OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O MANTRA OM

"'O que quer que um homem não tenha enfrentado durante a vida por certo enfrentará com a morte. Assim, cada um deve estar treinado para, naquela hora, ter uma atitude e um pensamento que lhe sejam os mais benéficos. Se assim não for, a vida terá sido falha, um desperdício. A pessoa despreparada para este findar tem de sofrer o destino que sobre ela se abater. Ninguém entra num campo de batalha a fim de sofrer derrota. Assim, também, ninguém voluntariamente aceita uma queda. Somente se busca progresso. Não seria sábio, portanto, lutar em prol de um objetivo que representa o melhor de seu próprio interesse. Todo homem deve, portanto, dar os mais austeros passos, tanto que se assegure de vir a manter o pensamento sobre o Pranava, quando no último alento da vida. Quem quer que, ao morrer, mantenha tal pensamento (pranava) vem a Mim', assegurou Krishna¹.

Repita o pranava (OM) no último instante. Esta é a razão pela qual a permanente lembrança do Senhor - é sabido - tem o poder de encarregar-se de seu yogaksehama, isto é, de sua felicidade aqui e no além. Naturalmente, esta repetição deve ser feita. O sadhana tudo conquista, desde que seja firme e forte."

¹ 'Aquele que, ao abandonar o corpo, pronunciando OM, pensar sobre Mim, irá alcançar o Supremo' (Gita 18:13) Para o sábio Platão, a vida nos é emprestada para que aprendamos a arte de morrer. Eutanásia, etimologicamente, significa o bom morrer. 

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 89)


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

MATA A AMBIÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Nenhum ambicioso jamais é feliz porque o que ele quer está no futuro, e assim existe sempre um senso de que algo está faltando no presente. E, quando finalmente alcança sua meta, ela não o satisfaz, e ele fica desapontado, frustrado. 'A distância empresta encantamento à visão', e, quando verdadeiramente chegamos à cena, descobrimos que a grama não é tão verde quanto pensávamos ser. A satisfação cessa e então queremos algo mais. Finalmente, todas as nossas ambições azedam, por 'trabalhar para o eu é trabalhar para o desapontamento'. É muito importante que compreendamos isso, pois nas muitas coisas que fazemos existe a autobusca por adulação, elogio e adiantamento. 

Assim, o comentário diz: 'Mas, embora esta primeira regra pareça tão simples e fácil, não a ultrapasse muito rapidamente'. Podemos pensar que estamos livres da ambição, mas é muito difícil que assim seja. Esse trabalhar para o eu é realmente o produto de nossos apegos, que podem ser as coisas em diferente níveis - físico, astral, mental. Assim, podemos estar apegados a uma pessoa, a nossas posses, ou a nossas ideias. Qualquer que seja a natureza do apego, seu centro é o eu, e trabalhar para o eu é estar descontente porque sua própria natureza é buscar mais. 

O artista puro que ama sua arte, simplesmente gosta de praticá-la, e ele o faz. Mas muito raramente encontramos alguém assim. Muitos artistas são muito autoenvolvidos, intolerantes e têm ciúmes de outros que atingiram a mesma eminência. Certamente, existem artistas que pintam ou compõem desinteressadamente e não para a glória do eu e seus componentes. Mas podemos enganar-nos ao acreditar que estamos fazendo tudo para a glória de Deus com a implicação de que o que quer que façamos tenha sua aprovação; ou podemos pensar que o fazemos em nome do Mestre, carimbando assim nossas ações com seu nome. A mente pode enganar-se extraordinariamente. Devemos estar cônscios de todas essas sutilezas, dos vários processos de autodecepção, antes que possamos dizer que somos verdadeiramente sinceros."

(N. Sri Ram - Mata a ambição - Revista Theosophia, Ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 16) 


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

MATA A AMBIÇÃO (1ª PARTE)

"'Mata a ambição', escreve Mabel Collins em Luz no caminho (Ed. Pensamento). A ambição é um mal primário, mas é geralmente considerada pelo mundo em geral como sendo uma qualidade boa. O homem ambicioso é invejado pelos outros, e mesmo seus superiores fazem dele bom conceito porque ela faz o esforço necessário para obter a promoção cobiçada. Mas, do ponto de vista oculto (ou secreto, esotérico), a ambição é destrutiva e deve ser extirpada. Ela torna a pessoa insensível aos sentimentos, necessidades e bem-estar dos outros. Toda sua atenção está fixa sobre o objeto que deseja alcançar, e essa mesma concentração exclui tudo o mais de sua atenção, mesmo o sofrimento causado aos outros no fomento de sua ambição.

Embora compreendamos a natureza desse mal quando o vemos sob uma forma exagerada, não conseguimos reconhecê-lo em nós mesmos. Mas é verdade que as faltas que notamos nos outros provavelmente estão presentes, pelo menos em germe, em nós mesmos. Não estamos preocupados com a destruição de ídolos populares - as diferentes coisas que as pessoas adoram -. mas com nossos próprios ídolos particulares que adoramos secretamente em nossos corações.

Luz no caminho fala da ambição como 'a primeira maldição' e adverte que ela assume formas sutis no Caminho oculto. Podemos pensar que destruímos a ambição em nós mesmos, mas ela pode reaparecer com aspecto diferente, pois podemos ambicionar várias coisas mesmo no próprio Caminho. Podemos não nos preocupar com o elogio da 'massa ignara', descartando-o como algo sem valor. Mas é bem possível sermos sutilmente presunçosos; embora pareçamos não nos preocupar com a apreciação dos outros, podemos ainda estar enraizados no amor próprio e na vaidade, muitíssimo cônscios de nossas supostas habilidade e de nosso valor no caminho espiritual.

Ou podemos querer estar à frente dos outros que são devotados ao mesmo Mestre, sentir que de algum modo demos um passo que eles não deram. Mesmo que os outros não saibam que demos um passo, o fato de pensarmos que demos é suficiente; sentimo-nos superiores e autossatisfeitos. Isso pode ser tão sutil que, a não ser que prestemos muita atenção a nossos pensamentos, sentimentos e motivos, seja impossível evitá-lo. Podemos continuar meditando sobre a virtude da humildade que pensamos querer possuir, e ao mesmo tempo estarmos plenos desse egoísmo que está tão profundamente enraizado em todos nós. (...)"

(N. Sri Ram - Mata a ambição - Revista Theosophia, Ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 15/16) 


terça-feira, 27 de setembro de 2016

EU OU EGO

"P: Mas qual é a distinção entre essa 'verdadeira individualidade' e o 'Eu ou Ego' de que todos temos consciência?

T: Antes de responder devo discorrer sobre o que você entende por 'Eu ou Ego'. Distinguimos entre o fato simples de consciência própria, o sentimento simples de que 'Eu sou eu', e o pensamento complexo de que sou o 'sr. Smith' ou 'a sra. Brown'. Acreditando como acreditamos, em uma série de nascimentos para o mesmo Ego, ou reencarnação, essa distinção é o eixo fundamental da ideia inteira. 'Sr. Smith' na realidade significa uma longa série de experiências diárias, todas unidas pela continuação da memória, formando aquilo que o sr. Smith chama de 'meu eu'. Mas nenhuma dessas 'experiências' é realmente o 'Eu' ou o 'Ego', nem produz ao sr. Smith a sensação de ser ele mesmo, pois esquece a maior parte de suas experiências diárias, e produzem nele o sentimento de egoidade unicamente enquanto duram. Portanto, nós, os teósofos, distinguimos entre esse conjunto de 'experiências' que chamamos de falsa personalidade (por ser tão fugaz e finita), e aquele elemento do homem a que se deve o sentimento do 'eu sou eu'. Para nós, é este 'eu sou eu' a verdadeira individualidade: e sustentamos que este 'Ego' ou individualidade representa como o ator nos palcos muitos papéis na peça da vida. Consideramos cada nova vida na terra, do mesmo Ego, como uma representação diferente no cenário de um teatro: aparece uma noite como Macbeth, na seguinte como Júlio César, depois será Romeu, na próxima Hamlet ou o Rei Lear, e assim sucessivamente, até que tenha completado o ciclo de encarnações. O Ego começa sua peregrinação de vida em papéis bem secundários como o de um espectro, um Ariel ou um duende; logo representa um papel de coadjuvante: é um soldado, um criado, um cantor de coro; depois ascende a 'papéis falados': desempenha alternadamente papéis principais e outros insignificantes, até que, finalmente, despede-se da cena como Próspero, o mago."

(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 51/52


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

ESFORÇO (PARTE FINAL)

"(...) Para compreendermos o 'estado de ser' em que não há luta, o estado de existência criadora, é claro que temos de investigar integralmente o problema do esforço. Por esforço entendemos a luta para nos preenchermos, para nos tornarmos alguma coisa, não é isso ? Sou isto e quero tornar-me aquilo; não sou tal coisa e devo tornar-me tal coisa. No vir a ser tal coisa há emulação, batalha, conflito, luta. Nesta luta, estamos necessariamente interessados no preenchimento pela consecução de um fim; buscamos preenchimento pessoal num objetivo, numa pessoa, numa ideia, o que exige uma batalha, uma luta constante, um constante esforço para 'vir a ser', realizar. Nessas condições, aceitamos o esforço como inevitável; e eu tenho minhas dúvidas sobre se ele é inevitável, se é inevitável essa luta para 'vir a ser' alguma coisa. Por que há essa luta? Onde há o desejo de preenchimento, em qualquer grau e em qualquer nível que seja, tem de haver luta. O preenchimento é o motor, a mola impulsora do esforço; quer se trate do chefe todo-poderoso, da simples dona de casa, ou do mendigo, há em todos esta batalha para 'vir a ser', realizar. 

Ora, por que existe esse desejo de nos preenchermos? Evidentemente, o desejo de nos preenchermos, de nos tornarmos alguma coisa, surge quando percebemos que nada somos. Porque sou nada, porque sou insuficiente, vazio, interiormente pobre, luto por 'vir a ser' alguma coisa; exterior ou interiormente, luto por me preencher numa pessoa, numa coisa, numa ideia. Preencher esse vazio — nisso consiste todo o processo da nossa existência. Tendo consciência de que estamos vazios, de que somos pobres interiormente, lutamos com o fim de acumular coisas, exteriormente, ou de cultivar riquezas interiores. Só há esforço quando há a fuga ao vazio interior, pela ação, pela contemplação, pela aquisição, pela realização, pelo poder, etc. Tal é nossa existência de cada dia. Estou cônscio de minha insuficiência, de minha pobreza interior, e luto para dela fugir ou preenchê-la. Esta fuga, este esforço para evitar, para tapar o vazio, acarreta luta, agitação, desgaste. 

Pois bem, se não fazemos esforço para fugir, que acontece? Ficamos 'vivendo com aquela solidão', com aquele vazio; e, no aceitar esse vazio, ver-se-á que surge um estado criador que nada tem a ver com a luta, com o esforço. Só existe esforço quando procuramos evitar a solidão e o vazio interior; mas se encararmos o fato, se o observarmos, se aceitarmos o que é, sem tentar evitá-lo, veremos surgir um 'estado de ser', em que cessou de todo a luta. Aquele 'estado de ser' é criação, e não resulta de luta. 

Quando há compreensão do que é, que é o vazio, a insuficiência interior, quando 'vivemos com essa insuficiência' e a compreendemos integralmente, surge a realidade criadora, a inteligência criadora, a qual, e só ela, pode trazer-nos a felicidade. 

A ação, por conseguinte, tal como a conhecemos, é, com efeito, reação, incessante 'vir a ser', quer dizer, negação, fuga do que é. Mas, quando temos conhecimento do vazio, sem escolher, condenar nem justificar, nesse entendimento do que é, há ação, e esta ação é existência criadora. Compreendereis isso, se observardes a vós mesmos, na ação. Observai-vos, quando agis, não só exteriormente, mas observai também o movimento de vosso pensar e sentir. Quando estiverdes cônscios desse movimento, vereis que o processo do pensamento, que é também sentimento e ação, está baseado na idéia de 'vir a ser'. A ideia de 'vir a ser' só se apresenta quando há sentimento de insegurança, e este se manifesta quando estamos cônscios do vazio interior. Se estiverdes cônscios desse processo do pensamento e sentimento, vereis que há uma batalha constante, um esforço contínuo, para transformar modificar, alterar o que é. é este o esforço de 'vir a ser', e o 'vir a ser' é uma maneira direta de evitar o que é. Pelo autoconhecimento, pelo constante percebimento, vereis que a luta, a batalha, o conflito de 'vir a ser', conduz à dor, ao sofrimento, e à ignorância. Só se estiverdes cônscios da insuficiência interior e 'viverdes com ela', sem tentardes fugir, mas aceitando-a inteiramente, descobrireis uma extraordinária tranquilidade, uma tranquilidade não arranjada, não ajustada, mas uma tranquilidade que vem com a compreensão do que é. Só nesse estado de tranquilidade é possível a existência criadora."

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 60/62)

domingo, 25 de setembro de 2016

ESFORÇO (2ª PARTE)

"(...) Esforço não significa luta para transformar o que é no que não é, ou no que deveria ser ou deveria 'vir a ser'? Porque não queremos enfrentar o que é, vivemos em luta constante, tentando fugir ou transformar, modificar o que é. O homem que tem em si o verdadeiro contentamento é aquele que compreende o que é, dando ao que é sua exata significação. Este é o verdadeiro contentamento. Nele, não há preocupação de ter poucas posses ou muitas posses, mas só interesse pela compreensão do total significado do que é. E esse contentamento só pode vir quando reconhecemos o que é, quando o percebemos lucidamente, e não quando estamos tentando modificá-lo ou transformá-lo. 

Vemos, pois, que o esforço é uma luta para transformar o que é, noutra coisa que desejais que ele seja. Estou me referindo apenas a luta psicológica, e não a luta com um problema físico, como um problema de engenharia ou qualquer problema atinente a algum descobrimento ou transformação de ordem puramente técnica. Estou falando, apenas, daquela luta que é psicológica e que sempre se sobrepõe ao que é técnico. Podemos edificar com todo o esmero uma sociedade maravilhosa, com o emprego do saber imenso que a ciência nos deu. Mas enquanto não for compreendido o esforço e a luta e a batalha psicológica, e não forem superadas todas as sobrecargas e correntes psicológicas, a estrutura da sociedade, por mais soberbamente edificada, está condenada a desabar, como tem acontecido tantas e tantas vezes. 

O esforço é uma distração do que é. No momento em que aceito o que é, não há mais luta. Toda forma de luta ou de esforço é um indício de distração, e a distração, que é esforço, existe necessariamente, enquanto, psicológicamente, desejo transformar o que é em alguma coisa que não é. 

Temos primeiro de ser livres, para vermos que a alegria e a felicidade não resultam de esforço. Há criação pelo esforço, ou só há criação com a cessação do esforço? Quando é que escreveis, pintais ou cantais? Quando é que criais? Sem dúvida, quando não há esforço, quando estais completamente abertos, quando em todos os níveis há comunhão completa entre vós, completa integração. Há então alegria, e começais a cantar, ou a escrever um poema, ou a modelar alguma coisa. O momento criador não nasce da luta.

Talvez, se compreendermos o problema da criação, estejamos aptos a entender o que significa esforço. Criação é produto de esforço, e temos consciência dos momentos em que somos criadores? Ou a criação é um estado de completo autoesquecimento, aquele estado em que não há agitação, em que estamos por completo inconscientes do movimento do pensamento, quando só há Ser, completo, pleno, rico? Esse estado resulta de labor, luta, conflito, esforço? Não sei se já tendes notado que quando executais uma coisa com facilidade, com destreza, não há esforço e sim uma ausência completa de luta; mas, visto que nossas vidas são, pela maior parte, uma série de batalhas, conflitos e lutas, não podemos imaginar uma vida, um 'estado de ser' em que haja cessado completamente a luta. (...)"

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 59/60)


sábado, 24 de setembro de 2016

ESFORÇO (1ª PARTE)

"Para a maioria de nós, toda a vida está baseada no esforço, em alguma espécie de volição. Não podemos conceber ação sem volição, sem esforço; nisso está baseada nossa vida. A vida social, econômica, e a chamada vida espiritual são uma série de esforços, culminando sempre em certo resultado. E pensamos que o esforço é essencial, necessário. 

Por que fazemos esforço? Não é, falando com simplicidade, com o fim de alcançarmos um resultado, de nos tornarmos alguma coisa, de alcançarmos um objetivo? Se nenhum esforço fazemos, pensamos cair na estagnação. Temos uma idéia a respeito do alvo que estamos lutando para alcançar e esta luta se tornou parte da nossa vida. Se desejamos modificar-nos, mudar radicalmente, fazemos um esforço tremendo para eliminar os velhos hábitos, resistir às influências ambientes, etc. Estamos, pois, habituados a essa série de esforços no sentido de encontrar ou realizar alguma coisa, para vivermos de alguma maneira. 

Todo esse esforço não representa atividade do 'ego'? Esforço não significa atividade egocêntrica? Se fazemos um esforço, procedente do centro do 'eu', esse esforço inevitavelmente produzirá mais conflito, mais confusão e amargura. Entretanto, continuamos, obstinadamente, a fazer esforço sobre esforço. Pouquíssimos dentre nós compreendem que a atividade egocêntrica do esforço não nos livra de nenhum dos nossos problemas. Pelo contrário, aumenta nossa confusão, nossa amargura, nosso sofrimento. Sabemo-lo, e entretanto continuamos a nutrir a esperança de nos libertarmos, de algum modo, dessa atividade egocêntrica do esforço, da ação da vontade. 

Penso que chegaremos a compreender o significado da vida, se entendermos o que quer dizer fazer um esforço. Vem a felicidade como resultado do esforço? Já tentastes alguma vez ser felizes? E impossível isso, não achais? Lutais para ser felizes, e não há felicidade, há? A alegria não vem como resultado de coerção, de refreamento ou transigência. Podeis ceder, mas no fim encontrareis amargura. Podeis refrear ou controlar, mas há sempre luta, subterrâneamente. A felicidade, pois, não se consegue pelo esforço, nem a alegria pelo controle e refreamento. Entretanto, toda nossa vida é uma série de esforços, de refreamento, de controle, e uma série de lamentáveis capitulações. Há também um constante esforço de domínio, uma luta constante com nossas paixões, nossa ganância e estupidez. Não é certo que estamos lutando, agitando-nos, esforçando-nos, na esperança de acharmos a felicidade, de acharmos alguma coisa que nos dê um sentimento de paz, um sentimento de amor? Mas o amor ou a compreensão resulta de luta? Julgo importantíssimo compreender o que se entende por luta ou esforço. (...)"

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 58/59)


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (PARTE FINAL)

"Apesar de determinadas doenças terem seu início no decorrer da própria encarnação em que se manifestam, muitas delas foram geradas ANTES do nascimento físico. Nós mesmos, como almas, as escolhemos como meio de purgação de antigos desequilíbrios ou como meio de fortalecimento e desenvolvimento de certas qualidades que de outro modo não emergiriam. Escolhemos nossas enfermidades com o mais profundo poder de decisão e, por esse motivo, é inútil querermos depois combatê-las às cegas. Isso não quer dizer que as doenças sejam indispensáveis à evolução do homem: pelo contrário, elas são um mal, ainda que por enquanto necessário.

Há certas correntes de pensamento que admitem que estaríamos geneticamente programados para viver nesta Terra cerca de cento e cinquenta anos (isso dentro do ATUAL código genético), e podemos facilmente compartilhar desta ideia na medida em que, refinando nossa capacidade de percepção, reconhecemos esse potencial em nosso próprio corpo físico. Três fatores impedem, entretanto, e há muito parecem impedir, que permaneçamos em encarnação o quanto nos seria possível: a alimentação inadequada de dezenas de gerações através dos séculos, os tóxicos absorvidos por diferentes vias (físico-etéricas, emocionais e mentais) e o estado de ansiedade ao qual a vida voltada para valores corriqueiros dá permanente estímulo. Assim, muito trabalho há para ser feito em favor da saúde, antes que possamos atingir nossa máxima longevidade e vigor físico. Sabe-se, porém, que faz parte do Plano Evolutivo que o homem se torne completamente são num ciclo futuro da Terra, assim como ele o é em outros planetas e estrelas desta ou de outras galáxias (referimo-nos tanto a locais físicos como a dimensões mais sutis de vida)."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 38
www.pensamento-cultrix.com.br


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (2ª PARTE)

"(...) O nosso subconsciente (que é o concentrado de nossas experiências passadas) recebe toda a impressão do que pensamos e sentimos. As camadas psíquicas (planos mental e emocional) e as camadas densas (planos etérico e físico) do planeta também recebem todas as nossas emanações. Tanto o subconsciente quanto essas camadas reagem então segundo o estímulo que lhes enviamos. Se, portanto, alguém confirma em si mesmo, com sua atitude, somente a sua aparência humana, está, sem perceber, se abrindo à possibilidade de ficar enfermo. Para estar relativamente livre dessa condição de desarmonia é necessário que aprenda a permanecer estável na ideia de que a maior parte de seu ser se encontra em níveis supramentais, e que lhe cabe tomar consciência disso de maneira cada vez mais clara. 

Por longos períodos de tempo em que se desenvolvia a civilização terrestre atual, o homem habituou-se a identificar-se com os aspectos densos e pessoais do seu ser, sem saber que, com isso, polarizava sua atenção nos níveis em que ocorre o atrito entre as forças construtivas solares e a atmosfera terrestre contaminada pelas forças lunares. Seguindo no passado essa tendência (que nos dias de hoje está rapidamente declinando), os eus superiores estiveram mais receptivos à realidade do mundo concreto do que ativos em outras direções. Ainda estão vivos em nossa memória os ensinamentos típicos de épocas passadas, como, por exemplo, as doutrinas emanadas de religiões organizadas que enfatizavam a imperfeição e as limitações do homem, reforçando assim sua identificação com os níveis onde a doença existe.

A propaganda de remédios, a descrição pormenorizada (e nem sempre necessária) dos aspectos das doenças, os costumes alimentares retrógrados, a ansiedade produzida pelo hábito da concorrência e da competição e o desejo canalizado para coisas da matéria mais densa, levaram-nos a uma identificação progressiva com as áreas enfermas do planeta. Atualmente, os poderes superiores que existem dentro do homem estão sendo reconhecidos por ele, e a progressiva concentração de sua mente nas dimensões supramentais lhe propiciará certa imunidade, desde que ele persista em seu trabalho de colocar sua personalidade em alinhamento com a vontade superior. Tal trabalho nada mais é que a contínua atenção em manter-se coerente (nas ações, sentimenos e pensamentos) com a meta espiritual escolhida.

Quem assume esse processo precisa saber de um ponto básico e essencial: o antagonismo com a enfermidade reforça o desequilíbrio e o perpetua. Fomos educados para 'combater' as moléstias, e para julgá-las sempre negativas, e por isso não nos damos conta de outros aspectos que possam ter. Na realidade, elas nos estão sempre demonstrando que há algum ponto a ser transformado em nossa vida e atitude."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 34/36


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (1ª PARTE)

"Antigamente se dizia que as doenças eram enviadas por Deus para castigo dos pecadores. Séculos depois modificou-se essa ideia, e o 'diabo', criatura má, passou a ser quem as trazia. Depois disso, os pesquisadores descobriram os vírus e as bactérias e a estes foram então atribuídas as causas das enfermidades. Mais recentemente, quando começaram a surgir escolas de psicologia, certas doenças passaram a ser consideradas produto ou somatização das reações e dos estados psíquicos do homem. Assim, ideias e pesquisas sobre o assunto foram evoluindo e, por certo, não estacionaram aí.

Quando o apelo interior da humanidade por maior expansão de consciência se tornou suficientemente forte para atrair novos esclarecimentos sobre a saúde e a doença, ela pôde receber conhecimento mais amplo. Seres que trabalham nas dimensões interiores do planeta lho puderam transmitir através de uma espécie de telepatia que não se limita ao âmbito mental. Essa telepatia superior consiste num contato consciente que a alma do homem estabelece com o núcleo interior de um ser ainda mais evoluído do que ele, de onde recebe ensinamentos. Além disso, a aprendizagem por vias subjetivas também pode ser feita através da 'leitura' daquilo que está impresso nas camadas do éter cósmico, camadas sutis que envolvem a Terra e que contêm toda e qualquer informação. Através desse acervo, percebe-se pelos sentidos interiores que o atrito provocado na atmosfera terrestre pelas forças construtivas que vêm através dos raios solares produz as doenças no planeta e na maioria dos reinos nele existentes. Isso é causado não pelas forças positivas em si, mas pela própria condição impura da atmosfera terrestre, que reage à sua passagem, como vimos. 

A presença das enfermidades, como já foi dito, é própria dos níveis de consciência físico-etérico, emocional e mental - não existe além deles. É nesses três planos vulneráveis que também está localizada a parte pessoal da nossa consciência. Na verdade, o homem como um todo é emanação da Mente Única, que se manifesta sob vários aspectos, e a personalidade humana é apenas um deles. Sempre que o pensamento e a energia estejam centrados nas características mais materiais do ser, enfocando de modo exclusivo assuntos da personalidade, o indivíduo  está mais sujeito à doenças, dado que é exatamente nessa área que elas existem. 'Um homem é o que ele pensa', diz certa lei. Se polariza sua atenção apenas no lado físico, emocional e mental da própria vida, torna-se ainda mais suscetível à condição doentia dos níveis terrestres. (...)"

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 33/34


terça-feira, 20 de setembro de 2016

PERCEPÇÃO ESPIRITUAL

"Esta é a preparação fina e sutil para a verdadeira percepção interior que resulta de um coração purificado e de um pensamento profundo e firme. Um aspecto dela é a meditação, mas este tema tornou-se tão em moda que quase se tornou um embuste. Talvez a melhor descrição da meditação, de qualquer forma, em seus estágios primitivos, seja a história da Mãe do Senhor no Novo Testamento. Quando coisas admiráveis aconteciam ao seu redor, e outras pessoas ficavam pasmas e comentavam, Maria serenamente 'ponderava todas estas palavras em seu coração.' (Lucas 2:19)

É uma boa palavra, 'ponderar'; George Arundale gostava muito dela. É a forma primária mais fácil e mais saudável de meditação. Diz-nos o Velho Testamento: 'Pondera a vereda de teus pés, e que todos os teus caminhos sejam corretos.' (Provérbios 4:26) O sucesso da meditação depende da pureza, generosidade e sinceridade do coração humano. Não é saudável meditar tendo em vista um objetivo egoísta, a aquisição de poder, a aquisição de conhecimento, conforto e segurança para si próprio. Demore no pensamento de modo que, lentamente, sem esforço, possa surgir a compreensão. 

Demore no pensamento sobre a vida, nos problemas e acontecimentos da vida, nos esplêndidos pensamentos que podemos ler ou ouvir. Percepção espiritual não é apreensão intelectual; é mais uma percepção de 'valores', princípios universais, significados eternos. Um pouco de tempo devotado todos os dias para 'demorar em pensamento' acarreta grandes mudanças no caráter e na perspectiva. Isto trará 'a visão constante para o ideal de progresso e perfeição humanos que nos mostra a Ciência Secreta.' Este ideal deve tornar-se a tendência e o objetivo sinceros do homem em sua totalidade. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 169/170)


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

CALMA E EQUILÍBRIO

"Em todo trabalho que o discípulo empreenda, deve ser cuidadoso em preservar a calma e o equilíbrio, e isso de duas maneiras. Trabalho em excesso, que não é incomum entre os jovens e entusiastas, mostra falta de sabedoria. Cada um de nós deve fazer tanto quanto possa, mas há um limite que não é prudente exceder. Tenho ouvido a Dra. Besant dizer: 'O que não tenho tempo para fazer, não é meu serviço.' Contudo, ninguém trabalha mais estrênua e incessantemente do que ela. Se usamos nossas forças razoavelmente para a tarefa de hoje, estaremos mais fortes para enfrentar os deveres que nos traz o amanhã; estafar-nos hoje de sorte a sermos inúteis amanhã, não é realmente um serviço inteligente, pois desperdiçamos nossas energias para o trabalho futuro a fim de satisfazer o entusiasmo desequilibrado de hoje. Certamente surgem emergências ocasionais em que a prudência deve ser posta de lado a fim de poder terminar em tempo alguma peça de trabalho, mas o profissional prudente procurará prevenir-se suficientemente para evitar desnecessárias crises desse tipo.

A segunda maneira em que o discípulo deve esforçar-se para preservar a calma e equilíbrio é referente à sua própria atitude interior. É inevitável certa flutuação em seus sentimentos, mas deve procurar minimizá-la. Sobre nós estão sempre atuando todas as espécies de influências exteriores - algumas astrais ou mentais, outras puramente físicas; e ainda que habitualmente estejamos de todo inconscientes delas, não deixam de nos afetar mais ou menos. No plano físico a temperatura, as condições do tempo, o grau de poluição da atmosfera, a superfadiga, o funcionamento dos órgãos digestivos, todos estes e muitos outros fatores estão a afetar nossa sensação do bem-estar geral. E essa sensação não só atinge nossa felicidade como também nossa capacidade para trabalhar. 

Igualmente sem nosso conhecimento, estamos sujeitos a ser contaminados por condições astrais, que variam suas diferentes partes do mundo, tanto quanto os climas, temperaturas e arredores físicos. Às vezes na vida do mundo se liga a nós uma companhia desagradável, de que só com muita dificuldade conseguimos nos desvencilhar. No mundo astral é muito mais fácil nos libertarmos de um parasita degenerado, ou mesmo de algum infeliz defunto imerso nas profundezas do desespero, o qual, grudando-se convulsivamente num homem, pode drenar muita de sua vitalidade e inundá-lo de escuridão e depressão, sem que por isso receba o mínimo de auxílio. Podemos estar completamente desapercebidos de uma tal entidade, e ainda que o soubéssemos, não é coisa fácil aliviá-la de sua aflição ou (se impossível) enxotar os íncubos de sua presença. Há vampiros inconscientes tanto no plano astral como no físico, e em ambos os casos é dificílimo uma ajuda.

O progresso geral do discípulo torna-o prontamente responsivo a todas estas influências, quer as perceba ou não; assim ele é suscetível de se sentir ocasional e inexplicavelmente exaltado ou deprimido. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 122/123)


domingo, 18 de setembro de 2016

KARMA ATIVO E KARMA PASSIVO

"Karma Ativo, ou Karmabhava, é o Karma que esta­mos formando agora com os nossos pensamentos, ações e nossa vida em geral, bem como o que nela há de bom ou de mau. Isso produzirá o que vai ser o Karma Passivo da próxima vida, isto é, seu ambiente e condições. Da mes­ma maneira, o Karma Ativo da existência passada produ­ziu o Karma Passivo desta vida.

Karma Passivo, ou como é chamado tecnicamente, Upapattibhava, refere-se ao ambiente, às condições e ao caráter com os quais nascemos: todas essas coisas que nos dão, na vida, a impressão de que exercemos controle sobre elas, levando-nos a cogitar porque temos tal ambiente e tais obstáculos ao nosso progresso. Há, no Mahâbhârata, uma estranha passagem que merece consideração, em­bora, recordem bem, não se trate de doutrina autorizada, mas de certas palavras ditas por Bhishma a Yudhisthira, para explicar que o fruto de um ato aparecerá no período correspondente da vida, na próxima existência. Pode haver, e provavelmente há, muita verdade nessa declaração, e é muito possível que ações bastante sérias e fortes tenham seu efeito da maneira assim exposta. É possível atribuir isso a acontecimentos inquietantes e inesperados de nossa vida? É possível contra-arrestar esses efeitos? Alguns en­tre nós andam sob uma nuvem durante anos, quando, de repente, a nuvem sobe e as coisas parecem tomar novo caminho e novo aspecto. Tudo pode ser atribuído a al­gum Karma passado e poderoso demais para ser anulado enquanto não se esgote completamente.

Há, aqui, um outro ponto. Seria de se julgar que o lado passivo de nossas vidas é bem projetado previamente (pelas nossas próprias ações, naturalmente) e que a Fata­lidade, o Destino, a Predestinação mostram-se, em parte ou na totalidade, verdadeiros. Se considerarmos melhor, todavia, vemos que não é assim, mas que o que quer que nos aconteça só acontece porque nós próprios o trouxe­mos para nós. Se o nosso Karma é poderoso demais para ser afastado, nós o chamamos de Destino. Quanto à Sorte, ela está, esteve e estará em nossas próprias mãos. Certa passagem do Vaishnava Dharmasastra, ou Sutra de Vishnu, vem-me à mente, agora. Ela diz: 'Um homem não morre­rá enquanto não chegar o seu tempo, mesmo que tenha sido traspassado por um milhar de flechas. Não viverá depois que seu tempo chegar, mesmo que tenha sido toca­do apenas por uma haste da era Kusa.' Isso precisa ser explicado. Embora seja verdade que a nossa vida, sen­do produto de causas passadas, deve ser 'fixada', certa­mente, como resultado lógico dessas causas passadas, ou 'projetada' em seus aspectos principais, ainda assim, devemos ter em mente que possuímos, a cada dia, o po­der de modificar ou mudar a chamada Sorte, ou 'Desti­no', que é nosso. Na prática, entretanto, deve ser muito raro, se é que chega a acontecer, que alguém viva a exata extensão de tempo que elaborou para si mesmo. O mes­mo livro diz: 'Quando expiram os efeitos das ações de alguém em existências passadas, e que levaram sua pre­sente existência a ser o que é, a morte arrebata essa pes­soa, energicamente.' Em conexão com isso, é bom recordar que um homem pode alterar a sua sorte, e se a ex­tensão dos dias forem resultado nítido de Karma passado, é bastante seguro dizer-se que novo Karma pode ser gera­do nesta vida, com o efeito de contra-arrestar os efeitos do Karma passado. Podemos fazer uma pedra rolar por uma colina abaixo e, pela lei do Karma, ela deve atingir o fundo. Todavia, ela poderá ser detida se corrermos à frente, se a segurarmos e lançarmos para um lado. O Ver­dadeiro Eu Imortal Interior é Senhor do Karma, e, pal­milhando o Caminho da União com esse Um Oculto, po­demos dominar o Destino, ou Sorte, ou, pelo menos, mo­dificá-lo. De outra maneira, ele nos dominará. Recorde­mos, portanto, estas palavras de Shu-King (Livro dos Anais): 'Não é o céu que corta cedo a vida dos homens; eles a conduzem ao fim por si próprios.' (IV, ix, I.)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 14/15)
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sábado, 17 de setembro de 2016

A JUSTIÇA E A COMPAIXÃO DA LEI KÁRMICA

"A Lei é Justa, porque dá a cada um precisamente o que é devido ao bem e ao mal. Ninguém sofre mais do que o que mereceu. Ninguém gozará recompensas que não te­nha conquistado e ninguém será exaltado a expensas de outrem. A Lei é Justa, porque é a Lei, ou o Método de Deus. Temos tendência para confundir nossa arbitrária noção de justiça com a Justiça que é de Deus. Nossa jus­tiça está, invariavelmente, mesclada a outras qualidades, consciente ou inconscientemente; daí que 'Seus cami­nhos não são os nossos caminhos, nem Seus pensamentos são os nossos pensamentos'. Ainda não. Quando nossa maneira de ser e nossos pensamentos forem os Seus, tere­mos alcançado a Meta, tornando-nos unos com Ele — 'perfeitos como nosso Pai Celeste é perfeito' — que é o Grande Todo-Eu em cada coração. Pensamos que estamos sofrendo injustamente, e achamos que, não fosse por esta ou aquela ação de determinada pessoa, poderíamos ter evitado esse sofrimento. Realmente! Que conhecimen­to temos nós de todos os trabalhos ocultos da Lei? Pen­samos que um bom Deus castiga pelo que não foi come­tido? Podeis estar certos de que o braço que nos golpeia é o nosso próprio braço, levantado contra nós mesmos; é o resultado de alguma coisa que fizemos no passado. A escuridão que nos envolve é uma neblina que nós mes­mos criamos.

Sendo, como é, divinamente justa, a Lei, por isso mesmo, é divinamente compassiva. Ela é Amor. Por isso, nunca devemos temer não receber aquilo que merecemos.  Além disso, as próprias aflições e dores da vida tornarnam-se, através dessa Lei, outras tantas lições preparadas para nosso bem, outras tantas misericordiosas purificações, outros tantos meios de crescimento verdadeiro, porque é resistindo e dominando o mal que nos purificamos, 'como que pelo fogo'. E quanto mais percebemos a verdade sobre o Karma, mais capazes somos de suportar desgostos e dores. Não há dúvida sobre isso. Quando aprendemos a lição do sofrimento, ele cessa, ou é transformado no doce e voluntário sofrimento que aceitamos para bem de outros. A verdade é que o Homem da Dor, Jesus, também foi o Senhor da Alegria, e o Buda Doloroso foi o Feliz."

Embora essa Lei seja compassiva e justa, encarada do baixo ponto de vista em que estamos, a grande verdade é que não vem a ser uma coisa nem outra. Visto níveis superiores, o Karma é imparcial e destituído de ideia de Justiça ou Misericórdia: ele é Verdadeiro. Porque não é realmente a Lei que nos pune ou recompensa, mas nós próprios. Se não pusermos o dedo no fogo, jamais ele nos queimará. Portanto, se nunca transgredirmos a Lei, ela não nos pode ferir e, se a servirmos, ela nos auxilia. Ela é o "Braço de Deus", e podemos ser erguidos por ele, ou cair, ferindo-nos, se deixarmos de nos agarrar a ele."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 26)
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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A FAMÍLIA MUNDIAL

"Você deve se lembrar de que é parte da família mundial e não pode existir sem ela. Você deve se lembrar das necessidades dos outros ao refletir sobre as suas próprias. É errado pensar só em si mesmo, com exclusão dos demais. Uma nação se faz com pequenas comunidades e as pequenas comunidades se fazem com indivíduos. Mesmo que você tenha um inimigo, saiba que ele é seu próximo. Todos os homens são nossos irmãos, pois Deus é o nosso Pai e nós somos seus filhos.

Se você cuidar apenas das mãos e dos pés, esquecendo a cabeça, seu cérebro não o servirá adequadamente. Você tem de atender às necessidades do corpo inteiro. Da mesma forma os cérebros ou líderes das nações devem trabalhar em harmonia com as mãos e os pés, os operários da comunidade. Se nos dividirmos, criaremos apenas desordem e sofrimento.

Nós, na verdade, não possuímos nada. Teremos de partilhar as coisas, cedo ou tarde - por acidente, roubo, deterioração ou morte. Só dispomos do usufruto dos bens por determinado prazo. Quando algo nos é concedido, devemos entender que será por pouco tempo. Não convém nos apegarmos a nada. Dia virá em que seus entes queridos lhe serão arrebatados. Foram-lhe entregues apenas para que você aprendesse a sacrificar-se pelos outros e a dividir tudo com eles.

O verdadeiro Eu é a manifestação do Espírito interior. Tudo o que você fizer pelo Eu pode ser chamado de 'egoísmo'. O bom egoísmo consiste em atos pelos quais a imagem pura do Eu interior se materializa. O mau egoísmo é aquilo que focê faz em proveito do ego, indo assim contra os verdadeiros interesses do Eu.

'Ama a Deus de todo o coração' e 'Ama ao teu próximo como a ti mesmo'. Se seguir esses dois mandamentos, não precisará de nenhum outro."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda,  A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 38/39)


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

VITÓRIA PELA AUTOSSUFICIÊNCIA

"Quem pouco fala, encontra atitude certa
Em todos os acontecimentos.
Não desespera quando rugem tufões,
Porque sabe que não tardam a passar;
Sabe que um chuveiro não dura o dia todo,
É produzido pelo céu e pela terra.
Se tudo é tão inconstante,
Como não o seria o homem?
Por isto o que importa
É a atitude interna,
Isto é: adaptar-se em silêncio
A todos os acontecimentos.
Quem harmoniza os seus atos
Com o Tao da Realidade
Se torna um com ele.
Quem, no seu agir, é determinado
Por seu próprio ego,
Identifica-se com o ego.
Quem identifica o seu agir com coisa qualquer,
É identificado com esta coisa.
Quem sintoniza com a alma do Infinito,
Se assemelha em tudo ao Infinito.
E quem assim se harmoniza com o Infinito,
Recebe os benefícios do Infinito.
Tanta confiança recebe cada um, 
Quanto confiança ele der.

EXPLICAÇÃO: Aqui é enunciado o antiquíssimo princípio hermético: o homem só pode receber algo na medida em que ele dá. O receber na vertical é diretamente proporcional ao dar na horizontal. A receptividade é proporcional à datividade. O segredo de enriquecer não está no receber, mas sim no dar. As águas da Fonte Cósmica só enchem os canais humanos na medida que estes se esvaziarem."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 74/75)


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DIVISÕES DO CARMA

"Denominemos, segundo os hindus:

Carma total ou Sanchita, o mal e o bem acumulados de todas as vidas passadas.

Carma parcial ou inicial ou Prarabda, a quantidade de sofrimento e de prazer destinados a uma vida física.

Carma final ou futuro ou Agami ou Kryiamana, a relação entre o bem e o mal praticados na vida atual. É o Carma que estamos formando, para ser descontado futuramente, nesta ou em outras encarnações.

A diferença entre o Carma final e o inicial, dará um saldo a favor do indivíduo, e será descontado do Carma total.

Em cada vida física o indivíduo procura descontar certa porção de Carma.

No fim de numerosas existências, terá pago todas as suas dívidas cármicas.

Esgotado o mau Carma total, o indivíduo terminou sua evolução humana.

A vida do indivíduo é coisa por demais complexa, para poder-se descer à análise de todos os seus atos, pensamentos e sentimentos.

Muita coisa resolve-se dentro do próprio mecanismo da natureza, porém o resultado global dos atos do indivíduo tem de passar pelo controle dos Senhores do Carma.

Há ações que produzem resultados imediatos, porém outras só permitirão a colheita de frutos em novas vidas.

Então intervêm os Auxiliares Superiores, distribuindo para cada existência terrena a quantidade de bom e mau carma, criando o ambiente, as circunstâncias em que a pessoa vai viver e lutar."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62)


terça-feira, 13 de setembro de 2016

INDEPENDÊNCIA

"'Independência ou morte!' - foi um slogan virilmente proposto pelo Príncipe D. Pedro, Regente do Brasil, ao declarar-se pela independência dos brasileiros, sacudindo, assim, a opressão exercida pelas cortes de Lisboa.

Este lema continua válido hoje e sempre o será quando aplicado à sagrada campanha que obrigatoriamente todos temos de encetar contra todas as formas de dependência, sujeição e opressão que sobre nós se façam.

O lema contém um dilema: ou independência, ou a morte!

Por quê?

Porque quem se submete a uma dependência está morto. Dependência é sinônimo de morte, como independência é sinônimo de Vida. Nascemos e vivemos para libertar-nos de todos os tiranos, de todas as pessoas, vícios, condicionamentos, fraquezas, todos os dogmas, preconceitos, fanatismos, ilusões, limitações, erros, imperfeições, obsessões, intoxicações... que nos submetem, reduzem, escravizam, diminuem, esmagam; temos que nos libertar de todas as sujeições, submissões, esmagamentos, deturpações, subserviências... É para isto que estamos aqui, existindo.

Há uma tirana cuja existência nutre todos os outros tiranos que nos esmagam. O nome dela é ignorância. Libertemo-nos da ignorância, e então viveremos.

Só 'a Verdade vos libertará'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 62)


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O INDIVÍDUO SEMI-HUMANO

"A Lei do Karma traz-nos de volta ao nascimento num corpo físico - às vezes num corpo de homem, às vezes num de mulher - para ajudar a despertar a consciência e fazê-la crescer pouco a pouco. Nossa antenção foi chamada para esse fato por um feliz artigo escrito por um acadêmico da Universidade de Cambridge, que assinalou que existe todo um processo de evolução ocorrendo para içar situações variadas a um nível mais elevado. Assim, o inseto cresce até um nível mais elevado, e depois a um nível mais elevado ainda, até que surge o estágio humano e depois o super-humano, a respeito do qual muito pouco sabemos. Nesse processo de uma evolução em expansão, o homem não é ainda um ser humano pleno, mas apenas está a caminho. Ainda existe muito do animal na grande maioria das pessoas que chegaram até este estágio de possuir um corpo físico humano, mas que trazem muitos traços animais - algo mais próximos do verdadeiro ser humano e alguns ainda no nível animalesco. A maioria é uma mistura de ambos.

O ser humano médio de hoje em dia é essa mistura; a proporção varia de indivíduo para indivíduo, de modo que ninguém é exatamente como uma outra pessoa. Infelizmente, a maioria de nós não sabe que alguns desses traços que exibimos enquanto enfrentamos as circunstâncias do presente são realmente resíduos de encarnações prévias em vidas vividas no período pré-humano. Os grandes seres humanos, como o Senhor Buda, estão livres dos estorvos de vidas passadas. Eles são plenamente humanos, às vezes mais do que humanos.

Se pudéssemos compreender com maior clareza todo o processo - ou seja, o processo evolutivo - compreenderíamos melhor como alguém verdadeiramente cresce, e não apenas como a forma física se desenvolve. Se pudéssemos compreender isso, veríamos que a maioria dos seres humanos ainda não está em forma. Assim, a evolução é um tema importante que devemos entender tanto quanto possível, não apenas a condição física atual, mas também o papel que ela desempenha no despertar espiritual.

Aqueles que são descuidados para com as crianças, que estão muito voltados para si mesmos e negligenciam-nas, maltratam-nas, e mesmo as descartam por qualquer que seja a razão, demonstram imperfeição em seu próprio ser. Vai levar ainda muito tempo para que a pessoa nesse estágio torne-se plenamente humana. Se pudéssemos compreender melhor tudo isso, mais livres estaríamos das compulsões, crescendo mais em verdadeira felicidade e não apenas nos assim chamados prazeres de uma vida superficial."

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - TheoSophia, Ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 11/12)
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domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


sábado, 10 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita abre com a palavra dharma; e o Mahabharata encerra com a palavra dharma. Tentemos entender o que se quer dizer por dharma.

Em inglês a palavra é interpretada como 'lei'. Uma das interpretações da palavra dharma é dever, mas a palavra é traduzida também como 'lei'. Dharma é derivada da raiz sânscrita dhri, que significa segurar, sustentar, unir. Assim pode-se interpretar dharma  como significando 'aquilo que segura e une indivíduos, grupos ou comunidades, como unidades shakti'. O que 'segura', 'mantém' é dharma. A palavra 'lei' é derivada da raiz latina, 'ligar'. Não pode haver sociedade sem uma força aglutinadora. Aqui estamos uma pequena família; vivemos juntos neste ashram. Vocês acreditam que seria possível vivermos juntos, compartilharmos de uma vida comum, sermos membros de uma fraternidade comum, se não houvesse algo que nos unisse? Suponhamos que todos vocês fizessem o que quisessem, o que aconteceria? Suponhamos que, quando toca o sino para a aula de preces, eu insista em fazer minha caminhada matinal, um de vocês insista em tomar um copo de leite, e outro insista em continuar na cama dormindo, qual seria o resultado? O ashram se desfaria. Não pode haver vida no ashram sem alguma harmonia. Deve haver alguma força aglutinadora, a que chamamos 'lei'. Dharma é o que nos une, nos segura, nos mantém.

A palavra 'lei' precisa ser melhor compreendida. Existe algo chamado 'lei de costume' ou mores (em latim) ou Sitte (em alemão). Dharma não é costume. Nos primitivos estágios da evolução humana, os grupos tinham de viver juntos, e algum poder aglutinador era necessário. Certos costumes tornaram-se muito úteis como conservadores de hábitos e adquiriram força de lei. Nas sociedades primitivas, tais costumes ainda prevalecem. Dharma não é costume.

O costume desempenha seu papel na evolução. Contudo, dharma não é costume porque existem ocasiões em que vocês podem não obedecer aos costumes, quando vocês podem voltar-se contra um costume, e seguir seu próprio caminho. (...)"

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39)


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

FRAGMENTOS DA SABEDORIA ETERNA

"Todo poder no mundo é resultado da harmonia entre o homem e a natureza. O homem que ergue a vela num barco para navegar contra o vento não está vencendo o vento, mas harmonizando sua vontade com a lei. Não é por lutar contra as leis que o homem pode ganhar, mas por cooperar com elas.

O ocultista sabe que o mesmo princípio rege todos os planos, e não apenas em relação à matéria de cada mundo, mas também nas formas de vida que aí habitam, quer superiores ou inferiores na escala da evolução. Portanto, o conhecimento das leis mecânicas da natureza, que trouxeram tanto poder e riqueza para os seres humanos, representa apenas um aspecto da harmonia que deve existir entre eles. Um sentimento de carinho e simpatia pelos animais, plantas e até pelos minerais, pelos espíritos da natureza e pelos anjos é igualmente importante, se não for mais ainda, para o progresso do homem. A natureza se compõe de vida e de matéria, e é mediante um sentimento de simpatia que esta vida torna-se conhecida e harmonizada com os homens. Olhar o mundo como um lugar cheio de entidades ameaçadoras é o costume infeliz de nossa época, mas o homem que enfrenta a vida com um sentimento de benevolência com todas as coisas vivas, não apenas verá e aprenderá mais do que os outros, mas terá uma passagem mais suave no mar da vida. Há uma tradição indiana da 'boa mão' de certas pessoas que tem esta simpatia, e para quem as plantas crescem bem enquanto para outras pessoas não o fazem. Autoridades em ciência oculta disseram muitas vezes que, pelo seu amor por todos os seres, o verdadeiro iogue ou sanyasi poderia andar nas montanhas e na selva sem ser atacado por répteis ou animais selvagens.

Essa simpatia é perfeitamente natural. Se você sente admiração e amor por certa pessoa, por sua vez há a tendência de que ela se interesse por você e lhe retribua a afeição. Da mesma maneira, se você se afeiçoa a um animal, este se torna muito ligado a você. Assim também nos reinos vegetal e mineral impera a mesma regra, embora com efeitos menos óbvios. Daí a regra de que flores e plantas crescem melhor com certas pessoas do que com outras, e de pessoas de sorte. É o magnetismo pessoal que as estimula, e é assim que em nível elevado estimulamos a afeição."

(C.W. Leadbeater - Fragmentos da Sabedoria eterna - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 32)
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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O EVANGELHO - SUTRA 5

"O aspecto de Amor Onisciente de Parambrahma é Kutastha Chaitanya. O Eu individual, sendo Sua manifestação, é um com Ele.

Kutastha Chaitanya, O Espírito Santo, Purushottama. A manifestação de Premabijam Chit (a Atração, o Amor Onisciente) é a Vida, o Espírito Santo (Kutastha Chaitanya ou Purushottama), que resplandece nas Trevas (Maya) a fim de atrair toda porção dela para a Divindade. Mas as Trevas (Maya), ou seus elementos individuais,² Avidya (a Ignorância), sendo a próprio repulsão, não podem receber ou compreender a Luz Espiritual, embora a reflitam.
Abhasa Chaitanya ou Purusha, os filhos de Deus. Esse Espírito Santo, sendo a manifestação da Natureza Onisciente do Pai Eterno (Deus), outra substância não é senão o Próprio Deus; e assim esses reflexos dos raios espirituais são chamados os Filhos de Deus: Abhasa Chaitanya ou Purusha. Ver João 1:4, 5, 11.
'Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;'E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.''Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.'"
² Quer dizer, sua presença em cada homem. 

(Swami Sri Yukteswar - A Ciência Sagrada - Self-Realization Fellowship - p. 25/26)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

VEMOS TAO COMO NÓS SOMOS, E NÃO COMO ELE É

"O Universo não tem preferências,
Todas as coisas lhe são iguais.
Assim, o sábio não conhece preferências,
Como os homens as conhecem.
O Universo é como o fole de uma forja,
Que, embora vazio, fornece força,
E tanto mais alimenta a chama quanto mais o acionamos.
Quanto mais falamos no Universo,
Menos o compreendemos.
O melhor é auscultá-lo em silêncio.

EXPLICAÇÃO: O Infinito do Uno não tem atributo algum; mas o Verso do nosso Finito lhe atribui os nossos próprios atributos. Quanto mais o homem se universifica, tanto mais se impersonaliza. O ar que enche um fole não é visível, assim como invisível é a Realidade do sábio. O nosso muito falar nos afasta de Deus, o nosso dinâmico calar atrai Deus a nós. Só quem se integra em Deus sabe o que é Deus."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 34/35)