Para pessoas da mente estreita ou cheias de preconceitos, será como elas mesmas: sectário e pronto a julgar os homens por seus pecados."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 456/457)
www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A CONVIVÊNCIA COM OS OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) Do par de opostos básicos surgem vários outros, como o sentimento de vitória ou derrota, honra ou desonra. O Bhagavad-Gita repetidamente menciona a necessidade da libertação dos opostos, porque o egoísmo é o mais sério obstáculo à iluminação; ele torna impossível fixar a mente, mesmo durante um curto período de tempo. A chama da mente oscila incessantemente sob o vendaval dos opostos. 

O mesmo ensina o Diagrama de Meditação, de H.P. Blavatsky, que menciona um estado interior onde não há senso de inimigo ou amigo. Essa ideia também está no ensinamento islâmico de submissão à vontade de Deus, que se manifesta nos princípios da ordem do universo, em muitos níveis. Essa ordem se manifesta com o processo evolutivo, a operação do karma, as forças que levam os seres vivos rumo à percepção cada vez maior da natureza divina. 

A submissão à vontade divina implica não reagir. Embora a mente superficial possa continuar com seus hábitos, no nosso âmago devemos compreender que não há situação favorável ou desfavorável a alguém. A vida é uma instrutora; ela não recompensa nem pune. É a mente que classifica a experiência. Muitos não têm inimigos, mas fazem distinções entre pessoas que são 'suas' e outras que não são; pessoas que importam e que não importam. A desigualdade é uma característica da mente egoísta.

Podemos aprender muito com os seres de outras espécies. Um exemplo clássico na literatura indiana é o sândalo, que verte sua fragrância sobre aquele que o corta. Os animais sofrem sem resistência, deitando sossegadamente até que a dor passe, pois não carregam o fardo dos sentimentos egoístas. Nós também podemos viver pacificamente, reconhecendo que a vida ensina sob a forma de um amigo ou inimigo. Para perceber seus ensinamentos, devemos nos livrar dos preconceitos, gostos e aversões, eliminando assim o nosso egoísmo. Podemos atravessar a vida com uma percepção calma e firme, sem nos afetarmos pelos opostos."

(Radha Burnier - A convivência com os opostos - Revista Sophia, Ano 12, nº 49 - p. 18/19)


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O PONTO DE VISTA DOS OUTROS

"Esse tema é especialmente pertinente às condições existentes em toda parte atualmente. Podemos ver quanto do problema, entre nação e nação, raça e raça, comunitário, social e pessoal, deve-se à nossa incapacidade de tratar o ponto de vista do outro de forma justa. E, frequentemente, quando nos tornamos perceptivos do problema, tratamo-lo com pouca cortesia ou o sujeitamos ao ressentimento e ao desdém. (...)

Devemos lembrar, também, que nosso próprio ponto de vista não é necessariamente certo. Pode ter raízes no preconceito. Nossa razão, que estamos prontos a afirmar que é infalível, normalmente se move sobre a superfície escorregadia de nossos gostos e aversões, mesmo se evita a ladeira da paixão precipitada. Quando dizemos: ‘Este é o meu ponto de vista’, não dissemos a última palavra em sua justificação. Podemos estar meramente assumindo posição no topo da presunção do qual não desejamos ser desalojados, porque, talvez, nos permita desfrutar um senso de superioridade solitária. Nossa inflexibilidade pode de fato não surgir da presunção, mas pode estar baseada num princípio que buscamos defender; isso não assegura que veremos as coisas numa perspectiva correta ou em seu aspecto próprio; vemos os outros através de uma névoa de preconceito, que tem origem em nossas peculiaridades de temperamento, nossa formação ou circunstâncias.

Mesmo que nosso princípio esteja certo, a aplicação pode estar errada. O modo como aplicamos o princípio num determinado conjunto de circunstâncias é tanto um teste de retidão quanto o próprio princípio em abstração. É muito raro encontrar uma pessoa que tenha uma visão tão clara que veja cada coisa como ela é, em sua própria objetividade divina."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília/DF - p. 12/13)


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

LEALDADE (1ª PARTE)

"A lealdade, quando não maculada por qualquer variedade de egoísmo - seja a um cônjuge, a um colega que esteja comandando, a um ideal ou a um grande Instrutor - é um artigo raro. Sem lealdade não pode haver firme dependência num mundo interdependente. Sem lealdade não pode haver força nas afinidades, princípio de coerência entre fatores diferenciados. Como todas as virtudes, a lealdade possui um aspecto universal e um aspecto individual; e é fatal endurecer o apego individual em detrimento de seus valores universais; é fatal converter o amor em posse, uma crença em reserva, ou uma convicção numa clava. Nossas lealdades não devem tornar-se padrões sob os quais venhamos a constranger as liberdades dos outros, ou critérios por meio dos quais os condenemos. 

A lealdade não deve tornar-se exclusiva, não deve destruir a fraternidade nem a compreensão. Isto só é possível quando prestamos obediência a um ideal, que compreende todo interesse desejável como algo menor do que ele mesmo. A verdade à qual aspiramos deve incluir toda a verdade que percebemos com nossas mentes abertas; deve expandir-se, elevar-se e ser suscetível à transmutação, à medida que nossas percepções e experiências aumentem. A verdade, sendo maior do que imaginamos, precisará de muitos canais. O tema, sendo mais vasto do que a música que ouvimos, deve estar aberto a tratamentos em eterna variação. No desabrochar do plano de evolução são usados agentes para muitos propósitos. Nossas boas qualidades, inevitavelmente exageradas, precisam ser corrigidas e equilibradas pelos outros no desenvolvimento do trabalho.

A lealdade não deve tornar-nos rígidos, inadaptáveis ao propósito do desabrochar da vida. A lealdade a uma ideia pode ser também lealdade a uma convenção, preconceito, uma imagem abstrata que criamos para satisfazer nossos gostos e aversões. O homem cria Deus (a grande Ideia) segunda sua própria imagem para satisfazer seus temores e desejos.

Devemos evitar os perigos e embaraços de uma mentalidade dividida; recusar sermos colocados numa encruzilhada, como geralmente acontece com aqueles que são leais a uma ideia ou a uma pessoa e, contudo, acham que existe uma atração ou dever com o qual essa lealdade torna-se incompatível. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 68/69)


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DE HOMEM A SUPER-HOMEM

"Esvazie a mente de todos os preconceitos e deixe a luz brilhar dentro.

Esvazie a alma de toda ambição pessoal e deixe o fogo da aspiração exaltar-se.

Esvazie todo o seu ser do eu e do egoísmo, para que o altruísmo possa tornar-se uma qualidade mais íntima. Então a iluminação pode ocorrer, então o progresso pode ser feito, então o domínio do inferior pelo superior pode ser atingido. O neófito deve estar prevenido, sem cessar, contra a intrusão de pensamentos e sentimentos egoístas e cheios de desejos.

A oportunidade é a indicação da Natureza de que a alma se aproxima de sua fase de florescimento. A oportunidade bate à porta da casa em que o homem externo está habitando para trazer a ele a mensagem que o Eu interior está a ponto de florescer.

A oportunidade assume muitas formas, porém em todas encontra-se um mensageiro do mundo exterior para o homem interior. A oportunidade é um sinal seguro de que a pessoa está pronta para a grande Busca. Até que por si só as portas se abram inteiramente, a Busca será em vão. Aquele que bate em portas fechadas, ensaia prematuramente o portentoso empreendimento. Portas fechadas são um sinal de que o trabalho interior ainda não foi feito, que débitos ainda não foram pagos, que a força ainda não foi desenvolvida, que a sabedoria é insuficiente para as necessidade do peregrino.

Assim sendo, que aqueles que procura os pés do Mestre, e no entanto encontram a entrada fechada, examinem cuidadosamente cada aspecto do caráter. Mantendo o ideal do Mestre claramente diante de si, que eles se dediquem à meditação e ao serviço altruísta."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 174/175)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

DEFENDA O QUE É CERTO

"Estamos na Terra por muito pouco tempo, e logo partimos. Não se apegue nem se prenda a nada. Na primeira vez em que fui convidado para ser cidadão deste país, recusei, porque não queria ser chamado de cidadão de nenhum país. Meu país são todas as nações; sou um cidadão do mundo. Meu Pai é Deus e minha família é toda a humanidade. Quem pode me contradizer nisso? Se eu tiver de lutar, será pela justiça. Defenderei os Estados Unidos quando tiverem razão, mas não lutarei pelo país quando ele estiver errado. Sempre que seu país estiver certo, lute por ele. Sempre que sua família estiver certa, dê-lhe apoio. Sempre que seus amigos estiverem certos, colabore com eles. Vê como é claro? Você não pode negar a justiça deste princípio. Este é o princípio divino ensinado por Krishna, Cristo e todos os grandes mestres. E é o que vai trazer a paz duradoura ao mundo.

Vou contar uma história: havia um juiz muçulmano muito ortodoxo e preconceituoso. Um aldeão hindu foi levado à sua presença e o juiz perguntou do que o acusavam. Ele respondeu: 'Meritíssimo, devo declarar que seu touro brigou com meu touro, quebrou seus chifres e ele agora está morrendo.'

O juiz retrucou: 'Bem, você sabe que os animais brigam. Caso encerrado.'

Ao ouvir isto, o esperto aldeão disse: 'Meritíssimo, cometi um erro. O que eu quis dizer é que o meu touro quebrou os chifres do seu; é o touro que lhe pertence que está à morte.'

O juiz ficou furioso e aplicou uma multa equivalente a 50 dólares no aldeão. Na hora em que o touro do juiz é que estava morrendo, seu 'julgamento' foi diferente. A moral é: seja sempre um juiz pleno de discernimento e entendimento. Faça primeiro o teste em si mesmo e em seus motivos. Sempre que tiver alguma dúvida no coração, julgue a si mesmo perante o seu próprio tribunal interior."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 254/255)


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

TORNE-SE CONSCIENTE DE DEUS

"Deus, que está também aqui, oniabarcante, pode ser claramente conhecido por meio de um mantra (meditação sobre uma significativa fórmula mística), Mantenha o mantra. Sobre ele se concentre (vale como o ajustamento ao comprimento de onda), com Amor (vale como a sintonia), e você se tornará consciente de Deus (isto é, ouvir o programa onipresente). Se a sintonia não estiver acurada, você corre o risco de escutar aborrecimento, e não o que quer.

Remova todos os traços de salinidade do solo de seu coração; adicione-lhe o complemento precioso que é o  Nome do Senhor; regue-o com água da fé. Depois plante as mudas da Divindade; tenha a disciplina como se fosse uma cerca; e a firmeza, como pesticida a ser espargido. Então, poderá colher a preciosa colheita de jnana (Sabedoria) que, para sempre, o libertará das tarefas do cultivo. Aqueles que riem dos que praticam bhajans (cânticos devocionais) e visitam os templos ou ouvem pregações sobre Deus não experimentaram o néctar, e estão portanto com preconceitos contra ele. Tenha pena deles porque não sabem o que perdem."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 114)


segunda-feira, 21 de julho de 2014

TREINE SEU CORAÇÃO PARA SENTIR A FRATERNIDADE HUMANA (1ª PARTE)

"Toda a humanidade deve abrir o coração para a grande mensagem de Jesus: '[Deus] fez, de um único sangue, todas as nações dos homens.' (Atos 17:26) Essa é, de Cristo, a inspiração que eu tanto amo. Queria tornar essa mensagem uma realidade viva, dar-lhe uma aplicação prática. O preconceito de cor é a mais absurda de todas as exibições de ignorância humana. A cor é somente epidérmica. Deus deu pigmentos mais escuros à pele das raças que, originalmente, viviam sob condições climáticas que exigem maior proteção contra o sol. Uma medida puramente prática; portanto, ter pele branca, cor de oliva, amarela, vermelha ou negra não é motivo especial de orgulho para ninguém. Afinal de contas, a alma veste um sobretudo corporal de determinada cor durante uma vida e, em outras encarnações, de outras tonalidades. Logo, a cor da pele é algo muito superficial. Ter preconceto de cor é ter preconcento contra Deus, que está nos corações de todos os povos do mundo: vermelhos, brancos, amarelos, oliváceos e negros. Além disso, é bom lembrar que quem odeia uma raça certamente reencarnará em um corpo dessa raça: é assim que a lei cármica força o homem a superar os preconceitos que sufocam a alma. Treine seu coração para sentir a fraternidade humana - isto é importantíssimo.

Embora os ensinamentos de Jesus estivessem predestinados a estabelecer seus mais sólidos fundamentos no Ocidente, ele escolheu encarnar em um corpo oriental e da raça judia, que conta com uma longa história de perseguições, para demonstrar o absurdo que é julgar os outros segundo diferenças de raça e de cor. O verdadeiro Cristianismo deve ser vivido; divisões raciais devem ser eliminadas. O preconceito e a falta de autêntica fraternidade causam guerra e desunião entre os filhos de Deus. Devemos trabalhar para erradicar todos os incitamentos à guerra; no ódio e no preconceito, ocultam-se bombas e desgraças. Jesus advertiu: '(...) pois todos os que lançarem mão da espada perecerão pela espada.' (Mateus 26:52) Não será a espada, mas a prática dos princípios de Cristo que finalmente libertará o mundo. No sentido mais elevado, só Deus protege o homem. A melhor ajuda que você pode dar ao mundo é pôr em prática um ideal de vida segundo os ensinamentos de Cristo e de todos os mestres espiritualmente iluminados. Acima de tudo, ame a Deus; não vê que toda a resposta está nas mãos Dele? Quando Ele descerrar o véu do mistério, você terá as respostas para tudo o que era obscuro e indecifrável. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 284/285)

quinta-feira, 5 de junho de 2014

A FRATENIDADE DO HOMEM, A PATERNIDADE DE DEUS

"Permitam-me ler algo profético que Gurudeva disse (...): 'É com um novo mundo que nos deparamos (...) e precisamos nos adaptar às mudanças. Uma necessidade absoluta para a nova geração é o reconhecimento da divindade de toda a humanidade e a abolição de todas as barreiras divisórias. Não posso conceber Jesus Cristo, ou Senhor Krishna, ou os rishis de outrora, chamando qualquer homem de cristão, hindu, judeu, etc. Posso imaginá-los, sim, chamando cada homem de 'meu irmão'. Não haverá nova ordem construída sobre o desprezo de outras raças ou sobre o complexo de 'povo eleito', mas sim no reconhecimento da divindade de todo homem que caminha na face desta Terra e no reconhecimento da paternidade comum de Deus.'

Guruji dizia que, se Jesus Cristo, Bhagavan Krishna, Senhor Buda e todos os outros que comungaram com Deus se reunissem, não haverá disputa entre eles, porque bebem da mesma fonte de Verdade. Eles são um em Deus, e Ele Se manifesta em todos eles. É o entusiasmo mal orientado de discípulos intolerantes que causa a divisão. Temos que acabar com a intolerância se quisermos ser verdadeiros discípulos dos grandes mestres. Devemos honrar todas as religiões; e devemos amar todas as pessoas, sejam elas negras, amarelas, vermelhas, brancas ou pardas. É um contrassenso julgar o homem por sua cor. A eletricidade pode fluir numa lâmpada verde, numa lâmpada amarela, ou numa lâmpada azul; mas você diria que a eletricidade é diferente em cada uma delas? Não. De modo parecido, Deus brilha igualmente em todas as lâmpadas humanas como alma imortal. A cor da pele não faz diferença. Precisamos acabar com os preconceitos estreitos. Deus quer que tomemos o melhor dos ideiais e das qualidades de todos os povos, fazendo-os nossos."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 215/216)
http://www.omnisciencia.com.br/so-o-amor.html


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ALÉM DA MENTE PENSANTE (4ª PARTE)

"(...) Qualquer tipo de preconceito mostra que você está identificado com a mente pensante. Mostra que você não está vendo o outro ser humano, está vendo apenas seu conceito sobre aquele ser humano. Reduzir essa pessoa a um conceito já é uma forma de violência.

O pensamento que não tem raízes na consciência passa a servir apenas aos interesses daquele que pensa e deixa de ter função. A inteligência desprovida de sabedoria torna-se muito perigosa e destrutiva. É nesse estado que se encontra a maior parte da humanidade. O predomínio do pensamento na ciência e na tecnologia – embora intrinsecamente não seja um fato ruim nem bom – tornou-se algo destrutivo, porque frequentemente esse pensamento não está enraizado na consciência.

O próximo passo na evolução humana é transcender o pensamento. Hoje é a nossa tarefa mais premente. Isso não significa que não devemos mais pensar, mas simplesmente que não devemos nos identificar com o pensamento nem ser dominados por ele.

Sinta a energia no interior do seu corpo. Imediatamente, o ruído mental diminui ou cessa. Sinta essa energia nas mãos, nos pés, no ventre, no peito. Sinta a vida que você é, a vida que movimenta seu corpo.

O corpo então se torna uma porta aberta para uma noção mais profunda da vida que existe debaixo das nossas emoções flutuantes e de nossos pensamentos. (...)"

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 20/21)


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A BUSCA DO HOMEM

"Somos, cada um de nós, responsáveis por todas as guerras, geradas pela agressividade de nossas vidas, pelo nosso nacionalismo, egoísmo, nossos deuses, preconceitos, ideais — pois tudo isso está a dividir-nos. E só quando percebemos, não intelectualmente, porém realmente, tão realmente como reconhecemos que estamos com fome ou que sentimos dor, bem como quando vós e eu percebemos que somos os responsáveis por todo este caos, por todas as aflições existentes no mundo inteiro, porque para isso contribuímos em nossa vida diária e porque fazemos parte desta monstruosa sociedade, com suas guerras, divisões, sua fealdade, brutalidade e avidez — só então poderemos agir. 

Mas, que pode fazer um ente humano, que podeis vós e que posso eu fazer para criar uma sociedade completamente diferente? Estamos fazendo a nós mesmos uma pergunta muito séria. É necessário fazer alguma coisa? Que podemos fazer? (...) Disseram-nos que todos os caminhos levam à verdade; vós tendes o vosso caminho, como hinduísta, outros o tem como cristão, e outros, ainda, o têm como muçulmano; mas, todos esses caminhos vão encontrar-se diante da mesma porta. Isso, quando o consideramos bem, é um evidente absurdo. A verdade não tem caminho, e essa é sua beleza; ela é viva. Uma coisa morta tem um caminho a ela conducente, porque é estática, mas, quando perceberdes que a verdade é algo que vive, que se move, que não tem pouso, que não tem templo, mesquita ou igreja, e que a ela nenhuma religião, nenhum instrutor, nenhum filósofo pode levar-vos — vereis, então, também, que essa coisa viva é o que realmente sois — vossa irrascibilidade, vossa brutalidade, vossa violência, vosso desespero, a agonia e o sofrimento em que viveis. Na compreensão de tudo isso se encontra a verdade. E só o compreendereis se souberdes como olhar tais coisas de vossa vida. Mas não se pode olhá-las através de uma ideologia, de uma cortina de palavras, através de esperanças e temores." 

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, 1969 - pg. 07/08)