OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 15 de abril de 2018

A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA SOCIAL (1ª PARTE)

"Enquanto as pessoas no mundo inteiro creem que a eficiência está aumentando, ou que deve aumentar, o lugar da ética na vida está sendo empurrado para baixo. As crianças estão sendo educadas para conseguir bons empregos, e tornar o esforço um sucesso independentemente de se o que fazem é certo ou errado. A questão do que é certo, ou do que é muito diferente do que é certo, pouco importa. Num artigo sobre o assunto impresso no Guardian Weekly, falam-nos de algumas perguntas que são feitas a alunos da oitava série. As crianças viam as questões em grande parte em termos de como conseguir um emprego, que é a verdadeira razão por que sentem que devem adquirir habilidades sociais. Quando se perguntou se era esse o único pormenor, a maioria disse: 'Sim, o que mais existe?'. Se essa é a atitude de pessoas supostamente educadas, o que podemos esperar das pessoas como um todo? Num outro artigo, o autor diz que o altruísmo pode ter sido um mecanismo importante para nossos ancestrais num estágio particular de sua evolução, e pode também ser uma chave para nossa sobrevivência hoje. Assim, isto é o que pensamos do altruísmo - um meio para um fim egoísta.

A ética obteve um lugar importante no estudo da filosofia, mas se tornou meramente teórica. Existe cada vez menos preocupação por uma percepção ética do que acontece no ambiente imediato de alguém, ou no mundo como um todo. A ética, aliás, é considerada sem importância como prática, embora possa ainda ter um lugar no estudo da filosofia.

Na Grécia e na Índia, talvez também em algumas outras civilizações, a ética tinha um lugar diferente. Sem dúvida era parte de um pano de fundo filosófico, porém, mais do que qualquer outra coisa, era a base de se viver de um modo que faz os seres humanos merecer o nome de 'humanos'. Certamente que os animais não precisam praticar a ética, eles têm um código de ética próprio. Mas o ser humano, que possui a habilidade de pensar, tem o direito e o dever de decidir como quer viver; e as filosofias de alguns países, inclusiva aqueles citados acima, mostraram compreensão com referência à questão. (...)"

(Radha Burnier - A importância da mudança social - TheoSophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 8)


sexta-feira, 22 de julho de 2016

FANATISMO

"Qualquer que seja o movimento ou instituição a que você se filiou, seja político, econômico, filosófico, artístico ou religioso, só merecerá sua permanência e lealdade enquanto não pretender transformá-lo num sectário fanático nos moldes dos que dizem 'somente nós temos razão; somente nós prestamos; os outros estão errados e merecem desaparecer'.

Não aceite tornar-se um robô cheio de ódio e disposto à violência.

Se um movimento ou ideologia apela para a violência, a menor que seja, desde a violência apenas em pensamentos até a física, ela não lhe serve, se é que você se reconhece um investimento de Deus.

Nenhuma ideologia é aceitável, nesta hora da humanidade, se, para triunfar, recorre à violência como um meio. Um meio impuro não pode conduzir a um fim grandioso.

O mundo só precisa é de muito amor.

O mundo precisa de homens lúcidos e livres, e não de fanáticos robotizados.

Só quando totalmente livre de seitas e fanatismos posso Te encontrar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 129/130)


sexta-feira, 26 de junho de 2015

SAIBA OCUPAR-SE (1ª PARTE)

"Chamamos ocupar-se o ato de empregar esforços e recursos para a realização de uma coisa qualquer, seja a solução de um problema, seja a criação de uma obra útil ou bonita, seja fazer qualquer coisa que, estando à nossa frente, não pode deixar de ser feita.

Ocupar-se com eficiência é obter o melhor resultado naquilo que se faz, usando para tal o mínimo de esforço. Ter eficiência é o ideal de todo aquele que trabalha. Depende de muitos fatores, desde a natureza da obra em que nos empenhamos, ao alcance dos meios materiais e instrumentos disponíveis, mas principalmente de concentração mental dirigida ao agir. Descobrir e usar o melhor método para aumentar o rendimento da ação constitui uma arte. É uma arte que deveríamos desenvolver. Yoga é definido por Krishna, no Gita como 'excelência na ação'. O que temos de fazer devemos fazer bem-feito, pois a ação ou obra imperfeita implica realmente numa dívida, a que ficamos vinculados ou presos. Só o perfeito agir ou fazer nos liberta, segundo a escola Suddha Dharma.

A PL (Perfeita Liberdade), moderna ordem religiosa do Japão, para a qual 'a vida é arte', ensina a seus fiéis agir com makoto: com perfeita integração e devoção no que está fazendo não importa a aparente humildade da obra. Aliás não existe obra humilde quando o agente realiza makoto. Quando o agente é mesquinho em si mesmo não importa administre um Estado, o que faz é mesquinho e imperfeito.

Yoga, diferente do que pensam erradamente muitos, não conduz à inação. É ao contrário uma filosofia da ação. É isso sim uma terapêutica contra a agitação. É muito comum confundir agitar-se com produzir. A ação inteligente é serena, mas firme. O homem criativo é sereno e não vive apressado, a sacudir-se aqui e ali, a correr trepidante de uma lado para outro, manejado pela afobação infecunda, fatigante e nervosa. (...)" 

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 192/193)
www.record.com.br


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

PENSA POSITIVAMENTE

"A plantinha delicada da felicidade não medra senão nesse clima do pensamento positivo. Que diríamos de um homem que se recusasse a gozar dos benefícios da luz solar por saber que existem no globo solar enormes manchas escuras? ou que definisse o sol como grandes manchas tenebrosas rodeadas de luz?

Em linguagem evangélica se chama essa filosofia negativista 'enxergar o argueiro no olho do irmão - e não enxergar a trave no próprio olho', quer dizer, ver sobretudo no próximo as faltas, embora pequeninas, e não perceber as suas próprias faltas, por mais enormes que sejam.

Há uma terapêutica para estabelecer perfeita paz e felicidade na alma, e uma imperturbável harmonia na sociedade humana; consiste na observância do seguinte conselho: Homem, habitua-te a atribuir sempre ao próximo as virtudes que descobres em ti! - e a atribuir a ti mesmo as faltas que encontras no próximo!

O remédio é de efeito infalível - embora seja amargo como losna."

(Huberto Rodhen - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda, São Paulo, 1982 - p. 39

sexta-feira, 18 de julho de 2014

CIÊNCIA OCULTA - O QUE É NA VERDADE?

"Poucas palavras causam mais histeria estúpida das pessoas, tanto na ortodoxia científica quanto na religiosa, do que a palavra ‘oculto’. As pessoas invariavelmente se sentem um tanto hesitantes em usar uma palavra que possui associações desagradáveis e injustas nas mentes da média das pessoas educadas, sem falar dos ‘ignorantes comuns’, significando práticas de magia negra. Assim, o que essa palavra verdadeiramente significa, e por que insistimos em usá-la neste justo contexto? Por que será a compreensão da Ciência Oculta, embora delineada ou geral, tão importante para a nossa apreciação do seu papel na solução dos mistérios da vida, tanto no cosmos quanto no homem, que a ciência ocidental, apesar de seus triunfos, fracassou espetacularmente em atingir? A origem das palavras revela o sentido interno delas. Então qual é a etimologia da palavra ‘oculto’?

Apesar de todas as associações impróprias e sem sentido com a magia negra e a bruxaria, a palavra oculto significa simplesmente ‘secreto’, ‘escondido’, ‘dissimulado’. (...) Assim, qualquer coisa que é oculta está, etimologicamente falando, escondida ou encoberta dos olhos e dos sentidos físicos.

O que é então Ciência Oculta? É um termo genérico que se refere às Ciências Herméticas ou Esotéricas, que exploram os segredos essenciais ou ocultos da Natureza – física, psíquica, mental e espiritual – (...)

Portanto, Ocultismo é um termo genérico para todo o corpo de Ciências ocultas. Ocultistas são aquelas pessoas que praticam o Ocultismo como já definido. A humanidade jamais deixou de fazer perguntas profundas a respeito do universo, como ele surgiu, e qual o seu lugar como seres humanos neste universo. Desde tempos imemoriais, o homem tem seguido em sua busca ao longo das linhas tradicionais da filosofia, religião, ciência ou qualquer outra coisa a partir do ponto de vista convencional ou ortodoxo de especulações intelectuais baseadas nas aparências físicas, ou, como Ocultistas, podemos nos concentrar em desvendar o âmago do significado interior, enterrado nas miríades de formas nas quais os objetos se apresentam.

O termo ‘Ocultismo” é usado quando lidamos com temas ocultos de uma natureza geral ou filosófica; o termo ‘Ciência Oculta’ ficará reservado para temas de uma natureza mais técnica, que lidam com leis ocultas, os mecanismos e os processos da Natureza."

(Edid Balimoria - Ciência oculta – o que é na verdade? - Revista Theosophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 36/37)


quinta-feira, 10 de julho de 2014

A VERDADE É A EXATA CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE (1ª PARTE)

"A verdade não é teoria, nem sistema especulativo de filosofia, nem uma percepção intelectual. A verdade é a exata correspondência com a realidade. Para o homem, a verdade é o inabalável conhecimento de sua natureza real, de seu Ser como alma. Jesus, em cada ato e palavra de sua vida, provou que conhecia a verdade de seu ser - sua origem divina. Totalmente identificado com a Consciência Crística onipresente, ele podia dizer, em caráter final: 'Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz.'

Buda também se recusou a lançar luz sobre as questões derradeiras da metafísica, assinalando secamente que os poucos momentos do homem na Terra seriam melhor empregados no aperfeiçoamento de sua natureza moral. O místico chinês Lao-tsé ensinou corretamente: 'Quem sabe, não o diz; quem diz, não o sabe.' Os mistérios últimos de Deus não se acham 'abertos ao debate'. A decifração de Seu código secreto é uma arte que o homem não pode comunicar ao homem; aqui, só o Senhor é o Instrutor.

'Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.' Nunca fazendo alarde de Sua onipresença, o Senhor é ouvido apenas nos silêncios imaculados. Reverberando por todo o universo como a vibração criadora de Om, o Som Primordial traduz-se instantaneamente em palavras inteligíveis para o devoto com ele sintonizado.

O objetivo divino da criação, até onde a razão humana pode compreender, está exposto nos Vedas. Os rishis ensinaram que cada ser humano foi criado por Deus como alma que manifestará, de modo ímpar, algum atributo especial do Infinito, antes de reassumir sua Identidade Absoluta. Todos os homens, assim dotados com uma faceta da Individualidade Divina, são igualmente amados por Deus. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Autobiografia de um Iogue - Ed. Lotus do Saber, Rio de Janeiro, 2001 - p. 534)


sexta-feira, 14 de março de 2014

O LEGADO DE JACOB BOEHME (PARTE FINAL)

"A segunda ‘iluminação’ de Boehme ocorreu aos 25 anos – no fatídico ano de 1600, quando Giordano Bruno morreu na fogueira. Em seu livro Aurora, ele fala dessa experiência: ‘Não há palavras que possa expressar a alegria e o triunfo que eu experimentei’. (...)

A terceira ‘iluminação’ de Jacob Boehme aconteceu dez anos depois no seu 35º ano de vida. Nessa visão, todas as suas experiências anteriores estavam sintetizadas; ele as reconheceu como diferentes expressões de uma vida fundamental, a fonte de todas as religiões, ciências e filosofias. (...)

Como podia esse humilde sapateiro alemão, sem educação formal ter aprendido sobre isso, a não ser que fosse um iniciado ou estivesse sob a supervisão dos Nirmanakayas? (...)

A única verdadeira compreensão de Deus, segundo Jacob Boehme, ‘deve vir da fonte interior e entrar na mente a partir da palavra viva de Deus no interior da alma. A não ser que isso ocorra, todo o ensinamento sobre coisas divinas é inútil e destituído de valor.’ O Deus de Boehme era um princípio universal, não um ser, mas a potencialidade do ser."

(O Legado de Jacob Boehme - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p.9/10)


domingo, 16 de fevereiro de 2014

A FILOSOFIA HERMÉTICA

"Do velho Egito saíram os preceitos fundamentais esotéricos e ocultos que tão fortemente têm influenciado as filosofias de todas as raças, nações e povos, por vários milhares de anos. O Egito, a terra das Pirâmides e da Esfinge, foi a pátria da Sabedoria secreta e dos ensinamentos místicos. Todas as nações receberam dele a doutrina secreta. A Índia, a Pérsia, a Cadeia, a China, o Japão, a Assíria, a antiga Grécia e Roma e outros países antigos aproveitaram lautamente dos fastos do conhecimento, que os hierofantes e Mestres da Terra de Ísis tão francamente ministravam aos que estavam preparados para participar da grande abundância de preceitos místicos e ocultos, que as mentes superiores desse antigo país tinham continuamente condensado.

Mas entre estes Grandes Mestres do antigo Egito, existiu um que eles proclamavam como o Mestre dos Mestres. Este homem, se é que foi verdadeiramente um homem, viveu no Egito na mais remota antiguidade. Ele foi conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto. Foi o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia, o descobridor da Alquimia. Os detalhes da sua vida se perderam devido ao imenso espaço de tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter sido a sua pátria. (...)

Ainda em nossos dias empregamos o termo hermético no sentido de secreto, fechado de tal maneira que nada escapa, etc., pela razão que os discípulos de Hermes sempre observaram o  princípio do segredo nos seus preceitos. (...) Os Preceitos herméticos estão espalhados em todos os países e em todas as religiões, mas não pertencem a nenhuma seita religiosa em particular. (...)

OS SETE PRINCÍPIOS HERMÉTICO

Os Sete Princípios em que se baseia toda a Filosofia hermética são os seguintes:

I – O Princípio do Mentalismo.
II – O Princípio de correspondência.
III – O Princípio de vibração.
IV – O Princípio de Polaridade.
V – O Princípio de Ritmo.
VI – O |princípio de Causa e Efeito.
VII – O Princípio de Gênero."

(Três Iniciados - O Caibalion: estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia - Editora Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 13/19)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O GRANDE ALÉM

"Upanixade Katha é o mais conhecido de todos os Upanixades. Muitos eruditos ocidentais o descreveram como ‘um dos mais perfeitos exemplos da filosofia e da poesia mística dos antigos hindus’. A razão pela qual esse Upanixade recebeu tal reconhecimento em todo o mundo não é difícil de perceber. É o tema da Morte discutido no Upanixade Katha que evocou grande respeito por seus ensinamentos tanto no Oriente quanto no Ocidente. Desde tempos mais antigos, a morte tem sido um dos problemas enigmáticos para o homem. O homem moderno, que alcançou tantas coisas no campo da ciência e da tecnologia, se encontra totalmente desamparado diante da morte. Ele pode saber como conquistar o espaço exterior, mas com relação à história sobre a morte é tão ignorante quanto o homem primitivo. Incapaz de estabelecer uma maestria sobre a morte, o homem busca com todas suas forças prolongar a existência terrena. Se o homem pudesse ampliar a extensão de sua vida na terra, então a morte seria pelo menos postergada, pois ele sabe que quando chega a hora da morte, será inútil fazer qualquer coisa. (...)

Mais uma vez, não é uma crença na reencarnação ou na imortalidade da alma que pode libertar o homem do espectro da morte. O homem precisa conhecer o Segredo da Morte, e esse segredo não é conhecido de ninguém além da própria morte. É a morte e tão somente a morte que pode comunicar o segredo, não há outro caminho, senão uma comunhão direta com a Morte, se o homem quiser conhecer esse Segredo dos segredos, sem o que ele deve permanecer um estranho para as alegrias da vida. Mas como o homem pode arrancar esse segredo da morte? É este o caminho no Upanixade Katha, onde Yama, o Senhor da Morte, é o instrutor e Naciketa, o intrépido jovem investigador, é o discípulo."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003, p. 51/52)


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A GRANDE ILUSÃO

"De acordo com as mais elevadas concepções da filosofia hindu, o universo manifesto nada mais é que um produto da Ideação Divina e os mundos individuais das almas são um resultado do impacto dessa ideação Divina nas mentes individuais. Chama-se Mâyâ a ilusão que nos leva a considerar nosso mundo individual como algo independente do Mundo divino. A maioria das pessoas que estudaram esta doutrina julga que ela não passa de uma hipótese engenhosa adotada para explicar algumas doutrinas transcendentais do hinduísmo, geralmente consideradas como assunto de especulação filosófica. Tais pessoas não compreendem que a ilusão está em tudo na vida humana e é nossa falta de discriminação ou Aviveka, que mais impede a sua percepção. Quando são bastante obstinadas, pensam que é absurdo imaginar que estejamos vivendo num mundo de ilusões. Não é o mundo em torno de nós constituído de objetos tangíveis? Não há leis definidas que determinam o comportamento desses objetos? Não conquistou o homem a natureza até um certo ponto e produziu todas essas invenções maravilhosas? Certamente é loucura supor-se que todos este mundo em torno de nós forma a estrutura de uma Grande Ilusão Imposta ao homem de dentro ou de fora.

Este argumento é, na verdade, um mito plausível e o homem comum pode ser desculpado por aceitá-lo e continuar vivendo sua vida preso à ilusão. Mas todo o argumento começa a fissurar-se e desintegrar-se quando examinados fatos baseados em conhecimento científico e sondamos os fenômenos da vida humana com inteligência e perspicácia. Podemos então ver, pelo menos mentalmente, que estamos envolvidos de todos os lados por ilusões as mais grosseiras embora não percebamos. Talvez não estejamos aptos a entender a doutrina de Mâyâ, mas podemos, pelo menos, compreender as ilusões mentais comuns e, se verificarmos que estamos envolvidos nelas, o terreno estará preparado para pensarmos sobre a doutrina de Mâyâ com mente aberta."

(I.K. Taimni - O Homem, Deus e o Universo – Ed. Pensamento, São Paulo, 1989, pg. 184)


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

OS UPANIXADES

"A herança cultural e espiritual da Índia é ao mesmo tempo vasta e rica. Mas nela nada há de sectário ou regional. Ela é tão universal em seu apelo e tão universal em sua abordagem que pertence ao mundo todo. Seus comentários, sem dúvida, são indianos, mas seu conteúdo cobre todos os aspectos da vida humana, independentemente de unidade geográficas ou expressões históricas. É tanto universal quanto atemporal e, assim, aplica-se a pessoas de todas as idades e de todos os países. Pode-se perguntar, ‘qual é realmente a fonte de onde surgiu uma herança tão vasta e rica – uma herança que permaneceu nova e vital embora muito séculos tenham passado desde que fez sua primeira aparição na vaga aurora do tempo?’ Pode se dizer sem a menor hesitação que a fonte dessa herança se encontra nos Grandes Upanixades. Os videntes e sábios da Índia Antiga, sentados debaixo de uma árvore, em uma longínqua floresta, revelavam os princípio fundamentais da filosofia perene aos estudantes que iam até eles com questões de profundas e séria investigação sobre a natureza da vida. Os Upanixades contêm os princípios essenciais dessa Imutável Filosofia Perene e não podem de modo algum ser descritos como religiosos – se à ideia de religião associamos dogmas  e credos, política clerical e autoridade, recompensas e punições. (...)

Nesta época em que a ciência e a tecnologia se movem de vitória a vitória, precisamos da mão refreadora da filosofia, pois sem ela, a ciência e a tecnologia podem nos levar a um mundo destituído de significado. Podemos ser levados a uma vasta extensão de conquistas, mas uma extensão sem profundidade é como possuir uma técnica perfeita de expressão sem ter nada para expressar. (...) O homem precisa hoje de uma filosofia significativa se quiser que as conquistas da ciência não o levem a uma destruição cada vez maior, mas sim às sublimes e majestosas alturas do viver criativo. Mas onde ele pode reunir o material necessário para a formação de uma filosofia correta da vida? A resposta para essa pergunta pode ser encontrada nos Grandes Upanixades. É na visão da vida dada pelos Upanixades que o homem pode encontrar a filosofia fundamental do Viver Criativo – uma filosofia que pode servir como um Farol Iluminador mesmo no meio da escuridão que nos cerca, uma filosofia que pode nos levar do irreal para o Real, das trevas para a Luz, da morte para a Imortalidade."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades - Editora Teosófica, Brasília, 2003 - p.07/14)


sábado, 30 de novembro de 2013

O CONCEITO DO ABSOLUTO

"A natureza do Absoluto é o mais enigmático e também o mais fascinante problema da filosofia e da religião; embora destinado a permanecer para sempre sem solução na filosofia, ele continuará a atrair a atenção dos filósofos de todos os tempos. Por ser a Realidade suprema, denominada ‘Absoluto” ou Parabrahman, o próprio núcleo do nosso ser, bem como a causa e a base do universo do qual fazemos parte, não podemos escapar-lhe, do mesmo modo que nosso sistema solar não pode escapar do sol, em torno do qual gira e de quem tudo recebe, que o conserva vivo e em movimento.

Ainda que o Absoluto seja às vezes mencionado como Vazio, Trevas perpétuas, etc., e esteja além da nossa compreensão intelectual, ainda assim é o conceito mais profundo em todo o reino da filosofia, do ponto de vista do intelecto. O fato de ser chamado de ‘Incognoscível’ não significa que esteja além do alcance do pensamento filosófico ou religioso e seja algo sobre o qual não se deva ou seja indesejável pensar. O próprio fato de o Absoluto ser o coração e a base do universo deve torná-lo um dos mais empolgantes assuntos de investigação no domínio do intelecto.

Embora os Vedas e os Upanishads enfatizem repetidamente que este Princípio, o mais elevado e sutil em existência, está além da linguagem e do pensamento, ainda assim sua principal finalidade parece ser a de dar aos que leem os livros revelados a certeza de que tal Realidade Suprema existe no coração do universo manifestado e que torná-la progressivamente realidade é o mais elevado objetivo do esforço humano."

(I.K. Taimni - O Homem Deus e o Universo - Ed. Pensamento, São Paulo, 1989 - p. 23)


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SVADHYAYA (ESTUDO DO SER)

"Significa estudo do Ser e é remédio filosófico. Em livro tradicional da Índia fala-se que uma pessoa chegou a um quarto escuro e se horripilou ao ver uma cobra que o ameaçava. Depois que acendeu o candeeiro, constatou que era tão somente uma inofensiva corda.

Nossas reações de medo, ódio, cobiça, ciúme, apego, finalmente todas as emoções com que reagimos ao mundo são originadas por um normal estado de ilusão, pois não vemos a corda, vemos a cobra. Reagimos à cobra que, embora sendo falsa, tem o poder de afetar-nos. Não vemos a corda, embora real. 

A Realidade não conhecemos. Ela é o Uno sem um Segundo, é o Absoluto, é o Ser, a Consciência e a Bem-aventurança escondida atrás deste mundo cheio de contrariedades, diversidades, de opostos, feito de nascimentos e mortes. O estudo do Ser, isto é, svadhyaya, através da leitura de livros sagrados de todas as tradições religiosas, através de permanente observação das coisas de fora e de dentro de nós, através da meditação é que nos dá a coragem resultante de matar a ameaçadora cobra da ilusão. (...)

O estudo da filosofia é a chave que nos liberta da vinculação, dos sofrimentos, da cobiça, do medo e do ódio. Se é a ilusão que nos assusta ou prende, lé a desilusão que nos salva. Nunca se entristeça por desiludir-se de algo ou alguém. É uma libertação que merece ser comemorada com um sincero 'Graças a Deus'. A verdadeira e última desilusão abre o portal para Deus. 

Reflexão: Iluda-me pensando que o gelo era mais real que a água e esta mais real que o átomo. Hoje, a ciência liberta-me dessa ilusão, e sei que nem mesmo o átomo tem realidade a não ser uma realidade relativa. 

A Realidade que Eu Sou nem adoece, nem sofre, nem morre, nem se perturba. Intranquilo, andei desejando e buscando poder, fortuna e prazer. Hoje - desiludido - salvo-me. Andei temendo coisas que também são ilusões. Desiludo-me e deixo o medo para trás, para longe de mim.

A Realidade que Eu Sou não tem inimigos nem sofre ameaças. O sofrimento é ilusão. Ilusório é também o prazer. Somente a Paz tem Realidade. Somente a Bem-aventurança é Real."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 143/144)


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ATEUS E MATERIALISTAS (2ª PARTE)

"(...) Alguém de espírito crítico poderá arguir que conhece indivíduos que são ateus e, no entanto, vendem saúde. Assim como existem carolas, neurastênicos, irascíveis, estressados, sofrendo de úlceras, aerofagia, asma, insônia... É certo que muitos que parecem religiosos andam por aí como verdadeiros 'poços de doença', em contraste com 'materialistas' cheios de saúde e paz. 

Como reconhecer tal verdade e ainda manter a tese de que saúde e paz são riquezas dos que mais amam a Deus e O servem? Para começar, é preciso definir o ateu.

Costuma-se dizer que ateu é aquele que diz não acreditar em Deus. Entretanto, conheço muitos que negam existir Deus, mas vivem como o melhor dos crentes. Efetivamente existem 'santos ateus'. Conheci um assim. Dr. Luis Antônio dos Santos Lima, natalense, médico dos cancerosos, inteiramente devotado ao serviço inegoístico (Karma Yoga) e seu mais ardente desejo era encontrar Deus, mas um Deus que não aquele que tem sido ensinado ao público. Ele queria um Deus que escapasse ao antropomorfismo, e, com isso, parecia ateu.

Sri Ramana Maharshi foi um divino santo da vedanta. Sidharta, o Buda, é considerado um avatar, isto é uma encarnação da própria Divindade. Vedanta e budismo são escolas de ascetismo ateu. Existem santos, que, por muito amor a Deus, não aceitam Deus, aquele que os homens conceberam. Muitos sábios silenciaram sobre um Deus pessoal, preso ao tempo, às formas e aos nomes. Não definiram nem descreveram Deus. A meta de um vedantino é mukti e a de um budista, o nirvana, e para ambos o meio de alcançar tal libertação é a iluminação. Esta não se consegue sem uma disciplina muito austera, que lhes dá a aparência religiosa. Seriam portanto, religiões sem Deus, pelo menos um Deus tecido pela mente humana. 

Quando se é ateu, se é em relação a determinado Deus, a um Deus concebido por uma mentalidade primitiva. É-se ateu, às vezes, por sábia insatisfação. À medida que se galga um maior grau de consciência, as noções mais primitivas que se fazem da Divindade vão sendo deixadas para trás, para as mentes que ainda as aceitam. E as noções mais altas, as mais libertadoras e grandiosas, as menos antropomorfizadas vão sendo alcançadas somente pelos que mais se aprofundam em ciência, em filosofia e meditação. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 165/167)


quarta-feira, 31 de julho de 2013

A UNIDADE FUNDAMENTAL DE TODAS AS RELIGIÕES (2ª PARTE)

(...) A segunda explicação da base comum das religiões humanas postula a existência de um ensinamento original, sob a custódia de uma Fraternidade de grandes Instrutores espirituais. Estes Mestres, frutos dos ciclos passados da evolução, tiveram por missão instruir e guiar a humanidade infantil em nosso planeta. Transmitiram às suas raças e nações, sucessivamente, as verdades fundamentais da religião, sob a forma mais adaptada às necessidades especiais daqueles que deviam recebê-las. Segundo esta opinião, os fundadores das grandes religiões são membros desta Fraternidade Una, e foram ajudados, em sua missão, por uma plêiade de outros membros menos elevados que eles, iniciados e discípulos de diversos graus, eminentes por sua intuição espiritual, por seu saber filosófico, ou pela pureza de sua sabedoria ética. Estes homens dirigiram as nações nascentes, guiando-as no caminho da civilização e dotando-as de leis; monarcas, eles as governaram; filósofos, eles as instruíram; sacerdotes, eles as guiaram. Todos os povos antigos têm reminiscências destes homens poderosos, heróis e semideuses, e a arquitetura, a literatura e a legislação desses povos antigos conservam de tais homens traços indeléveis.

Parece difícil negar a existência desses homens, diante da tradição universal, dos documentos escritos ainda existentes e dos vestígios pré-históricos, em ruínas em toda a parte, sem mencionar outras evidências que o ignorante recusaria. Os livros sagrados do Oriente são fiéis testemunhas da grandeza daqueles que os escreveram; pois quem, em dias posteriores, ou nos tempos modernos, pode mesmo aproximar-se da grandiosidade espiritual do pensamento religioso daqueles seres, do esplendor intelectual de sua filosofia, da amplitude e pureza de sua ética ? E quando percebemos o que estes livros encerram sobre Deus, o homem e o Universo, ensinamentos em substância idênticos, sob uma múltipla variedade de aparência exterior, não parece irracional relacioná-los a um único corpo fundamental de doutrina, ao qual damos o nome de Sabedoria Divina, ou sob a forma grega: Teosofia. (...)

(Annie Besant - A Sabedoria Antiga – Ed. Teosófica, Brasília – p. 11/14)