OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 25 de agosto de 2022

FUGIR DA TRISTEZA

"Sentimos a tristeza de formas diferentes no relacionamento, na morte de alguém, na falta de sucesso na vida, quando tentamos nos tornar algo, mas fracassamos. Além disso, há problema da tristeza que afeta o aspecto físico: doenças, cegueira, incapacidade, paralisia etc. Essa coisa extraordinária chamada tristeza está por toda parte (com a morte esperando à espreita). Não sabemos como enfrentar a tristeza, então ou a adoramos, a racionalizamos ou tentamos fugir dela. Se você for a qualquer igreja cristã, vai descobrir que a tristeza é adorada: transformam-na em algo extraordinário, sagrado, e dizem que apenas por meio dela, do Cristo crucificado, é possível encontrar Deus. No Oriente eles têm suas próprias formas de evasão, outras maneiras de evitar a tristeza, e me parece uma coisa extraordinária que tão poucos, no Oriente ou no Ocidente, estejam realmente livres da tristeza. 

Seria maravilhoso se no processo de escuta - sem sentimentalismo conseguíssemos realmente entender a tristeza e nos tornar totalmente livre dela. Porque, dessa maneira, não haveria autoengano, ilusões, ansiedades, medo, e o cérebro poderia funcionar de forma clara, intensa, lógica. E então, talvez, conseguiríamos saber o que é o amor."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 236)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

NÃO TEMAS

"(...) o medo é o grande assassino da experiência espiritual. Quando nos vemos enleados em preocupações, apreensões, ansiedades e angustias, perdemos psicologicamente nossa capacidade de sentir empatia pelos nossos semelhantes - e até por nós mesmos. Por extensão, perdemos a capacidade de nos relacionarmos amorosamente com o núcleo espiritual de nosso ser. Em outras palavras, perdemos o contato com Deus quando sentimos medo.

Há na Biblia 62 passagens em que Deus ou Jesus diz: 'Não temas'. Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, conta-nos: 'A palavra de Deus veio a Abraão em sonhos dizendo: Não temas'. E logo à frente: 'Deus apareceu a ele e disse... Não temas, pois estou contigo'. Jesus associava a perda do medo à cura: 'Jesus aproximou-se deles e disse-lhes: 'Levantai-vos e nada receeis.'. Aos que se perturbavam ante as coisas terríveis que iriam acontecer no futuro, declarou: 'Ouvireis falar de guerras. Dir-vos-ão que a guerra é iminente. Mas não vos deixeis levar pelo medo'.

Talvez ainda mais importantes para a vossa compreensão do medo sejam suas palavras memoráveis: 'Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não se perturbe nem intimide o vosso coração'.

Isso é bastante claro: não deixem que nada perturbe o seu coração. Não temam coisa nenhuma. Vivam fora do alcance das ansiedades debilitantes e das apreensões.

Mas, de que modo? Como terapeuta, descobri uma única maneira de escapar às garras do medo: enveredar pelo caminho da meditação, aprender a serenar a mente, calar os fluxos de pensamentos que geram nossas preocupações e ansiedades, abrir o coração para a realidade contrária ao medo: o amor.

A psicologia cognitiva demonstrou cientificamente, nos últimos trinta anos, que a ansiedade não é uma emoção isolada e que os maus pressentimentos não constituem estados independentes. Ao contrário, eles emergem diretamente das imagens e pensamentos negativos habituais que passam por nossa cabeça. O fato psicológico elementar é que, se não estivermos sob ameaça física imediata, só um pensamento é capaz de nos deixar ansiosos.

Obviamente, podemos trabalhar esse dado de pesquisa e remover o medo de nossa vida aprendendo a distanciar-nos de tais pensamentos, que geram reações emocionais e psicológicas de pânico. Pois é exatamente o que fazemos em nosso método de meditação. Aprendemos a estar 'tranquilos' e, em consequência, alcançamos a paz espiritual de que tantas vezes falou Jesus. (...)

Constatei. ao longo dos anos, que o tratamento psicológico da ansiedade quase sempre falha sem uma dimensão espiritual meditativa. A terapia cognitiva pode encher-nos a cabeça de pensamentos positivos que anulem os negativos; mas só quando aprendemos a calar inteiramente todos os pensamentos é que mergulhamos de fato na 'paz para além de todo entendimento', como disse o Salmista. Também aprendi que eliminar imagens e pensamentos suscitados pelo medo, a fim de receber o influxo do amor espiritual, é um ato de vontade: temos de, sempre, escolher conscientemente o amor em detrimento do medo par que isso se torne nosso novo modus operandi."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., 2004 - p. 114/115)


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS DISTRAÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA QUE NOS AFASTAM DA VERDADEIRA FELICIDADE

"O termo tibetano para designar corpo é , que significa 'algo que você deixa para trás', como bagagem. Cada vez que dizemos 'lü', isto nos lembra que somos apenas viajantes, temporariamente abrigados nesta vida e neste corpo. Assim, no Tibete as pessoas não se distraíam muito gastando o tempo que tinham em tentar tornar mais confortáveis suas circunstâncias externas. Elas estavam satisfeitas se tivessem o bastante para comer, roupas sobre o corpo e um teto sobre suas cabeças. Continuar pensando obsessivamente em melhorar as próprias condições, como fazemos no Ocidente, pode tornar-se um fim em si mesmo e uma distração sem sentido. (...)

Às vezes penso que a maior aquisição da cultura moderna é sua brilhante promoção do samsara e suas estéreis distrações. A sociedade moderna me parece uma celebração de todas as coisas que nos afastam da verdade, fazendo difícil viver para ela e desencorajando as pessoas até mesmo de acreditar que ela existe. E pensar que tudo isso brota de uma civilização que alega adorar a vida, mas de fato a priva de qualquer significado real; que fala sem parar sobre fazer as pessoas 'felizes', mas de fato impede seu caminho para a fonte da verdadeira felicidade.

Esse samsara moderno alimenta-se de ansiedade e depressão que ele próprio fomenta, e para as quais nos treina e cuidadosamente nutre com um mecanismo de consumo que precisa manter-nos ávidos para continuar funcionando. O samsara é altamente organizado, versátil e sofisticado. Investe sobre nós de todos os lados com sua propaganda, criando à nossa volta uma cultura de dependência quase inexpugnável. Quanto mais tentamos escapar, mais nos sentimos enredar nas armadilhas que ele tão engenhosamente nos prepara. Como dizia no século XVIII o mestre tibetano Jikmé Lingpa: 'Hipnotizados pela mera variedades de percepções, os seres vagam infinitamente perdidos no círculo vicioso do samsara'.

Obcecados, então, por falsas esperanças, sonhos e ambições que nos prometem a felicidade mas conduzem somente à miséria, somos como forasteiros rastejando num deserto sem fim, morrendo de sede. E tudo que essa samsara nos oferece para beber é um copo d'água salgada, com o propósito de deixar-nos ainda mais sedentos."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 40/41)


sexta-feira, 13 de abril de 2018

ENQUANTO POSSUIRMOS, JAMAIS AMAREMOS

"Conhecemos o amor como sensação, não é? Quando dizemos que amamos, conhecemos o ciúme, o medo, a ansiedade. Quando você diz que ama alguém, tudo isso está implícito: a inveja, o desejo de possuir, de ser dono, de dominar, o medo da perda e assim por diante. Tudo isso, nós chamamos de amor. E não conhecemos o amor sem medo, inveja, possessão; simplesmente verbalizamos esse estado de amor que existe sem medo, o chamamos de impessoal, puro, divino ou sabe lá Deus o que mais. O fato, no entanto, é que somos ciumentos, dominadores, possessivos. Só conheceremos esse estado de amor quando o ciúme, a inveja, a possessividade, a dominação tiverem um fim, e enquanto possuirmos, jamais amaremos...

Em que momento você pensa na pessoa amada? Você pensa nela quando ela parte, quando está distante, quando deixou você... Então, você sente falta da pessoa a quem diz amar só quando está perturbado, sofrendo. Ou seja, enquanto você possui essa pessoa, não tem de pensar nela, porque na posse não há perturbação...

O pensamento surge quando estamos perturbados - e estamos propensos a ficar perturbados enquanto nosso pensamento for aquilo que chamamos de amor. Certamente, o amor não é uma coisa da mente; e, como as coisas da mente encheram nossos corações, não temos amor. As coisas da mente são o ciúme, a inveja, a ambição, o desejo de ser alguém, conseguir sucesso. Essas coisas da mente enchem o coração, e então dizemos estar amando. Mas como podemos amar quando há todos esses elementos confusos dentro da gente? Se há fumaça, como pode haver uma chama pura?"

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 125)


terça-feira, 27 de março de 2018

CONTEMPLAR AS FALHAS DESTA VIDA

"Todos nós, seres humanos, desejamos ter felicidade nesta vida, mas passamos a maior parte do tempo sob o jugo do sofrimento. Para obter algum prazer ou felicidade, lutamos contra nossos inimigos e agradamos nossos parentes e amigos. Como nossos desejos não são satisfeitos, sentimos grande ansiedade e insatisfação e temos problemas. Na tentativa de satisfazer nossos desejos, passamos por grandes provações e encontramos muitas dificuldades. Sempre que somos prejudicados ou quando nossos desejos são obstruídos, revidamos o mal, envolvemo-nos em brigas e disputas e ferimo-nos uns aos outros com armas; por causa disso, imensa é a nossa dor física. Para satisfazer os desejos desta vida, também cometemos muitas ações não virtuosas por meio da nossa fala e da nossa mente. Esse precioso corpo humano plenamente dotado, tão raro de se obter, é inutilmente desperdiçado; gastamos todo o nosso tempo à procura da felicidade insignificante deste vida, expondo-nos a provações desnecessárias."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009 - p. 478)


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

AMOR OU JULGAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Se você examinar as dores que lhe sobrevêm dia sim, dia não, logo perceberá que boa parte delas é emocional ou mental e não física. E mesmo em se tratando de for física, costumamos agravá-la com toda espécie de preocupações que nos fazem penar muito além dos efeitos de nossa condição corporal.

Buda viu tudo isso com bastante nitidez. As Quatro Nobres Verdades esclareceram o que os psicólogos só agora começam a considerar a causa do sofrimento humano: nossa fixação mental em crenças, apreensões e fantasias suscitadas pelo medo. Depois de cuidadoso exame, constatamos que o ímpeto de fugir ao sofrimento é diretamente responsável pela maior parte de nossas ansiedades e desejos. Só quando estamos sofrendo é que reagimos tentando fazer algum coisa para nos sentirmos melhor.

Depois de banir o medo subjacente, eliminamos a ansiedade. E depois de eliminar a ansiedade, modificamos nossa situação - nossa mente se aquieta, nossa percepção se apura, nosso coração se abre... e nosso espírito adeja.

Aqui, o desafio consiste em fazer pausas regulares para meditar, sintonizar a respiração... o coração... a presença no aqui e agora... e, sem julgamentos, observar-nos no instante atual, reparando nas emoções que sentimos e nos pensamentos, atitudes e crenças que as engendram. Podemos então ver claramente que essas atitudes e crenças nos estão fazendo sofrer. E, obtida essa constatação, decidimos renunciar a elas.

Tal é o processo curativo e, como Buda enfatizou repetidamente, tudo o que ele requer é uma visão direta e uma aceitação honesta do que descobrimos. Visão e aceitação por si sós geram mudança, capacitando-nos a acolher a realidade porque seria insensato combatê-la. Nessa aceitação, podemos abrir nosso coração para o mundo que nos cerca e permitir que a compaixão flua livremente..."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 95/96)


terça-feira, 18 de julho de 2017

EXPECTATIVA NEGATIVA (1ª PARTE)

"Esses conceitos a respeito das energias podem ser aplicados em situações de terapia. Para otimizar o encontro terapêutico, o profissional não deve levar consigo expectativas negativas a respeito de seu cliente nem trazer consigo sentimentos, emoções e tendências associados à sessão anterior.

Sempre que antecipa alguma dificuldade, a pessoa tende a se enrijecer e ficar exausta, o que contribui para dissipar energia. Além disso, existe uma alta probabilidade de que o cliente inconscientemente experiencie os sentimentos negativos projetados e rejeite a intervenção terapêutica. Essa reação inconsciente é provavelmente despertada pelo fluxo de energia negativa associado aos pensamentos, às imagens e expectativas do terapeuta.

Pensamentos momentâneos do tipo 'espero que essa pessoa não fique zangada', 'gostaria que essa sessão terminasse' ou 'não acredito que ela queira melhorar', são imagens negativas inconscientes. Pacientes e clientes reagem a essa postura automaticamente. Às vezes parecem telepatas e realizam a expectativa projetada. Essa projeção talvez seja o mecanismo por meio do qual a polarização experimental afeta o resultado da pesquisa.

O prejulgamento do terapeuta produz ansiedade ou rejeição automática, uma vez que tende a repercutir no campo do paciente com crenças, pensamentos ou imagens que ele inconscientemente tem de si mesmo. Em vez de diminuir as dúvidas internas, há a ativação dessas autoimagens internas negativas, de modo que sua autoestima e autoconfiança diminuem.

Um processo semelhante ocorre se a pessoa estiver ansiosa demais por um resultado positivo, como desejam os terapeutas para seus clientes ou os pais para seus filhos. Nesses casos, os pacientes ou os filhos experienciam uma pressão por mudança que pode diminuir seu aprendizado de novas habilidades. Isso também pode acentuar a ansiedade ou o medo de ser rejeitado se não atingir as expectativas do terapeuta ou dos pais. (...)"

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 35)
www.revistasophia.com.br


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (PARTE FINAL)

"Apesar de determinadas doenças terem seu início no decorrer da própria encarnação em que se manifestam, muitas delas foram geradas ANTES do nascimento físico. Nós mesmos, como almas, as escolhemos como meio de purgação de antigos desequilíbrios ou como meio de fortalecimento e desenvolvimento de certas qualidades que de outro modo não emergiriam. Escolhemos nossas enfermidades com o mais profundo poder de decisão e, por esse motivo, é inútil querermos depois combatê-las às cegas. Isso não quer dizer que as doenças sejam indispensáveis à evolução do homem: pelo contrário, elas são um mal, ainda que por enquanto necessário.

Há certas correntes de pensamento que admitem que estaríamos geneticamente programados para viver nesta Terra cerca de cento e cinquenta anos (isso dentro do ATUAL código genético), e podemos facilmente compartilhar desta ideia na medida em que, refinando nossa capacidade de percepção, reconhecemos esse potencial em nosso próprio corpo físico. Três fatores impedem, entretanto, e há muito parecem impedir, que permaneçamos em encarnação o quanto nos seria possível: a alimentação inadequada de dezenas de gerações através dos séculos, os tóxicos absorvidos por diferentes vias (físico-etéricas, emocionais e mentais) e o estado de ansiedade ao qual a vida voltada para valores corriqueiros dá permanente estímulo. Assim, muito trabalho há para ser feito em favor da saúde, antes que possamos atingir nossa máxima longevidade e vigor físico. Sabe-se, porém, que faz parte do Plano Evolutivo que o homem se torne completamente são num ciclo futuro da Terra, assim como ele o é em outros planetas e estrelas desta ou de outras galáxias (referimo-nos tanto a locais físicos como a dimensões mais sutis de vida)."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 38
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SER HONESTO

"Não é fácil ser verdadeiramente honesto, especialmente em relação a nós mesmos. Os corpos mental concreto e astral - os veículos da consciência para pensamento e desejo - influenciam-se mutuamente. A mente produzirá sempre razões excelentes e plausíveis pelas quais deveríamos fazer o que nosso desejo natural nos incita a fazer. Diverte-me frequentemente observar meus próprios processos a este respeito. Assim, como diz H.P.B., estamos 'constantemente nos enganando.'

Ser completamente honesto é ser inteiramente verdadeiro, e não podemos atingir isto se formos demasiado emocionais, amarrados a nosso próprio exame e preocupados se somos bons ou maus, inteligentes ou estúpidos etc. Um dos efeitos do progresso espiritual é a diminuição do remorso e da ansiedade. Ambos indicam carência de energia no momento presente e para trabalho em pauta. Remorso indica escoamento da força da alma em relação a algum acontecimento no passado, e ansiedade significa escoamento em função de algum efeito imaginário no futuro. C.W.L. referia-se a isto com muita simplicidade. Ele citava o provérbio muito conhecido de não atravessar pontes antes de chegar onde elas estão, e o velho ditado 'isto não terá importância daqui a dez anos.' 'Bem', dizia ele, 'se não tem importância dentro de dez anos, não tem importância agora.'

A raiz do remorso, diz-nos H.P.B., é o egoísmo, e a raiz da anisedade é o medo de um desconhecido imaginário. Medo é o recuo da personalidade ante aquilo que não deseja ter, ou dúvida se irá receber aquilo que deseja. O sábio Patañjali, assim, diz que tanto desejo quanto aversão devem ser sobrepujados - outro dos 'pares de opostos.' No equilíbrio entre os dois está o 'Caminho.' Esta é a razão por que ele é descrito como sendo 'tão estreito como o fio de uma navalha' e 'caminho reto e estreito', porque nele o discípulo aprende aquela divina indiferença que o habilita a transcender a tirania dos pares dos opostos."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 149)


quarta-feira, 1 de junho de 2016

AMOR OU JULGAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Se você examinar as dores que lhe sobrevêm dia sim, dia não, logo perceberá que boa parte delas é emocional ou mental e não física. E mesmo em se tratando de dor física, costumamos agravá-la com toda espécie de preocupações que nos fazem penar muito além dos efeitos de nossa condição corporal.

Buda viu tudo isso com bastante nitidez. As Quatro Nobres Verdades esclareceram o que os psicólogos só agora começam a considerar a causa do sofrimento humano: nossa fixação mental em crenças, apreensões e fantasias suscitadas pelo medo. Depois de cuidadoso exame, constatamos que o ímpeto de fugir ao sofrimento é diretamente responsável pela maior parte de nossas ansiedades e desejos. Só quando estamos sofrendo é que reagimos tentando fazer alguma coisa para nos sentirmos melhor.

Depois de banir o medo subjacente, eliminamos a ansiedade. E depois de eliminar a ansiedade, modificamos nossa situação - nossa mente se aquieta, nossa percepção se apura, nosso coração se abre... e nosso espírito adeja. Aqui, o desafio consiste em fazer pausas regulares para meditar, sintonizar a respiração... o coração... a presença no aqui-e-agora... e, sem julgamentos, observar-nos no instante atual, reparando nas emoções que sentimos e nos pensamentos, atitudes e crenças que as engendram. Podemos então ver claramente que essas atitudes e crenças nos estão fazendo sofrer. E, obtida essa constatação, decidimos renunciar a elas.

Tal é o processo curativo e, como Buda enfatizou repetidamente, tudo o que ele requer é uma visão direta e uma aceitação honesta do que descobrimos. Visão e aceitação por si sós geram mudança, capacitando-nos a acolher a realidade porque seria insensato combatê-la.

Nessa aceitação, podemos abrir nosso coração para o mundo que nos cerca e permitir que a compaixão flua livremente..." 

(John Selby - Sete mestres, um caminho - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 95/96)


segunda-feira, 4 de abril de 2016

AUSÊNCIA DE DESEJOS

"'Se eu não tivesse desejos', perguntou um membro da congregação, 'será que eu perderia toda a minha motivação? Será que eu não acabaria me tornando uma espécie de autômato humano?'

'Muitas pessoas pensam assim', replicou Yogananda. 'Elas pensam que não teriam mais interesse na vida. Entretanto, não é isso o que acontece. Em vez disso, você haveria de achar todas as coisas na vida infinitamente mais interessantes.

'Pense no aspecto negativo do desejo. Ele faz com que você fique sempre receoso. 'E se isso acontecer?', você pensa; ou: 'E se isso não acontecer?'; você vive num estado de contínua ansiedade quanto ao futuro, ou de pesar com relação ao passado.

'O desapego, por outro lado, o ajuda a viver constantemente num estado de liberdade e de felicidade. Quando você puder ser feliz no presente, você estará apto a encontrar Deus.

'Livrar-se dos desejos não lhe tira nenhuma motivação. Longe disso! Quanto mais você vive em Deus, mais profunda é a alegria que você sente ao servi-Lo.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 94)


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

HÁBITOS DESTRUTIVOS (2ª PARTE)

"(...) A luta é um hábito psicológico destrutivo para provar o próprio mérito, para parecer esperto, obter vantagens, progredir rapidamente e assim por diante. Mas por que devemos parecer espertos? Por que devemos parecer alguma coisa? Por que todo esse esforço? Será possível agir e viver, fazer o que vale a pena, o que é útil e bom, sem precisar psicologicamente lutar para isso?´

Como lutar é um hábito do ego, quando as pessoas decidem não fazer parte do mundo e viver a vida espiritual, a mente continua ansiosa por obter a atenção do guru, para se iluminar rapidamente ou para encontrar o melhor método de vencer os defeitos. Assim, ela não é pacífica. É fácil ser mundano enquanto se imagina ser espiritual. Por outro lado, ao perceber que o eu egoísta se alimenta da confrontação com os outros, com as ideias, as circunstâncias e os seus próprios defeitos, a pessoa se livra da tensão, e sobrevém a calma.

Viver uma vida saudável, ser natural e feliz como as crianças significa não lutar, mas permanecer quieto e calmo com o que quer que seja. O Taoísmo ensina a não resistência, o que implica profundo contentamento interior, em harmonia com o céu e a terra. Não será isso o que quer dizer o Bhagavad Gita ao aconselhar a pessoa a agir 'estabelecida no yoga'? Yoga é realizar plenamente a harmonia do céu e da terra dos quais somos parte. Quando não há sentimento de luta, ocorre uma mudança nos nossos relacionamentos e em nosso próprio ser.

Pessoas inteligentes e talentosas oferecem soluções variadas para os imensos problemas atuais, mas muitas vezes a cura é pior que a doença. O uso de produtos químicos artificiais é um exemplo. Supunha-se que prenunciavam uma sociedade livre de doenças, mas criaram novos problemas. Quem sabe o que irá resultar das manipulações genéticas?

Somos incapazes de dar fim aos conflitos no mundo ou de erradicar a pobreza. Será que somos tão impotentes porque somos vítimas do estresse do ego, que essencialmente projeta ilusões a partir de mentes perturbadas e, portanto, obscuras? Obviamente, apenas a mente tranquila possui clareza; a mente confusa acredita em suas capacidades e supõe que a confusão pode ser subitamente dissipada. Mas isso não acontece, porque suas percepções não são nem totais nem saudáveis. (...)"

(Radha Burnier - Estar no mundo e viver em paz - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p. 29/30)
www.revistasophia.com.br


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O MEDO NÃO PODE ENTRAR EM UM CORAÇÃO TRANQUILO

"O medo é outra forma de estática que afeta seu rádio mental. Como os bons e os maus hábitos, o medo tanto pode ser construtivo quanto destrutivo. Por exemplo, quando uma esposa diz: 'Meu marido não vai gostar se eu sair esta noite, portanto, não irei', ela é motivada pelo temor afetuoso, que é construtivo. O temor afetuoso é o medo servil são diferentes. Refiro-me ao temor afetuoso, que torna prudente a pessoa que não quer ferir outra sem necessidade. O medo servil paralisa a vontade. Os membros de uma família deveriam cultivar apenas o temor afetuoso e jamais recear dizer a verdade uns aos outros. Realizar ações gentis, ou sacrificar seus próprios desejos por amor a outra pessoa é muito melhor do que fazê-lo por temor. E quando você se recusa a transgredir as leis divinas, deve fazê-lo por amor a Deus, não por medo do castigo.

O medo vem do coração. Se alguma vez você se sentir dominado pelo medo de alguma doença ou acidente, deve inspirar e expirar profunda, lenta e ritmicamente várias vezes, relaxando a cada expiração. Isso ajuda a normalizar a circulação. Se o coração estiver realmente calmo, você não sentirá medo nenhum.

A consciência da dor desperta a ansiedade no coração; por isso, o medo depende de alguma experiência prévia - talvez um dia você tenha caído e quebrado a perna, e daí aprendeu a temer a repetição dessa experiência. Ao permitir que semelhante apreensão o domine, a vontade e os nervos paralisam-se, e você pode realmente cair outra vez e quebrar a perna. Além disso, quando o coração fica paralisado de medo, sua vitalidade diminui, dando aos germes nocivos a oportunidade de invadir seu corpo."

(Paramahansa Yogananda - E Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 93/94)


sábado, 25 de julho de 2015

O GATILHO DA MEMÓRIA (PARTE FINAL)

"(...) Perdemos com facilidade a paciência com os filhos, com os amigos, com as pessoas que nos frustram. Infelizmente, sob um foco de tensão, psicólogos e pacientes, executivos e funcionários, pais e filhos detonam o gatilho da memória e produzem reações agressivas que os dominam, ainda que por momentos.

Ferimos a nós mesmos e não poucas vezes causamos danos às pessoas que mais amamos. Fazemos delas a lata de lixo de nossa ansiedade. Detonado o gatilho, reagimos impulsivamente, e somente minutos, horas ou dias depois adquirimos consciência do estrago que fizemos. Somos controlados pela nossa emoção. Algumas pessoas nunca mais se esquecem de um pequeno olhar de desprezo de um colega de trabalho. Outras não retornam mais a um médico se ele não lhes deu a atenção esperada. 

Se uma pessoa não aprender a administrar o gatilho da memória, viverá a pior prisão do mundo: o cárcere da emoção. Os dependentes de drogas vivem o cárcere da emoção, porque, quando detonam o gatilho, não conseguem administrar a ansiedade e o desejo compulsivo de uma nova dose. Os que possuem a síndrome do pânico vivem o medo dramático que vão morrer ou desmaiar, gerado também por esse gatilho.

Do mesmo modo, os que têm claustrofobia, transtornos obsessivos compulsivos (TOC) e outras doenças produtoras de intensa ansiedade são vítimas do gatilho da memória. Esse fenômeno é fundamental para o funcionamento normal da mente humana, mas, se produz reações doentias e pensamentos negativos inadministráveis, contribui para gerar uma masmorra interior.

Como exímio mestre da inteligência, Jesus sabia gerenciar o gatilho da memória, não deixava que ele detonasse a agressividade impulsiva, o medo súbito, a ansiedade compulsiva. Portanto, sempre pensava antes de reagir, nunca devolvia a agressividade dos outros e, como já dissemos estimulava seus agressores a repensar sua agressividade."

(Augusto Cury - O Mestre da Vida - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 45/46)

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O GATILHO DA MEMÓRIA (1ª PARTE)

"O gatilho da memória é um fenômeno inconsciente que faz as leituras imediatas da memória mediante um determinado estímulo. O medo súbito, as respostas impensadas, as reações imediatas são derivados do gatilho da memória. Diante de uma ofensa, um corte na mão, uma freada brusca ou uma situação de risco qualquer, esse gatilho é acionado, gerando uma leitura rapidíssima da memória e produzindo as primeiras cadeias de pensamentos e as primeiras reações emocionais.

Somente depois de segundos ou fração de segundo é que o 'eu' (vontade consciente) inicia seu trabalho para administrar o medo, a ansiedade e a angústia que invadiram o território da emoção. Isso explica por que é difícil administrar as reações psíquicas. Grande parte de nossas reações iniciais não é determinada pelo 'eu', mas detonada pelo gatilho inconsciente da memória.

Uma pessoa agredida, ofendida, sob risco de morrer, ou seja, sob um foco de tensão, raramente conseguirá administrar seus pensamentos. Nessas situações, ela reage sem pensar. Para retomar as rédeas de sua inteligência o 'eu' terá de gerenciar os pensamentos negativos, duvidando deles e criticando-os. Assim, a pessoa sai do foco de tensão e se torna líder do seu mundo. Todavia, frequentemente somos frágeis vítimas dos processos de nossa psique.

Quem é que pensa antes de reagir antes de situações tensas? Não exija lucidez das pessoas quando elas são feridas, ameaçadas ou estão ansiosas. Seja paciente com elas, pois o gatilho da memória estará gerando medo, raiva, ódio, desespero, que por sua vez travam a liberdade de pensar. Quando nossas emoções estão exaltadas, reagimos por instinto, e não como seres pensantes.

Jesus foi ofendido diversas vezes em público. Mas não se deixava perturbar. Em algumas situações, foi expulso das sinagogas, mas mantinha sua emoção intacta. Correu risco de morte em algumas ocasiões, mas permaneceu em paz, em vez de tenso. A mesma coragem que o movia para falar o que pensava protegia sua emoção diante dos estímulos estressantes. (...)"

(Augusto Cury - O Mestre da Vida - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 44/45)


sábado, 27 de junho de 2015

SAIBA OCUPAR-SE (PARTE FINAL)

"(...) O homem ocidental, atuado pela ansiedade, atraído pelo sucesso, esporeado por múltiplas ocupações, é infeliz e vulnerável. Ele precisa, para salvar-se de muitos problemas com os nervos, dar sabedoria a seu agir. Falando em linguagem yogue: substituir a rajacidade pela sattvidade.

Segundo o yoga, há um dinamismo intensíssimo no sábio, que, sentado, medita. Esse dinamismo não pode ser visualizado ou mesmo entendido pelo agitado homem pragmático do Ocidente. Um yoguin em ásana (postura) a meditar dá ao leigo a aparência de estar parado, improdutivo e perdendo tempo. No entanto, ele está num estado altamente dinâmico. Não é, como o homem vulgar o julga, preguiçoso, improdutivo e inoperante.

O preguiçoso é parado como as águas de um banhado. O nervoso homem de negócios é feito mar encapelado pela fúria da tempestade. O sábio que medita está parado, mas sua estática é vertical como a dos giroscópios. A estagnação horizontal do preguiçoso é doença. A agitação do negociante pode levá-lo à doença. A vertical estática na meditação do sábio o leva à santidade ou sanidade, que é a mesma coisa, e lhe descerra um tesouro de criatividade.

O homem superativo se gasta antes, durante e depois. Não se ocupa tão só com o que tem diante de si. Sofre por antecipação, pois se pré-ocupa. Ele sofre também com atraso, pois é presa de remorso, ressentimento ou tristeza pelo que fez, ele se pós-ocupa.

O sábio somente se ocupa. Não se pré-ocupa. Não se pós-ocupa. Não se consome no que está por vir. Não se empenha no que passou. Não sofre na espera. Não se martiriza rememorando. Ele segue o ensino bíblico, vivendo seu dia e deixando que o ontem ou o amanhã cuidem deles mesmos.

Não quer dizer que seja imprudente e irresponsável, mas acha que não é inteligente começar a dançar antes que a música toque nem continuar dançando depois que ela finda.

Sabe prever para prover e não para sofrer."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 193/194)
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sexta-feira, 20 de março de 2015

TODO SER HUMANO PASSA POR INVERNOS EXISTENCIAIS (PARTE FINAL)

"(...) Todos passamos por focos de tensão. As preocupações existenciais, os desafios profissionais, os compromissos sociais e os problemas nas relações interpessoais geram continuamente focos de tensão que, por sua vez, geram estresse e ansiedade. Esses focos podem exercer um controle sobre a inteligência que nos impede de ser livres, tanto na construção quanto no gerenciamento dos pensamentos. Às vezes, a atuação dos focos de tensão é tão dramática que exerce uma verdadeira ditadura sobre a inteligência.

Quem cuida apenas da estética do corpo e descuida do enriquecimento interior vive a pior solidão, a de ter abandonado a si mesmo em sua trajetória existencial. As pessoas que vivem preocupadas com cada grama de peso fazem de suas vidas uma fonte de ansiedade. Elas têm grande dificuldade de superar as contrariedades, as contradições e os focos de tensão que surgem na trajetória existencial. A ditadura dos focos de tensão torna o ser humano uma vítima de sua história, e não um agente construtor dela, um autor que reescreve seus principais capítulos. É mais fácil sermos vítimas do que autores de nossa história. (...)

Cristo via as dores da vida sob outra perspectiva. Enfrentava as contrariedades sem desespero, não tinha medo da dor nem das frustrações pelas quais passava. Muitos o decepcionavam, até os seus íntimos discípulos o frustravam, mas ele absorvia aquelas frustrações com tranquilidade. Como mestre da escola da existência, treinava continuamente seus discípulos para superarem seus focos de tensão, para enfrentarem seus medos e seus fracassos. Assim, poderiam reescrever suas histórias e corrigir suas rotas com maturidade.

Certo dia, Jesus teve um diálogo curto e cheio de significado com seus discípulos. Disse: 'No mundo passais por várias aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo.' Ele reconheceu que a vida humana é sinuosa e possui turbulências inevitáveis, encorajou seus íntimos a não se intimidarem diante das aflições da existência, mas se equiparem com ânimo e determinação para superá-las. Disse que tinha vencido o mundo, superado as intempéries da vida, o que indica que ele não vivia sua vida de qualquer maneira, mas com consciência, com metas bem estabelecidas, como se fosse um atleta."

(Augusto Cury - O Mestre dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2006 - p. 105/106)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SAMKALPAYAMA (1ª PARTE)

"Traduz-se samkalpayama por controle sobre a imaginação (yama, controle; samkalpa, imaginação). Vigiar a imaginação, procurando não reprimi-la, mas conquistá-la, é fundamental para uma vida serena, produtiva e sã.

A imaginação é a melhor serva, quando conquistada, mas é a mais tirânica e doida senhora, quando solta e impura. Ninguém desconhece as mil e muitas enfermidades que nascem e crescem, graças à imaginação mórbida. Não é este o caso dos hipocondríacos?! Seus sintomas não são realmente imaginários. Eles existem mesmo e quem lhes dá existência é a imaginação perturbada do doente. As preocupações, que tanto martirizam os ansiosos, não são alimentados pela imaginação? Não é o fato de ficarmos a imaginar que vai acontecer algo de mal que nos tira a calma? A maior parte de nossos sofrimentos antecipados (preocupações) é gratuita. Aquilo que tememos venha acontecer, que a imaginação diz que vai acontecer, muitas vezes só acontece pela força que a imaginação lhes dá. Os preocupados geralmente são homens de imaginação fecunda. Os gênios, também. Nos primeiros, ela é destrutiva. Nestes, criadora. A imaginação, em si, portanto, não é nem construtiva nem destrutiva, a direção em que é usada é o que assim a faz. Não é isto que nos diz a psicocibernética?! É só 'carregar' o servo-mecanismo de nosso cérebro com um alvo negativo e nefasto, para que o mal ocorra, diz essa moderníssima ciência. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 177/178)


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O MEDO NÃO PODE ENTRAR NUM CORAÇÃO TRANQUILO

"O medo vem do coração. Se alguma vez você se sentir dominado pelo medo de alguma doença ou acidente, deve inspirar e expirar profunda, lenta e ritmicamente várias vezes, relaxando a cada expiração. Isso ajuda a normalizar a circulação. Se o seu coração estiver realmente calmo, você não sentirá medo algum.

A consciência da dor desperta a ansiedade no coração; por isso, o medo depende de alguma experiência prévia - talvez um dia você tenha caído e quebrado a perna, e daí aprendeu a temer a repetição dessa experiência. Quando você abriga esse tipo de apreensão, a vontade e os nervos paralisam-se, e você pode realmente cair outra vez e quebrar a perna. Além disso, quando o coração fica paralisado de medo, sua vitalidade diminui, dando aos germes nocivos a oportunidade de invadir seu corpo."

(Paramahansa Yogananda - Viva Sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 20/21)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SAMA BHAVA (PARTE FINAL)

"(...) O caçador de prazeres, de conpensações, de fortuna, de posições, de aplausos, de lucros, de tudo que julga desejável, é em geral um débil, pois, na mesma medida com que se alegra com a conquista daquilo que busca, desespera-se, sente-se desamparado e perdido diante dos menores vetos e negativas que o destino lhe impõe. Quase sempre sente medo de perder o que tem ou o que pensa que é, e adoece de medo diante das ameaças a ele ou a seu patrimônio. Ao primeiro prenúncio de dor de cabeça, se acovarda e, assim, a agrava.

Quem faz da equanimidade sua fortaleza interna é inexpugnável. Não teme perder nem se perturba na ansiedade de conquistar. Equânime não é a pessoa fria, indiferente e inconsequente. Embora se apercebendo da significação de ser favorecido ou desfavorecido, embora participe ativamente dos fatos, consegue um sadio isolamento emocional, colocando-se acima deles. Na estratosfera do espírito reside sua tranquilidade. Tufões e muita chuva só perturbam as camadas inferiores da atmosfera da mente e da matéria.

Aprenda a ser equânime, amigo, e se torne invencível. Para isso, procure fazer uma noção exata do mundo que o cerca. Aprenda a tomar as coisas como vêm. Liberte-se dos óculos escuros do pessimismo e igualmente dos óculos azuis do otimismo. Contemple com isenção os dois polos perenes da realidade. Vício e virtude, bom e mau, bem e mal, fácil e difícil, verso e reverso, junções e separações, queda e ascensão, estão aí e aqui, estiveram e sempre estarão em toda a parte, quer você goste, quer não, quer lucre ou perca, sofra ou goze. Na obra do Absoluto 'tudo é necessário' e em nossa vida 'nada é imprescindível' a não ser o amor de Deus. Aprenda a aceitar com equanimidade o que a vida lhe der. Só assim poderá seguir o que o Epíteto ensinou: 'Não faça sua felicidade depender daquilo que não depende de você.'

Quando a ansiedade lhe impedir o sono ou estiver querendo impacientar-se na fila de atendimento; quando o patrão disser que não lhe vai conceder o aumento ou a chuva estragar seu domingo na praia; quando sua úlcera começar a dar sinais. quando sentir ímpetos de desespero, de desânimo ou outra emoção perniciosa, diga a si mesmo: 'Devo aproveitar esta oportundade que a vida me apresenta e aprender a ser equânime. Vou fazer tapas, isto é, austeridade; vou aceitar sem reclamar, sem me sentir vítima da má sorte; vou colocar-me acima das circunstâncias. Não vou perder a paz de Deus dentro de mim por causa desse aborrecimento temporário.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 210/213)