OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O SENTIDO DA VIDA, SEGUNDO MOISÉS, BUDA, CRISTO (2ª PARTE)

"(...) Cerca de mil e quinhentos anos depois de Moisés e seiscentos anos depois de Buda apareceu o maior gênio humano sobre a face da Terra, Jesus de Nazaré, que cristalizou numa parábola esta mesma verdade: que o homem que vive e age na ilusão sobre si mesmo é um 'servo mau e preguiçoso' e perde até a sua natureza humana, ao passo que o homem que conhece e vive a verdade sobre si Mesmo é um 'servo bom e fiel', que entra no gozo da verdade Libertadora.

Esta verdade cósmica, reduzida a termos modernos, resulta nas palavras seguintes: quem pode, deve; e quem pode e deve, e não faz, cria débito – e todo o débito gera sofrimento.

Quando as eternas leis cósmicas dão a uma creatura uma potencialidade, esperam delas a atualização dessa potencialidade. Se o homem faz o que pode e deve, ele se realiza, faz a sua realização existencial; mas, quando o homem não faz o que pode e deve, sucumbe ele à sua frustração existencial.

Sendo o homem essencialmente o seu Eu racional (espiritual), ele pode e deve realizar esse Eu divino, esse seu Logos; é esta a sua realização existencial, que as leis cósmicas esperam dele. O homem é, potencialmente, o 'sopro de Deus', diz o Gênesis, que pode e deve atualizar-se na 'imagem e semelhança de Deus'; esta realização é a razão de ser da sua existência. O homem é dotado do poder do livre-arbítrio, e não há evolução sem resistência; por isto crearam as leis cósmicas no homem o ego mental, que o Gênesis chama a serpente, que deve manifestar-se e ser superado para que o homem se realize plenamente pelo poder do seu livre-arbítrio. Deus creou o homem o menos possível (sopro divino), creou o homem perfectível, para que o homem se possa crear o mais possível (imagem e semelhança de Deus) no estado do homem perfeito.

Enquanto o homem não atualizar a sua potencialidade, está ele sujeito ao sofrimento, porque não faz o que pode e deve; torna-se devedor e culpado em face das leis cósmicas. E a reação dessas leis contra o culpado é o sofrimento. 

Até hoje, quase toda a humanidade é culpada perante as leis cósmicas, porque todos os homens são realizáveis, e poucos são realizados. A humanidade sofre porque é culpada e devedora em face das eternas leis do Universo, e sofrerá sempre, enquanto não estiver quite com as leis da justiça cósmica.

Enquanto o servo não duplicar os talentos recebidos, as potencialidades que de Deus recebeu, continua ele devedor e sofredor, porque as leis cósmicas não distribuem potencialidade a esmo, mas exigem que o homem duplique por esforço próprio o que recebeu; quem apenas devolve o que recebeu é um servo mau e preguiçoso. (...)"

(Huberto Rohdem - O Homem, sua Natureza, sua Origem e sua Evolução - p. 38/39)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (1ª PARTE)

"O que quer dizer o termo 'Deus'? A sabedoria Antiga afirma a existência de uma vida transcendente, autoexistente, eterna, onipenetrante, que tudo sustém, por meio da qual e na qual todas as coisas que existem se originaram, vivem, movem-se e têm o seu ser. Essa vida é imanente em nosso mundo e no sistema solar como o Logos, o 'Verbo', adorado sob diferentes nomes em diferentes religiões, mas reconhecido como o único Criador, Preservador e Regenerador. O sistema solar é dirigido e guiado pelo Logos Solar por meio de uma hierarquia de seres altamente evoluídos, os 'Poderosos Espíritos diante do Trono'. Na Terra essas funções são conduzidas por uma hierarquia de homens perfeitos, referidos como rishis, sábios, adeptos, santos. O princípio Divino Absoluto revela-se num processo Universal de perpétuo desdobramento de potencialidades. Embora esse processo seja consumado segundo lei eterna, ele não é mecânico, sendo dirigido ajudado pelo Logos Solar por intermédio de Seus ministros. Deus é assim apresentado como transcendente e imanente, além de criador, sustentador e transformador de todos os mundos e a fonte espiritual de todos os seres dentro do Seu sistema solar. 

Essas definições de deidade não se harmonizam com a ideia de Deus aceita pelo cristianismo. Na sabedoria Eterna, Deus não é apresentado como uma figura antropomórfica, um ser onipotente em forma humana e com tendências humanas associadas a poderes divinos. Ele¹ não é considerado sensível à propiciação, mas é sobretudo uma incorporação da lei eterna. Ele não confere favores a alguns em detrimento de outros, todos Seus filhos são considerados igualmente. Ele não está distante num céu remoto, mas, de fato, presente como a vida divina na natureza e a divina Presença no homem, o 'Deus que opera em vós...' (Fl 2:13). (...)"

¹ O masculino é usado por conveniência apenas, sendo o princípio divino considerado igualmente como masculino, feminino e andrógino.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56/57)

sexta-feira, 20 de maio de 2016

A TRAGÉDIA DE SER DESONESTO

"Indivíduos que levam uma vida de falsidade, tirando proveito da hipocrisia, utilizando-se da mentira, aplicando golpes, insistindo em faturar mais, mas naquela base - 'Se ninguém vê, se posso esconder e disfarçar, se consigo fraudar, por que ser honesto, cumprir com meu dever? Por que não aproveitar?' - se iludem supondo que vivem bem com o produto de seus crimes. 

Na verdade, vivem vítimas do medo, castigados pelo estresse, assustados com a possibilidade de virem a ser descobertos e terem de pagar por seus delitos...

Isso é vida? Vale a pena ficar sempre em alerta, sem sossego, esperando o golpe da justiça?

E a dívida que fazem com a Lei Divina?!!!

É preciso ser muito estúpido para continuar corrupto, farsante, hipócrita, desonesto!

Como é bom poder viver sem ter de me esconder dos outros. Como é bom estar contigo, Senhor!"

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 120)


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

SIGA O SADHANA DO GURU

"O sadhana ensinado por nosso gurudeva, Paramahansa Yoganada, mostra-nos como aplicar o 'Caminho Óctuplo da Yoga" delineado pelo sábio Patânjali. Vem primeiro yama-niyama, os preceitos morais e espirituais que todos os seres humanos precisam seguir a fim de levar uma vida em harmonia com a lei divina. Depois, vem asana ou postura correta para meditação, com a coluna vertebral ereta. O asana correto é importante para impedir que o corpo distraia a mente enquanto ela procura ir em direção a Deus. 

A seguir vem pranayama, ou controle da força vital, que é necessário para que a respiração não mantenha a consciência amarrada ao corpo. Logo depois, a interiorização da mente, ou pratyahara, que nos liberta das distrações mundanas que nos chegam através dos cinco sentidos. Então, estamos livres para a concentração e a meditação, dharana e dhyana, que levam ao samadhi: a experiência superconsciente da união com Deus.

O Senhor não tem prediletos; Ele ama a todos igualmente. O sol brilha da mesma forma no carvão e no diamante, contudo o diamante recebe e reflete a luz. Quase todas as pessoas têm mentalidade semelhante ao 'carvão'; eis por que pensam que Deus não as abençoa. O amor e as bênçãos estão aí; o homem só precisa recebê-los. Por meio de bhakti, ele pode transformar sua consciência em mentalidade diamantina para receber e refletir plenamente o amor e a graça de Deus. Então, terá paz e satisfação em sua vida. Mesmo uma pequena meditação e amor sincero por nosso Criador Divino trarão paz aos corações dos homens, e consequentemente as condições do mundo irão realmente melhorar. 

Ao oferecer a devoção de nossos corações ao guru e ao receber dele, em troca, o amor divino e a amizade incondicionais, aprendemos o que é amar a Deus sinceramente. O guru desperta dentro de nós o verdadeiro amor por Deus, e nos ensina de que maneira amá-Lo."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 179/180)


segunda-feira, 27 de julho de 2015

O ENRIQUECIMENTO INTERNO E A PROSPERIDADE EXTERNA (PARTE FINAL)

"(...) Desde que o homem especule mercenariamente para receber qualquer benefício externo pelo fato de ser bom, já está num trilho falso, porque degrada as coisas espirituais a escrava das coisas materiais - e não pode ser feliz. O espiritual deve ser buscado incondicionalmente, sem segundas intenções - e Deus se encarregará do resto.

A felicidade pessoal não é, pois, algo que o homem deva buscar como prêmio da sua espiritualidade, nem mesmo como uma espécie de 'céu' fora dele - essa felicidade lhe será dada como um presente inevitável, como uma graça, como um dom divino - suposto que ele seja incondicionalmente bom.

Essa atitude interna de completo desinteresse, é claro, exige grande pureza de coração, e é por isto mesmo que o Nazareno proclama 'bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus'. 'Pureza de coração' é isenção de egoísmo.

É imensamente difícil, para o homem profano, ser integralmente honesto consigo mesmo, não camuflar intenções, não criar cortinas de fumaça para se iludir egoisticamente sobre os verdadeiros motivos dos seus atos. Um homem que, digamos, durante dez ou vinte anos, praticou vida espiritual, mas não conseguiu prosperidade material, e se queixa desse 'fracasso' descrendo da justiça das leis eternas que regem o universo e a vida humana, esse homem não é realmente espiritual, nutre um secreto espírito mercenário, esperando receber algo material por sua espiritualidade; não busca sinceramente o reino de Deus e sua justiça, e por isto mesmo, não lhe serão dadas de acréscimo as outras coisas.

Só um homem que possa dizer como Job, depois de perder tudo: 'O Senhor o deu, o Senhor o tirou - seja bendito o nome do Senhor!' ou que compreenda praticamente as palavras de Jesus: 'Quando tiverdes feito tudo que devíeis fazer, dizei: Somos servos inúteis; cumprimos apenas a nossa obrigação, nenhuma recompensa merecemos por isto' - só esse homem é realmente espiritual e descobrirá o segredo da verdadeira felicidade. (...)

O altruísmo de que falamos é um meio para o homem fechar as portas ao seu egoísmo pessoal e abrir a porta à invasão do seu grande Eu espiritual. Quem quer autorrealizar-se em sua alma, deve substituir o seu egoísmo pelo altruísmo. O ego só se encontra com Deus via tu."

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 35/36)
  

sexta-feira, 8 de maio de 2015

FOGE DA TUA 'FELICIDADE' - E SERÁS FELIZ! (1ª PARTE)

"Ninguém pode ser íntima e solidamente feliz se não sacrificar a sua 'felicidade' pela felicidade dos outros. Ninguém pode ser realmente feliz enquanto não se perder em algo maior do que ele mesmo. 

Quem gira 24 horas por dia, 365 dias por ano, ao redor de si mesmo, do seu pequenino ego humano, dos seus pequenos prazeres e das suas mágoas pessoais, será necessariamente infeliz. Para ser profundamente feliz é indispensável abandonar de vez a trajetória do seu ego e lançar-se à vastidão do Infinito, permitindo ser invadido por Deus. E, como passo preliminar para essa mística divina, entusiasmar-se por alguma obra de ética humana, trocar o seu pequeno eu pessoal pelo grande nós universal.

Existe uma lei eterna que proíbe o homem de girar ao redor de si mesmo, sob pena de atrofia psíquica e espiritual, sob pena de ficar internamente doente e infeliz. A Constituição Cósmica exige que todo homem, para ser feliz, gire em torno da felicidade dos outros, ou, na frase lapidar do mais feliz dos homens que a história conhece, que 'ame a Deus sobre todas as coisas e seu próximo como a si mesmo', que 'perca a sua vida - para ganhá-la'.

Julgam os ignorantes e inexperientes que este preceito evangélico, reflexo da sabedoria dos séculos, represente algum idealismo aéreo e impraticável; mas os experientes sabem que ele é sumamente realista, porque encerra o elixir da verdadeira felicidade. Quem nunca aplicou essa receita não sabe de sua eficiência; mas todos os que a aplicaram sabem que ela é 100% eficiente. Nunca ninguém se arrependeu de ter sido altruísta, porém milhares e milhões se têm arrependido de terem sido egoístas. Se um egoísta pudesse ser realmente feliz, estaria ab-rogada a Constituição do Universo, teria o caos suplantado o cosmos. Ninguém pode ser feliz contra o Universo, mas tão somente com o Universo - a lei básica do Universo, porém, é amor. (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 31/32


quinta-feira, 26 de junho de 2014

O PECADO

"Perguntaram-me o verdadeiro significado do pecado. No sentido em que essa palavra em geral é usada, pelo menos por sacerdotes cristãos, penso que o pecado não passa de invenção da imaginação teológica. Popularmente, o pecado indica um desafio à lei divina – a realização de alguma ação cujo autor sabe ser errada. É extremamente duvidoso que esse fenômeno, de fato, exista. Em praticamente todos os casos imagináveis, o homem quebra a lei por ignorância ou negligência e não pela intenção deliberada. Quando um homem, em realidade, conhece e vê a intenção divina, inevitavelmente se harmoniza com ela por duas razões: primeiro porque percebe a total futilidade de uma ação contrária e, mais tarde, porque, ao ver a glória e beleza do plano, nada mais deseja fazer a não ser dedicar-se com todos os poderes de seu coração e de sua alma à sua realização.

De todas as concepções erradas que herdamos das idades negras, uma das mais sérias é a ideia de ‘pecado’ como uma perversidade a ser punida e brutalmente perseguida. Na verdade, o pecado é resultado de ignorância, que só se supera pela educação e esclarecimento. Alguém poderá discordar dizendo que, na vida diária, as pessoas fazem a todo momento e conscientemente coisas erradas, todavia esse é um argumento falso. Elas estão fazendo que lhes disseram que é errada, o que é bem diferente. Quando alguém sabe, de verdade, que uma ação é errada e que, inevitavelmente, será seguida por más consequências, evita-a com cuidado. Todos sabem que o fogo queima,  por isso ninguém põe a mão nele. Quem age errado justifica o erro para si mesmo no momento da ação, não importa o que venha a pensar depois com mais calma. Por conseguinte, afirmo que o pecado, como normalmente o entendemos, é invenção da imaginação teológica; o que existe, na verdade, é uma condição infeliz que leva frequentemente à infração da Lei divina. Temos o dever de lutar para dissipar essa ignorância com a luz da teosofia."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interna - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 94)


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

AS LEIS UNIVERSAIS (1ª PARTE)

"Quando observamos atentamente a Natureza, podemos perceber a ação de certos princípios reguladores de sua atividade, princípios estes que foram chamados de 'leis' pelos antigos pensadores, as leis da Natureza, e que revelavam algo acerca de seu modo de funcionamento.

A Ciência oficial tem experimentado um progresso estupendo. Talvez, por estarmos muito habituados com as facilidades agregadas ao nosso viver pela tecnologia - filha pródiga da Ciência - não nos damos conta da extensão dos progressos realizados nos últimos cem ou duzentos anos. Progresso em todos os campos: na Medicina,na Física, na Química, na Astronomia, na Antropologia, como também em outras áreas. Mas é interessante observar que o pivô de quase todos esses progressos foi sempre a descoberta do modo como a própria Natureza opera em seus inúmeros e bastante diversificados setores. Foi precisamente a descoberta de 'leis', princípios, normas de ação do ambiente natural, que permitiu à Ciência um tremendo avanço no conhecimento desse fenômeno vasto, misterioso e complexo que chamamos de vida. (...)

(...) O estudo sobre as leis que governam os processos naturais não é facultado apenas ao cientista em seu laboratório, mas a todo o ser humano interessado no progresso real da humanidade, progresso esse que deve conduzi-la de um estado egocêntrico e indiferente a um estado de muita cooperação e fraternidade.

A filosofia teosófica corrobora a afirmação da Ciência oficial de que a Natureza funciona através de leis e aprofunda a questão ao afirmar que a Natureza, bem como o Universo inteiro, são expressões de leis eternas e imutáveis. O conhecimento e a adequação de nossas vidas a esses princípios fundamentais ou leis habilitam-nos a ocupar conscientemente nosso lugar no plano da Natureza e a sermos agentes beneficentes do progresso da humanidade e de todas as formas de vida. (...)

Para a visão de mundo comum, o Universo pode até parecer um 'conglomerado fortuito de átomos', mas não para a percepção espiritualmente iluminada. Os sábios e místicos de todas as culturas têm dado o testemunho da profunda harmonia inerente aos processos da vida. (...)"

(Ricardo Lindemann & Pedro Oliveira  - A Tradição - Sabedoria - Ed. Teosófica, 2006 - p. 135/136)


segunda-feira, 17 de junho de 2013

CARMA, LEI CÓSMICA (PARTE FINAL)

" (...) O sofrimento nem sempre é útil e pode mesmo ser quase totalmente inútil, quando não contribui para tornar o indivíduo melhor ou para levá-lo a considerar a vida sob aspecto mais elevado. Assim, há indivíduos que arrastam uma doença por anos e anos, a procurar a cura em consultórios médicos, em sessões espíritas, ou em santos milagreiros. De que valerá curarem-se, ou de que valeu o seu sofrimento, se a alma continuar doente, presa aos mesmos vícios, à mesma ignorância, aos mesmos preconceitos, ao mesmo egoísmo? A alma doente irá gerar novo corpo doente nesta existência ou em outras posteriores.

Igualmente, há indivíduos que se debatem em situações aflitivas, a procurar resolvê-las na parte material, sem procurar analisar a causa de seu sofrimento e, por isto, sem chegarem a compreender que a dor presente é o resultado do egoísmo e do desconhecimento das leis divinas. 

Conhecer o Carma intelectualmente muita gente o conhece; a maior dificuldade, porém, não está em conhecer a lei, mas em ter a convicção íntima de que ela existe, de que age. Assim, podemos dizer à criança de um ano de idade que não se chegue ao fogo, porque se queimará. Ela tem o conhecimento disto, mas não tem a certeza. Desde que se queime, nunca mais o fará, porque já tem a certeza de que aquilo acontece.

Da mesma forma, sabemos que o mal atrai o sofrimento e o bem atrai a felicidade. Sabemos que se infringirmos as leis divinas teremos o sofrimento, não por castigo ou vingança, no sentido literal do "olho por olho e dente por dente", mas como consequência inelutável de uma lei. Mas, não temos convicção disto e, esperamos também... encostar a mão no fogo e não nos queimarmos... Isto se dá mesmo na vida cotidiana, com assuntos materiais. Sabe-se que o fumo e o álcool fazem mal. Mas todos aqueles que fumam ou bebem, pensam que para eles nada acontecerá, ou procuram não pensar nas consequências de seu vício. Irão ter a certeza íntima e dolorosa, diante da úlcera de estômago, do câncer, do coração arrasado, do sistema nervoso abalado etc. ...

Numa existência, estamos, naturalmente, presos a uma série de contingências resultantes de existências anteriores. Nascemos com numerosas limitações físicas, intelectuais e morais, com dificuldades, econômicas dependentes do meio e da família em que nascemos. Ora, cumpre-nos colocarmo-nos na posição da pessoa que, embora reconhecendo suas limitações e dificuldades, procura superá-las, para não vê-las repetidas em outra vida. 

A evolução e o carma são leis divinas, cósmicas, as quais devemos conhecer e respeitar. Assim como se domina a natureza ao conhecer e obedecer às suas leis, o mesmo acontece com o carma."

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 209/210)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

TANTRA YOGA - AS ERAS E AS ESCRITURAS (1ª PARTE)

"A tradição hindu fala de quatro eras ou yugas. Elas diferem quanto ao grau de obediência dos homens ao Sanathana Dharma, isto é, à "Lei Eterna", a lei que determina justiça, retidão, moralidade e inspira e fundamenta todas as religiões, pois é a essência eterna e única de todas elas. Cada yuga tem uma dada escritura (sastra) apropriada ao nível ético de sua humanidade. 

Na sathya ou krita yuga, também denominada "Era de Ouro", quando viveram santas criaturas, o Sanathana Dharma era plenamente cumprido, sendo os vedas ou shruti* sua escritura adequada. Na treta yuga, a retidão já perdera 1/4, e sua escritura foi smriti, isto é, a sabedoria que fora guardada na memória (smriti).** A yuga seguinte chamou-se dvapara. Nela, do dharma (retidão, dever, justiça) sobrara apenas a metade. A escritura que os seres humanos deveriam então estudar, compreender e aplicar é chamada purana. A presente yuga é chamada kali (treva, escuridão). Em nossos dias, apenas 1/4 da ética ainda resta. Dizem os teóricos que a escritura que hoje nos resta seguir é o tantra. 

Os vedas, os smritis e os puranas*** agora perderam então sua validade ou são contraindicados para nós, contemporâneos da "Idade das Trevas"? A resposta é um veemente "não". Estas preciosas escrituras são eternamente válidas por serem apropriadas a homens e mulheres, que, embora vivendo durante a kali yuga, graças a esforços evolutivos que realizaram nesta e em encarnações anteriores, pertencem efetivamente a yugas mais primorosas. Numa mesma família podem conviver pessoas de diversos graus de consciência, cada uma afinada a uma yuga diferente. 

Neste caldeirão de violência, vícios e corrupção de nossos dias, a predominância é da personalidade que eu tenho diagnosticado como "normótica". Nossa "normalidade", aceitemos ou não, é mórbida, pois estamos na "era de kali". Se optarmos por um status ético, psíquico e espiritual  acima da "normose" dominante, não podemos evitar desajustar-nos da coletividade. Devemos dispor-nos a pagar o preço de sermos diferentes da mediocridade; temos de aceitar o status de "patinho feio", aquele da história. Mas é compensador assumir corajosamente uma abençoada e sadia "anormalidade", com cuidado de não tornar nossa diferença agressiva aos outros. É uma feliz opção, mas acarreta sacrifício. (...)"

* Shruti literalmente significa escutar. Os vedas é a sabedoria que foi escutada.
** Smriti - da raiz smar, lembrar. É o conhecimento que foi conservado de memória daquele que foi escutado (shruti).
*** Os purunas ensinam as verdades védicas sobre a criação, destruição e renovação do universo, sobre a genealogia dos deuses e patriarcas e o reino dos legisladores divinos (manus), entremeadas com observações éticas, filosóficas e científicas, mas tudo em caráter lendário. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 120/121)