OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 28 de setembro de 2021

UMA ESPIRITUALIDADE VERDADEIRA

"O Nobre caminho Óctuplo de Buda traz sugestões práticas não apenas para elevação espiritual, mas também para se viver de maneira correta, criando uma sociedade coesa e não violenta e promovendo, assim, a espiritualidade. O primeiro passo é ter uma clara percepção da sociedade materialista e egoísta de hoje, com todos os seus deméritos e saber como se dissociar dela.

O segundo passo é a correta determinação. A pessoa deve ter um modo de vida não violento, não consumista e autocontrolado, aceitando dificuldades e inconveniências, inclusive a dor física que pode ocorrer no caminho.

O terceiro passo é falar a respeito disso sem medo. Os dois primeiros passos pertencem ao indivíduo. Compartilhá-los com o próximo é comunicar a sua visão e determinação por meio da correta linguagem. Se a pessoa não fala dos males da nossa sociedade, pode ser considerada cúmplice dela.

O quarto passo é consolidar e estabilizar o esforço. Não se deve permitir que a preguiça e a negligência detenham o esforço de viver corretamente.

O quinto passo, e o mais importante, é o correto viver. Essa é a ação básica de 'pular fora' e implica uma verdadeira compreensão individual da responsabilidade universal.

Atualmente é muito difícil buscar o viver correto e sem mácula. Os ensinamentos práticos de Gandhi sobre a autossuficiência e os princípios do autogoverno de uma aldeia são as únicas respostas ao atual modo de vida consumista.

O sexto passo é a correta atenção. No mundo de hoje, a violência e a desonestidade são a norma. Sem a correta atenção, a pessoa pode cair no fosso materialista sem se dar conta.

Os passos sete e oito, a correta concentração e a correta ação, são também essenciais para um modo de vida não violento. Se o Nobre Caminho Óctuplo for posto em prática, a pessoa pode se livrar de um sistema pernicioso e levar uma vida exemplar.

Para ter uma disposição espiritual ou religiosa e chegar a uma verdadeira transformação da mente, devemos pôr em prática as seguintes sugestões: 
  • Perceber os deméritos da civilização moderna e sua violência direta, indireta, estrutural e exploradora. Isso é correta visão.
  • Estarmos determinados a permanecer dissociados desse modo de vida ganancioso e egoísta, apesar das inconveniências e dificuldades. Isso é correta determinação.
  • Reduzir as necessidades ao nível mínimo e evitar qualquer desperdício de recursos. Gandhi disse que a Mãe Terra é capaz de satisfazer as necessidades de todos, mas não consegue satisfazer a ganância de um único indivíduo. Para salvar o planeta, devemos compreender as necessidades e negar a ganância.
  • Renunciar ao moderno paradigma de abundância. Isso inclui o uso dos meios de comunicação, viagens, computadores e outros males menores sem os quais a pessoa pode não se sentir capaz de atuar no mundo moderno.
  • Inovar a tecnologia, nos meios e nos métodos apropriados de consumo sustentável, senão a Terra pode não sobreviver.
  • Promover uma mente genuinamente espiritual, que seja capaz de transformar o indivíduo e, assim, o universo. Esta é a meta última da vida humana, e não envolve seguir qualquer tradição religiosa.  
Atualmente, mesmo as pessoas que alegam ser autoridades em tradições religiosas tornaram-se mundanas e vis, maculadas por emoções negativas. A prática de uma religião se tornou ritualizada e institucionalizada, razão por que Krishnamurti consistentemente rejeitava todas as tradições. Ele não rejeitava a essência da tradição, apenas a tradição prevalecente. É necessário compreender o que é uma mente verdadeiramente religiosa e o que é a verdadeira religião, livre de dogmas e rituais, tradições e linhagens. 

Krishnamurti resumiu a totalidade do ensinamento religioso da seguinte forma: 'A religião é algo que inclui tudo. Ela não é exclusiva. A mente religiosa não tem nacionalidade, não é provinciana, não pertence a um grupo particular. Não é o resultado de dois mil anos de propaganda, não tem dogma nem crença. É uma mente que se move do fato para o fato. É uma mente que compreende a qualidade total do pensamento, não apenas o pensamento óbvio, superficial, o pensamento educado, mas também o pensamento não educado, o profundo pensamento inconsciente e seus motivos. É uma mente que investiga a totalidade de algo, quando compreende o que é falso e o nega porque é falso. Então a totalidade da negação produz uma nova qualidade na mente que é religiosa, que é revolucionária.'"

(Samdhong Rinpoche - Uma cura para o planeta - Revista Sophia, Ano 13, nº 54 - p. 36)


quinta-feira, 27 de maio de 2021

A BUSCA DA VERDADE - exertos 5 e 6

"5.  Aqueles que, verdadeiramente, buscam o caminho da Iluminação devem controlar a mente e prosseguir com firme determinação. Mesmo se forem abusados por uns e desprezados por outros, devem seguir em frente, com a mente imperturbável. Devem ser pacientes e não ficar irritados se forem atacados com punhos, pedras ou espadas.

Mesmo que seus inimigos lhes cortem as cabeças, suas mentes devem permanecer inabaláveis. Se deixarem que suas mentes se anuviem com as coisas que sofrerem, eles não estarão seguindo o ensinamento de Buda. Devem determinar-se, não importando o que lhes possa acontecer, a permanecer firmes, imutáveis, irradiando sempre pensamentos de compaixão e boa vontade. Diante do abuso e diante do infortúnio, deve-se permanecer inabalável, com a mente tranquila, irradiando o ensinamento de Buda.

Para a colimação da Iluminação, tentarei realizar o impossível, suportarei o insuportável. Darei tudo que tenho para isso. Se, para alcançar a Iluminação, tiver que restringir meu alimento a um único grão de arroz por dia, comerei apenas isso. Se o caminho da Iluminação me conduzir através do fogo, não vacilarei, irei em frente.

Entretanto, não se deve fazer estas coisas, visando outros propósitos. Deve-se fazê-las apenas porque são sensatas e corretas. Deve-se fazê-las sem a mente da autocompaixão, como uma mãe que tudo faz a um filho doente, não medindo esforços nem visando o próprio conforto.

6.  Havia, certa vez, um rei que amava seu povo e país, governando-os com sabedoria e bondade, mantendo, desta forma, o país próspero e tranquilo. Dedicava-se sempre à procura de maior sabedoria e esclarecimento, oferecendo recompensas a todo aquele que lhe pudesse trazer bons ensinamentos.

Sua devoção e sabedoria, um dia, chegaram ao conhecimento dos deuses, que resolveram pô-lo à prova. Um deus, disfarçando-se em demônio, apareceu diante dos portões do palácio real e solicitou fosse levado à presença do rei, pois tinha um sagrado ensinamento a lhe dar.

O rei que estava contente em ouvir esta mensagem, recebeu cortesmente o demônio e lhe pediu instruções. O demônio, assumindo uma forma aterrorizadora, pediu-lhe alimento, dizendo que não podia ensiná-lo antes de ter o alimento preferido. Seletos alimentos lhe foram oferecidos, mas o demônio insistia em ter uma fresca e sanguinolenta carne humana. O príncipe herdeiro e a rainha lhe deram seus corpos, mas, ainda assim, não se tinha saciado e pediu o corpo do rei.

O rei anuiu em lhe dar seu corpo, mas quis primeiro ouvir o ensinamento antes de lho oferecer. O deus então pronunciou este ensinamento: 'A lamentação e o temor surgem da luxúria. Aqueles que se afastam da concupiscência não têm lamentação nem temor.' De repente, o deus reassumiu a sua verdadeira forma e o príncipe e a rainha reapareceram com seus corpos originais."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 309/313)


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

MAIS AÇÕES, MENOS PALAVRAS

798 Campo Florido Fotos - Fotos de Stock Gratuitas e Fotos Royalty ..."'Ações, não palavras' é uma frase usada pelos Adeptos que enfatiza a importância de vivermos de acordo com o que acreditamos e compreendemos. Há uma tendência geral de ficarmos satisfeitos com a compreensão teórica de verdades espirituais, ao mesmo tempo em que deixamos de nos comportar conforme essa compreensão. É fácil fazer um estudo intelectual da vida espiritual, mas o esforço para se viver essa vida exige determinação, perseverança, coragem e sacrifício. O modo mais fácil é substituir as ações por palavras; porém, sem as ações o caminho espiritual não pode ser trilhado.

Como afirma o prefácio do livro Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica), 'olhar para o alimento e dizer que é bom não satisfará o faminto; ele deve estender a mão e comer. Assim, ouvir as palavras do mestre não basta; você deve fazer o que ele diz, atendendo a cada palavra, assimilando cada sugestão.' É essencial fazer exatamente o que é dito, e não adaptar as exigências para satisfazer sua própria conveniência, as exigências do sociedade ou a opinião de vizinhos.

As qualificações para trilhar o caminho espiritual são enunciadas desde os tempos antigos. Não pode haver dúvida a respeito das exigências fundamentais. Contudo, as pessoas perguntam como obter a libertação; atingir a iluminação e juntar-se à grande fraternidade de Seres Perfeitos, em vez de perguntarem a si mesmas: o que eu fiz para satisfazer as exigências do caminho? Será que minha vida é vivida de modo a gradualmente construir as qualidades necessárias? Os conselhos estão sendo seriamente seguidos? Todo esforço possível está sendo feito?

No Nobre Caminho Óctuplo delineado por Buda, um dos pontos é o Reto Esforço. Porém, geralmente o esforço para mudar as próprias atitudes, reações e pensamentos é o último em prioridade; as pessoas dizem que ele é difícil, enquanto gastam uma enorme energia em busca de um sucesso que durará pouco ou de posses que não beneficiarão ninguém. No entanto, por meio de uma observação imparcial, podemos compreender que o esforço é natural - portanto, não é difícil. É a falta de seriedade e de convicção que faz o esforço para produzir mudanças internas parecer difícil.

A natureza do esforço necessário para trilhar o caminho espiritual não implica abrir mão de nossas ocupações regulares. Para começar, é enquanto essas ocupações são realizadas que devemos observar o que acontece no interior da mente. Portanto, externamente a vida não muda; a pessoa não precisa se afastar da família e dos amigos, desistir da profissão ou se tornar uma reclusa. Há estágios nesse caminho em que eventualmente algumas dessas coisas podem acontecer, mas a pessoa não precisa temer que sua vida vire de cabeça para baixo. A vida deve continuar, mas com os olhos atentos para observar os pensamentos e as ações que surgem nas diferentes circunstâncias. 

A prática do discernimento na vida diária é uma das ações mais importantes do estudante esotérico. Sem ela, os livros, as ideias e as mais belas palavras não significam uma real preparação. Fala-se a respeito de uma nova era, um novo milênio e outras coisas novas, mas a novidade só surgirá realmente quando, por meio do discernimento, aprendermos a filtrar nossos pensamentos e motivações e a libertar nossa mente de seu antigo e inútil conteúdo."

(Radha Burnier - Mais ações, menos palavras - Revista Sophia, Ano 14, nº 62 - p. 13)


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (PARTE FINAL)

"(...) As explanações dadas aqui a respeito do que deve ser o discípulo, significam que ele deve ser como uma estrela que dá luz a todos sem tirá-la de ninguém; como a neve que recebe a geada e os ventos cortantes para proteger do frio as sementes que dormem na terra e permitir sua germinação quando chegar a estação do crescimento. Eis a instrução à qual os Mestres Divinos exigem obediência; eis o que eles pretendem dos homens que desejam tornar-se discípulos. Não a realização imediata, mas sim o empenho; não a perfeição imediata, mas sim o esforço; tampouco é exigida, certamente, a revelação do ideal, mas sim a luta por alcançá-lo superando fracassos e desacertos. E agora eu lhes pergunto: Acreditam que aqueles entre nós, que acatamos isto como um ideal e que reconhecemos ser uma exigência que nos é imposta por nossos Mestres, possamos prejudicar a sociedade ou que sejamos apenas os serventes da humanidade obedecendo àqueles cuja lei nos esforçamos em acatar?

Além disso, como já mencionei, vida após vida estas qualidades se desenvolvem, até chegar finalmente o momento em que as debilidades do homem tenham diminuído e as fraquezas da natureza humana tenham sido gradualmente superadas, quando haverá uma compaixão inabalável, uma pureza incorruptível, um imenso conhecimento e uma sensação de despertar espiritual; estas qualidades caracterizarão o discípulo que está se aproximando do limiar da libertação; despontará então o dia em que tiver chegado ao final do Caminho, quando o percurso estará terminado e a última possibilidade de transformar-se no Homem Perfeito surgirá diante de seus olhos. Nesse momento, a terra, tal como era concebida, passa a um segundo plano; mas ele – a Alma liberta (como é chamado), a Alma que conquistou sua liberdade, a Alma que conseguiu superar as limitações humanas – ele permanece no limiar do Nirvana, daquela consciência e bem-aventurança perfeitas que se encontram além dos horizontes do pensamento humano é das possibilidades de nossa consciência limitada. Foi dito que, enquanto ele permanece lá, há silêncio; silêncio na Natureza, pois um de seus filhos está transcendendo-a, silêncio que, por algum tempo, nada poderá perturbar, a Alma liberta conquistou sua liberdade. Finalmente, esse silêncio é quebrado por uma voz; uma voz que em uníssono representa o grito de angústia do mundo que foi deixado para trás. A súplica do mundo em sua escuridão, angústia, fome espiritual e degradação moral. Esse grito, que corta o silêncio que cercava a Alma liberta, é a súplica da raça humana à Alma que se ergueu para além de seus irmãos e encontrou a liberdade, enquanto eles permanecem acorrentados."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 27/28)

sábado, 25 de março de 2017

CRIATIVIDADE (1ª PARTE)

"O carma, assim, não é fatalista nem predeterminado. Carma significa a nossa habilidade de criar e mudar. É criativo porque podemos determinar como e por que agimos. Nós podemos mudar. O futuro está em nossas mãos, e nas mãos do nosso coração. (...)

Como tudo é impermanente, fluido e interdependente, o modo como agimos e pensamos inevitavelmente muda o futuro. Não há situação, por mais que pareça desesperançada ou terrível, como uma doença terminal, que não possa ser usada para crescermos através dela. E não há crime ou crueldade que o arrependimento sincero e a verdadeira prática espiritual não possam purificar.

Milarepa é considerado, no Tibete, o maior dos iogues, poetas e santos. Lembro-me, ainda criança, da emoção que sentia ao ler a história de sua vida e estudar minuciosamente as pequenas ilustrações pintadas em minha cópia manuscrita de sua biografia. Ainda jovem, Milarepa treinou-se para ser feiticeiro, e por vingança matou e arruinou incontáveis vidas com sua magia negra. Ainda assim, pelo remorso e com os sacrifícios que fez sob a orientação de seu grande mestre Marpa, conseguiu purificar-se de todas essas ações negativas. Finalmente iluminou-se, tornando-se aquele que inspirou milhões de pessoas através dos séculos. 

Dizemos no Tibete: 'A ação negativa tem uma qualidade boa: ela pode ser purificada'. Assim, sempre há esperança. Mesmo os assassinos e os malfeitores mais cruéis podem mudar e superar o condicionamento que os conduziu aos seus crimes. Nossa condição presente, se a usarmos com habilidade e sabedoria, pode servir de inspiração para nos libertar do cativeiro do sofrimento. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 132/133)
www.palasathena.org


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

MEDITAÇÃO - O CAMINHO PARA ALCANÇAR DEUS

"'Quem quer ser um pianista de concerto haverá de praticar no piano doze horas por dia. Se, em vez disso, a prática dessa pessoa consiste em tocar as teclas do piano desanimadamente alguns minutos por dia, essa pessoa jamais será um bom pianista.

'O mesmo se dá com a busca de Deus. De que modo você espera encontrá-Lo se você tenta isso muito pouco?

'É muito difícil alcançar Deus. Se até mesmo um concertista deve trabalhar duro para obter êxito na sua profissão, imagine quanta aplicação deve ter o devoto na sua meditação a fim de compreender o Infinito!

'Entretanto, eis aqui um pensamento animador: todos os que se esforçam com sinceridade na senda espiritual certamente alcançarão o seu objetivo. O mesmo não se pode dizer das ambições materialistas. Não é qualquer um que pode se tornar um pianista famoso, independentemente dos seus esforços. Pois em toda área há, nos patamares mais elevados, espaço para bem poucos. Entretanto, todos os homens podem igualmente reivindicar sua qualidade de filhos diante do Pai Celestial.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 168)


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O SEGREDO DO SUCESSO

"O segredo do sucesso na prática da ioga depende em grande parte na habilidade do iogue de combinar com igual intensidade os dois processos da prática da ioga, ou seja, o exercício ou método, juntamente com a compreensão intelectual na consciência, para cuja realização a ioga é praticada. Por exemplo, a pessoa deve cantar o Aum ou qualquer outro mantra e simultaneamente manter na mente o significado da palavra. Até mesmo isto não é inteiramente suficiente, apesar de ser importante. A pessoa deveria também, mesmo se só na imaginação, conceber a experiência, cuja realização é o único propósito de Dhyana, seja com o cântico ou sem ele. Dhyana é o coração de toda a ioga já que ela implica e ocasiona a transferência de uma ideia para a experiência consciente, na forma de uma expansão de consciência.

Entoar o mantra com o único propósito de despertar a Kundalini com a atenção focalizada nos resultados e efeitos físicos do fogo ascendente, sem antes colocar em primeiro plano a ideia central implícita na palavra ioga, é executar só a metade do exercício, e desta forma fracassar inevitavelmente na consecução do pleno resultado.

A postura, o cântico e a vontade, com a determinação e mesmo a esperança de ocasionar as experiências corporais associadas com a Kundalini parcialmente ativa, são simplesmente ajutórios para a realização intelectual e supraintelectual de unidade. Realmente, tornar-se dissolvido no oceano sem margens da vida e da consciência do universo é o objetivo final.

Não devemos, no entanto, confundir o significado deste conselho, pois o despertar da Kundalini e as sensações corpóreas resultantes são importantes, valiosos, e até certo ponto essenciais. O que o aspirante deve lembrar é que as sensações corpóreas não são objetivos por si mesmos, mas somente meios para um fim. Seu valor é uma evidência de que suficiente fogo criativo foi levado ao cérebro e liberado no corpo para ajudar imensamente a mente a transcender as limitações corpóreas e mentais - especialmente a da separatividade - e entrar no estado em que tudo é conhecido como para sempre UM."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 72/73)


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O QUE DEVEMOS ABANDONAR

No Sutra das Quatro Nobres Verdades, Buda diz: 'Deves abandonar as origens'. Ao dizer isso, Buda nos aconselha a abandonar as origens caso tenhamos o desejo de nos libertar permanentemente dos sofrimentos das nossas incontáveis vidas futuras. O termo 'origens' significa as nossas delusões, principalmente a delusão do agarramento ao em-si. O agarramento ao em-si é chamado de 'origem' porque ele é a fonte de todo o nosso sofrimento e problemas, e também é conhecido como o 'demônio interior'. As delusões são percepções errôneas que atuam destruindo a nossa paz mental, a fonte de felicidade; elas não têm outra função que não seja a de nos prejudicar. As delusões, como o agarramento ao em-si, habitam em nosso coração e continuamente nos prejudicam dia e noite sem descanso, destruindo nossa paz mental. No samsara, o ciclo de vida impura, ninguém tem a chance de experienciar verdadeira felicidade porque sua paz mental, a fonte de felicidade, está continuamente sendo destruída pelo demônio interior do agarramento ao em-si.

A nossa ignorância do agarramento ao em-si é uma mente que acredita equivocadamente que o nosso self, o nosso corpo e todas as outras coisas que normalmente vemos existem verdadeiramente. Por causa dessa ignorância, desenvolvemos apego pelas coisas de que gostamos e raiva pelas coisas de que não gostamos. Então, fazemos diversos tipos de ações não virtuosas e, como resultado dessas ações, experienciamos diversos tipos de sofrimento e problemas nesta vida e vida após vida. 

A ignorância do agarramento ao em-si é um veneno interior que causa um prejuízo muito maior do que qualquer outro veneno. Por estar poluída por esse veneno interior, nossa mente vê tudo de modo equivocado e, como resultado, experienciamos sofrimentos e problemas parecidos com alucinações. Na realidade, o nosso self, o nosso corpo e todas as outras coisas que normalmente vemos não existem. O agarramento ao em-si pode ser comparado a uma árvore venenosa; todas as demais delusões são como seus galhos; e todo o nosso sofrimento e problemas são como seus frutos – o agarramento ao em-si é a verdadeira origem de todas as demais delusões e de todo o nosso sofrimento e problemas. Podemos entender por meio dessa explicação que, se abandonarmos permanentemente nosso agarramento ao em-si, todos os nossos sofrimentos e problemas desta vida e das incontáveis vidas futuras irão cessar permanentemente. O grande iogue Saraha disse: 'Se a tua mente for libertada permanentemente do agarramento ao em-si, não há dúvida alguma de que serás liberto permanentemente do sofrimento'. Compreendendo isso e tendo contemplado as explicações acima, devemos pensar:
Devo aplicar grande esforço em reconhecer, reduzir e finalmente abandonar minha ignorância do agarramento ao em-si completamente .
Devemos meditar nessa determinação continuamente, e colocar essa nossa determinação em prática."

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 59/60)


sábado, 15 de novembro de 2014

DEIXE A TIMIDEZ DE LADO

"Não tenha receio de tomar decisões. Algumas pessoas são tão acanhadas para decidir, que nunca agem com resolução e determinação. A indecisão é uma grande ferrugem no caráter. É realmente muito melhor tomar uma decisão do que nenhuma, pois mesmo que você tome a decisão errada, aprenderá com ela, e na tentativa de acertar, obterá força mental. Se permanecer passivo, só aprenderá que é uma vítima impotente das circunstâncias. Em vez disso, tenha coragem e enfrente os desafios com firmeza.

Quando as responsabilidades da obra de Paramahansa Yogananda recaíram sobre meus ombros, eu era excessivamente ansiosa ante a possibilidade de cometer erros! Foi então que eu vi uma coisa que me foi muito útil: os melhores executivos consideram-se bem-sucedidos quando acertam 60% dos casos. Em outras palavras, eles se permitem uma margem de erro de 40%. Então, eu disse a mim mesma: 'Com certeza também posso conseguir pelo menos isso!'.

Não há necessidade de preocupar-se demais se você erra. Não se castigue; em vez disso, reconheça o erro e corrija-o. Aprenda com o erro e continue. Nunca se esqueça: assim que você começa a buscar Deus com sinceridade, pode ter certeza de que Ele não o abandonará. Eleve uma mão para Ele, que lhe estenderá as duas. Sei que é assim; não pode ser de outro modo. A fé crescerá em você à medida que progredir no caminho espiritual.

Então, quando tiver de tomar uma decisão, o que tem a fazer é simples: ore e tente sentir uma sintonia interior. Se não a sentir, medite por alguns momentos ou pelo tempo que puder. A partir desse centro de tranquilidade, tome a decisão. Não fique sentado esperando que alguma mensagem fantástica lhe chegue, escrita em letras fulgurantes!

Estas são as verdades práticas e concretas que formam a base da vida espiritual. Deus é muito prático - Ele está no Seu céu, mas também está bem aqui, na Terra, com você. É assim que todos nós devemos agir - com a consciência em Deus enquanto nossas ações atendem aos deveres que Ele nos confiou."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida  - Self-Realization Fellowship - p. 45/47)


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O VALOR DOS DESAFIOS E DOS ESFORÇOS

"Quando faço uma retrospectiva da minha vida e recordo os primeiros anos no caminho espiritual, sinto-me grata por toda a árdua luta que tive de enfrentar. Isso fez aflorar em mim uma força, determinação e total entrega a Deus e à Sua vontade que eu talvez não tivesse dessenvolvido de nenhum outro modo.

É comum, ao ficarmos doentes ou passarmos por uma crise, que nos sintamos impotentes e queiramos desistir. Mas será que você não sabe que a vida é isso mesmo, enfrentar e superar problemas? Para isso estamos aqui - não para choramingar ou entrar em desespero, e sim para aceitar o que vem a nós e usá-lo como meio de chegar a um relacionamento mais íntimo com Deus. Quando a adversidade golpeá-lo, não pense que é porque Deus o abandonou. Tolice! Se nos momentos de provação você se volta para Ele com a confiança de uma criança, vai ver que Deus está ao seu lado, talvez até de um modo mais tangível do que jamais esteve nas fases boas de sua vida."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 58/59)

sábado, 5 de abril de 2014

NÓS SOMOS A PRÓPRIA MUDANÇA

"Violência e não violência originam-se na mente. Gerar uma mente não violenta nos assegura um modo de seguir em frente com esperança. Depende de cada indivíduo responder aos outros com violência ou não.

A violência tem extensões sutis, no pensamento, na fala e nas intenções. Podemos atuar sobre isso imediatamente, para efetuar mudanças na sociedade e em nós mesmos. Logicamente não podemos condenar atos de violência praticados por aqueles que achamos ser nossos ‘inimigos’, por um lado, e tentar justificar atos de violência dos nossos ‘amigos’, por outro. Toda violência causa dano. Devemos trabalhar para remediar as causas da violência, como a indiferença, o ódio, a intolerância religiosa e cultural, o nacionalismo estreito, a degradação ambiental e as disparidades econômicas. O papel individual é de vital importância, ao dar pequenos passos rumo à construção da paz. (...)

Reduzir a violência na mente pode ser uma tarefa difícil, que requer coragem e determinação. Desenvolver uma mente não violenta é parte de um fluxo incessante, reflete uma tradição ininterrupta de quatro mil anos de história.

Quando começamos esse processo, podemos ver benefícios individuais imediatos. Tornamo-nos pessoas mais felizes, mais relaxadas; montanhas de frustração e sofrimento começam a se transformar em montículos. As pessoas com quem interagimos também começam a sentir benefícios. Como disse Mahatma Gandhi, ‘devemos ser a mudança que queremos ver, e não as trevas que desejamos deixar para trás.’"

(Anna Alomes - A opção pela não violência - Revista Sophia, Ano 5, nº 18 – Pub. da Ed. Teosófica - p. 7)

sexta-feira, 28 de março de 2014

A MENTE COMUM (PARTE FINAL)

"(...) Pratiquem, pratiquem com determinação (...) Pratiquem com o espírito de um verdadeiro investigador e verão que tudo o que acabo de dizer é verdade. Assim como a agulha de uma bússola aponta sempre para o norte, o ponteiro de suas mentes devem apontar sempre para Deus.

Raciocinem como um jñana yogi, atuem como um karma yogi e sintam como um bhakti yogi. Raciocinem com discernimento, sem ideias preconcebidas, e constatarão que o mundo deixará de ser algo real. Em qualquer ação que praticarem, pensem mais nos outros do que em si mesmos. Trabalhem sempre com abnegação, mas sem apego aos resultados do trabalho e sem procurar a própria satisfação. Vocês logo verão que a mente sentirá um contentamento jamais antes experimentado e permanecerá tranquila durante a maior parte do dia. 

Como verdadeiros devotos, vocês devem sentir que Deus, o Antaryamin (Aquele que tudo conhece), reside em seu próprio interior. A mente deve sentir Deus, unicamente, através de todo seu movimento. É claro que, a princípio, a mente deve idealizar tudo isso, mas depois, com a prática e a dedicação ela se transformará completamente. Todas as janelas usadas pela mente para experimentar o mundo sensório devem ser hermeticamente fechadas. Trata-se de praticar yama e niyama (controle interno e externo). 

Mente pura significa mente sem apegos; dediquem-se, meus filhos, dediquem-se plenamente a Deus, pois assim sua vida inteira será glorificada. Qualquer ideia de 'farei amanhã' deve ser eliminada. Se vocês não dominarem tamas (indolência, entorpecimento), como irão controlar depois a tremenda força de rajas (atividade) que fará com que vocês se agitem sem parar? Somente com o desenvolvimento de sattva (tranquilidade, serenidade) se obtém a verdadeira compreensão da Realidade e, com ela, o conhecimento interior e direto que não necessita de qualquer outra comprovação. A partir de então, vocês conhecerão e desfrutarão da verdadeira independência, e o propósito da vida será alcançado."   

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo, 2011 - p. 48/49)