OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 29 de janeiro de 2017

O UNIVERSO TRANSCENDENTE E IMANENTE

"Quem admite um Deus-pessoa, um Deus individual, não pode, logicamente, admitir um Deus onipresente (ou imanente), porque qualquer realidade individualizada se acha localizada em determinado ponto do espaço; só um Deus universal é que pode ser um Deus onipresente. Vida individualizada só pode existir em determinados veículos individuais; mas a Vida Universal é uma realidade onipresente.

A Realidade ou Vida Universal, o Deus Transcendente (Divindade), é chamada na filosofia oriental o 'Brahman Imanifesto' - ao passo que a Realidade ou Vida Individual, o Deus Imanente, e apelidade de 'Brahman Manifesto' ou o Brahma, que no homem se chama 'Atman'. Esse 'Brahma' ou 'Atman' corresponde ao 'Lógos' dos filósofos gregos, termo que, através do autor do quarto Evangelho, entrou no Cristianismo Cósmico: 'No princípio era o Lógos, e o Lógos estava com Deus, e o Lógos era Deus... Nele estava a Vida, e a Vida é a Luz dos homens; a Luz brilha nas trevas, e as trevas não a prenderam... E o Lógos se fez carne e ergueu habitáculo em nós, cheio de graça e de verdade; e da sua plenitude todos nós recebemos'.²

Carl G. Jung chama a Realidade Imanifesta ou Deus Transcendente, o 'Inconsciente'. Victor E. Frankl escreveu um livro sobre o 'Deus Inconsciente' (Der Unbewusste Gott), entendendo com esta palavra o elemento divino no homem, para além da barreira do seu consciente.

Convém, todavia, não identificar esse 'Inconsciente' com a ausência do 'Consciente', mas sim com a ilimitada plenitude do 'Consciente'. Deus, a Divindade, é o grande 'Inconsciente' do ponto de vista do nosso limitado 'Consciente' humano, individual; mas em si mesmo é esse 'Inconsciente' o 'Oniconsciente', da mesma forma que a Infinita Plenitude da Realidade é, para a nossa limitada percepção, a Infinita Vacuidade do Irreal. Quem fita em cheio o globo solar não enxerga luz, mas treva - treva por excesso de luz, porque a retina visual sucumbe ao veemente impacto da luz solar, não reagindo à ação da mesma. 'Ninguém pode ver a Deus (Divindade) e ainda viver'. Nenhum ser individualmente realizado pode ser o Ser Universalmente Real. o consciente individual não registra a presença da Divindade, cuja Plenitude lhe é Vacuidade.

O 'Ente Absoluto', que 'é', não pode ser verificado por nenhum 'Existente Relativo', que apenas 'existe', precisamente porque 'ex-siste', quer dizer 'colocado para fora', produzido como efeito. O 'Ente Absoluto' simplesmente 'é', ou 'siste', e por dizer de si mesmo 'Eu sou o que sou', eu sou o 'Ser', o 'Yahveh', palavra hebraica para 'Ser'. O que teve princípio e pode ter fim não 'é', mas apenas 'existe'; só o Eterno, o Absoluto, o Todo, o Universal, o Ser 'é', e nunca pode deixar de ser, porque a sua íntima e indestrutível essência é ser. Nós, e todas as creaturas, existimos precariamente, e poderíamos também não existir, porque como creaturas não 'somos', mas apenas 'existimos'. A Divindade, porém, 'é' com infinita necessidade e veemência, e nunca pode deixar de ser."

² O 'Brahma' seria o Lógos pré-encarnado, o Cristo Cósmico - ao passo que o 'Atman' seria o Lógos encarnado, o Cristo Telúrico, o Cristo Jesus.

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 46/48)


sábado, 5 de novembro de 2016

ASPIRANTE AO MUNDO DO ESPÍRITO

"17 - Somente é considerado digno de inquirir sobre o Espírito [Brahman] aquele que tem discernimento, não tem apegos ou desejos, tem shama e as outras qualificações, e que possui a vontade de emancipar-se.

COMENTÁRIO - Uma série de qualificações foram alinhadas. São condições indispensáveis para o aspirante ao mundo do Espírito. Sem elas nada será possível, a não ser o contínuo borboletear nas malhas de samsãra (vir-a-ser). Mas, acima de tudo, é indispensável uma firme determinação (desejo) para alcançar a meta suprema. É ela que nos dá a força interior para vencer o desânimo e os obstáculos materiais que atingem o cansado viajante. Essa determinação é como um pavio que mergulha no combustível da lamparina. Sem ele não haveria a luz."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 21)


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O PROPÓSITO DA ADORAÇÃO RITUALÍSTICA

"Os homens têm temperamentos diferentes na forma de adorar Deus. Para satisfazer as necessidades de todos, as escrituras prescrevem quatro métodos diferentes de adoração.

Um deles é o método ritualístico de adorar Deus, personificado numa imagem ou símbolo. Um método ainda mais do que esse é adorá-Lo por meio da oração e do japa. O aspirante espiritual ora, repete o nome de Deus e medita na forma luminosa de seu Ideal Escolhido dentro do próprio coração.

Mais elevado ainda é a meditação. Quando alguém pratica essa forma de adoração, mantém o fluxo do pensamento continuamente em Deus e permanece absorto na presença viva de seu Ideal Escolhido. Esse método transcende a oração e o japa, mas o sentido de dualidade ainda permanece.

O método de adoração superior a todos é aquele em que se medita na unidade entre o Atman e Brahman. Esse método condiz direta e imediatamente a Deus. O aspirante espiritual realiza Brahman e está convencido de que Deus existe. É a verdadeira constatação da Realidade onipresente.  

Esses são os diferentes estágios pelos quais o aspirante espiritual evolui. Para o ser humano, é de vital importância iniciar sua jornada espiritual a partir do estágio onde se encontra. Se o homem comum receber orientação para meditar em sua união com Brahman absoluto, ele não compreenderá a ideia. Não conseguirá captar a verdade desse fato nem será capaz de seguir as instruções. Ele poderá tentar durante algum tempo, mas, cedo ou tarde, irá se cansar e desistir.

Se esse mesmo homem, porém, for orientado a adorar a Divindade oferecendo-lhes flores, incenso e outros acessórios próprios à adoração ritualística, sua mente gradualmente se concentrará em Deus e ele encontrará alegria no ato de adorar. Por meio desse tipo de adoração, aumenta a devoção à prática do japa. Quanto mais sutil a mente se torna, maior sua capacidade de entregar-se a forma mais elevada de adoração. O japa inspira a mente à prática da meditação. Com isso, de forma natural, o aspirante dirige-se gradualmente para seu Ideal.

Tomem o exemplo de um homem no quintal de sua casa. Ele quer chegar até o telhado, mas em vez de subir os degraus da escada um a um para alcançá-lo, tenta pular de uma só vez. O que acontece com ele? Ele se machuca seriamente. Coisa semelhante acontece na vida espiritual. Deve-se prosseguir no caminho gradualmente, pois assim como existem leis que regem o mundo físico, existem também as que governam o mundo espiritual."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 222/223)


domingo, 18 de outubro de 2015

KARMA PASSADO

"D: Os Upanishads admitem o karma  passado no texto: 'Enquanto o karma passado não for exaurido, o sábio não pode abandonar o corpo e haverá atividades ilusórias para ele.'

M: Você não está certo. As atividades e experiências dos frutos da ação e do mundo parecem ilusórias ao praticante da Sabedoria, mas desaparecem completamente para o sábio realizado. O praticante pratica assim: 'Eu sou a testemunha; os objetos e as atividades são vistos e conhecidos por mim. Permaneço consciente e estas coisas são inanimadas. Só Brahman é real; tudo mais é irreal.' A prática termina na realização de que tudo é inanimado, consistindo de nomes e formas, e que nada pode existir no passado, no presente ou no futuro; portanto, essas coisas desaparecem. Não havendo nada a testemunhar, o ato de testemunhar acaba por fundir-se em Brahman. Agora só permanece o Ser, enquanto Brahman. Para o sábio consciente apenas do ser, só pode permanecer Brahman, e nenhum pensamento de karma ou de atividades mundanas."  

(Advaita Bodha Deepika - A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 165/166


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

COM A AÇÃO VENCE A MORTE E COM O CONHECIMENTO ALCANÇA A IMORTALIDADE (PARTE FINAL)

"(...) O Upanixade Ishavasya quase conclui com essa grande e inspiradora ideia, pois diz em seu verso número quinze:

A face do Real está coberta Com um véu dourado
Que tu Oh Pushan descubras
Que eu, devotado à verdade, possa ver.

De acordo com o verso acima, a experiência espiritual é um processo de descoberta. A Verdade ou Realidade foi encoberta. Existe véu após véu de manifestação cobrindo a Face da Verdade. Brahman ou a Realidade está na nossa frente, mas não podemos vê-La porque uma tela está encobrindo-A. Ao remover o véu, que é um processo negativo, vem a experiência intensamente positiva da percepção direta da Face de Brahman. E, por estranho que pareça, a Realidade está coberta com um véu dourado. O véu dourado tanto nos fascina e atrai que não estamos dispostos a removê-lo. Mas quem colocou esse véu dourado sobre a Face da Verdade? O véu foi na verdade lançado pelo pensamento, e o pensamento o teceu com o belo material que lhe foi suprido por sua própria experiência acumulada. O pensamento naturalmente lançou mão do melhor material disponível, ele crivou o véu com ouro e prata, com todas as joias que pôde encontrar em seu próprio depósito de riquezas. Mas o véu do pensamento precisa ser feito com material trazido do reino da continuidade. É essa tela de continuidade lançada pelo pensamento que oculta a face do Real que é para sempre Atemporal e, portanto, está fora do curso de continuidade da mente. Quando o véu das projeções da mente é removido, então aparece em toda sua majestade o Espírito Supremo.

Quando o Espírito ou Brahman é visto, todo objeto do mundo manifestado não brilha com uma nova luz? Quando a Luz da Realidade brilha, a Qualidade de cada objeto é revelada. E quando isso acontece, o homem grita com grande júbilo, e diz para si mesmo - tena tyaktena bhunjitha, ma gridhah kasyasvid dhanam. Desfrute o que é dado a você, não cobice a riqueza do outro."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 30/31)

domingo, 29 de junho de 2014

OS CICLOS DO UNIVERSO FÍSICO

"Segundo a ciência ocidental, o Universo se expandiu a partir de um centro infinitamente concentrado de energia, dando origem ao que chamaram de 'Big Bang'. Tal ideia não está distante daquilo que os rishis nos ensinaram. Mas à medida que este Universo físico se expande, um dia, iniciará o processo inverso, caindo novamente no grande vazio ou na grande concentração de massa. Após nova idade de Brahma (314 trilhões de anos), ele retorna do Absoluto em ciclos intermináveis de nascimento, morte e renascimento.

- Tudo isso é semelhante ao que ocorre no coração, suas sístoles e diástoles.

Mas o que nos parece deprimente, é, em realidade, uma grande diversão do Espírito. Lembrem-se de que os tais nascimento, mortes e renascimentos de Brahma (o próprio Universo) que duram tantos trilhões de anos terrestres, constituem as bolhas de sabão lançadas no ar pela criança divina. Na verdade, não há morte, nem nascimento, e nem renascimento, pois tudo é parte de Seu grande sonho das idades.

- Os Universos são paradoxalmente reais e oníricos. Para aqueles que despertaram no Espírito, tudo é um sonho de Deus. Eles observam tais ciclos do lado de fora. Já não estão presos à dança de vida e morte, pois são vencedores. Para nós que ainda estamos do lado de cá, tudo parece muito real e desanimador, mas para eles, nossos irmãos mais velhos, tudo é apenas uma questão de 'despertar'.

- E eles nos dizem: 'Despertem! Despertem dessa ilusão do tempo e do espaço. Venham conosco desfrutar da eternidade onde as relatividades do mundo se dissolveram na alegria interminável do Espírito. Enquanto dormem, Shiva dança Suas danças de vida e morte, mas se despertarem, verão que tudo não passou de um sonho, um pesadelo, e que a realidade e os prazeres em Deus são imensamente maiores que no limitado reino da matéria'."

(Alexandre Campelo - O Encantador de Pessoas - Chiado Editora, 2012 - p. 137)


terça-feira, 22 de abril de 2014

CONHECIMENTO ESOTÉRICO, PARA VIDYA E EXOTÉRICO APARA VIDYA

Somente Brahman é realmente o Universo. Aquele que conhece esse Brahman, o supremo e o Imortal, oculto na cavidade do coração, desfaz aqui mesmo o nó da ignorância.

"Desfazer o nó da ignorância é chegar ao conhecimento superior, chegar até Para Vidya. Enquanto olha para a imagem de um espelho, aquele que vê também a pessoa que lançou a imagem, conhece a criação e também o Criador presente na criação. Ver o Criador na criação é, de fato, chegar ao conhecimento superior. Aquele que vê somente a criação está perdido em Apara Vidya, e será enredado nos problemas da criação. (...) O Criador pode ser encontrado em cada ponto da criação. Para indicar isso, o Instrutor diz que Ele está ‘oculto na cavidade do coração’. A palavra cavidade indica aquilo que é imperceptível. Precisamos de extraordinária sensibilidade para ver o Criador na criação, pois, embora manifesto ele está oculto. O Upanixade Mundaka O descreve como ‘movendo-se em segredo’.

Para Vidya é de fato conhecimento esotérico assim como Apara Vidya é conhecimento exotérico. Mas esotérico não é algo mantido em segredo pelo homem. Paradoxalmente, o segredo jaz no aberto, o esotérico está sempre exposto ao olhar de qualquer um. Está ali para vermos, mas é a cegueira do homem que o impede de ver aquilo que está na sua frente. Essa cegueira não se deve a algum defeito orgânico. Diz-se que não há ninguém tão cego quanto aquele que não quer ver! A cegueira do homem é dessa natureza. Nenhum homem pode afastar o esotérico do olhar do outro. Aquele que não pode ver o esotérico fechou seus  próprios olhos, o homem volta suas costas à luz e grita  que está escuro! O conhecimento exotérico é o conhecimento da criação, mas o esotérico é o conhecimento do criador imperceptivelmente presente na criação. Esse é o significado de Brahman ‘morando na cavidade do coração’. Ao olhar superficial, Brahman é invisível; mas aquele que traz uma dimensão de profundidade à sua percepção, vê o Criador sentado no coração de sua criação."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 125)


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A REVELAÇÃO DE BRAHMAN

"O Upanixade Kena diz que a chegada de Brahman é como um ‘piscar de olho’. A revelação de Brahman é instantânea, tão súbita e rápida como um piscar de olho. A experiência de Brahman é momentânea, mas esse momento tem a riqueza de uma Eternidade. Brahman ou Realidade pode ser experienciado de momento a momento. Qualquer desejo de estender o momento significaria trazer a percepção de Brahman para o processo do tempo. Mas como pode o Transcendente ser percebido na região do Tempo? Somente no momento atemporal é que Brahman pode ser conhecido. Isso significa que para a experiência de Brahman precisamos descartar viver no processo do tempo? As atividades do dia a dia do homem precisam estar no processo do tempo. Mas aquele que obteve um vislumbre momentâneo de Brahman no momento atemporal retorna ao processo do tempo com um sentido de êxtase. Ele preenche o processo do tempo com esse êxtase. Ele não é mais a mesma pessoa. Ele traz para o processo do tempo a fragrância do Atemporal. Embora Brahman chegue como um flash de luz, tal é o brilho desse flash que ilumina toda a existência do homem.

O Upanixade Kena diz que Brahman é Tadvanam – o que significa o Bem amado de todos. E como adoramos o Bem Amado? Certamente através do Amor. O Upanixade Kena diz que somente a adoração do Amor nos conduz à experiência de Brahman. Somente quando a consciência humana está repleta de amor é que ela experiência a chegada de Brahman."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003, p. 48)


sábado, 8 de fevereiro de 2014

BRAHMAN

"O alfa e o ômega da filosofia Vedanta é ‘renunciar ao mundo.’
Renunciar ao irreal e aceitar o real.

Segundo a filosofia Advaita, existe apenas uma coisa real no universo, denominada Brahman. Tudo o mais é irreal, manifestando-se e sendo criado a partir de Brahman pelo poder de maya.  Voltar a Brahman é a nossa meta. Cada um de nós é Brahman, a Realidade, acrescido de maya.  Ao livrar-nos de maya, ou ignorância, nós nos tornamos o que realmente somos.

De acordo com essa filosofia cada homem é constituído de três partes: o corpo, a mente e, além dela, o Atman, o Self. O corpo é o invólucro externo e a mente, o invólucro interno do  Atman, aquele que realmente percebe e desfruta, o ser que habita o corpo e nele atua, fazendo-o funcionar por intermédio da mente.

O Atman é o único elemento do corpo humano que é imaterial. Por ser imaterial, não pode ser composto, e por não ser composto, não obedece à lei de causa e efeito, sendo por isso imortal. O que é imortal não pode ter começo, pois tudo que teve começo deve ter fim. (...)

(...) Assim todas as formas têm um começo e um fim. Sabemos que o nosso corpo perecerá. Teve começo e terá fim. O Self, porém, por não ter forma, não está sujeito à lei do começo e do fim. Existe eternamente. Como o tempo é infinito, o Self do ser humano também é infinito."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber, São Paulo, 2004 - p. 74/75)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

VÉUS DA IMANÊNCIA

“A face do Real está coberta

Com um véu dourado

Que tu Oh Pushan descubras

Que eu, devotado à verdade, possa ver.

De acordo com o verso acima, a experiência espiritual é um processo de descoberta. A Verdade ou Realidade foi encoberta. Existe véu após véu de manifestação cobrindo a Face da Verdade. Brahman ou a Realidade está na nossa frente, mas não podemos vê-La porque uma tela está encobrindo-A. Ao remover o véu, que é um processo negativo, vem a experiência intensamente positiva da percepção direta da Face de Brahman. E, por estranho que pareça, a Realidade está coberta com um véu dourado. O véu dourado tanto nos fascina e atrai que não estamos dispostos a removê-lo. Mas quem colocou esse véu dourado sobre a Face da Verdade? O véu foi na verdade lançado pelo pensamento, e o pensamento o teceu com o belo material que lhe foi suprido por sua própria experiência acumulada. O pensamento naturalmente lançou mão do melhor material disponível, ele crivou o véu com ouro e prata, com todas as joias que pôde encontrar em seu próprio depósito de riquezas. Mas o véu do pensamento precisa ser feito com material trazido do reino da continuidade. É essa tela de continuidade lançada pelo pensamento que oculta a face do Real que é para sempre Atemporal e, portanto, está fora do curso de continuidade da mente. Quando o véu das projeções da mente é removido, então aparece em toda sua majestade o Espírito Supremo."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 30/31)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

UPANIXADE ISHAVASYA

"Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio benefício – verdadeiramente comem pecado.

Comer os restos do sacrifício, isso é que de fato está indicado na expressão tena tyaktena bhunjitha, desfrutar aquilo que nos cabe, aquilo que foi separado para nós. Por que cobiçamos a riqueza de outro? É porque não descobrimos nossos próprios tesouros. (...).

Aceitar o que nos é dado não é um evangelho de passividade. É realmente a base da verdadeira felicidade e ponto de partida para a correta ação. (...)

A aceitação daquilo que nos é designado também não é um evangelho de procrastinação. Muitas vezes uma pessoa adota uma atitude em que diz que deve aceitar o destino na esperança de que o futuro lhe traga felizes novidades. Isso não é aceitação de modo algum, é submissão, e, também, com ressentimento interior. Aceitar o que é dado, aquilo que está separado para nós, é comprometer-se com a correta Percepção. Muitas vezes o homem recusa receber aquilo que lhe é dado porque não vê o que é. Quando percebemos acertadamente, então vemos na coisa dada a qualidade da Verdade, Beleza e Felicidade, a qualidade do Próprio Brahman. (...) Aceitar o que é dado é perceber a qualidade do nosso próprio Ser. O processo de vir-a-ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração. (...)"

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades - Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 20)


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

TUDO É DEUS

"O fruto, o pote e a joia são 'efeitos'. Não existe efeito sem causa. A semente, a porção de barro e a pepita de ouro são as causas materiais. O agricultor, o oleiro e o ourives são, respectivamente, as causas instrumentais, eficientes ou manipulativas. No que concerne à criação da multiplicidade do Universo, apelamos para Ele, Deus. Quando o cosmos se manifestou através da vontade de Deus, surgiu somente do Absoluto, desde que só havia o Uno. Mesmo agora, só há o Uno, a despeito de toda esta aparente variedade. Sobre o Uno sobrepusemos a ilusão dos muitos. Quando no cinema vemos as cenas, a tela branca não é vista; quando é vista a tela, as cenas estão invisíveis. Sem que haja a tela (Brahman), as cenas inexistem. Elas não têm sentido, não carregam mensagem; não comunicam alegria (Ananda).

Deus, portanto, é não só a causa material como a causa eficiente (instrumental do universo). Ele é simultaneamente o ouro e o ourives; o oleiro e o barro; tanto a semente quanto a árvore. Deus é todos os seres. A Natureza é Seu corpo. O Cosmo, Sua vontade. Os Vedas, Sua respiração. A escola de pensadores conhecida como Samkhya declara que o mundo objetivo nasceu da conglomeração e conjunção de desesperados átomos, mas não explica aquilo que os induziu a se juntarem com seus afins para formar modelos e grupos. Como tal necessidade surgiu? Perguntas tais são negligenciadas. Muitos filósofos, especialmente os ocidentais, ignoram esse  problema de identificar a Causa (única) com todos os efeitos que, a cada momento, encontramos em torno de nós. Deus quis, e se tornou tudo isso, em resposta a esse Divino Desígnio, a essa Necessidade Primal. é, o Anthar-Atma (a Realidade Interna) e o Anthar-Yamin (o Interno Motivador). Os Vedas declaram 'Tudo isto é Vasudeva (Deus)', Não há aqui o menor traço de multiplicidade. Há somente o Uno-sem-um-segundo. Realizar e experienciar esta Verdade básica, tornar-se bem-aventurado conhecedor da Divindade que se tem em si mesmo é a Vitória que a bandeira de Prasanthi¹ expressa."

¹ Prasanthi Nilayam (Morada da Grande Paz) - é o nome do principal ashram (morada) de Sai Baba.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 78/79)


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

NIRVANA

"A palavra Nirvana significa, literalmente, extinguir. A extinção de todas as ações do eu pequeno é o caminho para esse grande desconhecido que é o Nirvana. Na terminologia da ioga ele é descrito como o silenciar dos movimentos da mente, pois a mente é a criadora do pequeno eu pessoal. Alcançar o Nirvana não é tornar-se algo, mas eliminar o egoísmo. A filosofia Vedanta assinala que Brahman, ou o verdadeiro Ser, não pode ser encontrado através da busca nem da tentativa de adquirir algo, seja conhecimento ou qualquer outra coisa.

Brahman é encontrado através da negação, da rejeição de tudo o que é falso. A falsidade se expressa nos movimentos da mente, que se baseia na noção, limitada ou ampla, de sobrevivência e de segurança. É também o movimento da busca de prazer. A negação total da sobrevivência e do prazer é o abandono do eu ao não-eu, do ser ao não-ser. Uma vez que cada um tem que negar seu próprio pequeno eu e descobrir o grande Não-eu, o autoconhecimento não pode ser obtido de outra pessoa. Não pode ser alcançado através de informações obtidas em livros. Cada pessoa tem que fazer seu próprio trabalho, e tem de fazê-lo diariamente."

(Radha Burnier - O Caminho do Autoconhecimento - Ed. Teosófica, 2000 - p. 87/90)


sábado, 30 de novembro de 2013

ESCUTAR (SRÃVANA)

"(...) vimos que o yoga é adequado para o grau menos avançado de buscadores e a inquirição para os mais avançados. (...) consideremos o caminho da inquirição, que sem esforço conduz ao Conhecimento de Brahman.

D: O que é o caminho da inquirição?

M: Dos shãstras sabe-se bem que consiste de srãvana, manama, nidhidhyasana e samãdhi, isto é, escutar a Verdade, refletir, meditar e Paz Bem-aventurada. Os próprios Vedas declaram isso: ‘Meu caro, deve-se escutar o mestre falar a respeito do Ser; refletir e meditar sobre Ele.’ Em outro lugar, diz-se que o Eu Real tem de ser percebido na Paz Beatífica. Sri Shankaracharya repete a mesma ideia no Vakyavrtti, a saber: enquanto o significado do texto sagrado ‘eu sou Brahman’ não for percebido em toda a sua verdadeira importância, deve-se praticar srãvana, etc.

No Chitra Deepika, Sri Vidyaranyaswami diz que a inquirição é o meio para a sabedoria e que consiste em escutar a Verdade, refletir meditar; que somente o estado de bem-aventurada Paz da Pura Consciência, no qual apenas Brahman existe e nada mais, é a verdadeira ‘natureza’ da Sabedoria; que seu ‘efeito’ é a não renovação do nó do ego que desfila como ‘eu’, tendo sido este perdido de uma vez por todas; que seu ‘fim’ é manter-se sempre fixo no ‘Eu sou o Ser Supremo’ de modo tão forte, inequívoco e seguro quanto era a ignorante identificação anterior, ‘eu sou o corpo’; e que seu ‘fruto’ é a libertação. Disso segue-se que só o escutar, etc., é a inquirição no Ser.

Escutar a Verdade Suprema, refletir sobre ela, meditar nela e permanecer em Samãdhi formam, juntos, a inquirição no Ser. Isso tem como causa as quatro sadhãnas, a saber: discernimento, ausência de desejos, tranquilidade e desejo pela libertação. (...)"

(Advaita Bodha Deepika – A Luz da Sabedoria Não Dualista – Ed. Teosófica, Brasília, 2006 – p. 95/96)


domingo, 24 de novembro de 2013

O LONGO CAMINHO PARA A INDIVIDUALIZAÇÃO



"2 – Dentre as criaturas sensíveis é difícil alcançar o nascimento como ser humano; dentre os seres humanos, nascer homem; quando homem, ser um Brãhmana; sendo um Brãhmana, desejar seguir a senda do dharma védico e entre esses aprender verdadeiramente. Mas o conhecimento espiritual que discerne entre o Espírito e o não espírito, a realização prática da fusão com Brahmãtman e a emancipação final dos grilhões da matéria são inatingíveis, exceto por um karma de centenas de milhões de encarnações. 

COMENTÁRIO - Reflitamos sobre a imensa quantidade de seres visíveis e invisíveis que existem nos inumeráveis mundos que constituem o Universo. Como é difícil ser humano! Mas o fato de sermos seres humanos não significa que alcançamos a plenitude desse estado, que, no dizer do psicólogo Carl Gustav Jung, chegamos à ‘individualização’. Pouquíssimos são os que conseguem esse objetivo, pois a imensa maioria constitui o ‘rebanho’ que é tocado pelos acontecimentos, vive e age em função de reflexões condicionadas. Simples marionetes manipuladas pelas circunstâncias. Ainda é mais difícil ser um Brahmana, alguém que alcançou a mais elevada estatura espiritual. As quatro castas tradicionais da Índia estão vinculadas não às circunstâncias do nascimento, mas à essência do ser de cada um. Mesmo para os que sejam realmente Brahmanas há a dificuldade de desejar efetivamente seguir o dharma como expresso nos Vedas. O dharma é Lei, Ordem, Justiça. É a linha de menor resistência que, uma vez seguida, nos permite alcançar a libertação dos laços do karma. Mas o texto nos adverte da dificuldade do verdadeiro aprendizado. A fusão com a centelha suprema que está dentro de nós, o Brahmãtman, é algo de suprema dificuldade, pois depende fundamentalmente do karma de cada um. E para que isso ocorra são necessárias centenas de milhões de encarnações."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 15/16)





quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O QUE O VEDÃNTA ENSINA?

"O Vedãnta ensina ao homem reconhecer que tudo está carregado de sofrimento, exceto Brahman não dual. Portanto, deve-se abandonar todos os desejos por prazeres; estar livre do amor e do ódio; cortar completamente o nó do ego que aparece como 'eu', 'tu', 'ele', 'isto', 'aquilo', 'meu' e 'seu'; livrar-se da noção de 'eu' e 'meu'; viver indiferente aos pares de opostos como frio e calor, prazer e dor, etc.; permanecer fixo no conhecimento perfeito da igualdade de tudo e não fazer distinções de nenhum tipo; nunca estar ciente de nada além de Brahman, e estar sempre vivenciando a Beatitude do Ser não dual. 

Embora o Vedãnta seja lido e bem compreendido, se o desapaixonamento não é praticado o desejo por prazeres não desaparece. Não existe aversão por coisas agradáveis, e o desejo por elas não sai da pessoa. Se o desejo não é controlado, não desaparecem o apego, a raiva, etc., o ego ou falso 'eu' no detestável corpo, o senso de posse representado por 'eu' ou 'meu' de coisas agradáveis ao corpo, os pares de opostos como prazer e dor e os falsos valores. Por mais instruída que a pessoa seja, se os ensinamentos não forem praticados, na verdade não se aprendeu nada. Como um papagaio, nada mais, a pessoa repetirá que só Brahman é real e que tudo mais é falso."

(Advaita Bodha Deepika (A Luz da Sabedoria Não Dualista) - Ed. Teosófica, Brasília, 2006 - p. 74)


segunda-feira, 29 de julho de 2013

A VOZ DO SILÊNCIO

"Muka é a Voz do Silêncio. Quando você mergulha no abismo deste Silêncio, escuta a si mesmo, isto é, Pranava OM, o primevo, o cósmico, que emana do prana, isto é, da vibração vital que enche o Universo. Para ouvir tal som, a pessoa deve aproximar-se tão perto quanto possível da profundidade de seu Ser. Eis o porquê da denominação Upanishad. É preciso que você se aproxime, mergulhe profundamente rumo ao verdadeiro abismo do lago. Upa significa perto; nishad, sentar-se. Vá e sente-se perto, tanto que possa escutar o sussurro da Superalma dirigido à alma. 

OM sintetiza os Vedas e seus ensinos. Om That Sath diz a Gita (a Canção do Senhor). That (Aquilo), que é Sath, é OM o Uno. Tudo isto é Brahman, o Uno sem Um Segundo. Quando você reconhece que Tath (Aquilo) é Sath, Ele já não é mais um objeto longínquo, mas o próprio sujeito, e a fusão dos objetos com o sujeito se manifesta como OM.

Aguce o intelecto, e então a Unidade na natureza a ele se fará evidente. Nos Vedas, o mais reverenciado e mais popular dos mantras (uma prece vestida em fórmula ritual) é o Gayatri. Ele pede somente que a Graça da Fonte de todas as luzes venha nutrir nossa inteligência, e nada mais.

Yoga, segundo a definição de Patanjali, é o controle (nirodha) das agitações (vrittis) da consciência interna (chitta). Se a mente estiver parada e liberta de ondas produzidas pelo vendaval do desejo, o homem que o consiga se tornou um Yogi, e o Senhor é o mais elevado dos Yogis, porque Ele é o oceano, o qual não é afetado pelas vagas, que se agitam na superfície. O Yoga deste tipo é o melhor meio para se atingir Yogeswara (o Senhor do Yoga). Para tanto, indispensável é o controle dos sentidos, não o mero controle da respiração."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 136/137


segunda-feira, 27 de maio de 2013

TANTRA YOGA - SHIVA E SHAKTI (4ª PARTE)

No tantrismo, cabem tanto a convicção dualista como a monista. Uma não exclui a outra. É questão de nível de consciência. Seu propósito é libertar o jiva (alma individual) mediante um método que o eleve à verdade monista (ou não dualista) por intermédio da verdade dualista.* O praticante mergulhará na felicidade suprema quando conseguir transformar a dualidade em unidade. Arthur Avalon cita o própria Senhor Shiva:
No mundo, uns desejam a sabedoria monista, enquanto outros, o conhecimento. Aqueles, porém, que conheceram Minha Verdade, ultrapassaram tanto o dualismo como o não dualismo. (Citado por Pandit, M.P., in Studies in Tantras & Veda. Madras: Ganesh & Company)
A Realidade Última é Brahman (traduz-se por imensidão), a potencialidade infinita. Quando, por si mesmo, Brahman se move no propósito de manifestar algo de sua plenipotência, promove uma comoção que toma a forma de uma polaridade: Shiva (o equilíbrio estático, o eterno masculino) e Shakti (o equilíbrio dinâmico, o eterno feminino). Ele, a Consciência Suprema. Ela, a Energia dEle, aquela energia que gera universos. Cada universo nasce da fecunda união do Divino Casal. A fecundação cósmica é um ato de gozo transcendente, um folguedo (lila partilhado pelos celestiais esposos. O prazer sexual desfrutado por um par amoroso humano é parte ínfima do orgasmo cósmico gerador de universos, bem como do êxtase experienciado por um místico em seu mergulho unitivo no oceano da beatitude do Ser Supremo. 
O mesmo divino jogo (lila) dá existência a cada forma individual. Assim, cada coisa, cada homem é uma encarnação de Shiva e Shakti e é campo para o delicioso jogo do Senhor e sua Esposa. (Pandit, M. P., idem)
O Tantrismo é predominantemente, mas não exclusivamente, inspirado no culto ao Divino Casal Shiva-Shakti. Há tantristas que adoram outro Divino Par - Vishnu-Lakshimi. Existe também tantristas que veneram e cultuam predominantemente a Shakti, isto é, a Mãe Parvati, a Energia universal. Portanto, o Tantra tem três ramos: Shaivismo (dos adoradores de Shiva); Vaishinavismo (dos adoradores de Vishnu); e Shaktismo (dos adoradores de Shakti). (...)"

* Os dualistas (dwaitas) afirmam uma distinção e uma distância irredutíveis entre a alma e Deus, entre a matéria e Espírito. Os não dualistas ou monistas (adwaitas) veem somente um Uno sem segundo, portanto, não existem distâncias nem distinções a separar-nos do Ser, de Brahman. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 124/125)


quinta-feira, 25 de abril de 2013

KRIYA YOGA - O QUE É (1ª PARTE)

"A palavra Kriya significa ação, prática. Kriya Yoga, portanto, pode ser definida como a união, unificação, integração com o Ser Supremo (Brahman, Paramatman, Sat-Cit-Ananda...) através de uma "atividade prática". Ora, as práticas ou técnicas yóguicas são numerosas, infere-se então que muitas podem ser as formas de Kriya Yoga. Os três principais métodos de Kriya Yoga são:

(a) Aquele que faz parte da Hatha Yoga e da Tantra Yoga, constituído por uma série de técnicas ou procedimentos, destinados à purificação do corpo físico (anna maya kosha) e do corpo bioenergético (prana maya kosha), melhorando-lhes o desempenho como instrumentos ou veículos a serviço de metas superiores, para grandiosas realizações em níveis mais sutis;
(b) O sadhana (disciplina) psicobioenergético, ensinado pelo venerável Paramahansa Yogananda, destinado exclusivamente aos "iniciados", e do qual só pode dizer serem especiais pranayamas conjugados com mentalizações;
(c) O método ensinado por Patanjali no "Yoga Sutra", fazendo parte portanto do "Astanga Yoga", e ao alcance de todos. 

O Kriya Yoga do tipo (a) é constituído de técnicas somáticas, algumas no mínimo extravagantes, inviáveis e sem dúvida arriscadas se tentadas imprudentemente, sem a assistência de um expert, um guru genuíno, hoje praticamente inexistente. Ensaiar praticá-las segundo informações livrescas é totalmente contraindicado. Por tais motivos, não cuidaremos desta forma de Kriya Yoga. Também deixaremo de lado a Kriya Yoga ensinada pelo venerável Paramahansa Yogananda por ser exclusivo da organização "Self Realization Fellowship". Resta-nos portanto estudar a Kriya Yoga segundo a concepção de Patanjali. Esta é não somente de fácil compreensão e ao alcance de todos, mas também por sua imensa utilidade a quem quer que se engaje na conquista da libertação. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 49/50)


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O QUE É FELICIDADE?

“Felicidade é a própria natureza do Ser; a felicidade e o Ser não são diferentes. Não há felicidade em nenhum objeto do mundo. Nós imaginamos, devido a nossa ignorância, que obtemos felicidade dos objetos. Quando a mente se exterioriza, experimenta o sofrimento. Na verdade, quando os desejos da mente são satisfeitos, ela retorna à sua morada e desfruta da felicidade que é o Ser. Similarmente, nos estados de sono, samãdhi e desmaio, e quando o objeto desejado é obtido – ou o objeto indesejável é removido – a mente se internaliza e desfruta a pura Felicidade do Ser. Assim, a mente se move inquieta, alternadamente se afastando do Ser e retornando a ele.

Sob a árvore a sombra é agradável; lá fora o calor é escaldante. Uma pessoa que caminha sob o sol  sente-se aliviada quando chega na sombra. Alguém que vive indo do sol para a sombra e da sombra de volta ao sol é um tolo – o sábio permanece sempre na sombra. Igualmente, a mente daquele que conhece a Verdade não deixa Brahman. Ao contrário, a mente do ignorante perambula pelo mundo sentindo-se miserável, e de vez em quando retorna a Brahman para experimentar a felicidade. Na verdade, o que é chamado “mundo” é apenas pensamento. Quando o mundo desaparece, isto é, quando não há pensamento, a mente experimenta a felicidade; quando o mundo aparece, ela experimenta o sofrimento.”

(Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – p. 141)

  • Brahman – o Ser supremo, imutável, incognoscível e sem atributos
  • Samãdhi – estado no qual a consciência humana é transcendida