OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador cobiça. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cobiça. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de junho de 2022

AFORISMOS SAGRADOS (PARTE FINAL)

"4. Evitar todo o mal, procurar o bem, conservar a mente 
pura: eis a essência do ensinamento de Buda.

A tolerância é a mais difícil das disciplinas, mas a vitória final é para aquele que tudo tolera.

Deve-se remover o rancor quando se está sentindo rancoroso; deve-se afastar a tristeza enquanto se está no meio da tristeza. Deve-se remover a cobiça enquanto se está nela infiltrado. Para se viver uma vida pura e altruística, não se deve considerar nada como seu, no meio da abundância.

Ser de boa saúde é um grande privilégio. Estar contente com o que se tem vale mais do que a posse de uma grande riqueza. Ser considerado como de confiança é a maior demonstração de afeto. Alcançar a Iluminação é a maior felicidade.

Estaremos libertos do medo quando alimentarmos o sentimento de desprezo pelo mal, quando nos sentirmos tranquilos, quando sentirmos prazer em ouvir bons ensinamentos e quando, tendo estes sentimentos, nós os apreciarmos.

Não se apeguem às coisas de que gostam nem tenham aversão às coisas de que desgostam, pois a tristeza, o medo e a servidão surgem do gostar ou desgostar.

5. A ferrugem corrói o ferro e o destrói, assim como o mal corrói a mente de um homem, destruindo-o.

Uma escritura que não é lida com sinceridade, logo estará coberta de poeira; uma casa que não é reformada, quando necessita de reparos, torna-se imunda e assim, um homem indolente logo se torna corrupto.

Os atos impuros corrompem uma mulher pois a mesquinhez macula a caridade. Os maus atos poluem não só esta vida, mas também as vidas seguintes.

Mas a mácula que deve ser temida é a mácula da ignorância. Um homem não pode esperar purificar o corpo ou a mente, sem que antes seja removida a ignorância.

É muito fácil mergulhar na imprudência, ser atrevido e impertinente como um corvo, magoar os outros sem sentir nenhum remorso pela ação cometida.

Contudo, é muito difícil sentir-se humilde, saber respeitar e honrar, livrar-se de todos os apegos, manter o pensamento puro e tornar-se sábio.

É fácil apontar os erros alheio, mas é difícil admitir os próprios erros. Um homem divulga os erros dos outros sem pensar, entretanto, oculta os seus próprios erros, como um jogador esconde falsos dados.

O céu não guarda vestígio do pássaro, da fumaça ou da tempestade, tal como um mau ensinamento não conduz à Iluminação. Nada neste mundo é estável, mas a mente iluminada é imperturbável.

6. Assim como um cavaleiro guarda o portão de seu castelo, devemos proteger a mente dos perigos externos e internos e não se deve negligenciá-la nem por um momento sequer.

Cada um é o senhor de si mesmo, deve depender de si próprio, devendo, portanto, controlar-se a si próprio.

O primeiro passo para se livrar dos vínculos e grilhões dos desejos mundanos é controlar a própria mente, é cessar as conversas vazias e meditar.

O sol faz brilhante o dia, a lua embeleza a noite, a disciplina aumenta a dignidade de um soldado e a tranquila meditação distingue aquele que busca a Iluminação.

Aquele que é incapaz de vigiar seus cinco sentidos – olhos, ouvidos, nariz, língua e o corpo – e fica tentado por seu ambiente, não é aquele que se prepara para a Iluminação. Aquele que vigia firmemente as portas de seus cinco sentidos e conserva a mente sob controle, este sim, é aquele que pode alcançar êxito na busca da Iluminação.

7. Aquele que se influência pelo gostar e desgostar não pode compreender corretamente o seu ambiente e tende a ser por ele vencido. Aquele que está livre de todo o apego compreende corretamente o seu ambiente e, para ele, tudo se torna novidade e significativo.

A felicidade segue a tristeza, a tristeza segue a felicidade, mas quando alguém não mais discrimina a felicidade da tristeza, a boa ação da má ação, então poderá compreender o que é a liberdade.

O aborrecer-se com antecipação ou alimentar tristezas pelo passado apenas consomem a pessoa, são como o junco que fenece ao ser cortado.

O segredo da saúde da mente e do corpo está em não lamentar o passado, em não se afligir com o futuro e em não antecipar preocupações, mas está no viver sábia e seriamente o presente momento.

Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.

Vale a pena cumprir bem e sem erros o dever diário. Não procure evitá-lo ou adia-lo para amanhã. Fazendo logo o que hoje deve ser feito, poderá viver um bom dia.

A sabedoria é o melhor guia e a fé, a melhor companheira. Deve-se, pois, fugir das trevas da ignorância e do sofrimento, deve-se procurar a luz da Iluminação.

Se um homem tiver o corpo e a mente sob controle, ele dará evidências disso com suas boas ações. Este é um sagrado dever. A fé será a sua riqueza, a sinceridade dará um doce sabor à sua vida e acumular virtudes será a sua sagrada tarefa.

Na jornada da vida, a fé é o alimento, as ações virtuosas são o abrigo, a sabedoria é a luz do dia e a correta atenção é a proteção da noite. Se um homem tiver uma vida pura, nada poderá destruí-lo e, se tiver dominado a cobiça, nada poderá limitar sua liberdade.

Deve-se esquecer de si próprio pela família; deve-se esquecer da família por sua aldeia; deve-se esquecer da própria aldeia pela nação; e deve-se esquecer de tudo em prol da Iluminação.

Tudo é mutável, tudo aparece e desaparece. Só poderá haver a bem-aventurada paz quando se puder escapar da agonia da vida e da morte."

(A Doutrina de Buda -  Bukkyo Dendo Kyokai (Fundação para propagação do Budismo), 3ª edição revista, 1982 - p. 186/191)
Imagem: Pinterest. 

terça-feira, 21 de junho de 2022

AFORISMOS SAGRADOS (1ª PARTE)

"1. “Ele me insultou, zombou de mim, ele me bateu.” Assim alguém poderá pensar, e, enquanto nutrir pensamentos dessa espécie, sua ira continuará. 

O ódio nunca desaparece, enquanto pensamentos de mágoa forem alimentados na mente. Ele desaparecerá tão logo esses pensamentos de mágoa forem esquecidos. 

Se o telhado for mal construído ou estiver em mau estado, a chuva entrará na casa; assim, a cobiça facilmente entra na mente, se ela é mal treinada ou fora de controle. 

A indolência nos conduz pelo breve caminho para a morte e a diligência nos leva pela longa estrada da vida; os tolos são indolentes e os sábios são diligentes. 

Um fabricante de flechas tenta fazê-las retas, da mesma forma um sábio tenta manter correta a sua mente.

Uma mente perturbada está sempre ativa, saltitando daqui para lá, sendo difícil de controlar; mas a mente disciplinada é tranquila; portanto, é bom ter sempre a mente sob controle. 

É a própria mente de um homem que o atrai aos maus caminhos e não os seus inimigos.  

Aquele que protege sua mente da cobiça, ira e da insensatez, desfruta da verdadeira e duradoura paz.

2. Proferir palavras agradáveis, sem a prática das boas ações, é como uma linda flor sem fragrância. 

A fragrância de uma flor não flutua contra o vento; mas a honra de um bom homem transparece mesmo na adversidade do mundo. 

Uma noite parece longa para um insone e uma jornada parece longa a um exausto viajante e da mesma forma, o tempo de ilusão e sofrimento parece longo a um homem que não conhece o correto ensinamento. 

Numa viagem, um homem deve andar com um companheiro que tenha a mente igual ou superior à sua; é melhor viajar sozinho do que em companhia de um tolo. 

Um amigo mentiroso e mau é mais temível que um animal selvagem, pois o último pode ferir-lhe o corpo, mas o mau amigo lhe ferirá a mente. 

Desde que um homem não controle sua própria mente, como pode ter satisfação em pensar coisas como 'Este é meu filho' ou 'Este é o meu tesouro', se elas não lhe pertencem? Um tolo sofre com tais pensamentos. 

Ser tolo e reconhecer que o é vale mais que ser tolo e imaginar que é um sábio.

Uma colher não pode provar o alimento que carrega. Assim, um tolo não pode entender a sabedoria de um sábio, mesmo que a ele se associe. 

O leite fresco demora em coalhar e desta mesma forma, os maus atos nem sempre trazem resultados imediatos. Estes atos são como brasas ocultas nas cinzas e que, latentes, continuam a arder até causar grandes labaredas. 

Um homem será tolo se alimentar desejos pelos privilégios, promoção, lucros ou pela honra, pois tais desejos nunca trazem felicidade, pelo contrário, apenas trazem sofrimentos. 

Um bom amigo que nos aponta os erros e as imperfeições e reprova o mal, deve ser respeitado como se nos tivesse revelado o segredo de um oculto tesouro. 

3. Um homem que se regozija ao receber boa instrução poderá dormir tranquilamente, pois terá a mente purificada com estes bons ensinamentos. 

Um carpinteiro procura fazer reta a viga; um fabricante de flechas procura faze-las bem balanceadas; um construtor de canais de irrigação procura faze-los de maneira que a água corra suavemente; assim, um sábio procura controlar a mente, de modo que funcione suave e verdadeiramente. 

Um rochedo não é abalado pelo vento do mesmo modo que a mente de um sábio não é perturbada pela honra ou pelo abuso. 

Dominar-se a si próprio é uma vitória maior do que vencer a milhares em uma batalha. 

Viver apenas um dia e ouvir um bom ensinamento são melhores do que viver um século, sem conhecer tal ensinamento. 

Aqueles que se respeitam e se amam a si mesmos devem estar sempre alerta, a fim de que não sejam vencidos pelos maus desejos. Pelo menos uma vez na vida, devem despertar a fé, quer durante a juventude, quer na maturidade, quer durante a velhice. 

O mundo está sempre ardendo, ardendo com os fogos da cobiça, da ira e da ignorância. Deve-se fugir de tais perigos o mais depressa possível. 

O mundo é como a espuma de uma fermentação, é como uma teia de aranha, é como a contaminação num jarro imundo e por isso deve-se proteger constantemente a pureza da mente." ... continua

(A Doutrina de Buda -  Bukkyo Dendo Kyokai (Fundação para propagação do Budismo), 3ª edição revista, 1982 - p. 183/186)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 17 de maio de 2022

CAIR NA REDE DAS EMOÇÕES É ESQUECER DEUS

"Ser aprisionado pelo temor, pela ira, pela cobiça ou por qualquer outra emoção violenta ou impulsiva é esquecer Deus. Se seus sentidos, que governam as emoções, estão sob controle, você é um santo. Só você mesmo sabe se é senhor ou servo dos sentidos. Lembre-se: tudo o que domine o seu autocontrole leva à destruição do sistema nervoso. O guloso se alimenta e o homem de autocontrole também. O primeiro come demais para gratificar sensualmente seu corpo, mas o segundo come para manter seu bem-estar físico. Se o amor de uma pessoa se concentrar mais em Deus e menos nos sentidos, todo o abuso sensorial será vencido. Quando você for tentado, ore ao Senhor: 'Torna-Te mais tentador que a tentação. Por mais que me testes, Senhor, vou me agarrar a Ti.' O sistema nervoso, quando repleto de pensamentos de amor e paz por Deus, é recarregado pelo poder divino. Krishna disse: 'Quando chitta (o sentimento) fica absolutamente subjugado e tranquilamente estabelecido no Eu (a alma), diz-se que o iogue, desprovido assim de apego a todos os desejos, está unido a Deus'.²

As estrelas de cinema e outros artistas são considerados as pessoas invejáveis dos Estados Unidos. Por que, porém, a vida pessoal delas é tão frequentemente uma confusão de infelicidade e múltiplos divórcios? A maior parte dessas pessoas vive com a excessiva energia nervosa concentrada nos sentidos. Excesso de alimento, sexo promíscuo, intoxicação com bebidas alcoólicas e drogas - tudo isso produz uma contrafração da felicidade. Só em Deus encontramos a alegria sempre-nova, que jamais pode ser obtida por meio de qualquer dos sentidos. Se você está nas garras de qualquer abuso dos sentidos - seja qual for-, afirme continuamente sua liberdade: 'Não sou escravo deste hábito, meu amor por Deus é supremo e maior do que qualquer coisa."

² Bhagavad Gita VI:18.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Felowship, 2014 - p. 87/88).


terça-feira, 1 de setembro de 2020

EVITAR TODO O MAL, PROCURAR O BEM, CONSERVAR A MENTE PURA: EIS A ESSÊNCIA DO ENSINAMENTO DE BUDA

A Doutrina de Buda - Posts | Facebook"A tolerância é a mais difícil das disciplinas, mas a vitória final é para aquele que tudo tolera.

Deve-se remover o rancor quando se está sentindo rancoroso; deve-se afastar a tristeza enquanto se está no meio da tristeza; deve-se remover a cobiça enquanto se estão nela infiltrado. Para se viver uma vida pura e altruística, não se deve considerar nada como seu, no meio da abundância. 

Ser de boa saúde é um grande privilégio; estar contente com o que se tem vale mais do que a posse de uma grande riqueza; ser considerado como de confiança é a maior demonstração de afeto; alcançar a iluminação é a maior felicidade.

Estaremos libertos do medo, quando alimentarmos o sentimento de desprezo pelo mal, quando nos sentirmos tranquilos, quando sentirmos prazer em ouvir bons ensinamentos e quando, tendo estes sentimentos, nós os apreciarmos.

Não se apeguem às coisas de que gostam nem tenham aversão às coisas de que desgostam. Pois, a tristeza, o medo e a servidão surgem do gostar ou desgostar."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyokai, Terceira edição revista, 1982, p. 371/373)


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

DEUS, A NATUREZA E O HOMEM

"Há três entidades com as quais o homem tem de lidar. Elas são: Paramatmam, Prakritti e Jivatman, respectivamente, Deus, a natureza e o homem.

Deus tem de ser adorado e conhecido pelo homem, através da natureza. Natureza é o nome que tudo quanto imprime sobre o homem a Glória e o esplendor de Deus. É também chamada maya. Maya é a veste de Deus, que vela tanto quanto des-vela a beleza e a majestade d'Ele. 

O homem deve aprender a usar a natureza, não para seu conforto e nela se emaranhar e consequentemente vir a esquecer-se de Deus, que paira além da alegria que ele consegue fruir. A natureza propicia ao homem melhor compreensão da Inteligência que rege o Universo.

Como pode a árvore crescer ou a flor abrir? Como pode o homem aprender sobre as estrelas e o espaço? Como, senão pela inspiração da Felicidade e da Inteligência, às quais, Aquele que mora no íntimo, ao homem atribui?

Aborde a natureza em atitude de humildade e oração. Só assim estará garantindo seu futuro. Ravana cobiçou Sita¹⁶, a qual representa prakritti (a natureza), e, às escondidas, a raptou. Tal egoísmo e ambição arrastou-o à mais profunda queda. Se ele tivesse cobiçado somente o Deus por trás da natureza, isto é, Rama, teria alcançado o júbilo eterno. 

Todos os sofrimentos do homem hoje podem ser creditados a este falso sentido de valores. As coisas promordiais devem vir antes. Primeiro, ser; depois, ajudar. Agora, as pessoas começam por ajudar os outros na senda espiritual sem a terem palmilhado antes. Assim, tanto o guia como os guiados caem no fosso.¹⁷ Sirva primeiro a você mesmo, quer dizer, compreenda aquilo que você é, para onde vai, de onde vem, por que viaja e para quê. Após ter as respostas a tais perguntas, aprendidas nas escrituras, dos sábios e das experiências pessoais inquestionáveis, só então pode um homem liderar outros. As pessoas também não estão treinadas para discernir entre o falso e o verdadeiro, entre o temporal e o atemporal, entre o reto e o incorreto, entre o que é socialmente valioso e o que é socialmente danoso. Rejeitam todos os antigos costumes e maneiras, textos e ritos ancestrais, considerando-os inúteis simplesmente porque são antigos. Adotam novos costumes e modismos só por serem modernos. O tempo é um bom testador - coisas que tenham resistido à critica dos séculos e suportado os sopros de muitas culturas estranhas e as seduções de exóticas fantasias têm o âmago essencial da verdade e da validez." 

¹⁶ Ravana - um demônio, que era a personificação da luxúria e da violência, que sequestrou Sita, a personificação da mulher perfeita, esposa de Rama, um Avatar de Vishnu, tido como a personificação do homem, de Deus, portanto. A violência, a serviço da luxúria, provocou a guerra, pela qual Rama resgatou sua esposa e destruiu Ravana, e que o sabio Valmiki eternizou no grande épico Ramayana. 
¹⁷ 'Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no fosso?' - questionou Jesus (Lucas 6:36)

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 187/188)


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

SEGUINDO O IMPULSO DA ALMA (PARTE FINAL)

"(...) É muito importante para o discípulo entender que tudo o que ele recebe por meio de instruções ou conselhos deve ser encarado com responsabilidade, para beneficiar a humanidade e os outros seres vivos. Assim como recebemos, devemos dar. Não podemos esperar até estarmos plenamente iluminados para compartilhar. Devemos compartilhar qualquer coisa que temos agora. Como todo ensinamento verdadeiro é destinado a todo mundo, não há lugar para orgulho ou presunção na senda espiritual.

A afinidade com um instrutor que não tem favoritos, que representa o amor ilimitado, exige algo desse mesmo espírito no discípulo. Ele deve buscar a verdade por si mesma, não porque ela veio do 'seu mestre', como afirmou um adepto: 'Aprenda a ser leal à ideia, não ao meu pobre eu.' O único objetivo pelo qual devemos nos esforçar é melhorar as condições humanas por meio da propagação da verdade.

Como alguém pode começar o treinamento para se tornar um discípulo? A raiva, a cobiça e a ilusão são os três grandes venenos que devem ser eliminados. Um adepto aconselhou: 'Guarde-se do espírito impiedoso, porque ele surgirá como um lobo faminto em seu caminho, e devorará as melhores qualidades de sua natureza.' Não devemos buscar o que é errado nas outras pessoas, nem ter maus sentimentos mesmo contra alguém que nos prejudicou. Não devemos julgar os outros. Os padrões do mundo espiritual são diferentes dos mundanos. 'Um engraxate honesto é tão bom quanto um rei honesto.' Uma pessoa espiritual trata todos os seres com afeição e boa vontade.

Devemos dar pouco valor à aparência externa. O que importa é a pureza interna. 'Um faxineiro imoral é muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral', porque o humilde faxineiro pode não ter tido oportunidade de aprender. A vida do discípulo deve naturalmente ser de estrita moralidade, uma conquista diária do eu. O egoísmo, que toma a forma de cobiça e se evidencia pela raiva, é o impedimento mais sério à compreensão da verdade, e deve ser arrancado pela raiz. Quem domina o eu é maior do que aquele que, na guerra, vence milhares. O adepto dominou o eu; o discípulo deve se empenhar na mesma tarefa."

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 38/39)

sexta-feira, 14 de abril de 2017

RUMO À TRANSFORMAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Podemos ver a transformação como crescimento ou aumento. Podemos também vê-la como decréscimo. 'Aquele poder que o discípulo cobiçar é o que irá fazê-lo parecer como nada aos olhos dos homens' (Luz no Caminho). Temos apenas que renunciar àquilo que de fato é inferior, embora possa, externamente, parecer superior. Então, o verdadeiramente grande surge. 

Ele surge por si próprio, quando é chegada a hora. Se tentarmos forçá-lo a se antecipar, podemos ser guiados na direção oposta, rumo à supressão de algo que, mais cedo ou mais tarde, aparecerá novamente e causará dificuldades. Mas, quando há uma certa maturidade, não conseguimos fazer outra coisa senão nos derreter com grande alegria no interior do Um, que é o nosso verdadeiro ser. 

O conhecimento direto do terreno não pode ser obtido senão pela união, e a união só pode ser alcançada pelo aniquilamento do ego e da autoimportância, que é uma barreira separando o 'tu' do 'Aquilo' (A Sabedoria Perene, A. Huxley).

Só quando o novo dia tiver verdadeiramente raiado em nossos corações é que as novas praias poderão acenar. Esse novo dia é responsabilidade nossa. Descobriremos então que as novas praias não são diferentes do novo dia, que somos aquelas praias e que elas estiveram sempre presente, mas permaneceram invisíveis até que o novo dia raiasse em nós."

(Mary Anderson - Para alcançar um novo dia - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 30/31)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A CONTEMPLAÇÃO DA UNIDADE

"O desejo é uma borrasca. A cobiça, um turbilhão. O orgulho, um precipício. O apego, uma avalanche. O egoísmo, um vulcão. Mantenha distante tais coisas, tanto que, quando praticar japa (repetição de um mantra) ou dhyana (meditação), não lhe perturbem a equanimidade.

O atmavichara¹ é o melhor de tudo que se encontra nos Upanishads². Exatamente como o fluxo de um rio é regulado por controles, e as águas são dirigidas para o mar, os Upanishads regulam a restrição aos sentidos, à mente e ao intelecto, e ajudam a atingir o mar e a mergulhar a individualidade no Absoluto. O Upanishads e a Gita são apenas mapas e manuais de instruções. Tenha diante de você a Forma do Senhor, quando, quietamente, sentar-se no lugar de meditação; e tenha também seu Nome (seja qual for) quando na prática de japam (repetição de um mantra). A Forma divina escutará e responderá. (...)

O segredo é que você deve 'estar' como dormindo, quando se achar desperto e imerso dentro de si mesmo - isto é o que você é. Somente o sono está envolto em maya ou ilusão. Desperte deste maya, mas penetre neste sono - tal é o real samadhi³. Japam e dhyanam (respectivamente, repetição do Nome e meditação sobre a Forma) são os meios pelos quais você consegue até mesmo compelir a concretização da Divina Graça na Forma e Nome que você busca. (...)

Voando aqui e acolá, cada vez mais alto, o pássaro, por fim, tem de empoleirar-se numa árvore, para descansar. Acontece o mesmo com o homem mais rico e mais poderoso - ele também anda em busca de repouso (santhi). Carente de santhi (repouso, paz, equanimidade), a vida lhe é um pesadelo. Somente em uma loja podemos adquirir santhi - esta loja é a nossa realidade interna. Os sentidos podem arrastar você à lama, numa submersão cada vez mais profunda na dualidade de alegria e de aflição, e isso significa prolongado descontentamento.

Somente a contemplação da Unidade tem o poder de remover o medo, a rivalidade, a inveja, a ambição, o desejo, ou seja, todos os sentimentos que geram descontentamento ou inviabilizam a paz imperturbável. Todas as outras vias somente podem conduzir ao pseudocontentamento."

¹ Atmavichara - Atma (a Centelha Divina); vichara (busca, inquérito).
² Upanishads - A parte conclusiva dos Vedas; o fundamento do Vedanta.
³ Samadhi - êxtase; iluminação; a comunhão com o Divino.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 138/139)


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

DESFRUTE O QUE LHE É DESIGNADO

"Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio benefício - verdadeiramente comem pecado. 

Comer os restos do sacrifício, isso é que de fato está indicado na expressão tena tyaktena bhunjitha, desfrutar aquilo que nos cabe, aquilo que foi separado para nós. Por que cobiçamos a riqueza de outro? É porque não descobrimos nossos próprios tesouros. Essa descoberta é possível somente quando vemos o Repouso Infinito no Movimento Infinito. Quando o Movimento é separado do Repouso, torna-se um mal monstruoso, resultando na frustração do vir-a-ser.

Aceitar o que é dado não é um evangelho de passividade. É realmente a base da verdadeira felicidade e ponto de partida para a correta ação. Na Aceitação descobrimos o repouso Infinito. Quando o Movimento Infinito, que é o processo do vir-a-ser, está enraizado no Repouso Infinito, então todo o movimento está pleno de significado e felicidade. No Repouso Infinito descobrimos a Qualidade de nosso próprio Ser, a Qualidade de Atman que é idêntica à Qualidade de Brahman.

A aceitação daquilo que nos é designado também não é um evangelho da procrastinação. Muitas vezes uma pessoa adota uma atitude em que diz que deve aceitar o seu destino na esperança de que o futuro lhe traga felizes novidades. Isso não é aceitação de modo algum, é submissão, e, também, com ressentimento interior. Aceitar o que é dado, aquilo que está separado para nós, é comprometer-se com a correta Percepção. Muitas vezes o homem recusa receber aquilo que lhe é dado porque não vê o que é. Quando percebemos acertadamente, então vemos na coisa dada a qualidade da Verdade, Beleza e Felicidade, a qualidade do Próprio Brahman. Aceitar o que é dado é transformar a coisa em uma janela da qual olhamos para a beleza da própria vida. A experiência da felicidade vem com a própria percepção. E, portanto, a ação que emana dessa percepção está enraizada na felicidade. Esse é o motivo pelo qual o verso de abertura do Upanixade Ishavasya diz: 'Desfrute o que lhe é designado' - ele não diz - 'Suporte o que lhe é dado.' Aceitar o que é dado é perceber a Qualidade de nosso próprio Ser. O processo de vir-a-ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 20
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 16 de setembro de 2014

APARIGRAHA (PARTE FINAL)

"(...) Se você é político ou deseja fazer vida política precisa lembrar-se de que o poder político é um 'talento' que deve ser judiciosa e inegoisticamente usado para o bem-comum. Quem o utilizar em proveito próprio, e, consequentemente, prejudicando o bem social, estará desafiando a Lei do Karma que é infalível. O verdadeiro yogue, se tivesse medo de alguma coisa, temeria cometer erros no uso do poder econômico, político ou social emprestado por Deus.

O yogue é candidato à saúde e à paz de espirito, e por isso está sempre alerta para não se deixar corromper e, para isso o preventivo é aparigraha, a não cobiça.

A cobiça, mesmo que seja pelo céu, nos pertuba.

É fato comprovado por poucos homens felizes que, somente depois de aliviados da cobiça, vieram-lhes às mãos as coisas que até então haviam em vão perseguido.

As gemas parece que fogem da bateia do garimpeiro endoidecido pela cobiça.

Aparigraha, a não cobiça, tranquiliza a alma. E quando há tranquilidade, até os pântanos ganham o privilègio de refletir as nuvens.

Não tolde sua alma, amigo, com a agitação da cobiça. Não cobice nem sequer sua cura, para, assim, não a retardar."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 223)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

APARIGRAHA (1ª PARTE)

"É um preceito do yoga e significa 'não cobice'. A cobiça é fonte de ansiedade. Por sua vez se origina da insatisfação. Nasce da frustração e gera frustração.

Dela pode advir muitas atitudes mentais, destruidoras de saúde. Quem cobiça jamais chega a experienciar a doçura do contentamento, desde que está sempre em luta por mais e por melhor.

Se você amarrar sobre as costas de um jabuti um pedaço de pau tendo na ponta um pedaço de alface, teoricamente pelo menos, vai fazê-lo andar até fisicamente exaurir-se. Atraído pelo cheiro apetitoso, andará, sempre a perseguir o inatingível. É o símbolo da cobiça.

Cobiçando maior conta bancária e mais poder econômico, muitos comerciantes, industriais, homens de empresa cometem suicídio trabalhando demais, ou, explorando os outros, se perdem no emaranhado de valores que não passam pelos portões da morte. A cobiça dá origem à inveja, que é outra fonte geradora de desequilíbrios e crimes. Quanta desgraça tem sido gerada por políticos, não só na conquista do poder, mas também no exercício do poder! A história da humanidade está cheia de exemplos de povos que foram dizimados por alguns obsedados pelo poder.

A cobiça, quer pelos cifrões, quer pelo mando, quer pela notoriedade, tem feito imperar na terra a corrupção. Na luta pelo poder, seja econômico, seja político, o homem se destrói, perseguindo o que no final é tremenda decepção. 

A morte é certa e não respeita nem rico nem rei. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 222/223)