OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A NINFA OCULTA NO BLOCO DE MÁRMORE

"Sócrates é, geralmente, conhecido como um grande filósofo, mestre do divo Platão - mas poucos sabem que ele era também um exímio escultor.

Um dia recebeu Sócrates um pedido do Prefeito de Atenas para esculpir a estátua de uma ninfa a ser colocada num bosque ao pé de uma fonte.

O filósofo aceitou a encomenda. Sem tardança, mandou vir o bloco de mármore branco, de Paros, e pôs mãos à obra.

Depois de mentalizar intensamente a efígie da ninfa, empunhou o martelo e foi desbastando o bloco de mármore. Grandes lascas voaram para a direita e para a esquerda da oficina.

Depois deste trabalho rústico, o escultor pôs de parte o martelo e outros instrumentos pesados, e começou a trabalhar com ferramentas mais delicadas, como o cinzel, e, por fim, serviu-se dum finíssimo esmeril para dar acabamento à estátua.

Finalmente, estava na oficina do escultor uma efígie de imaculada alvura, uma figura de jovem esbelta, como os antigos imaginavam as divindades dos bosques e das águas. Tão leve era o aspecto da ninfa que parecia flutuar livremente no ar; parecia antes uma entidade astral do que uma estátua material.

Por quê?

Porque ele não aceitava ter esculpido a ninfa: ela já estava oculta naquele bloco de mármore, desde o início, e muito antes de ser visível. Eu, dizia Sócrates, já via a ninfa no dia em que fui buscar o bloco de mármore; apenas retirei dele o que a ocultava aos olhos dos que não a podiam ver antes disso; nada acrescentei, apenas retirei o que a encobria.

Sócrates dizia uma grande verdade. Ele era um grande intuitivo. Viu o que os outros não viam. No ser humano via ele muito mais do que o corpo material - via a alma imaterial. Mas, como nem todos podem ver o invisível, é necessário que alguém desbaste o bloco bruto e amorfo, para que apareça a ninfa que nele está oculta.

Muitas vezes é a dor esse escultor carinhosamente cruel. Parece odiar o bloco bruto, de tanto amor que lhe tem. E, se o bloco humano não se defende contra as marteladas do sofrimento, a ninfa divina da sual alma pode manifestar-se.

Mas, se o homem passa a vida em brancas nuvens, como diz o poeta, nada acontecerá.

'Quem pela via passou em brancas nuvens.
Em plácido docel adormeceu
Quem pela vida passou e não sofreu
Não foi homem, é projeto de homem.
Que passou pela vida e não viveu!'

O mundo está repleto desses projetos de homens, assim como uma jazida de mármore está repleta de projetos de ninfa.

O projeto de homem só conhece o gozo - e nada sabe da felicidade. E passa a vida toda em brancas nuvens, trocando gozos por felicidade. E, quando alguém procura mostrar-lhe o que é felicidade, o projeto de homem gozador diz que felicidade é utopia e misticismo de sonhadores que não conhecem a vida.

Para tirar de um bloco bruto de uma efígie de beleza, deve o escultor, acima de tudo, ter a intuição daquilo que ainda não existe materialmente; deve poder ver para além dos véus da matéria; deve poder conceber antes de dar à luz a sua ninfa, mesmo por entre as dores de uma longa gestação.

Toda a felicidade passa pelo sofrimento prévio. Toda a alvorada é a luz que segue às trevas da noite."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed, Martins Claret, São Paulo, 2004 - p. 61/62)


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POR QUE NÃO RECORDAMOS NOSSAS VIDAS PASSADAS?

"P: Já foram explicados os sete princípios: à luz deles, como se explica a completa falta de memória com relação às nossas vidas passadas?

T: Muito facilmente. Os 'princípios' que chamamos físicos² desintegram-se depois da morte, ao mesmo tempo que seus elementos constitutivos, e a memória junto com o cérebro. Essa memória desvanecida de um corpo que desapareceu não pode recordar nem registrar coisa alguma na posterior encarnação do Ego. Reencarnação significa que esse Ego deve ser dotado de um novo corpo, novo cérebro e nova memória. Seria tão absurdo esperar que essa memória se lembrasse daquilo  que nunca pode registrar, como resultaria inútil examinar no microscópio uma camisa de um assassino, em busca de manchas de sangue, se não era essa a roupa que ele vestia na ocasião do crime. Não é a camisa limpa a que deve  ser interrogada; mas, se a outra foi queimada e destruída, como encontrar a resposta?"

² A saber: o corpo, a vida, os instintos passionais e animais, e o fantasma astral - ou eidolon, de cada homem, seja percebido em pensamento, por nosso olho mental, ou objetivamente e separado do corpo físico; cujos princípios chamamos: Sthula sharira, Prana, Kama-rupa e Linga sharira. Nenhum desses princípios é negado pela ciência, embora os chame de modo diferente.

(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 130/131)


domingo, 29 de janeiro de 2017

O UNIVERSO TRANSCENDENTE E IMANENTE

"Quem admite um Deus-pessoa, um Deus individual, não pode, logicamente, admitir um Deus onipresente (ou imanente), porque qualquer realidade individualizada se acha localizada em determinado ponto do espaço; só um Deus universal é que pode ser um Deus onipresente. Vida individualizada só pode existir em determinados veículos individuais; mas a Vida Universal é uma realidade onipresente.

A Realidade ou Vida Universal, o Deus Transcendente (Divindade), é chamada na filosofia oriental o 'Brahman Imanifesto' - ao passo que a Realidade ou Vida Individual, o Deus Imanente, e apelidade de 'Brahman Manifesto' ou o Brahma, que no homem se chama 'Atman'. Esse 'Brahma' ou 'Atman' corresponde ao 'Lógos' dos filósofos gregos, termo que, através do autor do quarto Evangelho, entrou no Cristianismo Cósmico: 'No princípio era o Lógos, e o Lógos estava com Deus, e o Lógos era Deus... Nele estava a Vida, e a Vida é a Luz dos homens; a Luz brilha nas trevas, e as trevas não a prenderam... E o Lógos se fez carne e ergueu habitáculo em nós, cheio de graça e de verdade; e da sua plenitude todos nós recebemos'.²

Carl G. Jung chama a Realidade Imanifesta ou Deus Transcendente, o 'Inconsciente'. Victor E. Frankl escreveu um livro sobre o 'Deus Inconsciente' (Der Unbewusste Gott), entendendo com esta palavra o elemento divino no homem, para além da barreira do seu consciente.

Convém, todavia, não identificar esse 'Inconsciente' com a ausência do 'Consciente', mas sim com a ilimitada plenitude do 'Consciente'. Deus, a Divindade, é o grande 'Inconsciente' do ponto de vista do nosso limitado 'Consciente' humano, individual; mas em si mesmo é esse 'Inconsciente' o 'Oniconsciente', da mesma forma que a Infinita Plenitude da Realidade é, para a nossa limitada percepção, a Infinita Vacuidade do Irreal. Quem fita em cheio o globo solar não enxerga luz, mas treva - treva por excesso de luz, porque a retina visual sucumbe ao veemente impacto da luz solar, não reagindo à ação da mesma. 'Ninguém pode ver a Deus (Divindade) e ainda viver'. Nenhum ser individualmente realizado pode ser o Ser Universalmente Real. o consciente individual não registra a presença da Divindade, cuja Plenitude lhe é Vacuidade.

O 'Ente Absoluto', que 'é', não pode ser verificado por nenhum 'Existente Relativo', que apenas 'existe', precisamente porque 'ex-siste', quer dizer 'colocado para fora', produzido como efeito. O 'Ente Absoluto' simplesmente 'é', ou 'siste', e por dizer de si mesmo 'Eu sou o que sou', eu sou o 'Ser', o 'Yahveh', palavra hebraica para 'Ser'. O que teve princípio e pode ter fim não 'é', mas apenas 'existe'; só o Eterno, o Absoluto, o Todo, o Universal, o Ser 'é', e nunca pode deixar de ser, porque a sua íntima e indestrutível essência é ser. Nós, e todas as creaturas, existimos precariamente, e poderíamos também não existir, porque como creaturas não 'somos', mas apenas 'existimos'. A Divindade, porém, 'é' com infinita necessidade e veemência, e nunca pode deixar de ser."

² O 'Brahma' seria o Lógos pré-encarnado, o Cristo Cósmico - ao passo que o 'Atman' seria o Lógos encarnado, o Cristo Telúrico, o Cristo Jesus.

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 46/48)


sábado, 28 de janeiro de 2017

O DESENVOLVIMENTO DE PODERES OCULTOS

"Os aspirantes formulam com frequência a pergunta sobre como a pessoa pode desenvolver os poderes ocultos ou siddhis. O seu desenvolvimento depende do carma, do dharma, da capacidade e do motivo da pessoa. A questão é motivada pelo interesse pessoal sobre estas coisas como objetivos, ou é para ganho material, prestígio e riquezas? Ou a questão origina-se do amor altruísta para ajudar nosso próximo?

O sucesso será difícil a menos que o amor pela humanidade seja o motivo. Isto não significa necessariamente amor possessivo ou emocional, mas compaixão búdica, na qual a pessoa compartilha as necessidades e os sofrimentos da humanidade e anseia retirar um pouco do pesado carma do mundo. Por trás de tudo deve haver uma vontade sem egoísmo para curar, para descobrir a fim de compartilhar e para ensinar os outros a fazerem o mesmo. O desenvolvimento da clarividência não terá utilidade sem este motivo altruísta de serviço, não sendo alcançada a plena floração de seu desenvolvimento apesar de que muitos benefícios possam ser efetuados.

A maneira de aprender a fazer estas coisas é fazendo, aconselha-se ao aspirante que desenvolva a capacidade baseada no estudo e na investigação oculta e, acima de tudo, na ioga. Quando a pessoa sente-se movida para o interior, colocando impessoalmente suas mãos sobre a cabeça daqueles que sofrem e precisam de cura, isto pode ser útil. Se a investigação oculta nos atrai, então nos é dito para usar aquele pequeno conhecimento e poderes que já possuímos. A pessoa aprende melhor fazendo; irá desenvolver a faculdade pela prática, mesmo se isto não for aparente no princípio." 

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 73/74)
www.ediorateosofica.com.br


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O SEGREDO DO SUCESSO

"O segredo do sucesso na prática da ioga depende em grande parte na habilidade do iogue de combinar com igual intensidade os dois processos da prática da ioga, ou seja, o exercício ou método, juntamente com a compreensão intelectual na consciência, para cuja realização a ioga é praticada. Por exemplo, a pessoa deve cantar o Aum ou qualquer outro mantra e simultaneamente manter na mente o significado da palavra. Até mesmo isto não é inteiramente suficiente, apesar de ser importante. A pessoa deveria também, mesmo se só na imaginação, conceber a experiência, cuja realização é o único propósito de Dhyana, seja com o cântico ou sem ele. Dhyana é o coração de toda a ioga já que ela implica e ocasiona a transferência de uma ideia para a experiência consciente, na forma de uma expansão de consciência.

Entoar o mantra com o único propósito de despertar a Kundalini com a atenção focalizada nos resultados e efeitos físicos do fogo ascendente, sem antes colocar em primeiro plano a ideia central implícita na palavra ioga, é executar só a metade do exercício, e desta forma fracassar inevitavelmente na consecução do pleno resultado.

A postura, o cântico e a vontade, com a determinação e mesmo a esperança de ocasionar as experiências corporais associadas com a Kundalini parcialmente ativa, são simplesmente ajutórios para a realização intelectual e supraintelectual de unidade. Realmente, tornar-se dissolvido no oceano sem margens da vida e da consciência do universo é o objetivo final.

Não devemos, no entanto, confundir o significado deste conselho, pois o despertar da Kundalini e as sensações corpóreas resultantes são importantes, valiosos, e até certo ponto essenciais. O que o aspirante deve lembrar é que as sensações corpóreas não são objetivos por si mesmos, mas somente meios para um fim. Seu valor é uma evidência de que suficiente fogo criativo foi levado ao cérebro e liberado no corpo para ajudar imensamente a mente a transcender as limitações corpóreas e mentais - especialmente a da separatividade - e entrar no estado em que tudo é conhecido como para sempre UM."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 72/73)


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A IGNORÂNCIA OU ERRO

"139 - A escravidão é a convicção de um 'eu' como sendo algo relacionado a um não eu. Da ignorância, ou erro, nasce a causa do nascimento, da morte e do sofrimento do indivíduo assim condicionado. E é somente deste erro que ele nutre, unge e preserva este corpo, confundindo o que é irreal como sendo real e se envolve nos objetos dos sentidos  da mesma forma que um inseto produz um casulo e se prende na sua própria secreção.

COMENTÁRIO: Somos nós que devido à ignorância nos escravizamos por nossos pensamentos, palavras e ações ou pelos emitidos por outros. É neste cipoal que estamos presos e nele sofremos ao longo de inúmeras vidas. Um estado que se contrapõe ao Nirvana que é imutável. Para transcender esse processo do vir-a-ser (samsãra) temos que nos libertar do karma e alcançar a paz infinita."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 62)


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O FIM DA ILUSÃO DO TEMPO

“A chave do segredo está em acabar com a ilusão do tempo. O tempo e a mente são inseparáveis. Tire o tempo da mente e ele para, a menos que você escolha utilizá-lo.

Estar identificado com a mente é estar preso ao tempo. É a compulsão para vivermos quase exclusivamente através da memória ou da antecipação. Isso cria uma preocupação infinita com o passado e o futuro, e uma relutância em respeitar o momento presente e permitir que ele aconteça. Temos essa compulsão porque o passado nos dá uma identidade e o futuro contém a promessa de salvação e de realização. Ambos são ilusões.

Quanto mais nos concentramos no tempo, no passado e no futuro, mais perdemos o Agora, a coisa mais importante que existe.

Porque o Agora é a coisa mais importante que existe? Primeiramente porque é a única coisa. É tudo o que existe. O eterno presente é o espaço dentro do qual se desenvolve toda a nossa vida, o único fator que permanece constante.. A vida é agora. Nunca houve uma época em que a nossa vida não fosse agora, nem haverá.

Em segundo lugar, o Agora é o único ponto que pode nos conduzir para além das fronteiras limitadas da mente. É o nosso único ponto de acesso para a área atemporal e amorfa do Ser.

Você alguma vez vivenciou, realizou, pensou ou sentiu alguma coisa fora do Agora? Acha que conseguirá algum dia? É possível alguma coisa acontecer ou ser fora do Agora? A resposta é óbvia, não é mesmo?

Nada jamais aconteceu no passado, aconteceu no Agora. Nada jamais irá acontecer no futuro, acontecerá no Agora.

A essência dessas afirmações não pode ser compreendida pela mente. No momento em que captamos a essência, ocorre uma mudança na consciência, que passa a desviar o foco da mente para o Ser, do tempo para a presença. De repente, tudo parece vivo, irradia energia, emana do Ser.”

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro - p.28/29)


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

VIRTUDE E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) O espírito de condescendência nunca deveria surgir. Ajudamos não porque nos sentimos virtuosos ou porque desejamos ser virtuosos. Ao contrário, estamos felizes de que uma parcela mínima do trabalho do Mestre deva ser feita por nós, 'em seu nome e por amor da humanidade.' De fato, como Krishnamurti nos disse, realmente não possuímos uma virtude enquanto não estivermos inteiramente insconscientes de que a temos! Presunção, pedantismo, sentimentalismo, são todos absolutamente estranhos à vida espiritual clara, serena e absolutamente verdadeira. Há uma hipocrisia consciente e uma inconsciente. Ansiosos de ser virtuosos, talvez, por vezes, cedamos a um leve sentimento agradável de superioridade, dizendo coisas que realmente não queríamos dizer, tornando-nos artificialmente espirituais. O Mestre não aprecia um sentimento que não seja completamente honesto, nem repreende ou se afasta daqueles que sejam claramente destituídos de certas virtudes.

Virtude e sabedoria são coisas sublimes, mas se produzirem orgulho e uma consciência separatista do resto da humanidade, não serão senão a serpente do eu reaparecendo em forma mais refinada. Citando Krishnamurti mais uma vez: 'no momento em que nos sentimos superiores, a espiritualidade deixa de existir.'"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 154)


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

VIRTUDE E SABEDORIA (1ª PARTE)

"A vida é um processo de crescimento lento. A alma do homem cresce como cresce uma flor. É o jardineiro que a faz crescer? Ele pode somente ajudá-la um pouco. Ninguém pode ajudar-nos tanto quanto nosso próprio Eu Superior com seu amor. Nem mesmo o Mestre. 'Nada que esteja corporificado, nada que esteja consciente da separação, nada que esteja fora do eterno, pode ajudá-los.' (L.C.) Pense a respeito, visualize (lembrando sempre que nenhuma forma-pensamento é a própria coisa, mas sim um canal através do qual brilha a Realidade sem forma). Ponhamos em prática tudo que nos leve para mais perto da Eternidade e de nossos irmãos da humanidade, todos os ideais de amor, beleza e alegria, que movem o coração, não somente a cabeça. Pois o coração está mais próximo do Mestre do que a cabeça. A consciência espiritual está no chakra dourado, próximo do coração, enquanto a consciência intelectual está na cabeça. Devemos 'Crescer como crescem as flores, inconscientemente, mas ansiosos para abrir a alma para o ar. Assim você deve fazer para abrir sua alma para o eterno. Mas deve ser o eterno que o impulsione para sua força e beleza, não o desejo de crescimento. Pois em um caso você se desenvolve na exuberância da pureza; no outro, você se endurece pela violenta paixão por estatura pessoal.' (L.C.) Muitas pessoas assim o fizeram.

Não é fácil nos esquecermos de nós mesmos. O próprio fato de querermos fazê-lo significa pensamento no eu. Talvez o melhor meio seja cultivar interesse por tudo quanto vive e por todas as esferas da vida. Então o pensamento do 'eu' irá desvanecer-se. Interesse e benevolência o terão matado. Tome cuidado com os apegos e as rejeições pessoais. Eles são geralmente irracionais. O homem mundano ajuda as pessoas de quem gosta, sendo frequentemente injusto com aquelas de quem não gosta. Mas aquele que vier a ser discípulo ajudará, se possível, todos os homens e toda vida sem distinções de qualquer espécie. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 153/154)

domingo, 22 de janeiro de 2017

BONDADE EXISTE

"Como está ficando difícil e traumatizante viver nesta hora em que não se fala bem dos outros, não se pensa bem dos outros, não se deseja o bem dos outros, não se pratica o bem aos outros... - esta é uma reclamação generalizada, que vive na mente de quase todos.

Tudo indica que estamos todos nos afogando numa terrível tempestade de violência, e afundando num imenso pantanal de degradação.

Será assim tão dramática e desesperada a situação?!

É isto o que ficamos sabendo através dos órgãos noticiosos.

Se os jornais, as rádios, as TVs, embora continuando a difundir as notícias alarmantes concedessem ainda que apenas 10% do tempo e do espaço por elas dedicados à divulgação do que anda sendo feito diariamente por pessoas e instituições caridosas, poderíamos mudar nosso julgamento sobre o momento atual do mundo.

É preciso dar vez ao bem. É necessário restaurar a esperança.

Que possamos saber que a bondade ainda existe."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 65)


sábado, 21 de janeiro de 2017

A NATUREZA ESSENCIAL DA CONSCIÊNCIA

“A natureza essencial da consciência é refletir sobre o que é, perceber e registrar, um simples ato que, se abrangente e profundo o bastante para penetrar todas as camadas do que existe, somaria em si toda a verdade possível de ser produzida em pensamento. O pensar segue caminhos limitados, mas muito mais complexos. Se observarmos qualquer coisa que existe sem qualquer pensamento, vamos perceber a presença de algumas coisas e passar adiante para outras, de modo que a consciência da percepção é como uma onda que se move continuamente para frente. Uma onda possui uma fachada na qual existem muitos pontos. Temos percepção da presença de muitas coisas simultaneamente. A consciência é uma vastidão que pode abranger muitas coisas ao mesmo tempo. Ela pode iluminar um campo inteiro de objetos. É realmente semelhante ao espaço que inclui todos os objetos.

O que faz do homem um pensador, uma característica que o destaca de todos os outros seres vivos, é sua memória e o uso que é capaz de fazer dela. A vida está sempre contida naquele instante intangível que chamamos de presente, mas a consciência, que é inseparável dela, possui como seu domínio não apenas o que percebe no presente, mas a região que já percorreu e inclui em suas memórias, sobre a qual projeta uma estranha luz colorida pelo presente. A memória constitui o terreno sobre o qual o pensamento se movimenta e constrói seus edifícios. Sem lembrança do que foi registrado cronologicamente no passado, o homem não pode pensar; assim como sua vida perderia sua coerência, e seus atos no presente, sua relevância. Ele estaria se movimentando como um veleiro ao sabor do vento, que sopra a todo momento daquele movimento, mas incapaz de direcionar seu curso em qualquer direção. Nesse caso, a própria palavra direção envolve dois pontos, o momento presente, com relação ao qual não há nenhuma opção de escolha, e um momento passado que, através do presente, faz sua ligação com o futuro. Quando se fala em evolução, existe uma contínua e crescente capacidade de lembrança. Nossa memória é muito mais sutil e inclusiva do que a de qualquer animal. Um animal desenvolvido como o elefante pode lembrar-se de determinados eventos por um longo tempo. Mas a nossa memória possui uma extensão mais ampla, ela inclui idéias e experiências pertencentes exclusivamente ao estágio humano.”

(N. Sri Ram - O significado de cada momento presente - Revista Theosophia, out/nov/dez de 2016, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 20)


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A VIDA CORRETA NASCE DA NATURALIDADE

"Quem se ergue na ponta dos pés
Não pode ficar por muito tempo.
Quem abre demais as pernas
Não pode andar direito.
Quem se interpõe na luz
Não pode luzir.
Quem dá valor a si mesmo
Não é valorizado.
Quem se julga importante
Não merece importância.
Quem se louva a si mesmo
Não é grande.
Tais atitudes são detestadas
Pelos poderes celestes.
Detesta-as também tu, ó homem sapiente.
Quem tem consciência da sua dignidade.
De ser veículo do Infinito,
Se abstém de tais atos.

EXPLICAÇÃO: Esta sabedoria concorda com as palavras do Nazareno 'quem quiser ser grande seja o servidor de todos... quem se exaltar será humilhado'.

Harmoniza também com a sapiência da Bhagavad Gita: 'O ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do ego... O ego é um péssimo senhor, mas é um ótimo servidor'."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 76/77)


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

AS MUDANÇAS DE HUMOR TOMAM CONTA DA MENTE VAZIA

"O pensamente criativo é o melhor antídoto contra as mudanças de humor. O mau humor consegue tomar conta da consciência quando estamos em um estado mental negativo ou passivo. Quando a mente está vazia é, exatamente, quando se torna temperamental; e quando você é temperamental, o diabo vem e assume o controle. Portanto, desenvolva o pensamento criativo. Sempre que não estiver realizando uma atividade física, faça algo criativo em sua mente. Mantenha-a ocupada, de maneira que não haja tempo para acalentar predisposições negativas.

O pensamento criativo é maravilhoso - é como viver em outro mundo. Todos deveriam desenvolver esse poder. Antes de entrar aqui, mal penso nas palavras que vou utilizar nas palestras; mas, ao entrar na consciência do assunto a ser falado, a alma começa a dizer-me coisas maravilhosas. Quando está pensando criativamente você não sente o corpo ou os estados de ânimo; torna-se sintonizado com o Espírito. A inteligência humana foi feito à imagem da inteligência criadora de Deus, por meio da qual todas as coisas são possíveis; se não vivemos nessa consciência, tornamo-nos uma pilha de humores. Pensando criativamente, destruiremos o mau humor e acharemos todas as respostas para nossos problemas e para os dos outros.

As mudanças de humor são como o câncer - corroem a paz da alma. É por isso que o homem mal humorado não consegue livrar-se das dificuldaes. Lembre-se: por maior que tenha sido o seu insucesso em tudo, você não tem o direito de ficar deprimido. Em sua mente, você pode ser um vencedor. Quando está em maus lençóis, o homem melancólico admite a derrota. Mas o homem cuja mente  permanece invencível, mesmo que o mundo a seus pés tenha virado cinzas, continua a ser vitorioso.

Quer ser você um prisioneiro ou um vencedor? Agarrado com tanta força ao humor negativo, você se torna incapaz de prosseguir na batalha da vida. Assim que permite à sua mente embrulhar-se em emoções negativas, a vontade fica paralisada. As alterações de humor turvam o cérebro e, portanto, prejudicam o discernimento; seus esforços são desperdiçados."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 203/204)


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ILUMINAÇÃO: ELEVANDO-SE ACIMA DO PENSAMENTO

“No processo de crescimento, construímos uma imagem mental de nós mesmos, baseada em nosso condicionamento pessoal e cultural. Podemos chamar isso de ‘o fantasma pessoal do ego’. Consiste em uma atividade mental e só pode ser mantido através do pensar constante. A palavra ‘ego’ tem sentidos diferentes para pessoas diferentes, mas aqui significa um falso eu interior, criado por uma identificação inconsciente com a mente.

Para o ego, o momento presente dificilmente existe. Só o passado e o futuro são considerados importantes. Essa total inversão da verdade explica por que, para o ego, a mente não tem função. O ego está sempre preocupado em manter o passado vivo, porque pensa que sem ele não seríamos ninguém. E se projeta no futuro para assegurar a continuação de sua sobrevivência e buscar algum tipo de escape ou satisfação lá adiante. Ele diz assim: ‘Um dia, quando isso ou aquilo acontecer, vou ficar bem, feliz, em paz.’

Mesmo quando o ego parece estar preocupado com o presente, não é o presente que ele vê, porque constrói uma imagem completamente distorcida, a partir do passado. Ou então reduz o presente a um meio para obter o fim desejado pela mente. Observe sua mente e verá que é assim que ela funciona. O momento presente tem a chave para a libertação. Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto for a sua mente.

A iluminação significa chegar a um nível acima do pensamento. No estado iluminado, continuamos a usar nossas mentes quando necessário, mas de um modo mais focalizado e eficiente. Assim, utilizando nossas mentes com objetivos práticos, não ouvimos mais o diálogo interno involuntário e sentimos uma serenidade interior.

Quando usamos de fato nossas mentes e, em especial, quando necessitamos de uma solução criativa, há uma oscilação, de segundos, entre o pensamento e a serenidade, entre a mente e a mente vazia. O estado de mente vazia é a consciência sem o pensamento. Só assim é possível pensar criativamente, porque somente desse modo o pensamento tem alguma força real. O pensamento sozinho, quando não mais conectado com a área da consciência, que é muito mais ampla, rapidamente se torna árido, doentio e destrutivo.”

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro, 2016 - p.20/21)


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O SEGREDO DOS RELACIONAMENTOS CORRETOS (PARTE FINAL)

"(...) Quando começamos a ver os pensamentos e as crenças que aceitamos não só dos outros, mas também do nosso condicionamento, da nossa experiência de vida, temos uma escolha quanto a ouvi-los ou não. Eles reverberam com a verdade que provém de um local profundo dentro de nós? Eles nos são úteis? Ou são os mesmos pensamentos e sentimentos antigos que têm povoado nossas mentes repetidamente e que continuam a criar desarmonia em nossas vidas?

Podemos escolher. A verdade tem uma qualidade diferente, e quando estamos no nosso nível mais profundo de verdade, beleza e bondade, conseguimos reconhecer essas qualidades e sua vibração particular. Aprendemos que 'a voz de Deus fala no silêncio do coração' (Madre Teresa). Conseguimos ver a verdade. 

À medida que evoluímos por meio do silêncio e das práticas meditativas, para nos tornarmos a sentinela silenciosa, podemos observar esses pensamentos e sentimentos e vê-los honestamente. Podemos então efetuar mudanças usando a vontade, nosso desejo mais elevado para manifestar a correta ação em nossas vidas, e então mudanças positivas começam a acontecer.

O Milagre de ouvir nossa intuição é que desenvolvemos a habilidade de verdadeiramente ouvir os outros, de escutar a intenção por trás das palavras, mesmo que as palavras sejam rudes e ditas em momento de ira. Verdadeiramente ouvir os outros é uma das chaves para os corretos relacionamentos. É ouvir do local onde se encontra o observador silenciosos, sem preconcepções ou julgamentos. Você doa seu coração quando verdadeiramente ouve. Você diz 'estou te ouvindo', você se conecta e os milagres acontecem. Você vê a alma do outro, quem ele verdadeiramente é. Você o vê."

(Teresa McDermott - O Segredo dos relacionamentos corretos - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 27/28)
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O SEGREDO DOS RELACIONAMENTOS CORRETOS (1ª PARTE)

"As corretas relações são a culminância de correta intenção, correto pensamento e correta ação. Elas surgem quando vemos além das faltas, dos desejos e das imperfeições da personalidade, abrindo-nos para a luz da alma de um outro ser humano.

Mas antes de sermos capazes de desenvolver corretas relações com os outros, precisamos estabelecer corretas relações com nós mesmos. Precisamos buscar a totalidade de nossa natureza dual, masculina e feminina, intuitiva e intelectual, personalidade e alma, uma unidade uma reconciliação. Essa é a chave para o contentamento, a alegria e uma vida com vitalidade e energia. Esse retorno à totalidade, ou melhor, à compreensão de sua própria totalidade, é a chave para toda cura e crescimento interior.

Começamos com a audição - ouvir com correta intenção, ouvir com o coração. O ouvir nos traz para o momento. É o viver com atenção - a conexão última com o que é. Ouvir nossa própria orientação interior, a mensagem de nossa alma, nosso eu superior que nos fala por meio da intuição, mostrando como nos sentimos a respeito de algo quando, na quietude, nós nos voltarmos para o interior. Isso é pôr-se em contato com o que há de mais profundo em você e com os sentimentos sinceros sobre qualquer situação dada, sendo honesto a respeito do que você aí encontra. Será isso verdadeiramente o que é certo para mim? Ou será algo que quero que seja certo para mim? A honestidade requer coragem e um profundo comprometimento com o caminho da sua alma.

Com o aquietamento regular da mente e o mergulho no silêncio, conseguimos reconhecer pensamentos e sentimentos que surgem do desejo inferior, os quais enchem nosso ego e cuidam de 'mim' como sendo separado dos 'outros'. Esses pensamentos geralmente se situam ao nosso redor protegendo nossa posição como sendo a correta, ou afirmando uma crença que temos. (...)"

(Teresa McDermott - O Segredo dos relacionamentos corretos - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 27)
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domingo, 15 de janeiro de 2017

O INAPROPRIADO USO DOS SENTIDOS

"Você mesmo deve refletir e descobrir com exatidão o que lhe expandirá o coração e aquilo que gerará inquietação. Depois disso, fique com aquilo e abandone isso. Se assim não for, vagando por perdidos caminhos, feito um macaco, insano, terá de retorcer-se e agitar-se em confusão. Qual é a causa de todos os problemas e descontentamento que hoje a tantos subjugam? É o inapropriado uso que se tem feito dos sentidos.

Em qualquer campo que seja, se um indivíduo agir de tal forma que o ego o domine, este não somente o conduzirá a uma posição perigosa, mas também lhe criará grandes dificuldades. O ego age sobre a sombra dele. Cedo, bem cedinho, por conta dos raios do sol, nossa sombra será muito alongada. À medida que o sol ascende no céu, por conta de seus raios, o comprimento da sombra se reduzirá. Dessa maneira, a estatura (psicológica) de um egoísta é alguma coisa que tem de minguar, na medida em que o tempo avança."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 165)


sábado, 14 de janeiro de 2017

VERDADES FUNDAMENTAIS

"A mente deve ser cuidadosamente treinada para desenvolver suas capacidades, e não ser abarrotada com coisas desnecessárias. O importante é desenvolver uma mente que não apenas imite, que seja capaz de agir por si própria e que tente aprender e descobrir as coisas por si mesma, enquanto faz uso do conhecimento dos outros. A mente, como um sensível aparelho de rádio, deve ser capaz de captar as coisas e mantê-las em foco com clareza, percebendo suas implicações e indo além das irrelevâncias em direção à realidade dos fatos.

Uma educação realmente completa deve fornecer à criança os fundamentos de todos os ramos importantes do conhecimento, mas isso deve ser feito sem sobrecarregar sua mente com detalhes. Nós entulhamos nosso cérebro com muitas coisas desnecessárias. Se eliminássemos tudo isso e descobríssimos o que é realmente útil para o indivíduo, o que é essencial saber e o que representa um bom conhecimento do mundo, estaríamos oferecendo uma educação de real valor para a criança.

A tudo isso eu juntaria o ensino de certas verdades fundamentais, como a noção de vida una; o fato de que o homem não é apenas um corpo, mas que usa o corpo; a ideia de que nós criamos nosso próprio destino; e até mesmo a reencarnação e o carma. Tudo isso deve ser apresentado não como um dogma, mas como uma visão de vida, de maneira plausível e razoável. (...)

Muitas crianças têm em si grandes possibilidades que algumas vezes não desabrocham; elas possuem talentos ocultos para os quais não há escopo em suas vidas. Por isso, quando alguém recebe a tarefa de educar uma criança, não deve pensar que é uma tarefa insignificante. Essa visão é completamente equivocada, porque se ajudarmos a criança a se desenvolver da melhor maneira possível, ela crescerá e fará muitas coisas boas. Com o auxílio que damos aos outros podemos ajudar o mundo de maneira ampla, muito mais do que podemos entender.

Apenas os melhores homens e mulheres deveriam ser escolhidos como educadores. Não necessariamente os melhores do ponto de vista acadêmico. Muito frequentemente aqueles que obtêm uma graduação o fazem através da superconcentração em um determinado assunto, o que, em muitos casos, resulta numa perspectiva estreita e algo desequilibrada. Nem sempre os eruditos são os melhores para desempenhar certas tarefas, como lidar com pessoas."

(N. Sri Ram - O verdadeiro sentido da educação - TheoSophia, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - p. 34/35)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O VERDADEIRO SENTIDO DA EDUCAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A criança precisa aprender, desde os primeiros anos de vida, a se manter limpa. Depois deve haver um treinamento dos sentidos, incluindo as cores e os sons. Uma das maneiras de entrar em contato com a vida na natureza é ouvir os seus sons. Os sentidos são as janelas da alma. Quando seu alcance aumenta, toda a superfície de contato com a vida também é aumentada. O pensamento e a formação de imagens, que é parte do nosso pensar, baseiam-se nas impressões dos sentidos. A imaginação não acontece no vácuo; ela é estimulada por nossas reações.

A apreciação das artes e a prática de uma arte específica para a qual a criança tenha aptidão deve ser parte do programa educacional. Esta é, com certeza, uma maneira de refinar e educar as emoções.

As emoções e sentimentos têm um papel mais vital que o corpo físico ou o intelecto. Até mesmo a saúde depende, em grande parte, da condição emocional da pessoa. Mas nossa educação não dá qualquer atenção a isso e baseia-se quase exclusivamente no cultivo da mente. Se pudermos estimular a capacidade de afeição e simpatia da criança para com os outros, estaremos dando um impulso à sua evolução. 

Uma criança deve, desde os primeiros anos, aprender a ter consideração para com os outros em todos os contextos. Além disso, a educação deve preparar o indivíduo para continuar aprendendo pelo resto da vida. 

Qual a finalidade da vida? Talvez seja mais vida, com a crescente compreensão de suas potencialidades e do poder de criar, de modo que possa fluir cada vez mais livremente e criar segundo a própria vontade. Deve-se ajudar as pessoas a atingirem o mais alto grau de inteligência possível e a serem livres para fazer uso dessa inteligência; então, em sua liberdade, elas poderão fazer o que desejarem. Educar deveria significar 'abrir avenidas' nos cérebros e corações dos jovens, avenidas que se alargarão e os levarão em frente em um processo de aprendizado incessante, através de uma corrente de reação construtiva do ambiente para a alma e da alma para o ambiente.

A alma do homem é imortal e seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites. Por isso, a educação no sentido verdadeiro deve ser a educação do corpo, da mente e das emoções, de tal maneira que juntos formem um instrumento para a expressão da alma e a realização do seu propósito."

(N. Sri Ram - O verdadeiro sentido da educação - TheoSophia, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - p. 33/34)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O VERDADEIRO SENTIDO DA EDUCAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) Em educação, parece haver uma teoria segundo a qual a criança deveria ser deixada completamente livre para fazer o que quiser e aprender com as experiências. Mas não deveríamos dizer às crianças que não mergulhem em águas profundas sem saber nadar, ou que fujam de uma cobra  venenosa? Deve-se dar às crianças o benefício das experiências de outras pessoas. Se em nome da liberdade a criança fosse deixada vagando pelas ruas e aprendendo por si mesma, não desenvolveria a capacidade de se proteger e de manter sua liberdade.

Qual deve ser a principal característica da educação nos primeiros anos de vida? Obviamente, a influência que cerca um novo ser - novo para todos os propósitos práticos - deve ser estimulante e salutar. A creche, a sala de aula e o lar devem ser coloridos, não 'anêmicos' ou indefenidos. Deve-se cercar a criança com coisas que propiciem o desenvolvimento da sua inteligência, sua capacidade de afeto e tudo o que há de melhor em sua natureza. 

Não pode haver nada mais proveitoso para qualquer ser humano do que as influências da natureza, as árvores, as flores, a água corrente, etc. A criança tem um interesse natural por qualquer coisa viva, como as plantas e os animais.

Não sei se todos nós compreendemos o quanto o medo, na educação, é um fator inibidor e prejudicial. Mesmo que haja algo a ser corrigido na criança, o melhor método é explicar e convencê-la de que tal coisa é indesejável. O processo de crescimento é um processo de trazer para fora o que está dentro: suas qualidades inatas, seu gênio, seu talento. Isso só é possível numa atmosfera de liberdade. O instrutor deve se adaptar ao crescimento da criança, encarando os processos desse crescimento como prontos em que o auxílio, a instrução ou a orientação são necessários.

A criança tem uma natureza tripla: a natureza do corpo, das emoções e da mente. Ela se relaciona com tudo à sua volta nesses três níveis. Cada um desses aspectos precisa ser auxiliado para se expandir de um modo natural, sem distorção.

Nos primeiros anos de vida, talvez o crescimento e o controle do corpo requeiram mais atenção. Não é preciso dizer que a  criança deve ser alimentada apropriadamente e que o corpo não deve ser negligenciado. O domínio do corpo físico, seu perfeito ajustamento e sua utilização de maneira graciosa e naturalmente expressiva o tornarão um instrumento apropriado para ser usado espiritualmente. Deve-se ajudar a criança a atingir uma certa medida de autocontrole, a coordenar seus movimentos, a usar adequadamente suas pernas e braços e a aprender boas maneiras. (...)" 

(N. Sri Ram - O verdadeiro sentido da educação - TheoSophia, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - p. 32/33)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O VERDADEIRO SENTIDO DA EDUCAÇÃO (1ª PARTE)

"A educação deve fazer parte do processo de expansão da vida, que sempre começa de dentro. A criança é maleável e ainda não possui o nível de autopercepção dos adultos; por isso, é extremamente importante que qualquer ensinamento seja oferecido de maneira agradável, sem violentar seu crescimento natural.

Esse esforço começa no nascimento da pessoa, se não antes. Devemos ter em mente que o fenômeno da expansão começa com uma natureza que não é condicionada nem autoconsciente e, portanto, é extremamente maleável. Ela pode facilmente ser afetada não apenas por ações que tenham o propósito de influenciá-la, mas também por influências sutis.

Embora o ambiente tenha grande importância, o mais importante para a criança são as pessoas mais próximas a ela. Mesmo que no ambiente haja muito sofrimento, se a influência dessas pessoas for do tipo certo, até mesmo o sofrimento em torno pode ser um meio de evocar na criança sentimentos de compaixão e simpatia. 

A compreensão de que certas coisas não são agradáveis, que elas deviam ser diferentes ou não deviam existir, produz uma mudança na consciência e faz brotar a vontade e a capacidade de modificá-las. Portanto, o instrutor deve ser uma pessoa que possua conhecimento amplo e cuja natureza, incluindo seus pensamentos e emoções, seja útil à criança a cada momento. Podemos tentar entender como um instrutor deve ser e procurar pessoas que se aproximem desse perfil.

O ambiente para o crescimento da criança deve ser o melhor possível para esse propósito. O objetivo deve ser extrarir de cada uma delas suas melhores qualidades e capacidades. Esse é o significado da palavra educação. 

Se tudo o que houver de bom numa criança for fortalecido tanto quanto possível nos seus primeiros anos de vida, ela poderá mais tarde partir para o mundo, onde as influências estão muito misturadas, e enfrentar o que quer que seja com a sua força já desenvolvida. (...)"

(N. Sri Ram - O verdadeiro sentido da educação - TheoSophia, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - p. 32)


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A VIDA NO CORAÇÃO DO MUNDO

"O sábio não tem coração estreito,
Inclui no seu coração os corações dos outros.
Ele é bom com os bons
E bom também com os não bons,
Porque sua íntima atitude
Só lhe permite ser bom.
Ele é honesto com os honestos
E honesto também com os desonestos
Porque seu íntimo ser só lhe permite
Ser honesto com todos.
Ele vive retirado,
Mas a sua vida está aberta de par em par
A todos os homens.
Os olhos e os ouvidos dos homens
Se voltam para ele, estupefatos -
Ele vê seus filhos em todos.

EXPLICAÇÃO: Quando o homem se realiza a si mesmo, todas as coisas fora dele são realizadas. Quem em primeiro lugar busca o reino de Deus e sua harmonia, verá que todas as outras coisas lhe serão dadas de acréscimo.

O alicerce do fazer bem está em ser bom.

Ser bom é estar em harmonia com o Infinito, com a alma do Universo, e viver de acordo com essa consciência."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 130/131)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

AS TRÊS FERRAMENTAS DA SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) Quando tento ouvir verdadeiramente, sempre me inspiro no mestre Zen Suzuki-roshi, que disse: 'Se sua mente está vazia, está sempre pronta para qualquer coisa; está pronta para tudo. Na mente do principiante há muitas possibilidades, na do homem experiente há poucas'.⁵ A mente do principiante é uma mente aberta, uma mente vazia, uma mente pronta, e se ouvimos com ela, podemos de fato começar a ouvir. Porque se ouvirmos com uma mente silenciosa, tão livre quanto possível do clamor das ideias preconcebidas, criar-se-á uma possibilidade para que a verdade dos ensinamentos nos penetre, e para que o significado da vida e da morte se torne progressivo e surpreendentemente mais claro. Meu mestre Dilgo Khyentse Rinpoche disse: 'Quanto mais você ouve, mais você escuta; quanto mais você escuta, mais e mais profundo se torna seu entendimento'.

O aprofundamento da compreensão, assim, dá-se através da contemplação e da reflexão, a segunda ferramenta da sabedoria. À medida que contemplamos o que ouvimos, os ensinamentos começam a penetrar nosso fluxo mental e a entrar na experiência interna da nossa vida. À medida que a contemplação revela e enriquece aquilo que começamos a entender de maneira intelectual, e leva esse entendimento da cabeça ao nosso coração, os eventos do cotidiano começam a refletir e a confirmar, direta e sutilmente, as verdades dos ensinamentos.

A terceira ferramenta sa sabedoria é a meditação. Depois de ouvir os ensinamentos e de refletir sobre eles, pomos em ação os insights que adquirimos e os aplicamos diretamente, através do processo de meditação, às necessidades da vida cotidiana."

⁵ Shunryu Suzuki, Zen Mind, Beginner's Mind (Nova York: Weatherhill, 1973), 21. [Traduzido para o português sob o título Mente Zen, Mente de Principiante (São Paulo: Palas Athena, 1994).]

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 165/166)


domingo, 8 de janeiro de 2017

AS TRÊS FERRAMENTAS DA SABEDORIA (1ª PARTE)

"O caminho para descobrir a liberdade da sabedoria da ausência do ego, segundo os mestres, passa pelos processos de ouvir e escutar, contemplar e refletir, e meditar. Eles nos aconselham a começar pelo ouvir repetidamente os ensinamentos espirituais. Ouvindo, eles nos recordarão uma e outra vez da nossa oculta natureza de sabedoria. É como se fôssemos aquela pessoa que pedi que imaginassem sofrendo de amnésia numa cama de hospital, e alguém que nos amasse e se importasse conosco estivesse nos sussurrando no ouvido o nosso verdadeiro nome, mostrando-nos fotografias de família e de velhos amigos, tentando trazer de volta o conhecimento da nossa identidade perdida. Gradualmente, ao ouvir os ensinamentos, certas passagens e visões interiores neles contidos farão vibrar um estranho acorde em nós, lembranças da nossa verdadeira natureza começarão a voltar pouco a pouco, despertando um profundo sentimento de alguma coisa despretensiosa e misteriosamente familiar. 

Ouvir é um processo muito mais difícil do que a maioria das pessoas imagina; ouvir realmente, da maneira que os mestres se referem, é abrir mão de si mesmo, de todas as informações, conceitos, ideias e preconceitos que enchem nossas cabeças. Se você de fato ouvir os ensinamentos, aqueles conceitos que são o verdadeiro obstáculo, a única coisa que se interpõe entre nós e nossa natureza real, podem lenta mas firmemente ser eliminados. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 165)


sábado, 7 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (PARTE FINAL)

"(...) A lei é a seguinte: determinadas causas trazem determinados resultados. A lei é imutável, mas o jogo dos fenômenos está sempre mudando. A causa mais poderosa entre todas as causas é a vontade e a razão humanas, que, apesar disso, são omitidas, na maior parte das vezes, quando as pessoas falam em karma. Nós somos causas, porque somos a vontade divina, unos com Deus no nosso ser essencial, embora prejudicados pela ignorância e trabalhando através da matéria grosseira, que emperra a nossa ação, até que consigamos conquistá-la e espiritualizá-la. A imutabilidade do karma não é a imutabilidade dos efeitos, mas da lei, e é isso que nos torna livres. Seríamos escravos de verdade num mundo onde tudo acontece por acaso. Nossa liberdade e segurança dependem do conhecimento que temos desse mundo regido por leis. Na Idade Média, os alquimistas de forma alguma eram livres para chegar aos resultados que desejavam, mas tinham de aceitar os resultados como quer que viessem, imprevistos e, na maioria deles, indesejados, mesmo que isso representasse os seu mais sérios prejuízos. O resultado da experiência poderia ser um produto útil, ou reduzir o experimentador a fragmentos. Roger Bacon colocou em ação causas que lhe custaram um olho e um dedo, e, em certa ocasião, essas causas atiraram-no ao chão da sua cela, desacordado. Fora daquilo que conhecemos estamos sempre em perigo, e qualquer causa que ponhamos em ação pode nos desgraçar, porque, a maioria de nós, nos mundos mental e moral, somos Rogers Bacons. Dentro do nosso conhecimento podemos ter movimentos livres e seguros, tal como os bem treinados químicos modernos. Em todos os três mundos nos quais vivemos é igualmente verdade que, quanto mais sabemos, mais podemos prever e controlar. Visto que a lei é inviolável e imutável, o conhecimento é uma condição indispensável para a liberdade. Estudemos, então, o karma, e usemos o nosso conhecimento na orientação da nossa vida. São muitas as pessoas que dizem: 'Oh! Como eu gostaria de ser boa!', e não usam a lei criar as causas que têm como resultado a bondade. É como se um químico dissesse: 'Oh! Como eu desejo ter água!', e não fosse em busca das condições que produzissem essa água tão desejada.

Devemos recordar, novamente, que cada força atua em sua linha específica, e que quando certo número de forças se intrometem num ponto específico, a força resultante é a consequência de todas elas. Em nossos dias de escola, aprendemos como se constrói um paralelograma de forças e assim descobrimos a resultante de sua composição; o mesmo se dá com o karma, quando podemos entender o conflito de forças e sua composição para obter um único resultado. Ouvimos pessoas perguntando por que um homem bom fracassa nos negócios, enquanto um mau homem obtém sucesso. Não há, entretanto, uma conexão causal entre bondade e ganho de dinheiro. Bem, poderíamos dizer: 'Sou um homem muito bom, por que não posso voar pelos ares?' A bondade não é causa para o voo, nem para trazer dinheiro. Tennyson tocou numa grande lei, em seu poema: 'Salário', quando declarou que o salário da virtude não era o 'pó', nem o repouso, nem o prazer, mas a glória de uma imortalidade ativa. 'A virtude é a sua própria recompensa', no mais alto sentido dessas palavras. Se você for autêntico, sua recompensa está no fato de a sua natureza tornar-se mais verdadeira; isso acontece, sucessivamente, com cada virtude. Os resultados kármicos só podem ser da mesma natureza das suas causas. Eles não são arbitrários, como as recompensas humanas."

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 46/48)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (2ª PARTE)

"(...) Uma pessoa se embriaga. Acaso poderá dizer: 'Meu karma é embriagar-me'? Essa pessoa embriaga-se devido a certas tendências que tem, por causa da presença de companheiros libertinos e graças a um ambiente onde a bebida é vendida. Suponhamos que essa pessoa deseja dominar esse hábito pernicioso. Ela conhece as três condições que a levaram à embriaguez. Pode dizer: 'Não sou forte o bastante para resistir às minhas tendências quando estou na presença da bebida e na companhia de libertinos. Não irei mais a lugares onde há bebidas, nem andarei mais com homens que me estimulem a beber.' Ela muda as condições, eliminando duas delas, embora não consiga eliminar imediatamente a terceira, e o novo resultado é que ela não se embriaga mais. Ela não estará 'interferindo em seu karma', mas confiando nele, e um amigo seu estará 'interferindo no karma dela' se a convencer a se manter distante de companheiros de farra. Não há ordem kármica para que um homem se embriague, o que existe é apenas a presença de certas condições em cujo meio ele certamente irá embriagar-se. Há, na verdade, uma outra forma de modificar essas condições: o desenvolvimento de uma vigorosa força de vontade. Isso também introduz uma condição nova, que modificará o resultado - por adição, e não por eliminação.

No único sentido em que um homem pode 'interferir' com as leis da natureza ele tem completa liberdade para fazer isso, tanto quanto quiser e puder. Ele pode inibir a gravidade através de um esforço muscular. Nesse sentido, ele pode interferir no karma tanto quanto quiser, e deve interferir quando os resultados forem contestáveis. Esta expressão, entretanto, não é feliz, sendo possível que seja mal compreendida. (...)"

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 44/46)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (1ª PARTE)

"O homem como sabemos, vive normalmente em três mundos: o físico, o emocional e o mental, e é colocado em contato com cada um desses mundos através de um corpo fornecido por esse tipo de matéria. E atua em cada um desses mundos por meio de um corpo apropriado. Portanto, ele cria resultados em cada um desses corpos, de acordo com as respectivas leis e poderes, e todos eles estão dentro dos limites da lei do karma que tudo abrange. Durante sua vida diária, quando acordado, o homem está criando 'karma', isto é, resultados, nesses três mundos, a que chega pela ação, pelo desejo e pelo pensamento. Quando seu corpo físico está adormecido, o homem está criando karma em dois mundos - o emocional e o mental - e a quantidade de karma então criado por ele depende do estágio de sua evolução.

Podemos nos restringir a esses três mundos, porque os que estão acima deles não são habitados conscientemente pelo homem comum; mas devemos, apesar disso, lembrarmo-nos de que somos como árvores, cujas raízes estão fixadas em mundos mais altos e cujos galhos espalham-se para os mundos inferiores em que vivem os nossos corpos mortais, e nos quais nosso discernimento está trabalhando.

As leis trabalham dentro de seus próprios mundos, e devem ser estudadas como se sua atuação fosse independente. Tal como cada ciência estuda as leis que funcionam dentro do seu departamento, mas não esquece o trabalho mais amplo de condições de maior alcance, o homem, que está trabalhando em três departamentos as leis são invioláveis, imutáveis, e cada uma delas produz seus efeitos totais, embora o resultado final da sua interação seja a força eficiente que permanece quando todo o equilíbrio de forças opositoras foi alcançado. Tudo quanto é verdade no que se refere às leis em geral é verdade para o karma, a grande lei. Estando presente a causa, os acontecimentos devem seguir-se. Retirando ou acrescentando causas, entretanto, eles podem modificar-se. (...)"

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 43/44)